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terça-feira, 28 de outubro de 2008

SERÕES EM FAMÍLIA

Bruder Klein




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E-Mail: mik346@hotmail.com




Cinqüenta anos depois

01/09/97

Os anos que transcorrem são implacáveis, para o nosso exterior, assim como é benéfico para o nosso interior. Exteriormente a idade vai desgastando o nosso físico, apresentando modificações profundas que nos obrigam a atualizarmo-nos para que respeitemos os nosso limites e não forcemos nosso organismo a realizar mais do que suas possibilidades. De maneira geral há um enfraquecimento que nos condiciona a modificarmos o nosso modo de vida.
Interiormente, penso, que ocorre um fato um tanto diferente, visto que as experiências acumuladas irão nos enriquecendo e passamos a possuir uma capacidade que nos facilita a realização de coisas que nem imaginávamos. Geralmente as realizações artísticas e intelectuais se realizam nesse período em que o espírito está preparado para viver os grandes desafios da vida. Embora o enfraquecimento físico nos obrigue a limitar as nossas atividades o espírito estará trabalhando para a realização de obras de muito maior valor do que quando éramos jovens. Não que os jovens não produzam, fazem-no e muito bem, quando possuidores de talento, mas os idosos trabalham com muito maior despreocupação por não almejarem sucesso e sim apresentar tudo aquilo que está dentro de si, como exemplo e orientação para as novas gerações; estarão livres de pressões e ninguém poderá cobrar-lhes mais nada porque as suas dívidas já foram pagas pela vida .
Tomemos como exemplo a pessoa que ilustra esta reflexão apresentada em dois momentos de sua vida. A primeira com dezoito anos, órfão de pai, frustrado por ter tido de interromper os estudos logo depois da 4ª série do primeiro grau, não vislumbrava qual poderia ser o seu futuro, falto de ferramentas que lhe facilitasse a escalada. Jovem, em todo o seu vigor, porem não tendo perspectiva de como enfrentar os obstáculos que se lhe apresentava, fazendo-o visualizar um futuro negro, repetindo o mesmo destino de seu pai, que após correr atrás da sorte, encerrou a sua luta aos trinta e cinco anos. Quem o olhasse naquele instante até poderia profetizar que ali estaria um caso crasso de derrota. Ele mesmo, desencorajado pelo seu despreparo, considerava que não haveria muito a esperar!
Agora vejamos esse mesmo personagem, aproximadamente cinqüenta anos depois. Olha para trás e enxerga uma infinidade de obstáculos que teve de transpor e lá no início do túnel vislumbra aquele menino tímido que até ele mesmo desconhece porque já não é aquele menino e sim um homem realizado. A sua trajetória foi evolutiva dando-lhe a oportunidade de ocupar cargos de chefia e até de Diretor de uma instituição educacional especializada, jornalista e escritor, transformou-se em um formador de opinião através de sua participação política e comunitária. A mesma pessoa focada em dois momentos de sua vida e que apresenta contrastes marcantes sendo que a fase presente apresenta-se com muito maior qualidade. Embora com o organismo desgastado pelos anos, é dono de um conteúdo muito maior e melhor, propiciando-lhe a sensação de que alcançou a realização pessoal, social e profissional.
Agora pergunto a vocês, qual deles gostariam de ser? Vocês não sei, eu gostaria de ser o segundo!


C U I D A D O C O M O S E U N O M E

12/09/97


Eu já falei sobre as transformações que operam-se em nossas vidas em determinados períodos e nos levam a assumir missões que influirão nas vidas e procedimento de outras pessoas. Pois bem, existe um outro fator de transformações que precisamos estar atentos, que mudam as características de personalidade das pessoas. Refere-se, isso, a modificações, muitas vezes sutis na maneira como elas são conhecidas. Esse particular, que é a mudança de nome, não é ocorrido apenas no período atual e sim tem sido uma tradição através dos tempos, que poderão ser aquilatados através das próprias Escrituras Sagradas.
Abraão, quando foi chamado para chefiar a formação de um povo especial, teve o seu nome mudado para Abraão; sua mulher Sarai teve o seu nome transformado em Sara. Representando essa mudança as funções que teriam dali por diante.
Jacó, quando teve o seu encontro com o Senhor, ocasião que teve uma visão, em sonho, onde era apresentada uma escada que subia da terra ao céu e anjos de Deus subiam e desciam sobre ela, teve o seu nome modificado para Israel. Jesus, quando do chamado de Natanael (Bartolomeu) fez referência a esse episódio, esclarecendo ser Ele a escada por onde subiam e desciam os anjos de Deus. O próprio fato desse discípulo ser chamado por Natanael e Bartolomeu é um indício de mudança de nome.
No Novo Testamento temos, ainda, o caso de Simão, que passou a chamar-se Cefas que queria dizer Pedro, espelhando melhor, a partir daquele instante, as características do seu procedimento. Na mesma ocasião Jesus passou a chamar os irmãos João e Tiago, de "Boanerges" ou "Filhos do Trovão", por conta de seus temperamentos explosivos.
Barnabé é outro caso do Novo Testamento, pois o seu nome era, primeiramente, José das Consolações.
Levi, cobrador de impostos, passou a ser chamado Mateus, nome que assinou quando escreveu o evangelho que leva o seu nome.
Saulo, que foi um perseguidor dos cristãos e posteriormente transformou-se em um dos esteios do cristianismo, a partir de um determinado momento, em seu ministério, passou a ser chamado Paulo.
Muitos outros casos há, tanto nas Escrituras Sagradas como em documentos históricos, podendo ser observado também em nossos relacionamentos, em que constatamos a mudança de nomes, que sempre trouxe consigo uma transformação da vida das pessoas envolvidas.
Eu, quando nasci, recebi o nome de José Wladimir Klein; tempos depois, ainda quando criança, devido a impossibilidade de pronunciar o meu nome corretamente o fazia emitindo apenas o final do segundo e o começo do sobrenome, soando como Miken, passando a ser assim conhecido, por insistência de uma pessoa conhecida em fixar o apelido. Isso convenceu-me e, até, não admitia ser chamado por outro nome senão de Mik. Certa vez entrei em luta corporal com outro menino que teve o desplante de chamar-me de José.
Quando comecei a trabalhar, todos passaram a chamar-me de Klein e a nova maneira de ser conhecido prevaleceu por muitos anos.
Na ocasião que assumi um compromisso sério e definitivo, como cristão salvo por Jesus, as pessoas acrescentaram "Irmão" ao nome, passando eu a ser chamado " Irmão Klein".
Tempos depois, transferindo-me de residência e consequentemente de igreja, passei a ser chamado de "Irmão José".
Nesse ínterim existiram várias pessoas que sempre chamaram-me de Wladimir.
As mudanças de tratamento tem constituído-se em marcos em minha vida, pois em cada período, paralelamente à transformação operada na maneira de tratamento, ocorreram mudanças emocionais, psicológicas e materiais em minha vida.
O que estou fazendo aqui é uma simples observação sobre as transformações que poderão haver, relacionadas com o nome que poderemos estar usando em um determinado momento. Creio que se nos aprofundarmos nesse estudo poderemos encontrar razões que poderão orientar-nos a um procedimento correto no tratamento nomenclatural que deveremos impingir às pessoas. Ao fazê-lo poderemos estar mudando o destino de nossos semelhantes tanto para melhor ou para pior. Isso nos serve de alerta para nos abstermos de usar apelidos ao referirmo-nos às pessoas, porque poderemos estar mudando os seus destinos.
Uma coisa que tenho observado é que todas as pessoas a quem incluímos o sufixo "inho" ( que significa diminuição) ao nome, luta com grande dificuldade para vencer na vida, mesmo, em muitos casos isso tornando-se impossível. Em razão disso acho que os pais deveriam evitar de começar a chamar os seus queridos filhos de filhinho, Joãozinho, Mariazinha, Marquinho, Jefinho, pois poderão estar condenando os seus filhos ao fracasso em suas carreiras.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, poderá existir algum "inho" que venceu na vida, mas isso apenas será uma exceção que confirmará a regra.
Sempre preocupei-me com o nome das pessoas e constatei pelo meu respeito a isso que as pessoas têm os seus nomes em alta conta e se você quiser fazer-se estimado por elas,
dê valor a isso, também. No meu trabalho relacionava-me com um numero muito grande de pessoas e ali os apelidos eram comuns: " Mata Cavalo" "Pé de Cabra" "Malhadinho" "João do Burro" "Zé Loco" e muitos outros que não me ocorrem no momento, mas sempre tive o cuidado de procurar saber os seus verdadeiros nomes e por eles chama-los.
Basta a cada um as transformações que a vida trará em seus nomes, que influirão nos seus destinos, ninguém precisará que lhes andemos a inventar apelidos.
Por isso considero, também, que na Internet deveremos ter o bom gosto e a dignidade de usarmos o nosso nome verdadeiro, pois assim estaremos assumindo a responsabilidade pela maneira de agirmos e não nos escondendo em nomes fictícios para, acobertados com o anonimato, importunarmos usuários que encaram com seriedade as comunicações.
Desculpas àqueles que unicamente escondem-se por trás de um nome fictício para não permitirem que a sua sinceridade seja explorada por inescrupulosos que escondem-se no anonimato.




D I Á L O G O C O N J U G A L E F A M I L I A R



“A Mococa”
11/11/89



Este é um dos pontos fundamentais no relacionamento. O homem é superior, justamente porque conseguiu falar e através da palavra, fazer-se entender. Não fora isso e o mundo não teria alcançado o desenvolvimento que alcançou.
Na família, tudo que acontece é influenciado pela palavra. Desde o namoro, noivado, seguido pelo relacionamento das famílias, conjugal, sexual, social, a educação e orientação dos filhos. Nada se fará sem o poder mágico das palavras.
No entanto, mesmo que tenhamos pleno conhecimento do valor do diálogo, ele não se estabelece simplesmente, obedecendo a nossa vontade. Ele é influenciado pela personalidade das pessoas, pelas circunstancias de momento, muitas vezes fugindo ao nosso controle.
O homem, para conhecer o seu semelhante, precisará, antes, conhecer-se a si próprio. Conhecer-se, auto-analisar-se, estabelecer as suas limitações, será a melhor maneira de alcançar aos outros.
Procuro analisar, sem rancor, as críticas que fazem a meu respeito? Qual o meu procedimento quando sou criticado? Sou capaz de agradecer? Qual o meu procedimento para com minha esposa, com meus filhos? Ouço-os com amor e compreensão, ou procuro “ganhar” impondo somente o meu ponto de vista?
É preciso que nos conheçamos muito bem para que possamos dialogar com a nossa esposa, com os nossos filhos a fim de resolvermos tudo racionalmente. Muitas vezes não seremos nós que estaremos com a razão e teremos que ter a humildade para reconhecer isso e aceitarmos os pontos de vista de outras pessoas. Nós não somos as pessoas mais sábias do mundo, mas estaremos no caminho da sabedoria se aceitarmos as direções que nos são
indicadas. Nesse aprendizado constante iremos construindo, solidamente, aquilo que mais desejamos que é a felicidade de nossos filhos. Demos a eles essa oportunidade, porque em nosso tempo próprio, também fomos beneficiados. Que em nossa caminhada possamos marcar os rastros do esforço distendido para a consolidação da família e aperfeiçoamento da sociedade.


E D U C A Ç Ã O D O S F I L H O S

“A Mococa”
18/12/89

O que é educação?
É o ato de se desenvolver as faculdades físicas, intelectuais morais e psicológicas do indivíduo.
Geralmente o pai, que é o principal responsável pela educação da criança e do adolescente, não está preparado para essa tarefa espetacular. Para bem educar precisará existir espírito de liderança, autoridade, disciplina, conhecimento da natureza humana, para que, sem autoritarismo, possamos orientar as nossas crianças.
De fundamental importância será a nossa presença física e um equilíbrio psicológico para que desde pequenos eles possam ir adquirindo a segurança necessária para que se desenvolvam e estejam preparados para os embates da vida. Deveremos ter paciência para ouvi-los dando-lhes a oportunidade de apresentar, sem interrupção, as suas versões dos fatos, para depois julgarmos com justiça, procurando, menos que castigá-los, orientá-los para a correção dos costumes. Quando tivermos de castigá-los, eles deverão compreender porque isso teve de acontecer. sem a necessidade de sentirem-se humilhados.
Deveremos sempre acompanhar, com interesse, a vida escolar de nossos filhos, ajudando-os a entenderem a utilidade da instrução para a comodidade de sua vida futura. Teremos que fazê-los enxergar a utilidade da cultura para a compreensão dos fatos da vida. Nesse sentido deveremos incentivá-los à leitura sobre todos os assuntos para que, inclusive, possam conseguir um bom relacionamento social. Nesse particular, como em outros, valerá mais o exemplo pessoal; deveremos acompanhá-los à biblioteca pública, orientando-os como se utiliza a mesma. Ajudá-los, também, a compreenderem o que estão lendo; esse convívio será sempre salutar. Muitas vezes, devido aos nossos afazeres, delegamos a outros essa tarefa que caberia a nós, de estarmos presentes na caminhada de nossos filhos; isso deverá ser evitado porque ninguém nos substituirá com o empenho necessário; somente quem ama poderá saber o que é melhor para a pessoa amada.
O sábio Salomão deixou escrito: “ Ensina o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” E Deus, quando indicou os preceitos de sua sabedoria incumbiu aos pais o privilégio de transmiti-los: “E intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”. (Prov. 22:6; Deuteronômio 6:7).
Quando eu, casado a pouco tempo e minha esposa passou a esperar o primeiro filho, me preocupava com a falta de experiência e procurava aprender com os mais velhos, lendo livros e pedindo a Deus que me desse sabedoria para que pudesse orientar convenientemente aquela criança que estava para chegar. Havia um velho senhor que trabalhava comigo e que depois de ouvir-me com paciência dizia: “Seu Klein, educação de filhos, é pedir a Deus! E de fato ele tinha razão, se dedicarmos o pouco que sabemos, com amor, em nossa tarefa, Deus fará o resto, dando-nos condições de realizar um trabalho razoável. E as normas já foram instituídas a milhares de anos através de Sua Palavra que é um depositário de preciosidades. Quando encontrarem qualquer dúvida em suas vidas, de como deverá ser a sua conduta, pode crer, que a resposta estará registrada em sua bíblia, bastará apenas que tenhamos a intimidade necessária para que possamos encontrar o que precisamos, no momento certo.


E M O Ç Ã O I N F A N T I L


Pai!
Eu sou ainda pequeno,
Não conheço os mistérios da Vida,
Nem sei expressar o amor!
Mas talvez quando eu crescer,
Quando o intelecto se expandir,
Possa, ainda, menos saber!
Por isso desejo aproveitar,
Este sentimento inocente,
Que sinto, forte, dentro do peito,
Sem mesmo saber o que é,
Para te dar um abraço bem apertado;
E com emoção derramar,
Em teu coração uma lagrima!
Para que a guardes contigo,
Como dádiva preciosa,
Por toda a tua vida!
Que espero seja infinita!
Pois quando eu chegar lá adiante,
Quando a vida me envolver,
Não sei se poderei ter tempo,
De lembrar-me de você!


E L O S D E A M O R

05/09/97

Certa vez, a muitos anos atrás saí a passear com meu neto Timóteo. Andamos pelo bairro por algum tempo e quando íamos voltando, conversávamos e eu dizia-lhe, quando você for moço terá, também, de me levar a passeio, ao que ele me respondeu:
Mas vovô, quando eu for moço você já vai ter morrido!
É possível, disse-lhe eu, mas agora não poderemos saber, portanto fica a promessa do passeio.
Timóteo já está um mocinho, com quase quatorze anos, eu com quase setenta, ainda estou aqui usufruindo o que a vida pode nos oferecer nesta quadra da vida. Ele tem sido meu companheiro de aventuras nesta nova fase que estou vivendo. É apaixonado por informática ( diz que vai estudar para poder mexer nas máquinas e nos programas) e foi o meu professor, quando me aventurei a deixar a máquina de escrever para entrar na nova tecnologia. Ele, de fato conhece e parece ter o dom de aprender com facilidade aquilo que mais gosta. Quando tenho alguma dúvida ( pois também aprendi por mim mesmo, sem fazer cursos de informática) é ele quem me socorre para resolver o problema.
Isso tem me proporcionado muitas alegrias pela convivência, oportunidades de conversarmos e até de poder passar a ele muitas coisas que certamente lhe servirão no transcorrer de sua vida.
Embora a previsão estivesse certa que um dia eu não estaria junto a ele para que me levasse passear, talvez ainda possamos nos amarmos e nos dedicarmos, um ao outro, por mais algum tempo. Não sei quanto, mas pela previsão da vida de meus antepassados o futuro ainda poderá ser promissor; embora meu pai haja falecido jovem, com trinta e poucos anos, minhas avós chegaram à casa dos noventa e cem anos e minha mãe aos oitenta e sete. Estou com sessenta e oito e poderei, (quem sabe? ) ainda chegar a ver os filhos do Timóteo. E dos outros netos também, com mais facilidade, porque alguns já estão alçando vôos mais altos para transformarem-se em homens (espero que responsáveis) para constituírem família.
Essa possibilidade que Deus nos oferece de termos conseguido, embora com todas as dificuldades, manter o elo matrimonial, hoje nos gratifica porque é muito doce podermos assistir os nossos descendentes a darem continuidade ao nosso “clã”. Não importa nomes, podem ser Klein’s, ou Cardoso’s, Trevisã’s Silva’s ou Santa Rosa’s , acima dos laços de sangue estão aqueles imponderáveis que são a nossa vivência e o amor que nos une.


E V O L U Ç Ã O

Hoje, por volta do meio dia, quando praticava a minha caminhada pela praça, vi um grupo de jovens, sentadas em uma escada saboreando sanduíches. Aquela visão tão simples fez-me lembrar dos meus idos da adolescência quando, trabalhando em uma firma de produtos alimentícios, era posto para fora na hora do almoço e, comprando um sanduíche de mortadela saboreava-o, assentado na calçada. As dimensões são outras, enquanto estas jovens eram estudantes de um colégio próximo eu era um jovem órfão que labutava das sete às l8,00 horas, no mínimo; haviam dias que saindo para fazer entregas só era dispensado às nove horas da noite.
Eu saia de casa, que era no bairro de Santo Amaro, às cinco horas da manhã, tomava o bonde (muitos dos que lerem estas páginas nem saberão o que é bonde por não terem vivido em seu tempo), desembarcava na Praça da Sé e andava até a Rua Vitória pelo número 150 aproximadamente.
Na volta a mesma caminhada até a Praça da Sé, tomar o bonde e viajar, em pé, em
um coletivo super lotado. Houve uma vez que desmaiei de fraqueza, pois eram oito horas da noite e estava aturando todo aquele desgaste, unicamente com um sanduíche de mortadela ingerido ao meio dia.
Mas Deus foi grandiosamente e benigno para comigo; tirou-me daquela calçada e me elevou a conquistar novas posições, que tendo em vista o meu preparo escolar foi magnífico. É muito bom quando passamos por uma infinidade de dificuldades e superamos as desventuras da vida para nos encontrarmos um dia em uma posição em que não mais receemos percalços em nossos caminhos. Essas nossas recordações prestam-se, também, para servirem de exemplo para os jovens que, nascidos em uma situação privilegiada imaginam que seus pais receberam tudo pronto para lhes apresentar. Desconhecem as lutas travadas pelos seus ancestrais para doar-lhes uma situação melhor do que a que receberam. Talvez não seja muito o que damos aos nossos descendentes, mas tenham a certeza, que esse pouco é muito mais do que recebemos, embora o que recebemos já haja representado um esforço sobre-humano de nossos ancestrais.
Na minha adolescência, por necessidade, sentei-me em uma beira de sarjeta para devorar, com outros companheiros, um sanduíche de mortadela. Hoje, os jovens em sua irreverência sentam-se em qualquer lugar para saborearem, talvez, petiscos mais refinados, alheios às lutas que seus pais continuam a travar para que não lhes falte nada e para que tenham maiores oportunidades perante a vida. Cada vez a tecnologia exige mais de cada um de nós, a competição exclui os menos capazes para selecionar apenas os melhores. Triste tempo este quando a maioria passa a ser marginalizada!
São necessários, hoje, além de inteligência, tenacidade e sorte, uma adequação a uma carreira para à qual o jovem seja vocacionado. De nada adiantará fazer um curso pelo prestigio que ele têm, será necessário que ao formar-se o jovem goste do que irá fazer, pois só fazemos bem aquilo de que gostamos. Cada um deverá sondar-se para saber do que verdadeiramente gosta; se tiver dificuldade em definir as suas preferências deverá recorrer a um teste vocacional que lhe indicará uma direção a seguir.
E, boa sorte . . .
Que você possa, um dia, estar com a sua vida consolidada vivendo como eu vivo, alegre porque faço apenas o que gosto de fazer.
Que você encontre em seu caminho o Deus verdadeiro que inspirou o Profeta a dizer d’Ele: “Levanta o pobre do pó, e desde o esterco exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de gloria; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. (1 Samuel 2:8)


F A M Í L I A C O M O C O N D I C I O N A N T E

“A Mococa”
02/09/89

Muitas vezes os jovens desistem de suas lutas no meio do caminho por não encontrarem o apoio que esperavam receber do grupo.
Quando isso acontece, de duas uma: ou entregam-se a outro tipo de vida, de relacionamento, fora da família, que poderá, talvez, direcioná-los a uma conversão, ou entrega-se a costumes novos que julga poderem preencher o seu vazio psicológico; geralmente, esses costumes virão de pessoas que têm o mesmo problema e que foram encaminhadas para o uso de bebidas alcoólicas, ou outros tipos de drogas que, supostamente, poderiam preencher esse vazio.
Daí para a dependência é um passo. O viciado persiste sempre por desejar esquecer a falta de afeto e de uma autoridade disciplinadora. Esta é fundamental, para que a pessoas sinta-se amada; a falta de disciplinamento cria, no ser humano, uma espécie de exclusão.
Para tentar curar, essas pessoas, não adiantará interná-las em clínicas de tratamento, desintoxicá-las, porque continuará a faltar o essencial que somente poderá ser preenchido por um redirecionamento de todo o grupo familiar.
O caminho correto seria conscientizar o grupo familiar, das verdadeiras causas, para que, através de uma terapia que abrangesse todo o grupo, fosse redimensionado o comportamento de cada um e o relacionamento dos participantes entre si.
Redimensionado o relacionamento, passará a haver o respeito pelas opiniões individuais e todos poderão chegar a um consenso do que seria o comportamento ideal para todo o grupo. Para ser perseguido o caminho que os levará a um desenvolvimento sadio, precisará ser restabelecida a autoridade, o respeito e o amor entre as pessoas.
Quando chegar-se a esse ponto, de uma estruturação sólida da família, perceber-se-á que os sintomas terão desaparecido, porque foi eliminada a causa. Creio que valerá à pena essa tentativa porque ao fim gratificará a todos os participantes. O homem é um ser social e todos os problemas deverão ser resolvidos nessa dimensão: “Um por todos e todos por um”. É a união que fortalece os laços necessários à qualificação para vencer todos os obstáculos. Se distendermos energias para auxiliar a um dos participantes do grupo, estaremos fortificando as vontades de todos e criando condições de auxiliar outros membros que estarão próximos e poderemos estender a nossa ação a outros grupos, beneficiando toda a sociedade.
Infelizmente, em todos os setores, geralmente, procuramos resolver os problemas, através do combate aos sintomas. No caso da droga, cremos estar acontecendo o mesmo; ainda não nos fizemos a pergunta: “Porque as pessoas são levadas a experimentar as drogas, e o que as faz dependentes?” Não adiantará nada desejarmos responder sem nos aprofundarmos, se é que não desejamos responder levianamente.
Analisando a maioria dos problemas que afligem a humanidade, neste século, percebemos que são dois os fatores condicionantes: Falta de amor e falta de autoridade. E isso é provocado por uma estrutura familiar defeituosa. O homem quer ser mais perfeito que o seu Criador! Quando Deus estabeleceu normas para a constituição e preservação da família, Ele colocou esses ingredientes indispensáveis a um crescimento sadio. O homem, porém, depois de um certo tempo resolveu modificar essas normas, movido pelo seu egoísmo, que em última análise é falta de amor. Com essa transformação das estruturas iniciais encaminhou-se para a desagregação da família, deteriorando-se a autoridade e veio a faltar amor; sem amor desarticulou-se a família e deteriorou-se ainda mais a autoridade, em um círculo vicioso. Quando a autoridade deixa de existir, cada membro de grupo passa a agir por conta proporia, não obedecendo mais a um poder central que, geralmente, é moderador. Esse caos não satisfaz aos diversos membros do grupo que passam a sentir-se frustrados pela convivência. Aí surgir a necessidade de uma válvula de escape para essas frustrações. Elas vêm através do uso do álcool, das drogas, do adultério; é quando os pais ausentam-se do lar em busca de aventuras ou outras distrações como o jogo. E é, também, quando os jovens passam a ausentar-se do lar ( que já não é um lar, e sim simplesmente um local para dormir, comer, e encontros desagradáveis com os outros membros da família). Alguns têm sorte de encontrarem outros jovens advindos de famílias bem estruturadas e passam por uma reciclagem de seus valores e acabam percebendo que a sua frustração é causada por falta de um relacionamento perfeito com a família. Mas nem sempre é fácil abordar esse problema com os pais e irmãos, que, geralmente não aceitam essa argumentação; é uma luta em que precisa-se de muita perseverança e muito amor, para que se dê continuidade pelo tempo necessário, até que as pessoas se compenetrem da urgência de revisarem as suas vidas e concordem em reassumir um tipo de vida mais condizente com o interesse da família.
Um fator fundamental será a volta para Deus. Fazendo parte de uma entrega e transformação totais e verdadeiras. Essa transformação virá, primeiramente, dos pais; estes deverão estar preparados porque terão de provar, com atos, que a conversão foi real. E se de fato for, estarão aptos a derramarem amor em torno de si, transformando o ambiente e as pessoas abrangidas.



H A R M O N I A C O N J U G A L

“A Mococa”
21/10/89

Quando duas pessoas passam a viver juntas é que irão começar a conhecerem-se. Deus, quando instituiu a união conjugal, estabeleceu que o homem deixasse pai e mãe e se unisse à sua mulher e se tornasse em uma carne com ela; disse, também, que Adão “conheceu” Eva. Conhecer! Esta é a palavra chave para um bom relacionamento. Quando estabelecemos um lar deveremos desligar-nos dos laços anteriores e dedicar-nos inteiramente, o nosso tempo, a nossa inteligência, a nossa sensibilidade, ao trabalho de conhecer o nosso cônjuge.
Nós poderemos namorar por algum tempo, noivar por um período maior, mas na realidade só começaremos a nos conhecer a partir do momento que passarmos a viver juntos. Durante o tempo de namoro e noivado, geralmente, não nos revelamos. Quando passamos a conviver, vinte e quatro horas por dia, juntos, não mais conseguiremos esconder as nossas esquisitices (porque todos as temos) e o romantismo dos dias anteriores começa a desmoronar diante da realidade.
É claro que poderemos observar muitas coisas durante o tempo de namoro e noivado. Por exemplo: a maneira que cada um trata os seus pais e irmãos, são indícios do
que seremos depois do casamento; A “prova de fogo” porém, virá mesmo, depois. Os defeitos começam a aparecer e constatamos que os mitos que construímos, na realidade não existem. Teremos que reconstruí-los de acordo com a realidade, e essa realidade, essa nova imagem, na maioria das vezes não nos agrada.
Será a partir desse momento que começaremos a nos tornarmos adultos; através da compreensão mútua, através do diálogo que deverá se iniciar, para irmos solucionando as nossas diferenças. Nesse momento deverá haver sinceridade acima de tudo; nada deverá ser escondido e recalcado; se assim procedermos, o que não ficou resolvido continuará a influir negativamente no relacionamento.
Aos poucos é que a vida conjugal irá se harmonizando. Deverá haver muito carinho e amor na condução das divergências para que não sejam guardados ressentimentos.. Uma coisa a evitar será o tratamento grosseiro que distancia as pessoas.
Nenhum dos dois deverá ser dominador ou mesquinho, desejando sempre dar a última palavra.
Outra coisa a evitar será o ciúme que é uma indicação de insegurança. Deveremos sempre termos a certeza de que somos o único na vida de nosso companheiro. A manifestação de cenas de ciúme, separa cada vez mais os cônjuges, pois eqüivale a uma acusação de infidelidade. Da maneira como se apresenta a dinâmica social hoje, quando marido e mulher necessitam trabalhar fora de casa para compor o orçamento familiar, as oportunidades de infidelidade se multiplicam e quando há insegurança, gerada, na maioria das vezes, por complexos de inferioridade, por imaturidade dos parceiros, o convívio passará a ser impossível. Quando não existe o amor e o casamento foi realizado se a devida reflexão, o diálogo poderá redimensionar esse relacionamento para que através dele se construa uma base concreta para a vivência em comum.
Será sempre preferível que seja retardada a chegada dos filhos, até que o casal haja conseguido equilibrar as suas diferenças. Quando solidificado o convívio, terá chegado a hora de enriquecer os lares com as crianças que aí sim serão mais um elo de amor e compreensão.


H A R M O N I A S E X U A L

“A Mococa”
28/10/89

Uma das fontes de maior dificuldade no casamento é, sem dúvida nenhuma, o relacionamento sexual.
Antigamente era o homem quem levava a maior experiência sexual para o casamento. À mulher era exigida a virgindade e ela só ia conhecer esse relacionamento no noite de núpcias.
O “tabu”, hoje foi atenuado e “permite-se” que a mulher, também, possa envolver-se sexualmente, antes do casamento. Isso, na realidade, é uma balela, porque, principalmente no caso dos latinos que possuem um temperamento “machista”, ainda é exigido serem eles os primeiros. Eles são liberais quando desejam usufruir, mas quando resolvem casar, vão procurar uma jovem virgem. E aquelas que não souberam resguardar-se, geralmente ficam para titias, ou têm um destino mais penoso ainda. Em que pese esse pseudo liberalismo que poderá dar oportunidade de experiências tanto ao homem como à mulher, será sempre um tipo diferente daquilo que se faz necessário na vida conjugal.
É normal surgirem dificuldades nesse relacionamento, que se não forem esclarecidos levarão a um desentendimento crônico. Se existirem problemas (e eles sempre são passíveis de existir) o assunto deverá ser abordado com sinceridade, para o esclarecimento devido. Tanto o marido como a esposa deverão perguntarem-se se não estarão sendo egoístas nesse relacionamento. Se um não está negando-se ao outro (até psicologicamente, entregando o corpo e negando a alma) em um encontro sem vida. Deverá haver um empenho constante no sentido de aperfeiçoar esse relacionamento através do esclarecimento, pois poderá estar havendo uma influencia pelo tipo de educação que cada um dos cônjuges recebeu. Tudo deverá ser reciclado! Muito poderá ser feito para aperfeiçoar, cada vez mais, os métodos que satisfaçam plenamente a cada um dos participantes dessa união, aliando-se à compreensão, à boa vontade e, principalmente, o amor. Esse amor se revelará quando nos dispusermos a servir um ao outro.
Sempre estejamos atentos que, um bom relacionamento sexual será o resultado de um bom relacionamento conjugal. Este será, sempre, um condicionamento para o bom desempenho do primeiro. Se não houver harmonia nesse campo nada mais poderá desenvolver-se satisfatoriamente.



I N O C Ê N C I A





Se queres ser feliz
Não mates a criança
Que insiste em viver em ti,
Para que não esqueças de sonhar.


O sonho é que dá vigor à vida
Quando a criança cria suas fantasias
Visualizando tempos e momentos
Que sempre estarão presentes


Será a inocência da criança
Que persiste em ser tua companheira
Que fará fruir de ti a vida



Será a mística mistura
De todas as idades que vivestes
Que te ligará a todos os tempos.



L E M B R A N Ç A S


11/11/97





Um destes dias adentrando a cozinha senti um cheiro que não era dali e sim vindo de dentro de mim , e volvi ao tempo de criança, sentindo aquele cheiro de infância que tantas vezes é rebuscado dentro do meu ser para fazer-me lembrar de coisas que ali estão plantadas e que foram tão importantes !
Meu pai explorava um bar de um clube (Clube Bandeirante), em Santo Amaro, que gozava da freqüência da mais fina sociedade do bairro. Para serem vendidas no bar eram preparadas muitas guloseimas e dentre elas o que meu pai preparava pessoalmente era um recheio de "alitche" para sanduíches, com muito cheiro verde e um tempero especial; meu irmão e eu ficávamos esperando aquilo estar pronto, à tarde, para saborearmos dentro de uns pães torradinhos que só àquele tempo haviam; que delicia! Pois foi esse o cheiro que senti, sem razão alguma, porque nem estava sendo preparado nada na cozinha, aquela percepção vinha de fato de minhas lembranças que plantadas no meu interior ajudaram a me dar forças para empreender esta caminhada que venho realizando, ultrapassando etapas.
Daí "viajei" e senti-me novamente em meus áureos tempos da meninice quando as coisas simples da vida nos faziam tão felizes! Lembrei-me de quando acordava , geralmente depois das dez horas da manhã, horário em que os adultos já estavam participando de seus afazeres e muitas vezes as pessoas que encontravam-se na casa conversavam alegremente em voz alta. Acordar com aquelas vozes entrando em meus ouvidos provocava em mim uma alegria indizível, sentia muita segurança porque aquelas pessoas todas estavam em torno, para me protegerem.
Muitas vezes somos levados a pensar que os acontecimento que vivemos e ficaram para trás não possuem mais significado algum, mas é puro engano; o nosso interior é um cofre forte que encerra um tesouro descomunal; quando nos sentimos só, quando atingidos pelas vicissitudes da vida poderemos extrair dali toda a força de que precisamos para vencermos os obstáculos. O nosso passado apresenta-se como uma força que nos transportou para o presente e transforma-se em uma plataforma segura que nos encaminhará para o futuro!
Você, amigo, que lê estas reflexões, recolha-se ao seu interior e perscrute bem lá no fundo para arrancar aquelas lembranças que despertaram aos suas emoções nos momentos especiais de sua vida. Analise o quanto os acontecimentos puderam influenciar a sua vida transformando-o para que pudesse apreciar a vida de uma maneira mais humana. Emocione-se outra vez ao relembrar daquelas pessoas que foram importantes em sua vida e de alguma maneira desapareceram do seu convívio; quer porque já encerraram a sua carreira, quer porque transferiram as suas atividades para algum lugar que lhes fosse mais propício. Através dessas lembranças você poderá renovar-se e buscar bem no fundo do seu ser as ferramentas que ali estão e que foram construídas pelos acontecimentos tristes ou alegres que você viveu. Vale à pena recordar!
Depois desse retempero, que redobrará as suas forças, afugentando as amarguras, você estará pronto a prosseguir no caminho que foi traçado pelo seu destino para vencer
novas etapas.
É assim que aprendemos a viver . . .vivendo . . .a cada dia . . . as emoções!
Aqueles que não olham para dentro de si mesmo no afã de aperfeiçoar-se e aprender a doar-se de si mesmo aos seus semelhantes jamais gozará a plenitude de uma vida realizada, onde o amor fluirá para alcançar quantos cruzarem os seus caminhos. Será uma construção de uma fraternidade onde imperará o amor, a amizade sincera, o desprendimento pelas coisas materiais e um aprofundamento para que seja encontrado o equilíbrio mental, psicológico e espiritual. Será a ventura de alcançar a estatura do homem completo!



M E S A G E M A O S J O V E N S


“A Mococa”
04/03/89


Gostaria de conversar com você, não como pai, não como adulto, mas refletindo o que fui quando tinha a sua idade. Sim! Por incrível que pareça eu já vivi a sua idade; e hoje sou tão diferente! Vivi as mesmas angustias, as mesmas apreensões que você vive hoje e, como você, me vi atormentado por uma grande quantidade de problemas, inclusive com o do sexo. Senti dificuldade para me relacionar com as outras pessoas, com meus pais; não sabia equacionar as aflições que tomavam conta do meu ser.
Nessa ocasião eu não sabia a quem apelar para que me auxiliasse; esquecia que poderia contar com alguém que estava bem perto de mim e que possuía uma experiência bem maior do que eu, no que se referia à juventude, embora possuísse uma coisa em comum comigo: ele era, também, inexperiente como pai. Talvez eu até soubesse que poderia contar com ele, mas como era difícil estabelecer um diálogo para que eu pudesse derramar as minhas apreensões!
Hoje eu sei, que poderia contar com a ajuda de meu pai e isso também o teria ajudado bastante! Enfim, ele também ansiava em se comunicar comigo para me guiar. A sua felicidade passava, obrigatoriamente, pela minha felicidade. Ele só poderia se realizar se cumprisse a função de pai, de orientador eficaz.
Hoje sei que a função de pai é muito difícil e, geralmente, a maioria de nós não está suficientemente preparado para desempenhá-la. Desejamos realizar um bom trabalho para a felicidade de nossos filhos, mas a tarefa é muito complexa e nos amedronta. Exercemos controle, disciplina; procuramos oferecer exemplos de probidade; derramamos o nosso amor em profusão, mas chegamos à conclusão que a tarefa é por demais grandiosa e ficamos perplexos.
Os filhos, muitas vezes, colocam os pais em lugar de sábios e a realidade é que eles não são sábios; são pobres seres mortais . Assim como o jovem é inexperiente na sua condição, o pai, também o é na sua. Assim como o jovem precisa de amor e compreensão para superar as suas angústias, os pais também necessitam de ajuda para que possam continuar a crescer emocional e psicologicamente. Se ambos se ajudarem, as crises se resolverão e todos poderemos amadurecer para ajudarmos, juntos as novas gerações.
Jovem! Ajude seu pai a ajudar você! Pai, ajude seu filho a ajudar você!
Jovem! Mire-se em seu pai como se fosse em um espelho encantado que tem o poder de revelar o futuro. Talvez você esteja imaginando que poderá amar aos seus filhos muito mais do que é amado por seus pais. Nessa visão maravilhosa que o fará reflexionar sobre a mistura de sua personalidade de hoje e a do futuro, mais amadurecida, poderá avaliar o quanto é amado hoje.
Talvez você possa se queixar que o seu pai não tem muito tempo para você, que não se importa em estar mais tempo ao seu lado, para vê-lo crescer!

Analise se não é unicamente por você que ele fica mais tempo distante; para transformar a sua energia em recursos que irão propiciar um melhor futuro para aqueles a quem ama! Quanto suor ele terá derramado, no cumprimento dessa missão de pai, que descem pelo seu rosto misturado com as lagrimas de sofrimento por não poder presenciar os momentos de alegria, conjuntamente!
Ele sabe, que mesmo que não possa estar presente , o seu pai, que em outros tempos já cumpriu a sua missão estará junto a você amando em maior dimensão, com só os avós sabem amar!
Chegará um dia que você estará crescido e como adulto, responsável, estará cumprindo a sua missão de pai; então o seu pai que será o avô de seus filhos estará dando aos seus filhos aqueles carinhos que você não terá tempo de dar.
A vida é assim, e ela se desenvolve dentro da sabedoria divina que criando uma diretriz que tende a estabelecer uma estrutura de confraternização onde famílias constituem uma base segura para o desenvolvimento de seus membros.


. . .M E U S F I L H O S!



Jabaquara,08/08/74


Você . . .Você . . . e você . . .,meus filhos!
A princípio éramos dois e estávamos embebidos na ilusão do amor e, desse amor, veio a vida . . .aquela que tanto desejávamos: um filho. Veio você e a alegria de ser pai de um menino que levaria meu nome adiante. Então eu amei você mais do que tudo na vida.
A vida continuava e desejávamos mais alegrias e Deus nos ouviu mandando uma menina, e veio você. Nasceu em minhas mãos e era minha filha e, ao mesmo tempo, a irmã que não havia possuído. Então eu amei você mais do que tudo na vida.
E Deus nos reservava mais alegria e veio você. E não querendo o conforto dos hospitais veio nascer em casa; no lar onde todos nós viveríamos felizes. Então eu amei você mais do que tudo na vida.
Um filho, uma menina e um caçula e a alegria de possuir o amor de vocês e de dedicar a vida para protegê-los. E o amor que dedicava a cada um de vocês era todo o amor que possuía e essa dádiva preciosa de amor transformava-se em uma fonte inesgotável.
Meditando nesse amor compreendo todo o amor que Deus dedica às suas criaturas. Se nós, que somos tão mesquinhos, podemos dedicar tanto amor, é para se ter fé inabalável no Pai misericordioso, porque Ele nunca nos faltará em nossas necessidades. Por isso eu peço a Ele que vocês se amem tanto como eu os amo.
Isso eu peço por você . . .por você. . .e por você . . .meus filhos! Isso eu peço a você . . .a você . . .e a você . . .meus filhos.



P A L A V R A S





Apalpo a maciez das palavras,
Que constróem os lances da história,
Extraídos de profundas lavras
Para alimentar a vida transitória.


São, elas, peças preciosas
Que fazem amantes viverem o sonho
Unem mãos ansiosas
Para se alimentarem de carinho.


Palavras, suaves companheiras
Das horas de gozo ou de pesar
Dão-nos a paz da fantasia


Abraçam-nos como ventura passageira
Tentando nos confundir e enganar
Mas preenchem nossa vida de real magia.



P A L O M A


Rudge Ramos 18/03/87


Que a humanidade elimine as bombas
Para que possa almejar a esperança
Que de paz surjam brancas pombas
Para construirmos o futuro da criança.


Para que a nossa Paloma cresça
E a inteligência possa oferecer
E que a mortalidade infantil desça
E a natureza não venha a fenecer.


Que os homens defendam a ecologia
E seja preservado o verde vida
Que não se conserve só a ideologia
Mas que combata tudo que trucida.


Que haja empenho no amor
Para que vivam todos como irmãos
E a fraternidade não seja um favor
Para que felizes todos dêem as mãos.


Que o amor se derrame como fonte
Para que as vidas se enlacem
E as almas se entrelacem
E haja para a criança novo horizonte.



P A T E R N I D A D E R E S P O N S Á V E L


“A Mococa”
04/11/89



Um dos mais importantes aspectos do casamento é o referente à procriação de filhos. Ela nunca poderá ser desordenada e sim planejada.
A falta de planejamento do casal poderá ocasionar uma gravidez indesejável criando uma espécie de rejeição psicológica que, até, poderá afetar a criança. Sem contar o que constantemente acontece, os pais optando pela interrupção do processo de gestação, “assassinando” aquela criança que já era vida. Porque o feto já é uma vida! Como o exemplo que ouvimos em um conferencia: “Um pedaço de pão não é pão? E uma gota de Água não é água? Assim aquela vida por minúscula que seja, já é vida!”
É uma violência destruir uma vida que nem tem possibilidade de defesa. Além do trauma que é causado à mãe que carregará para sempre a culpa pelo crime praticado.
Nos E.UA foi dada, recentemente, uma sentença em processo, reconhecendo que alguns embriões fecundados artificialmente e conservados congelados, não poderão ser destruídos por tratarem-se de vidas.
Agora, o planejamento familiar já é diferente; trata-se de procurar evitar-se a instalação de gravidez, através de vários métodos, por um período de tempo, com a finalidade de preparar condições propicias para a vinda de uma criança. Às vezes, até se faz aconselhável que, um casal, nos primeiros meses do casamento, evitem que se instale uma gravidez, aguardando-se uma ocasião mais conveniente. Os primeiros meses é um período de adaptação e conhecimento, um do outro. É necessário que os cônjuges possam gozar livremente desse relacionamento conjugal e sexual. Depois que já adquiriram uma adaptação física e psicológica adequadas, será a hora de providenciar a vinda dessas preciosidades que são os filhos, e que assim serão recebidos em um ambiente de paz, amor e alegria, além de que encontrará condições econômicas e financeiras que lhes garantirão subsistência e educação de acordo com a suas necessidades.


S A B E R



13/10/91




Se mergulhássemos
No mais profundo
Do saber do sábio
Para saber o que os sábios sabem
Saberíamos que
O sábio não é sábio
Ao seus próprios olhos.
Mas jaz
No mais profundo do saber dos sábios
Para procurar saber
O que os sábios sabem.
E nessa procura acabará sabendo
Mais do que os sábios sabem.
Por mais, porém, que possa saber
Ainda não saberá todo o saber.
E terá de continuar a procurar saber
Sempre mais do que possa saber.
Nessa procura infinda
Nunca saberá se conseguiu saber
Tudo que os sábios poderão saber.
Qual o proveito dessa procura
Se nunca saberá se conseguiu saber?
Servirá para saber que saberá
Sempre mais de quem não procurou saber.



M U L H E R : C O N S T R U T O R A D E H O M E N S


“A Mococa”
11/03/89


“Deus, no auge de sua inspiração criadora, em um só momento, deve ter criado a mulher e a flor. Esta, com seu colorido e perfume, enfeita a natureza e fornece o néctar para a formação do mel; a mulher, com sua sensibilidade e doçura, é quem contribui para a estabilidade do lar, onde a criança forma o caráter que a fará cooperar para o bem da humanidade.
É com esse misto de sensibilidade, beleza e doçura que desejamos homenagear essa que merece todos os superlativos; que é a rainha do lar e acima disso é a rainha de nosso convívio.
Quando Deus criou o homem e lhe deu uma ajudadora eficaz, elaborou um sistema perfeito, pois se o homem possuía falhas, o Criador reuniu as virtudes na mulher, para que ela fosse a bússola que orientaria na trajetória.
Os dois complementaram-se, solidificaram-se, além da carne, em suas próprias almas, para contribuírem para a construção de entidades perfeitas. E essa perfeição, cuja parte de sensibilidade ficou com a mulher, é que durante o desenrolar dos tempos, da história do homem, tem influído no aperfeiçoamento das coisas.
Para nós, homens, é salutar e gratificante contar com uma companheira leal que, até em prejuízo de suas aspirações pessoais, se oferece inteira, para que possamos realizar as nossas aspirações. Eis porque, deveremos procurar, dentro de nosso íntimo, para ver se Deus colocou ao menos uma pequena partícula de sensibilidade para que possamos contribuir para que as nossas companheiras possam sentir-se reconhecidas por tanto que nos propiciam. Essas afirmações deveremos fazer no dia a dia de nossa vivência, porque cada dia é o dia da mulher. A cada dia ela está construindo, em nós, ou em nossos filhos, uma parte das vidas que, por seus méritos, irão enriquecer a humanidade.
É bem verdade o que diz a sabedoria popular: “Por trás de todo grande homem, sempre há uma grande mulher.”
Neste tempo em que a mulher, cada vez mais, aperfeiçoa a sua participação para a resolução dos grandes problemas que afligem a humanidade, desejamos prestar-lhes as mais efusivas homenagens fazendo votos para que juntos possamos alcançar os mais altos ideais de paz, justiça e fraternidade.


N O S S O O B J E T I V O


“A Mococa 21/04/90



Certa vez um jovem apresentou-se a uma grande firma para obter um emprego. Submeteu-se às provas de conhecimentos, apresentou os seus títulos e posteriormente foi encaminhado a uma entrevista que seria decisiva para a sua admissão.
Depois de conversar alguns instantes com o candidato, para aliviar-lhe a tensão, o entrevistador perguntou: Qual o seu objetivo ao ser admitido a esse emprego?
O jovem respondeu sem qualquer demora em reflexão, demonstrando plena convicção do que dizia: “Pregar o evangelho; transmitir a cada pessoa, com quem me relacionar, a mensagem de salvação e de vida eterna, através de Jesus”.
O entrevistador olhou admirado para o candidato, observou alguns momentos de silêncio e respondeu com ironia “ Imagino que não espera que lhe seja dado o cargo para trabalhar para outro patrão!”
O jovem esclareceu, que para cumprir esse seu ministério, ele teria que ser o melhor funcionário, para que através do seu testemunho as pessoas pudessem acreditar naquilo que lhes falasse. Ele conseguiu o emprego e foi, de fato, um ótimo funcionário, galgando altas posições. O mais importante, ainda, foi que fez a felicidade de muitos colegas alcançando-os para Cristo, enchendo-lhes os corações de alegrias, de esperança e paz.
Em nossa vida temos tentado, também, transmitir às pessoas, o amor, a paz e a esperança, através das mensagens que nos é transmitida pelo grande mestre Jesus Cristo, nos evangelhos. Quando almejamos colaborar em jornais era esse o caminho que esperávamos trilhar, para poder amenizar corações carentes de conforto; ajudar famílias em crise e assistir a quantos tem necessidade de compreensão. Não é um objetivo fácil de alcançar, porque as pessoas amarguradas, geralmente tem receio de abrirem os seus corações. Porém, através da escrita podemos alcançar, às vezes, pessoas carentes de ajustamentos.
Continuamos firmes em nosso objetivo primeiro, porém os caminhos do Senhor são misteriosos e temos de conformar-nos quando Ele nos leva por desvios, pelos quais, com toda a certeza, chegaremos onde seja necessário. Os obstáculos colocados em nossa trajetória, são postos para que haja proveito a alguém.
Jesus, muitas vezes, falou e ensinou a uma pessoa de cada vez (Zaqueu, Nicodemos, a mulher samaritana, o jovem rico) e nós nos sentiríamos felizes se também escrevêssemos apenas para uma pessoa; quem sabe se não é justamente quem Ele deseja alcançar!
As pessoas estão confusas e sem esperança e paz interior e sabemos que Jesus nos dá tudo isso! Quando nos apropriamos da certeza de uma vida eterna junto a Deus, o tempo e as coisas materiais já não se apresentam como fatores de importância, visto que a nossa vida não mais se limitará a um curto período e sim teremos a eternidade para usufruirmos das delicias celestiais.

Você já tem essa certeza?
O evangelho nos dá, com o aval de pessoas que não mentem: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo “Ro. 10:13) “Quem crer em mim e naquele que me enviou tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24).
Existem muito mais declarações fidedignas que extirparão do seu coração todo o medo, angústia, ansiedade, amargura, e lhe darão os frutos do espírito que são: “amor, gozo, paz. longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:22) que poderão transformar a sua vida.
Junte-se a nós, para caminharmos para o mesmo objetivo, transformando-nos em veículos que conduzem à felicidade!


A M U L H E R D O T E R C E I R O M I L Ê N I O


03/03/90



Violeta Chamorro vence as eleições na Nicarágua, abrindo caminho para a redemocratização do país; Sua Santidade o Papa João Paulo II, abre a Campanha da Fraternidade colocando em evidência a mulher e D. Paulo Evaristo Arns, em entrevista, declara que as presidências das comunidades eclesiais estão em sua maioria ocupadas por mulheres; o Presidente eleito, Fernando Color de Mello, confirma para o cargo de Ministra da Economia a Sra. Zélia Cardoso de Mello que irá desenvolver o trabalho de maior importância de todo o seu ministério. Se fôssemos enumerar as mulheres que encontram-se em lugares-chave, pelo mundo, não teríamos espaço para publicar a matéria.
Sinal dos tempos? Não! Simplesmente competência!
A mulher foi, por muito tempo, relegada a auxiliadora eficaz do homem, em uma estrutura criada por este, e os dividendos do trabalho empreendido era colhido por quem elaborava as normas e estabelecia as diretrizes. Podem-se dizer, que por milênios, as mulheres foram usurpadas do reconhecimento de sua capacidade em favor do homem. A mulher sempre foi a auxiliadora mais direta, e conselheira de todos os homens "empreendedores", e por direito, pelo menos a metade do sucesso deveria ser-lhe creditado, senão a maior parte . . .
O homem, pelo egoísmo e sua presunção, passou a perder os subsídios que lhe conferiam a fama de mais sábios e revelou, de onde vinham as decisões, mais amadurecidas, que eram ditadas, até subliminarmente, por quem foi criada com maior dose de sensibilidade e ponderação. A partir daí, divididos os talentos de cada um ( porque Deus havia criado uma entidade perfeita pela união de duas partes) constata-se que a maior parte, geralmente, pertencia ao sexo "dito frágil", que na verdade não tem nada que a diminua, e sim possui um potencial fabuloso, que gera o progresso em todos os campos de atividades; notadamente na política é onde ela vem fazendo sentir a sua capacidade, conquistando cada vez maiores espaços, comprovando a sua inteligência, que aliada à sua natural sensibilidade, garante-lhe um sucesso sem precedentes.
A aproximação do terceiro milênio, já está apontando para radicais transformações em todos os campos do conhecimento humano, fazendo crer que a mulher, assumindo o controle, irá dar um encaminhamento mais eficaz aos grandes problemas que afligem a humanidade, para benefício de todos. O sexo "forte", que nestes últimos dois mil anos, não demonstrou tanta competência como alardeava, deverá esforçar-se para, pelo menos, revelar-se como auxiliares conscientes do papel que terá a cumprir.
Talvez, agora, dentro de uma nova dimensão, possa surgir uma cooperação real, através de uma competição leal e produtiva, gerada por um espírito mais lúcido, de confraternização, de paz e verdadeiro amor.
Disso é que precisamos e dependemos, e é o mínimo que nos é exigido se de fato desejamos Ter a percepção consciente dos ensinamentos que nos foram legados pelos grandes mestres de todos os tempos.
A mulher do terceiro milênio é a mulher de sempre, que esteve ao lado do homem encorajando-o, amando-o e ajudando-o na construção de homens. De onde vieram os Presidentes, os Ministros de Estado, os Reis, os Grandes Cientistas, homens ou mulheres, que tem beneficiado a humanidade, senão de lares harmoniosos onde havia um trabalho conjunto?
Não deveremos nos esquecer, que a sexualidade é um Dom Divino que nos encaminha a usufruirmos, com amor, um relacionamento sadio que gera o entendimento e companheirismo, tão necessários para que possamos resolver todas as dificuldades, acima de divergências materiais.
Assim, caminharemos juntos rumo aos mesmos objetivos que nos garantirão a felicidade. À mulher do "Terceiro Milênio" heroina de todos os tempos, a nossa admiração e respeito.



V I D A E S P I R I T U A L




25/11/89


A família é uma instituição Divina, daí a nossa necessidade de estabelecermos uma comunhão estreita, dela com o Criador.
O ser humano sempre notou a necessidade de sentir que existe uma força poderosa a quem pode recorrer para que sinta segurança. Não importa o agrupamento religioso no qual participemos, se nos afastarmos de nossa fé nos sentiremos perdidos.
Religião, em sentido lato, é religação a Deus. O homem afastou-se de Deus e ao sentir-se desprotegido conscientizou-se da necessidade de estabelecer, novamente o vínculo, que lhe garante o poder de voltar a ser filho de Deus. Cada religião possui o seu livro sagrado e para nos cristãos esse livro é a Bíblia, que é Deus falando-nos e estabelecendo um concerto com Abraão, para a salvação da humanidade. Ele nos fala através da Sua Palavra e ouve-nos pela oração. Deveremos sempre crer nisso para que estabeleçamos a ligação.
E, como vai esse nosso relacionamento com ? Em que estágio se encontra a nossa fé? Temos conduzido nossos filhos a uma comunhão com o Criador, sem medo de represálias?
Nossa vida espiritual deverá ser uma adesão existencial a Cristo. Principalmente nos momentos mais difíceis. Quando as dificuldades aparecem deveremos estar preparados através de uma fé madura que nos dará forças para superarmos os obstáculos.
Essa confiança em Deus somente se conquistará através do exemplo. Somente se estivermos vivenciando a nossa fé seremos capazes de transmiti-la àqueles que nos rodeiam. Não adiantará ensinarmos se não praticarmos.
Chegamos ao fim desta série de rápidas reflexões que nos serviram para exercitarmos na conquista da harmonia no casamento, na condução do nosso lar, orientação dos filhos e principalmente a nossa direção espiritual. Muito ainda deverá ser dito; principalmente há muita experiência a ser trocada, o que poderá ajudar às pessoas a livrarem-se do naufrágio da vida, que, geralmente, deixa marcas profundas, desfazendo a alegria e plantando, em seu lugar a frustração.
Creio que nós poderemos contribuir para que lares não sejam desfeitos e que muitas crianças não venham a ser órfãos de pais vivos, carregando o estigma da marginalidade.
Por favor, reflita sobre isso!


Outras Obras do Autor:

Mensagens e Reflexões
Devaneios
Contos Para Ler a Dois na Cama
Minhas Incursões Pelo Jornalismo
Proversando
Nova Dimensão
Contos, Pontos e Contatos
Cartas Vivas
Relendo Cartas
Relendo Cartas II
Memórias de Um Cidadão Comum
Poesias Reunidas
Frases e Pensamentos
Aconselhamento Matrimonial
Aconselhamento Matrimonial II
Outras Histórias
Outras Mensagens
Textos Para a Terceira Idade
Walkyria
Uma História em Três Tempos
Aconselhamento Matrimonial III

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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PROVERSANDO

Bruder Klein

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Í N D I C E
Pág. Título
02 Índice
04 À Guisa de Prefácio
05 Prólogo
07 Cópia de Carta
08 Caminho Estreito
09 Subjetividade Objetiva
10 Saber
11 O Verdadeiro Sentir
12 Revelação
13 Dedicatória
14 Unipresença
15 Mensagem
16 Incerteza
17 Mensagem Cifrada
18 Onde Está a Felicidade ?
19 Um Conto Que Me Contaram
20 Comentando
21 Abraço
22 Mãe
23 Doação Voluntária
24 Dançando
25 Beleza Interior
26 Musas Companheiras
27 Meu Salva Vidas
28 Carências
29 Amor Real
30 Reflexões Motivadas Por Um Sonho
32 Nostalgia
33 Realidade
34 Ligações Energéticas
35 Doação Expontânea
36 Minha Esperança
37 Medo
38 Basta
39 Busca
40 O Amor Que Espero
42 Sonho
43 Relembrando
Pág. Título
44 Viajem
45 Incertezas
46 Transparência
47 Amigo
48 Mensagem de Paz
49 Mantendo o Elo
50 Amor Oculto
51 Alcance do Intelecto
52 Paz Na Solidão
53 Carta A Uma Amiga
57 Sexo Expressivo
58 Outra Missiva
59 Retorno À Dor
60 Rio Tietê
62 A Estrutura Do Suicídio
64 Melancolia
65 Saudade
66 Sonho
67 Pensamentos
68 Ser Ou Não Ser
69 Estar Junto
70 Não Ser
71 O Caminho
74 Precisa-se de Um Advogado
75 Mensagem Aos Médicos
77 Uma Caminhada Pelas Escrituras
78 Mensagem Aos Professores
79 Missão Ordenada
81 Procura
82 Viajem Pelo Tempo
83 Nasce A Esperança
84 Ano Novo
85 Peso Da Solidão
86 Destino Fugidio
87 Vida Imprecisa
88 Amanhã
89 O Caminho
93 Um Evento Chamado Morte





Á G U I S A D E P R E F Á C I O


A primeira coisa que me imponho, quando pretendo escrever algo, é declarar as minhas limitações que fatalmente contribuirá para as imperfeições do trabalho. Realizá-lo, sem as qualificações necessárias, me move o desejo de compartilhar com os meus semelhantes, um pouco de minhas experiências observadas no dia a dia de minha vivência, principalmente aquelas que fruem, fruto de uma reflexão íntima que esforça-se por romper limites, no desejo de alcançar outros seres que possam comungar com as mesmas expressões do pensamento; sentindo as emoções que possam unir pessoas que encontram-se aprisionadas em si mesmo.
Iniciamos a escrever no dia dez de Maio de l.992, em que se comemorava o “Dia das Mães” e ao remexer velhos guardados deparamos com uma carta escrita por um de nossos filhos, dezesseis anos antes, justamente cumprimentando a mãe pelo seu dia, juntando um folheto alusivo à data, preparado na comunidade cristã que, então, freqüentava. Essa coincidência trouxe as emoções à flor da pele, marcando aquele momento; isso me inspirou a escrever a poesia “Mãe” que faz parte do trabalho.
Delineava em minha mente que deveria ir registrando cronologicamente os textos em prosa e as poesias para que no período decorrido entre as primeira e última paginas fossem marcando, subjetivamente, uma história, revelada pelas emoções de cada momento. Cada página, cada data, marca um acontecimento vivido ou sonhado. Embora o inicio se dê no dia 10/05, por circunstancias que me levaram a dezesseis anos antes e o clima que se estabelecia para o começo, juntei alguns textos anteriores que já conviviam com a expectativa da realização. A partir daí o sonho foi convivendo com a realidade, o presente com o passado e as esperanças do futuro, concluindo com o resultado que é entregue à sua avaliação. Não existe nenhuma página que não me envolva pessoalmente mesmo que nem sempre sejam compreensíveis por manifestarem-se através de símbolos. Igualmente, penso, não haverá espaço algum que deixe de dizer algo a cada um dos leitores, que assim estarão inter-relacionados com o autor através de emoções comuns.
A mística de um encontro sobrenatural existe, visto o próprio Deus construísse a ponte que nos faz chegar à Sua Presença. Nós, embora imperfeitos enquanto seres físicos, possuímos a centelha Divina que está sempre em evolução com o objetivo de alcançar o desenvolvimento máximo que só ocorrerá quando passarmos para uma outra dimensão onde sobreviverá o espírito.
Amor, sonho, imaginação, amizade, coragem, certeza ou incerteza, liberdade, paz, solidão, silêncio, vida, morte, eternidade, sexo, dor, preservação, saudade, suicídio, ser ou não ser, caminho, mensagem, missão, emoção, amigo, parente, vizinho, amante, alegria, solidariedade, felicidade, esquecimento, perdão, sorriso, lagrimas, são algumas das palavras encantadas que convivem conosco e nos ajudam a delinear o nosso destino, bastando que adotemos a verdade em nossas ações; porque, muitas vezes mentimos a nós mesmo com receio de exteriorizar as nossas emoções. O caminho de cada um de nós terá de ser percorrido sem que o nosso espírito sinta amargura por desejarmos coisas que estão fora do nosso contexto.
“Que o sol nunca se ponha sobre a nossa ira” e “Esteja longe de nós toda a ira e amargura” são palavras proferidas por um sábio (Paulo, Efésios 4:26,3l), em momento de suprema inspiração; se nós as adotarmos em nossa vida a caminhada que teremos de empreender nos será facilitada.
Estaremos sendo confrontados com reflexões que nos unem e nos ensinam a apreciar a vida. Mergulhamos em nossas ilusões envolvendo-nos no sonho e na fantasia que farão viva a esperança de um encontro transcendental.
A Palavra de Deus declara (Exedos 19:6; Pedro 2:9; Apocalipse 1:6) que somos todos sacerdotes do Deus Altíssimo; todos somos ordenados a uma missão e o cumprimento da mesma será o nosso caminho. Não existe missão mais nobre e sublime do que constituir uma família (instituição criada por Deus), dentro de parâmetros estabelecidos pelo Criador, onde, em primeiro lugar exista amor e fidelidade entre os cônjuges, a fim de que haja compreensão mútua para a construção de uma vida feliz; em segundo lugar será a vinda dos filhos a esse lar consolidado, para serem orientados dentro de padrões morais, na obediência e disciplina que os condicionará à vivência em sociedade.
Observemos bem isso: onde quer que estejamos, em qualquer contexto em que se desenrolar o nosso viver, aí estará a nossa missão e o caminho que nos caberá percorrer, usando toda a sabedoria que possuirmos.

Bruder




P R Ó L O G O


Ontem, 9 de Maio de 1.992, na parte da tarde, comecei a remexer em antigos guardados, para verificar se encontrava algum texto, esquecido, que pudesse fazer parte de um novo trabalho que gostaria de produzir. Encontrei uma carta de nosso filho caçula, hoje com trinta e sete anos, datada de 09/05/1.976 (16 anos atrás), cumprimentando a mãe pela passagem de seu dia ( nessa ocasião ele estudava em Mococa e nós residíamos em São Paulo, hoje invertemos); Chamei minha esposa e lhe disse: “Se você não receber nenhuma mensagem hoje, ou amanhã, poderá recordar esta aqui . . .e. . .misturamos as nossas lagrimas de emoção . . .
Nesse clima, olhando para o passado, escrevi uma poesia de saudade “MÃE”, que deverá fazer parte do novo trabalho, juntamente com “Mensagem Cifrada” “Abraço” e outras que já estão escritas e aquelas que ainda não nasceram mas que fruirão no momento apropriado. Aí, refleti sobre o fato de nossa inspiração, muitas vezes, ser gerada por acontecimentos de nosso cotidiano; se os colocássemos em uma ordem cronológica poderíamos contar uma história, de amor, de paz, ou espelharmos momentos de paixão, de angústia e amargura, que eventualmente nos ocorrem; por isso optamos pelo desenvolvimento, nessa ordem, nesse novo livro.
Enviamos uma cópia da poesia “MÃE” a um amigo que faz programas na rádio e televisão local, para que, talvez, no dia de hoje o mesmo pudesse declamá-la em homenagem à rainha do lar e de nossas vidas. Dizíamos, nas breves palavras que lhe endereçamos, que a poesia fazia parte de um novo trabalho que ainda não recebera denominação. No meio da noite acordei com o nome: “PROVERSANDO”, sendo
“ Proversar” uma conversa com o leitor, através da prosa e do verso, estabelecendo um diálogo; diálogo porque, quando o leitor lê um texto, o mesmo gera uma reflexão que mesmo subjetivamente impõe uma conversa entre o autor e aquele. O exemplo é a poesia “MÃE”, que poderá levar a uma reflexão sobre o relacionamento havido com a genitora, estabelecendo o real valor da sua presença e o vazio criado quando de sua ausência.
Assim, cada texto que produzimos, sempre conterá, nas entrelinhas, imagens e símbolos daquilo que vivemos em um determinado momento. Os símbolos serão subjetivos e de fato a descrição será, realmente, ficção, só podendo ser interpretados por alguém que possua uma vivência existencial, no tempo e no espaço, com o autor. Esses dois seres, que no caso serão autor e leitor, estarão em uma igual dimensão, compreendendo-se para existência de um mesmo pensar.
Estabelecida essa idéia percebemos, com maior clareza, a importância de cada texto que produzimos, os quais estão inter-relacionados entre si e com aqueles agentes motivadores que indicam diretrizes e seguem um encaminhamento instituído por forças inteligentes que governam o universo.
Começamos o desenvolvimento de um projeto que não será medido pelo tempo e sim pelo número de páginas; quando atingir, aproximadamente, cem páginas deverá estar chegando ao fim. Isso se comprovará pela coerência que a obra apresente no seu todo e que mesmo teoricamente estará ligada aos outros livros que já escrevemos, sendo parte de uma história. Poderá ser gasta uma semana, um mês ou dez anos, para a complementação, dependendo dos fatos geradores de emoção que produzirão a inspiração.
Mais uma vez iremos caminhar juntos, nesse diálogo criado pelas nossas vivências. Esperamos que ao chegarmos ao fim desse caminho possamos nos conhecer melhor a ponto de nos amarmos, como irmãos que somos, e possamos dedicar as nossas vidas para a construção de um mundo mais fraterno e melhor em todos os aspectos.
Iniciemos a caminhada . . .



Mococa, 09 de maio de 1.976.


Papai, Mamãe



Aqui está tudo bem. Eu recebi o dinheiro no banco e paguei a pensão.
Hoje é um dia especial, principalmente para a mamãe, e eu quero mandar um abraço bem apertado para ela e desejar-lhes um turbilhão de felicidade e que tudo saia daqui para frente às mil maravilhas, (mando um folheto que a turma da comunidade, da igreja, fez para homenagear as mães).
Ontem, sábado fiz a última prova do primeiro turno, e graças a Deus, eu acho que garanti as minhas férias, por este turno. Também, o que eu me esforcei, estudei e aprendi, não está escrito!
Começo a achar que não é um ano perdido e por mais que a gente queira passar, às vezes é melhor que fiquemos, para que nós aprendamos muitas coisas que nos passam por cima, e a base que estou tendo agora vai me ajudar bastante para os outros anos e, talvez para a minha vida inteira.
Papai, a Catita e também eu estamos com muita saudade, pois já faz bastante tempo que o senhor não vem para cá.
Estamos ansiosos e estudando bastante para nós irmos para a nossa fazenda, isto digo de coração, pois pode ser pequena de tamanho mas é nossa e vale muito, nas férias de julho.
E o Paulo e a Teresa, a Matilde e o Douglas, tudo bem?
Diga-lhes que lhes mandamos um abraço e esperamos vê-los nas férias.
Bem, espero que escrevam também; nos falta um pouco de tempo, mas quando der escreveremos.

Abraços a todos

Zé Carlos e Catita




C A M I N H O E S T R E I T O


25/07/1.989


Talvez pudesse ser doce a espera
Para a realização das ilusões sonhadas
Imaginando que seria possível
A concretização de tudo que sonhei

Sonhei, em um dia encontrar o amor
Que me agasalha-se a alma
Afugentando os estigmas da dor
Que tão profundamente me marcou.

Oh! Como gostaria de viver,
A vida que vivi, repleta
De esperanças não vividas,
De sonhos multicores, belos!

Quando não avaliava a realidade,
Da vida, que nos desencanta,
Negando o carinho da felicidade,
Premiando-nos com tristeza tanta!

Agora, que a vida se estreita,
Que o saber se assenta em mim,
Sem prometer falsas esperanças,
Caminho firme para alcançar o fim.









S U B J E T I V I D A D E O B J E T I V A


18/05/1.991





Quando a criação poética
Sai da subjetividade
Perde a hombridade ética
Vegetando na objetividade.

Então o poeta já não o é,
Pois destruiu a sua fé,
Passando a habitar no marasmo
Sua mente se apraz no sarcasmo.

Será que haverá salvação
Para ninfas desviadas do ninho
Por julgar-se superior aos demais?

Se o espírito agir com elevação,
Demonstrando, disso, sinais,
Estará de volta ao caminho.



S A B E R



13/10/1.991




Se mergulhássemos
No mais profundo
Do saber do sábio
Para saber o que os sábios sabem
Saberíamos que
O sábio não é sábio
Ao seus próprios olhos.
Mas jaz
No mais profundo do saber dos sábios
Para procurar saber
O que os sábios sabem.
E nessa procura acabará sabendo
Mais do que os sábios sabem.
Por mais, porém, que possa saber
Ainda não saberá todo o saber.
E terá de continuar a procurar saber
Sempre mais do que possa saber.
Nessa procura infinda
Nunca saberá se conseguiu saber
Tudo que os sábios poderão saber.
Qual o proveito dessa procura
Se nunca saberá se conseguiu saber?
Servirá para saber que saberá
Sempre mais de quem não procurou saber.



O V E R D A D E I R O S E N T I R




27/03/1.992




O amor mais intenso
Que cria raízes profundas
É aquele que não apenas no coração,
Mas em nossa alma afunda.


Cria ligações consentidas
Por não ter o físico a toldar
Aprofunda em operações sentidas
Em um entendimento total.


Sem conhecer o bem amado
Que à distância se conserva
Jamais a ousadia se consumará


Será uma troca de carinhos
Criados por seres emocionais
E o sentimento nunca se esvaziará.



R E V E L A Ç Ã O



03/04/1.992



O que eu escrevo
Quer em prosa ou verso
É a minha própria vida
Que conto e não escondo.


A narração partida em pedaços
Esconde as frustrações havidas.
O personagem que representa a ficção
Revela o conteúdo da própria vida.


Procure reunir os pedaços
Para saber o que poderá haver
No vazio das entrelinhas


Com certeza irá saber
As mágoas havidas no tempo
Que enfeixam o sofrimento.


D E D I C A T Ó R I A





13/04/1.992



A quem conheço
Através de "Místicas Lembranças"
E que reproduz via Telesp
A tonalidade de sua voz
Vinda de um labirinto de emoções.
Ofereço
A ingenuidade de minhas exteriorizações.
Augurando-lhe a busca
De uma ligação transcendental
Que supere valores essenciais,
E ligue, através de seres interiores,
Que procuramos em nós mesmo,
O hoje ao infinito.
Onde inexiste tempo e espaço
E propicia o encontro
De seres iguais
Que perderam-se na eternidade.

U N I P R E S E N Ç A



13/04/1.992



Qual a extensão da vida
Quando cremos na eternidade
E empreendemos a caminhada
Sem nos preocuparmos
Em alcançar o objetivo já,
Nem movemo-nos do lugar
Para encontrarmos aqueles
Que são nossos irmãos?
Não importa distancia ou tempo
Nem dimensões multiplicadas
Quando sempre estaremos
Presente no tempo certo.
Acreditamos
Que o poeta é assim
Estendendo
As suas palavras entretecidas
Para estar presente
Em todas as gerações.



M E N S A G E M



13/04/1.992




Quando miramos o céu estrelado
E imaginamos o mundo que existe
Sem o nosso conhecimento,
É o mesmo que olharmos
Para o nosso interior
E encontrarmos um estranho.
Antes de desvendarmos
Os segredos do universo
Deveríamos tentar
Conhecermos a nós mesmo;
Para realizarmos,
Com o nosso próximo,
O místico encontro
E dessa união resultasse
A ligação com o infinito.
Vamos tentar?



I N C E R T E Z A



13/04/1.992




Não choro assim
Por teres deixado a vida
Meu pranto corre
Por não estares mais presente.


Tua ausência permanente
Criou um pesar profundo.
Te procuro a cada instante!
De que vale a vida tão sozinho?


Tento saber a razão
De caminharmos separados
Quando a vida poderia nos unir.


Hoje já não vive a esperança
Perdida nas vagas da ilusão;
Reluto, incerto, entre o ir e o ficar.


M E N S A G E M C I F R A D A



19/04/1.992




Miríades de estrelas
neste céu de outono
a piscar intermitentes
transmitindo mensagens especiais.


Imaginamos, cada uma delas
como mundos latentes
cuja vivência é sentida
através de mundos iguais.


Realizar-se-á através de insistentes mensagens
Imagens de amor e de paz
com que poderemos compor


A fantasia que não seja miragem
Mundo real onde haja a procura
de uma vida eficaz.



O N D E E S T Á A F E L I C I D A D E ?



19/04/1.992



Fui visitar uma favela
Para aprender o que é sofrer
Foi como olhar pela janela
O que imaginei não existir.


E pude perceber
Que o pobre não difere de ninguém
É um ser humano rico
Que tem paz no coração.


Já conheci muitos figurões
Com a posse de milhões
Que, alimentados de amargura
Perderam a vontade de sorrir.


Ali na favela encontrei
Corações a transbordar
A sorrir, bocas desdentadas,
Com o sorrir também no olhar.


Ali eu aprendi que a posse
Não carrega consigo a felicidade
Me gratificou o assistir
Crianças derramando alegrias pelo olhar.


U M C O N T O Q U E M E C O N T A R A M . . .




23/04/1.992



Que bom se todos nós pudéssemos habitar as matas, viver junto à natureza, para despertarmos a nossa sensibilidade e podermos apreciar o belo!
Isso nos daria, com certeza, a oportunidade de penetrarmos em nosso interior para encontrarmos, também, uma luxuriante “floresta” de sentimentos.
Penetraríamos uma outra dimensão onde seria propiciado, ao interior e ao exterior, encontrarem-se para apreciarem a natureza real que alimenta nossa visão material do dia a dia onde encontramos tanta beleza que nos extasia, ao contemplarmos um céu estrelado; o sol que infunde pureza através de sua claridade; a lua com a sua luz pálida e romântica que instiga os corações a uma entrega para viverem um amor sonhado, que nem sempre se realiza!
Ou penetrar para o nosso interior a buscar o fio de nossas frustrações que ali recalcamos na ânsia de esquecer o óbvio!
Estrelas, luz. céu azul, misturam-se com o ser real que pensa concretamente e ao mesmo tempo sonha, como um poeta em devaneio a procura de um encontro consigo mesmo.
A análise concreta de necessidades materiais, em uma imitação da vida, mistura-se com o subjetivo que leva personagens de ficção a nos ensinarem a pragmática do sonho e da fantasia.
A exemplo dos personagens Sol e Lua, que ilustram o conto “ A Lenda de Sol e Lua” de Míriam Marques de Almeida, o ser humano recolhe-se em sua solidão para viver, na ficção, aquilo que a vida não lhe permitiu realizar, superando tempo e espaço. Essa realização só se completa se conseguirmos encontrar e nos unirmos à nossa outra metade. Ironicamente a nossa vida é como Sol e Lua que só conseguem o encontro na ficção.
Realmente, a vida se apresenta como no conto dessa escritora que caminha para o sucesso; os gemidos de angústia que almas irmãs emitem, em ansiedade, será ouvido e uma força superior consolidará a união, porque a nossa caminhada realiza-se em um tempo que se chama eternidade




C O M E N T A N D O


23/04/1.992



O poeta mergulha em sua solidão na procura de ser um deus que o possibilite transformar o mundo, as pessoas, para que possa haver um “Amor Mais Profundo” que o ajude a “Descobrir-se”. Nessa procura mergulha na “Noite dos Tempos” que percorre o infinito e o fará encontrar o sonho e a fantasia.
Feliz de quem tem a habilidade de transpor para o papel o seu rico interior, que irá premiar outras almas sensíveis.
Estas poesias, que acabo de ler, como aquelas de “Místicas Lembranças”, nos encantam e embalam a nossa fantasia. Transforma o mundo e as pessoas para aperfeiçoa-las e condicioná-las a uma evolução interior.
Só o que posso desejar é que o público possa continuar a ser brindado com as belas páginas de sensibilidade de Míriam Marques de Almeida.



A B R A Ç O


09/05/1.992




Amar, abraçar,
Abraçar, amar.
Um sentimento
Um movimento
Que se encontram
E se correspondem.
Quando nasce o amor
Temos vontade de abraçar
Quanto mais abraçamos
Mais queremos amar.
E . . .as carências se diluem.
Mesmo à distância
Em um envolvimento subjetivo
Amamos e abraçamos
Com prazer objetivo.
São almas envolvidas
Em um mesmo pensar
Compartilhando vivências
Que as unirá
Em um mesmo caminhar.


M Ã E


10/05/1.992.

Quando ainda vivias
E eu poderia
De tua companhia usufruir
Não avaliava a importância
De contar com a tua presença.
Agora que partiste
Deixando um grande vazio
Meu coração soluça
Por não mais poder te ver.
Este coração
Que também já vai envelhecendo
Eleva, por ti, uma oração
Aguardando o momento
Que por mim
Também façam igual intenção.
Quando colhido pela idade,
Senhora que a ninguém perdoa,
E ao teu encontro eu partir
Deixarei, talvez, outros corações a soluçar
Também repletos de saudade.





D O A Ç Ã O V O L U N T Á R I A


11/05/1.992



Em cada verso que escrevo
Coloco pedaços de minhas entranhas
Ao leitor sei que isso devo
Para não lhe parecer um estranho.


Essa doação voluntária
Que faço, sem restrição,
Viajando por região imaginária
Me elevam a superior dimensão.


Quanto ao próximo mais eu dou
Em um desprendimento consentido
Mas rico se torna o meu interior


Construindo castelos eu vou
Buscando, para a vida, novo sentido;
Encontrarei, ao final, o prêmio maior.


D A N Ç A N D O


11/05/1.992



Seu esguio corpo junto ao meu
E um ajustamento milimétrico das curvas
Seus longos braços me envolvendo
Rostos colados misturando nossas rugas.


Seus longos cabelos esvoaçando
No ar sentimos suave cheiro de perfume
Em lentos passos vamos dançando
Não alimentamos mais queixumes.


A divina música transporta
Nossos sonhos ao infinito
Em um arrebatamento que extasia


Passado e futuro abrem as portas
Esquecemos que o mundo é finito
E passamos a viver, do amor, a fantasia.


B E L E Z A I N T E R I O R



13/05/1.992



Qual a aparência física e quais as qualidades interiores de um indivíduo?
O ideal que deveríamos almejar seria o encontro dessas duas imagens para que se parecessem; se isso não ocorrer, o que sou fisicamente não apresentará a minha real imagem, o meu verdadeiro “eu”.
Quanto mais jovem for uma pessoa, fisicamente, melhor será a sua aparência; haja vista as criancinhas que todos nós achamos lindas naquela aparência inocente e desprotegida. Ela é assim justamente por revelar um interior destituído de defeitos aparentes. Na realidade a aparência exterior é o reflexo de tudo aquilo que se passa em nossa alma. Com o desenvolver dos anos vamos formando a nossa personalidade que é influenciada pela nossa vivência; no começo de modo irrefletido, quando se destacam alguns defeitos, frutos de nossa imaturidade; depois começa a ser gerada a sabedoria pelas experiências vividas. Aquela beleza física, um pouco fútil, no começo, vai enriquecendo o interior e a exteriorização de uma personalidade agradável transforma aquela futilidade em uma beleza, que, vinda da própria alma, ilumina o ser envelhecido marcando-o com uma aura de simpatia que estende-se para alcançar os seus semelhantes. Aí, transparece a verdadeira beleza, que jamais esmaecerá.
Nesse momento estará estabelecendo-se uma coesão entre o exterior e interior, fundindo-se em uma mesma imagem que criará uma personalidade com a qual nos será gratificante conviver.
É justamente por isso que deveremos procurar conhecer a essência de cada pessoa através da percepção da unificação de imagem, antes de analisá-la exteriormente. As qualidades que procuramos só as encontraremos na alma e através de nossa sensibilidade perceberemos que sempre estará jorrando como fonte inesgotável de um olhar límpido, de onde recolheremos e reconheceremos o amor, a amizade, a paz e a harmonia.



M U S A S C O M P A N H E I R A S

20/05/1.992

As musas que construi,
Personagens de meus sonhos,
Caminham comigo pela vida
Para que não me sinta tristonho.
São companheiras queridas
Que dissipam minha solidão.
Uma delas é Walkyria,
Dos sonhos da juventude,
Teresa, Rosa e Maria,
Com a Poesia,
Minhas fieis companheiras.
Maria da Praia,.
Malu, Rosemarie,
Jacy, Joice, Marília,
Júlia, Mercedes, Mara
Que lembram seres viventes.
A Maura de coração amargurado;
Mariinha que mãe ardente!
Vicência, Honorata e Justina
Que alimentaram os meus sonhos.
Cordelia, dos mistérios a vidente.
Maria Claudia que se fez
Do amor a confidente.
Mafalda que não soube
Conservar um puro amor.
A Ditinha, que afinal se ofereceu.
E as Miríades de Estrelas
Que brilham no firmamento;
São todas criadas pela minha fantasia,
Mas algumas vidas têm.


M E U S A L V A V I D A S



23/05/1.992




No emaranhado de ilusões
Vivendo mágoas, amarguras, frustrações,
Fui arrastado pelas vagas do destino
E envolvido por tramas mil.


Fugiu-me a esperança de alcançar
A realidade da aspiração que sonhei,
Inconformado, partiu-se algo dentro de mim;
Desiludido passei a esperar o fim.


A vida se delineia em um vazio,
Já não alimentamos transformação alguma
Quando o milagre se faz presente


Pois no mar encapelado em que me debatia
O salva-vidas me envolveu;
Percebi, feliz, que era você.



C A R Ê N C I A S


24/05/1.992



Por trás de minha ousadia,
De minhas decisões maduras,
Do procedimento desassombrado,
Escondem-se minhas carências.
No disfarce da minha valentia,
Nas lutas que tento empreender,
Para buscar soluções
Que cada ser humano espera,
Você encontrará um coração de menino.
As aparências são máscaras
Que escondem as frustrações
De desejos que não vivemos,
Construindo um vazio dentro de nós.
Como converter os maus caminhos
Que o sofrimento nos impôs?
Será que ainda reconstruiremos
Os eventos a que aspiramos
Para resolver nossas carências
Preenchendo o coração?


A M O R R E A L


28/05/1.992




A suprema felicidade
Seria eu viver em mim
Apurado em minha essência
Para esquecer o que é concreto
E não faz parte do subjetivo.
Haveria, então,
Um momento de ilusão
Em que poderíamos nos encontrar
Para nos amar
Sem medo de escandalizar.
Esse seria o verdadeiro amor,
Puro como o de uma criança,
Que ama no primeiro instante
Ao lançamento de um olhar.
Por que não somos assim,
Procurando em nosso interior,
Essa inocência que guardamos da infância?
Por que não criamos condições
Para esse amor florescer
Sem que haja nada proibido
A não ser nossas aflições?


R E F L E X Õ E S M O T I V A D A S P O R U M S O N H O

09/06/1.992

Bruder Klein (Irmão Pequeno) é pseudônimo de José Wladimir Klein, nascido no dia 06 de Novembro de l.928 no, então município de Santo Amaro (Hoje bairro de Santo Amaro, na Capital do Estado de São Paulo). Veio à luz na casa nº1 (um) da Av. Adolfo Pinheiro, esquina da rua que tempos depois receberia a denominação de Voluntário Delmiro Sampaio, casa essa que pertencera ao patrono da avenida, de quem sua bisavó (Justina) foi escrava. Filho de Jacob Klein e Maria de Lourdes Moura; o primeiro, filho de Pedro Klein de origem alemã e Vicência Alves, índia natural do Cipó, lugarejo distante de Santo Amaro; a segunda filha de um santista de nome Francisco Araújo e De Honorata de Moura, filha de Justina.
J.W.Klein, viveu no casarão da Av. Adolfo Pinheiro até a sua demolição para alargamento da avenida, ocasião em que passou a residir no nº462 da Vol. Delmiro Sampaio, local que hoje (1.992) faz parte de um estacionamento (Bradesco). Ali casou-se com a jovem Jandira Ramalho, de família mocoquense (Mococa SP), no dia 31/07/48, permanecendo no local até 28/09/52. quando mudou-se para Cidade Dutra, onde residiu até 28/09/72, quando mudou-se para a Rua Augusta (centro) e depois de dois anos para a cidade de São Bernardo do Campo SP.
Desenvolveu a sua vida profissional como funcionário da Cia. Municipal de Transportes Coletivos ( CMTC) onde chegou a chefe de Seção de Tesouraria; paralelamente exerceu as funções de Secretário e Diretor Administrativo do Instituto Educacional Infantil (internato para menores excepcionais). Em 1.976 aposentou-se e depois de dois anos passados em uma higiene mental, trabalhando em uma chácara na cidade de Suzano, transferiu-se para Mococa (agosto/77, local onde desenvolveu atividades políticas e comunitárias, tendo inclusive fundado, juntamente com outros companheiros a Associação Literária Mocoquense (ALIM) e o Conselho de Ação comunitária e Associação dos Aposentados de Mococa. (Em 1.996 (outubro) voltaria a residir na cidade de São Bernardo do Campo).
Sempre gostou de escrever como segundo lazer (o primeiro sempre foi a leitura) mas a cada mudança que fazia colocava todos os textos no fogo. A partir de l.972 é que começou a conservar os escritos que reuniu em alguns livros, produzidos por cópia xerox, que distribui para algumas bibliotecas, (inclusive registrando na Biblioteca Nacional)
O seu sonho seria que, também, a Biblioteca de Santo Amaro, sua terra, mantivesse cópias do seu trabalho. Chegou a enviar mas nunca recebeu nenhuma resposta.
É evidente que as obras não possuem valor literário mas serão unicamente um testemunho da ligação mantida (mesmo à distância) com a terra onde nasceu. Mesmo que o bairro de Santo Amaro haja passado por uma transformação tal a ponto de descaracterizar as paisagens de sua adolescência, quando percorre as ruas do bairro, revivem, em seu íntimo, as emoções de tempos tão preciosos.
Vivendo em uma cidade que lembra muito os cenários de sua infância, com um coreto, onde uma banda toca, aos domingos, os mesmos dobrados, revivendo os alegres momentos da juventude e do “Futing” na Cap. Tiago Luz (Rua Direita) voltam à mente lembranças de tantas musas que o emocionaram naquele tempo que queria acreditar na fantasia: Célia, Carmem, Silvia, Caridade, Clementina, Maria Teresa, Mercedes, Mirtes, Nhorlanda, Margarida e tantas outras que apenas os olhos acariciavam e fazia disparar o coração, para depois desfazerem-se como sonhos inatingíveis. As matinês no Cine São Francisco, as missas na Matriz, os folguedos com tantos caros companheiros que o destino separaria mesmo antes da morte! As aulas na Escola São Francisco com Da. Carmelina Alvim e em uma outra escola, com Da. Lolinha (hoje Dra. Umbelina Pinheiro Foster Zenha) e mais tarde no Grupo Escolar Paulo Eiró (Profs. Sr. Antônio, Sr. Oswaldo. Da. Ninom; todos eles nos oferecendo uma base sólida, não só de conhecimentos e sim, também, morais, que nos acompanhariam por toda a nossa vida.
Depois . . .surgiria a Walkyria que fora morar em frente à sua casa na Delmiro Sampaio, onde hoje encontra-se o Cinemar, e que passaria a ser a eterna musa, porque partiria para uma distancia inatingível, o desencontro! São marcas indelevelmente marcadas em uma personalidade sensível; afinal, somos as emoções que vivemos! A nossa vivência é que fez de nós a pessoa que somos hoje . . .e quando, às vezes, nos bate uma saudade danada . . .de pedaços de nossas ilusões, desejamos voltar ; voltar a vivê-las hoje . . .mas não conseguimos . . .Que bom se pudéssemos, ao menos, reencontrar aqueles companheiros da turma de 1.940 do Grupos Escolar Paulo Eiró! Alguns já partiram, outros se transformaram, todos somos diferentes e jamais poderemos nos reencontrar para vivermos aquelas mesmas emoções, que nos fazia visualizar um futuro encantado! Quantos o alcançaram? Quantos foram felizes, não só no sentido de realizarem suas aspirações materiais, e sim, aquelas subjetivas que jaziam no mais profundo do seu ser? Essas emoções estão tão entranhadas em nosso subconsciente que as podemos reviver através do sonho. Esta noite sonhei e revivi alguns momentos preciosos que me fizeram realizar encontros e confissões que não tivéramos coragem de declarar no tempo adequado. Fiquei profundamente feliz porque tive a nítida impressão da realidade, consolidando algo que ficara recalcado dentro de mim. Ao acordar, a constatação real de que jamais poderei refazer pedaços do passado, me causou uma frustração profunda, uma nostalgia, que me afugenta para longe de mim mesmo. Para onde poderei me refugiar? para a saudade?
O tempo e as conquistas que perdemos são irrecuperáveis, o presente o que poderá nos dar?
Você, que em algum tempo ler estas palavras, valorize e conserve as emoções vividas. Elas serão lembradas, com saudade, um dia, e poderão ser um sustentáculo que lhe darão forças para continuar a caminhar e vencer os anos, até que encontre o equilíbrio necessário para que possa encerrar os seus dias possuído pela paz, pela harmonia, pelo amor!
Quando a nostalgia traça um fio de ligação entre o passado e o presente, uma força colossal nos quer obrigar a abandonar tudo para corrermos ao encontro do passado, como a querer que ele seja o nosso futuro; que não mais nos propicia o incerto e o desconhecido e sim aquilo que realmente desejamos viver, que são as emoções que guardamos com todo o carinho bem dentro de nós.

N O S T A L G I A


05/07/1.992




Das cinzas do passado
Em que se transformaram
As preciosidades que vivi
Ressurge o espírito da esperança;
A querer me contemplar de novo
Com a felicidade que perdi.
Volto no tempo o pensamento
No desejo de ter aqui
As musas dos meus sonhos
E percebo . . .que o passado já morreu
E . . .não irá a alegria me devolver.
Na fantasia criada em minha mente
Alcanço o elo que me liga à gente
A momentos envolventes
Que, então, vivemos
E que não voltam mais.



R E A L I D A D E


07/07/1.992



As longas convivências
Nos transportam ao final
Para a perfeição no relacionamento.
Diz até o vulgo, que
“Nos tornamos parentes”
“Que ao fim somos dois irmãos.”
Primeiro é a paixão,
A chama arrebatadora,
O ciúme, a dor da dúvida,
Que faz gerar o amor.
Momentos envolventes!
Desse conluio nasce a amizade
Forjada nas tempestades da vida.
O tempo, inclemente,
Vai fazendo a flor murchar
Para que tudo se transforme
Na saudade de álbum de recordações;
Que folheamos, nos lembrando,
Através das folhas amarelecidas,
O grande amor que feneceu . . .
Então nasce a necessidade
De preenchermos o vazio
Para voltarmos a viver . . .
E já se faz tarde!



L I G A Ç Õ E S E N E R G É T I C A S




25/08/1.992





Deixe-me tocá-la
S u a v e n t e . . ., assim . . .
Como se fora em pensamento.
Para que se unam nossas peles
Contatando nossas energias,
E fluam nossos sentimentos
Das regiões mais profundas,
Para estabelecermos o ciclo do sonho.
Já é hora de unirmos,
Sem medo, nossas solidões,
Para alcançarmos o frenesi
De almas que se pertencem;
E subjetivamente caminhemos,
Embora separados por distâncias,
Ainda que desunidos pelo tempo,
Para a conquista do que mais queremos,
Que é a paz do amor sonhado,
Que nos transportará,
Para um mundo sem castigos.
















D O A Ç Ã O E X P O N T Â N E A


01/09/1.992






A coisa mais frustrante,
Que avoluma minha carência,
É que me permitam,
Possuir um corpo,
Sem que haja uma troca
Gerada por sentimentos verdadeiros.
Quando alguém dá sem se dar,
Sem que flua na relação,
Uma troca recíproca de energia,
O ato jaz no vazio,
Sem nada acrescentar
A nenhum dos parceiros.
Ninguém é obrigado a dar,
Mas se o fizer terá que se doar,
E participar de modo que,
As almas inflamadas fundam-se
Em um mesmo ser.


M I N H A E S P E R A N Ç A



12/09/1.992





O teu olhar,
Quando derrama-se
Dá-nos vontade de sorvê-lo,
Como suave bebida,
Que irá nos embriagar,
Para sonharmos com o amor,
Que nos preencheria o coração.
O teu sorriso
Quando desabrocha
Tal qual primavera
A nos preencher de encantos,
Perfuma a vida,
Transforma nossa vivência,
Faz-nos renascer a esperança,
De ainda vivermos na fantasia
Que só o amor poderia nos dar.
Tudo isso são quimeras,
Que os carentes constróem
Para dissipar o obvio;
De um viver solitário;
Tentando construir sozinho
O que só se faz a dois.


M E D O



18/09/1.992




Medo!
Medo de ter medo!
Medo de mentir,
Medo de ser verdadeiro!
Sentir o sentimento,
Com medo de sentir.
Visualizar a incógnita do amanhã
Quando o hoje nos assusta.
Buscar a realização,
Com receio de constatar
Que tudo é irrealizável.
Assim é que caminhamos pela vida,
Tentando superar carências,
Juntando forças interiores,
Para, sem medo,
Enfrentar o futuro,
E conquistar o supremo bem;
A liberdade de ser,
Para ser o ser que eu quero,
Sem receio de errar.


B A S T A



23/09/1.992




Basta!
Basta de mentir!
Não mais desejo me enganar,
Sabendo,
Que esses sentimentos são mentira.
Me arrastei pelos recantos da vida
Esperando encontrar acolhidas
Em algum coração,
Que como o meu,
Também, tivesse perdido o rumo.
E que nossos sentimentos,
Desviados de suas origens,
Pudessem se encontrar
Para que nossas vidas aflitas,
Se juntassem em um resumo,
De história de folhetim,
Onde conhecêssemos o sonho
De alcançar o ideal,
De construímos algo novo
Que nos dará a felicidade.








B U S C A



07/10/1.992




Estou feito prisioneiro
Entre quatro paredes de solidão,
Purgando as mágoas e angústias,
À procura de um peito amigo.
Permita querida amiga,
Mesmo na distância
Que o destino nos conserva,
Usar o teu peito amigo
Para descansar a minha alma,
Derramando os meus anseios
Para aliviar o coração
Já a explodir de emoção.
Na verdade não desejaria
Transferir a você minhas tristezas,
Ao contar-lhe o quanto estou só,
Embora não esteja sozinho.
Pois minh’alma inconsolável
Busca outras paragens
Onde possa encontrar o amor,
Bem supremo que me falta
E sem o qual não sei viver.


O AMOR Q U E E S P E R O



10/10/1.992



Quando na minha infância
Contavam-me histórias de anjos
Eu fazia um enorme esforço
Para que suas imagens se gravassem
Em minha mente povoada de sonhos;
Para que os reconhecesse,
Se algum dia os encontrasse.
Muitos anos depois
O meu subconsciente acordou
Para reconhecer em excelsa musa
A figura que imaginei.
Quando em uma noite de Natal,
Em longínquo passado,
Minha alma sofria em agonia,
E meu espírito ansiava em partir
Na busca de irmãos perdidos,
E plantava-se em mim a frustração,
Pela impotência do querer,
Visualizava cada face,
A sorrir-me, para que,
Nunca mais as esquecesse;
Nascia, assim, forte em meu peito,
A esperança do porvir.
Naquela noite insone
Quando me enlevava em escrever
Surgiu radiante em minha frente
Uma figura que pareceu-me conhecer.
Ao contemplar o céu azul
Cravejado de estrelas luminosas
Uma havia especial,
Que para mim queria,
A mais bela!
Transmitindo mensagens especiais,
Para compensar carências
De corações solitários.
Ao assistir o espetáculo
De divina música,
Arrancada por bela musa,
Do instrumento antigo,
De gozo adormeci,
E transportado para regiões estranhas,
Onde a vida era um sonho
Que a felicidade prometia;
Possuído por estranho poder,
Fundi em uma só todas as musas,
Para que assim pudesse amar
A soma dos meus ideais.
Ao assim proceder acordei,
E em vão continuo a esperar
Aquela que tanto amei,
E que talvez me amará.



S O N H O



03/11/1.992





Eu sou criança
E brinco na rua de terra.
O telefone toca
Na mansão, com paredes
Toda manchada de barro.
Para que meu filho não acorde, corro.
Quando abro a porta,
Deparo com enorme cão negro;
Digo à sua dona,
Que ainda tenho muito medo dele.
Ele se aproxima,
Me farejando, me festejando.
Eu de medo seguro o seu focinho.
Ele se aninha em meu colo,
Enrola-se em mim,
E aos meus olhos
Transforma-se em feliz criancinha.


R E L E M B R A N D O




18/11/1.992





Seis horas da tarde
A noite emudece a paisagem
Preparando a festa
Com milhões de estrela a brilhar.


O sino chama para o Ângelus
Em uma tonalidade pungente
E os seres enternecidos
Procuram o passado relembrar.


Festas na capela da fazenda
Quando a Ave Maria abençoava
A família toda reunida


Hoje os filhos se distanciaram
Para vencerem algures;
Todos pagam um preço de tristeza e de saudade.


V I A J E M I M A G I N Á R I A



21/11/1.992




Em um desses dias
Saí a viajar distancias,
A rever os tempos,
A visitar antigos companheiros.
E como se torna gratificante
Reviver alegres momentos,
Refazer os nossos feitos,
Corrigindo distorções,
Mesmo que só na imaginação.
Lavamos nossas almas,
Reconquistando amizades,
E, até, conseguimos declarar,
À bela musa que nos encantou,
Palavras que jamais serão esquecidas.
Porém,, são andanças imaginárias,
Que o pensamento veloz,
Insiste em nos trazer de volta,
Para que continuemos
A, no presente, viver as frustrações.

I N C E R T E Z A S



21/11/1.992




Fui me enrolando em incertezas
Deixei a dúvida tomas conta de mim;
Quando me dei conta,
E desejei me desfazer dos laços,
Das tramas do destino,
Foi, que assustado percebi,
Que já não era o ser de antes;
Que desejando me encontrar eu me perdi.
Agora caminho sem rumo
Seguindo sendas subjetivas,
Tentando, em vão, encontrar
Um caminho para mim mesmo.
Descobri que essa longa estrada
Que terei de percorrer
Para voltar a ser feliz,
Depois de serpentear por ilusões
Irá terminar em você.



T R A N S P A R Ê N C I A





11/01/1.993




A cor dos olhos
Não é essencial
Para fazer a beleza do olhar.
O que transmite vida
É a expressão que comunica,
O amor, a paz, a tranqüilidade,
Ou seus opostos radicais;
Qualquer deles mexendo,
Profundamente com nossas emoções.
São sentimentos que nascem
No mais profundo da alma,
Nos prende e nos conquista
E são confirmados
Pela entonação da voz
Vinda, também,
De um labirinto de emoções.


A M I G O




O cão, com certeza,
É o amigo que o homem quer,
Tão dedicado e fiel
Em suas manifestações de amor.
Quando seu dono sai,
Para o trabalho ou passeio,
Esse amigo de sempre
Demonstra a falta com seu choro.
Basta pressentir a volta,
Para que seu coração se expanda,
Os olhos brilham de alegria.
Pula e rola, em suas manifestações de amizade;
O seu prazer se completa!

M E N S A G E M D E P A Z




25/05/1.993



Antes de estenderes a mão ao teu adversário, dirija-lhe um olhar de complacente humildade. Estarás comprovando que expulsastes, do coração, toda a mágoa passada e que ali só jaz o perdão.
Quem de fato perdoou não fere, com arrogância, os brios de seu contendor; estendendo a mão em um gesto vazio, alimentando, ainda, orgulho no coração.
Cuidado com os que te cercam, se te incentivam à guerra. Eles não desejam que conquistes novos aliados para que não perigue as suas posições.
Mingúem poderá governar continuamente em guerra se não quiser fracassar; o mundo pertence aos conciliadores, que sempre terão destaque maior.
Repudies a guerra, procures a conciliação, conquistes a paz.
Serás um vencedor!


M A N T E N D O O E L O
28/06/1.993


Nesse nosso desconhecimentos de tempo e espaço não nos apercebemos de nossas obrigações epistolares e acabamos por magoar as pessoas mais importantes em nossa vida. Nos entregamos à meditação e nos enveredamos pelos meandros interiores, desconhecendo as ausências objetivas porque passamos a viver no imaginário de nossos sonhos de onde os amigos não se apartam.
Nos raros interregnos em que pisamos o chão firme da realidade sentimos a necessidade de uma comunicação mais concreta. Ai, nos satisfazemos com as imagens e sons, gravados por um “clic” de uma câmara escura, ou das profundezas da alma. Isso nos dá a certeza de que possuímos o que amamos, através de todo o dinamismo das produções artísticas; estas são que revelam, verdadeiramente, o interior das pessoas e as desnudam aos nossos olhos para percebermos a limpidez das almas. Isso nos garante que poderemos estar ausentes, porém, jamais estaremos separados daquelas pessoas que possuem, em seus interiores, a mesma essência de sensibilidade, de criatividade e, até, de frustrações.
Nesses meses de ostracismo você não têm se ausentado de minha presença, pois em minha solidão está viva, no subconsciente, a imagem, a alma; o coração nas entrelinhas de suas poesias; a emoção percorrendo labirintos.
Espero, sinceramente, que o seu silêncio seja a tradução de realização e que você esteja vivendo tudo aquilo que sonha e que a sua alma sensível aspira. Este seu amigo se sentirá feliz ao ter conhecimentos da concretização dos seus ideais.
Gostaria de continuar a receber, vez por outra, suas poesias que oferecem, sempre, novo alento, para buscar, dentro de mim, algo a oferecer, para algum dia, talvez, falar, postumamente, a algum coração, preenchendo-o de alegria e satisfação através da identificação com um espírito irmão.
Peço desculpas pela tardança em escrever. Para tudo tem a hora certa e creio que esta a alcançará em um momento apropriado.
Estou enviando uma coletânea de artigos escritos na imprensa local que poderão fazê-la conhecer mais um pouco de mim.
Tenho estado afastado de todas as atividades e até de mim mesmo, como pessoa física; mergulhado no imponderável para uma reciclagem que me permita maior sensibilidade. É certo, entretanto, que temos estado juntos por paragens paradisíacas onde as personalidades se diluem para dar lugar e enriquecer a verdadeira fraternidade universal. Oxalá possamos aproveitar esses momentos de recolhimento interior para que nos transformemos, verdadeiramente, em seres mais evoluídos.
Abandonei, um pouco, o meu filho mais novo, “Proversando”, mas o meu desejo é retomá-lo aos meus cuidados, vez que temos estado separados a vários meses, período áspero em inspirações.
Espero, com ansiedade, o seu novo livro que conto esteja sendo concretizado, para alegria de seus leitores. Embora os livros possam não alcançar sucesso de vendas eles produzem muito bem a quem tem o privilegio de os ler. Um exemplo é o seu “Místicas Lembranças” que a cada dia nos propicia novas revelações e inspiração para vivermos melhor e amarmos com profundidade aos nossos semelhantes. E quão grande pagamento é isso! Estarmos semeando amizade, amor, companheirismo, compreensão!

A M O R O C U L T O



28/06/1.993




Amar em silêncio
Com o coração explodindo
Incapaz de conter as emoções.
Sem poder exteriorizar
A coisa mais pura
Que aos impuros
Irá escandalizar.
Será útil manter
Hipócritas aparências
Para satisfazer o egoísmo
De pessoas imperfeitas?
Ou será melhor
Romper com a tradição
Desprezar as convenções
Que silenciosas, nos esmagam
Com inveja de sermos felizes?

A L C A N C E D O I N T E L E C T O



30/06/1.993



Ao escrever deveremos ter como objetivo propiciar a reflexão a quem ler o texto. Mais valioso do que qualquer coisa que escrevermos será o potencial que jaz inerte em cada mente e que será despertado por essa reflexão; constituindo-se, dessa maneira, a mensagem dirigida, um incentivo ao pensamento que alcançará novas nuanças do assunto abordado.
Nem sempre o escritor consegue transpor, para o papel, tudo aquilo que sente em seu íntimo, pela dificuldade de encontrar símbolos apropriados à compreensão, que deverão encontrar uma sintonia no intelecto do leitor.
É um verdadeiro mistério o desenvolvimento que se processa, desde a inspiração que já advém de um conselho de sábios, transmitidos por canais especiais de comunicação, passando pelo crivo do escritor até ser complementado pelo leitor; este, quando sente a sua mente desperta pela reflexão, também contribui como autor da obra, desde que junta o seu próprio conhecimento para aprimorar o pensamento.
Assim, o conhecimento vai evoluindo, mesclando experiências de autores e leitores em uma troca e aperfeiçoamento constante, até alcançar o objetivo maior que será construir uma sociedade mais justa, onde o homem, independente de raça, cor, religião ou ideologia, poderá conviver pacificamente com o seu semelhante.



P A Z N A S O L I D Ã O


20/07/1.993




Eu amo você!
Quando faço esta afirmação
Não me refiro ao seu belo corpo
Nem à tonalidade da sua voz;
Ainda nem penso em seus olhos expressivos.
Não visualizo o seu belo coração.
O que aprendi a amar em você,
É algo que emerge
Do mais profundo do ser,
Envolvendo os que a cercam
Transformando vidas
Criando gente. . .
Como em um passe de mágica.
Embora tudo em você seja precioso
Eu amo mais a sua essência.
Eu amo a sua alma,
Antiga companheira
De ululantes caminhadas,
À procura da paz
Que hoje encontramos
Em nossa solidão.


C A R T A A U M A A M I G A


21/07/1.993

Recebi o seu manancial e me atirei imediatamente para saciar a sede, como se fora um beduíno perdido em seu próprio habitat, ao encontrar um oásis verdadeiro. Saciada a sede, ao atingir a última página, meditei sobre o prefácio, escrito por quem conhece tão profundamente a autora; constatei a similitude de pensamento que nos une na apreciação de tão preciosos traços de personalidade.
No dia seguinte reiniciei a leitura, agora, ciceroneado pelos intelecto e coração da autora, para caminhar nessa busca que, também, tento empreender para dentro de mim mesmo, no desejo de alcançar o universo.
Tantas coisas aprendi!
Pude apreciar a beleza das matas silenciosas que trabalham diuturnamente para salvar a humanidade. De meu costumeiro divagar, cheguei à profundidade da reflexão, podendo concluir que entre passado e futuro o mais importante é o presente e que a obra mais significativa, que nos deve importar, é a que realizamos agora, neste instante. Senti mais profundamente o silêncio e a solidão, nossos tão conhecidos companheiros!
Já aprecio, com intimidade, os fenômenos da natureza e as estações, tão necessárias para dinamizar os ciclos da vida.
O mar e a branca areia da praia ganharam novo encanto e até me aventurei em uma rica viajem fantástica em um navio pirata que tinha a capitanea-lo um poeta sonhador.
E o sonho? Que bela emoção! Quer estejamos dormindo ou despertos, nos transporta para um mundo fantástico onde, finalmente, encontramos a paz e a felicidade tão buscadas, como se as pudéssemos encontrar através das místicas misturas da alquimia. Realmente a encontraremos quando, através da mistura de sentimentos puros, construirmos o amor em toda a sua plenitude; que prescinde até da presença física por viver e sobreviver apenas dos tempos, das distancias e de dimensões diversificadas.
Terminada a segunda leitura sinto-me cansado da longa viaje empreendida, mas tenho consciência de que muitas nuanças me escaparam e já empunho a batéia para garimpar nesse rio cristalino à procura das mais preciosas pedras e, talvez, até, possa deparar com a “Pedra Filosofal” que me daria a sabedoria.
Procurarei, nas entrelinhas, o que não foi dito e sim apenas imaginado ao ser composta cada preciosidade. Tenho a certeza de que assim aprenderei a conhecer mais e melhor essa amiga a quem tanto estimamos.
Agradecido pelo inusitado. Parabéns por mais esse passo no difícil caminho do sucesso, que esta sendo alcançado pelo seu talento e obstinação.


U M E V E N T O C H A M A D O M O R T E


23/07/1.993

Certa vez, meu sogro falou-me: “Quando moço, nunca pensava na morte; ao ultrapassar os setenta anos esse pensamento passou a fazer parte de minha vida e me atormenta pela perspectiva de ter, talvez breve, de enfrentar o desconhecido.” Não transcorreu, de fato, muito tempo e ele encerrou a sua estada entre nós, colhido por um acidente cerebral que lhe tolheu os movimentos e a fala, porém não a consciência. Ele não mexia-se nem falava, entretanto, quando nos via as lagrimas afloravam aos seus olhos e estes expressavam o desespero por ele não conseguir comunicar-se.
Tomei conhecimento, ainda muito cedo, que a nossa vida física não será permanente; presenciamos ao longo da vida o fenômeno pulular ao nosso redor e não imaginávamos que isso dizia respeito a nós, por não atingir aquelas pessoas mais ligadas afetivamente. Quando foram atingidos aqueles mais próximos, algo começou a mudar dentro de nós na tentativa de encontrar uma explicação que aliviasse a tensão que o fenômeno desencadeia.
O primeiro contato com a morte foi, ainda, nos bancos escolares. Havíamos gozado férias e ao retorno estávamos todos desejosos de rever aos colegas. A professora, depois de nos receber com alegria, cumprimentando a todos, fez uma pausa . . .e disse:
-“Tenho uma noticia triste para lhes dar . . .o Venisário não vai voltar a freqüentar às aulas . . .(Venisário era um menino de cor negra, de muito boa índole, querido por todos), ele morreu! Passou a explicar que ele havia sido acometido de uma moléstia e residindo distante de recursos para o tratamento, falecera.
Foi uma consternação geral; nós, que nem entendíamos direito o significado da palavra morte, unicamente sentimos um grande vazio dentro do peito, uma tristeza indescritível, um peso, que naquele momento nos dava a impressão que jamais nos abandonaria.
Esse acontecimento foi uma verdadeira lição de vida, visto que por meio dele aprenderíamos que a dor e a melancolia causados pela morte, pela separação definitiva de entes queridos, encontram, adiante, um remédio, que é o tempo. Sofremos por um período, curto ou mais longo e quando percebemos, o tempo cicatrizou aquela ferida deixando gravada no mais íntimo do nosso ser, essa experiência que nos acompanhará pelo restante de nossas vidas. Será, sempre, através da soma de nossas experiências que formaremos o nosso caráter.
Aos dez anos de idade o fenômeno me atingiria com maior intensidade, visto que perdia, prematuramente, meu pai. Ele havia sido internado em um hospital de uma outra cidade para um tratamento especializado, de moléstia adquirida na juventude. Para nós aquilo era uma coisa simples, uma rotina, que logo passaria e aguardávamos a sua volta. Quinze dias depois, ao solicitar informações a um médico de nossa cidade, que trabalhava no referido hospital, minha mãe recebeu um choque ao ser informada que meu pai havia falecido a uma semana e já estava sepultado lá mesmo. Erro médico? Nunca ficamos sabendo a causa real da morte e tivemos que nos conformar com o que declarava o atestado de óbito. Minha mãe e meu irmão choravam; eu não, era possuído por uma profunda e estranha paz. Alguns dias antes, lembro-me bem por ter sido no dia 6 de janeiro que fora aniversário de minha avó materna, eu sentia um peso enorme no coração, uma angústia indiscritível a ponto de não aceitar o oferecimento de minha avó para que me divertisse nos vários brinquedos que haviam na quermesse que se realizava na cidade. Fui sozinho para casa e deitei-me esperando dissipar aquele mal estar. Fora justamente nesse dia, soubéramos depois, que meu pai falecera. Eu havia pressentido! Mais uma experiência preciosa que me acompanharia pela vida!
Outro acontecimento marcante foi o falecimento de uma jovem de dezessete anos (Nanci) que era madrinha de minha filha e residia ao lado de nossa casa; afeiçoara-se tanto à afilhada que vivia mais em nossa casa do que na própria. Moça sadia, trabalhava em um laboratório farmacêutico, nunca sentira nada. De repente, um mal funcionamento intestinal, uma consulta médica, radiografias, exames, constata-se um tumor (benigno ou maligno?), a necessidade de uma cirurgia, que pela urgência foi realizada em um domingo.
Eu trabalhava nesse dia e recebi um telefonema de minha esposa dizendo que a Nanci estava sendo operada e necessitava urgente de transfusão de sangue (o meu é universal) e que eu teria de ir imediatamente para o hospital que era distante do meu trabalho. Respondi que iria imediatamente mas que, em razão da demora que ela procurasse meus tios que residiam próximo ao hospital e tinham o mesmo tipo de sangue. Quando cheguei meus tios já haviam fornecido o sangue mas a situação era crítica; aproximei-me de uma janela de vidro compacto que dava para a sala de cirurgia de onde assisti a luta dos médicos para sustentarem aquela vida.
Nesse momento, percorreu pela minha mente, com se fosse um filme, mas espelhando a realidade, tudo que iria acontecer nos momentos seguintes, e tive a certeza que já não adiantaria mais nenhuma providência. E não fiquei surpreso, quando cada detalhe ocorreu, exatamente como se revelara em minha mente, e eu, assim, pude confortar aos pais de uma forma que nem eu mesmo acreditava, dado o auto controle que me dominou naquele instante; a ponto de o médico se aproximar de mim para comentar: “O Sr. foi de grande ajuda!”
Passado aquele dia em que o controle foi perfeito, cai em depressão, tendo sido necessário que minha mãe me desse um “chacoalhão” para que retornasse à realidade. Marcou-me profundamente, esse episódio, que o tempo cicatrizou.
A morte de uma Senhora (Mariquinha) que praticamente havia criado minha mãe e cuidara de mim e de meu irmão, já me alcançou com o espírito sólido, aceitando-a com naturalidade pela extensa vida que se findava, acima dos noventa anos. Parece que quando as pessoas viveram uma boa e longa existência, partem sem grandes tristezas, por nos parecer que trata-se de um descanso merecido, foi o caso.
Com minha avó materna ocorreu caso semelhante, quando, com mais de cem anos vividos, adormeceu. Perdera um filho pouco antes, que ficara solteiro para ser seu companheiro. Este adoeceu e, percebendo que aproximava-se o final da vida de sua mãe, recusou tratamento e partiu antes para não ficar só.
O falecimento de um sobrinho marcou-me profundamente. Menino inteligente, com treze anos, aproximadamente, nuca estivera doente. De repente, precisou ser hospitalizado e faleceu no mesmo dia. Ao levar meu irmão para o hospital já havia recebido um telefonema avisando que o menino havia falecido, e fui preparando-o pelo caminho . . .matando . . .aos poucos, através da violentação do meu próprio ser . . . a sua esperança de que o filho ficasse bom e voltasse para casa. Voltou sim . . .para ser velado antes do sepultamento.
Nesse episódio pude conhecer toda a sordidez do ser humano que brutaliza-se pela rotina do seu viver, sem sentir o drama que é vivido por seus semelhantes que perdem um ente querido.
Precisei correr de um lado para outro, usar influência de amigos, dar gorjetas, transferir o corpo de um lugar para outro, a fim de que fosse feita a autopsia (o hospital não havia constatado a “causa mortis”) para que o corpo fosse liberado para um breve velório e imediato sepultamento.
Mais marcante foi o falecimento de meu irmão que colheu-me em momento delicado de minha vida, em que passava por problemas de família que transtornaram a minha vida. Eu estava desestabilizado emocionalmente e recebi o impacto como um sobrepeso ao qual não possui estrutura para suportar, passando por um período de profunda depressão.
O remédio de todos os males curou-me, entretanto.
Depois viria o caso de meu sogro com o qual iniciei este relato, que ocorreu em l.974. Em l.984 seria minha sogra e cinco anos depois, foi minha mãe; com oitenta e quatro e oitenta e sete anos foram duas vidas bem vividas. Esses episódios já alcançaram-me amadurecido e consciente que a morte é apenas uma transformação para a qual deveremos estar preparados. Alias, deveremos estar preparados para morrer e para viver, pois a vida que procede à perda de entes queridos é a parte mais difícil. Deveremos aproveitar todas as nossas experiências passadas para estarmos preparados para morrer ou para sobreviver aos que se vão. A separação, depois de um longo convívio, nos machuca e cria um vazio que só poderemos preencher estribados em nossas experiências de vida que nos fornece a certeza de que a chamada morte é uma parte da vida que sempre terá continuidade para que seja complementada a evolução de nossa essência.
Se soubermos viver sabiamente com as nossas emoções estaremos preparados quando chegar o momento de nossa transformação mais profunda e a enfrentaremos com firmeza, confiantes que do outro lado do rio a estrada continua e a vida continuará a nos propiciar novas experiências que irão somando-se no transcorrer do tempo, consolidando o nosso espírito para que cheguemos, um dia, à perfeição. Esse é o objetivo do homem.
Gostaríamos de terminar esta reflexão com duas citações; a primeira da grande pianista Magdalena Tagliaferro “Comecei a viver aos nove anos e meio, quando participei de meu primeiro concerto e não parei de viver, embora fosse vendo as pessoas amigas desaparecerem.”
A outra de uma música de Bili Blanco e Tom Jobim: “Eu quero morrer em um dia de sol, na plenitude da vida . . .” Lições de vida!
Quando vivemos ou quando morremos, estamos na plenitude da vida e sempre continuaremos a viver . . .

S E X O E X P R E S S I V O



08/10/1.993





O sexo é um assunto que ocupa a atenção das pessoas em geral, até daquelas que não ousam falar dele, presas a tabus que lhes tolhe a vontade. Inúmeros tratados tem sido escritos, que vão desvendando segredos recalcados no íntimo das pessoas. Isso poderia, hoje, tornar-nos catedráticos no assunto não fora um pequeno detalhe: A Sexualidade de uma pessoa é única e completamente distinta das demais.
É claro que o estudo do que já foi pesquisado e experimentado nos tornará mais aptos a uma análise amadurecida do nosso caso em particular, para podermos enveredar por um caminho que nos levará ao auto-conhecimento e à realização de tudo aquilo que necessitamos para a nossa felicidade. Quando eu alcançar o pleno conhecimento do que seja o conjunto de atitudes que formam o meu perfil sexual poderei tentar um relacionamento afetivo que, se bem sucedido, resultará na complementação de algo que será o ápice do amor. Ai poderemos entender que jamais poderá haver um encaminhamento inverso, pois se iniciarmos a ligação através do relacionamento físico, não chegaremos à satisfação plena; neste caso haverá unicamente uma simples descarga de energia física da qual advirá a frustração.
O amor nasce pelo olhar que desperta a atenção e a intenção; a tonalidade da voz revela a emoção interior e o toque comprova a compatibilidade dessa emoção. A partir dai inicia-se a investigação das individualidades que serão compatíveis ou não o que abrirá a oportunidade para o estreitamento de relação. O comportamento afetuoso irá estreitando os laços que também serão influenciados pelas pessoas que cercam os interessados e os ajudarão ou serão agentes de impedimento. Consolidados todos os passos estarão os parceiros prontos para a relação que não mais será um ato físico e sim envolverá todo o ser, moral, intelectual, emocional e psicológico, em um perfeito entrosamento para criar vida que é o objetivo final.


O U T R A M I S S I V A




08/10/1.993




Você já deve ter visto um adesivo para automóveis com os dizeres: “Eu acredito em Gnomos”.
Sempre me pergunto o que leva as pessoas a embarcarem em tal afirmação, ou se elas realmente têm uma base segura que as fará verdadeiras por essa afirmação.
Quando alguém afirma que viu um gnomo ficamos receando pela integridade mental dessa pessoa.
Acreditamos que tudo é uma questão de capacidade para transpor os parâmetros das várias dimensões que se sobrepõem no universo, para que realmente possamos conviver com esses seres encantados que poderão nos auxiliar na conquista da felicidade. A abertura dessas passagens invisíveis nos são propiciadas unicamente quando podemos contar com a ajuda de uma “Fada Madrinha”.
E me perguntarão: Você acredita em fadas?
Sim, acredito e sei que ela conversa conosco, como uma pessoa normal, nos falando, nos escrevendo, nos telefonando, e a podemos identificar pelas palavras inspiradas, pela doce voz, pelo amor que dedica às pessoas e aos animais e pela sua fusão com a natureza, que desvenda-lhe todos os segredos, em uma total intimidade.
Cremos que é justamente nisso que se fundamenta a crença em gnomos. Mesmo que não encontremos a nossa Fada, sentimos a sua presença; temos a certeza da sua existência e que não existe obstáculos de tempo ou distancia que nos separe; ela sempre estará presente visto que as ligações foram construídas na eternidade através da vivência de nossas almas.
Prezada amiga, você, que domina os fenômenos da natureza, as plantas e todos os demais seres viventes, me envolva com a sua proteção e me auxilie no aperfeiçoamento da essência que um dia deverá prevalecer em um universo que será cheio de amor, compreensão, paz, tranqüilidade; quando terão desaparecido os vestígios materiais que hoje retardam a nossa evolução. Então, lá, nos encontraremos, certamente. Por agora receba os votos de dádivas que já são suas : caridade, bondade, fé, mansidão, temperança.





R E T O R N O À D O R



29/01/1.994



De tempos em tempos
Ressurge a desesperança
Me roubando os momentos
De paz de criança.


Apresenta-se como febre causticante
A ferir a alma cansada
Por percorrer caminhos distantes
E afinal quedar-se desamparada.


Volta para o presente
A dor das desilusões sofridas
Que esvaziam a vida de sentido


Instala-se a dor pela musa ausente
Da vida as esperanças são perdidas
Sinto em mim o coração partido.



R I O T I E T Ê


30/01/1.994


A terra formosa
Preparada por mão Divina
É fecundada pela chuva
Que lavando a seiva da mata
Penetra em seu interior.

O milagre da vida
Evolui a sua prenhez
E aos rugidos de felicidade
Rompe o véu sagrado
Para dar à luz o rio.

Este, a princípio
Arrasta-se tímido
Espalhando-se pela mata
Fertilizando o solo.

Depois cresce
Vencendo os obstáculos que o cerceiam
Traçando o seu caminho
Percorrendo distancias
Na procura do seu destino.

De pequeno arroio
Como chuva de lagrimas
Brotando do seio da mãe terra
Logo cresce e avoluma-se
Varrendo tudo em sua passagem
Construindo delicioso leito
Compartilhando com seus habitantes
Que irão alimentar o homem
Para em troca receber
A agressão que tenta mata-lo

Tenta banhar a cidade
Para vê-la vicejar ao sol gigante
Espalhando o brilho humano
De acolhedora da nação.


Sem vida em seu leito
Despovoado e quase agonizante
Reage, saltando corredeiras e cachoeiras
Respirando o ar oxigenado
Da mata verdejante
Que a sanha do homem, ainda não destruiu.

Refeito continua a sua peregrinação
Visitando cidades florescentes
O progresso transportando
A riqueza consolidando
Devolvendo em benesses
O mal que recebeu.

Acorda São Paulo
Desperta a alma do homem
Conscientiza-o do dever a cumprir
Que será unir a vontade
O poder e o querer
Revertendo o processo vigente
Saudando, em sua passagem, o R I O
Que, ainda, insiste em não morrer.


A E S T R U T U R A D O S U I C I D I O


03/02/1.994


Quando Deus criou o homem, do pó da terra, soprou em seus narizes o fôlego da vida e o mesmo passou a ser alma vivente. Percebemos, de imediato, a criação de um ser complexo, com um corpo, cuja vida estava no sangue e uma alma vivente; esta sim advinda do Criador e destinada a exercer o controle das ações.
O homem, ser de origem Divina, usa esse corpo que possui uma vida circulante, necessitando de um completo sistema de manutenção, efetuados através dos elementos da natureza: Terra, ar, água, fogo; e por componentes por estes desenvolvidos. Esta parte física presta-se como um elo de ligação entre o verdadeiro ser e o meio ambiente que o cerca.
A alma vivente, ou espírito, não depende da vida corporal para ser vida; ele o é por si mesma e continuará a sê-lo independente dessa ligação.
O corpo físico tem uma limitação em sua existência, tanto baseada no desgaste natural, pelo tempo, pela maneira como foi utilizado, como, também, pelo fato de não ser mais necessário para a consumação dos objetivos indicados pela missão da alma vivente. Esse corpo físico poderá ser, inclusive, auto-aniquilado independente de tempo ou razão, fato esse que não significará a destruição da alma vivente, que prosseguirá normalmente a sua vivência, rumo ao aperfeiçoamento. Esse aniquilamento, porém, só poderá ser efetuado pelo Criador, que é o único a ter conhecimento do momento apropriado para a transformação.
É justamente esse evento, que separa alma e corpo, que é conhecido como morte e, infelizmente, reconhecido por alguns como o aniquilamento da existência.
Será entendendo esse mecanismo complexo representado pelos nomes de “vida” e “morte”, que na verdade são partes de um todo chamado “eternidade”, que poderemos entender a estrutura do suicídio.
O que é o suicídio e o que leva as pessoas a praticá-lo?
Poderíamos imaginar ser ele o fruto de uma mente doentia, por não possuirmos o alcance necessário ao desvendamento de circunstancias que encontram-se bem mais profundamente de que a mente consciente ou inconsciente. Seria no próprio ser (alma vivente) e só lá, no seu interior que, quiçá, poderíamos entender um ato que condenamos e repudiamos sem compreendermos o porque.
Freqüentemente tomamos conhecimentos de suicídios praticados por pessoas que julgaríamos estarem fora dos padrões de normalidade. Mas, o que é ser normal?
Será que estamos capacitados a exercer esse julgamento ou a nossa ignorância nos leva a uma análise limitada por padrões estreitos de racionalidade? Mais confusos ficaríamos, ainda, quando constatamos que tais atos são praticados, também, por mentes
brilhantes às quais não admitiríamos qualquer possibilidade de desvios.
A alma humana, aquele sopro que saiu do Criador e que é uma parte (minúscula é verdade) da Sua energia, possui o germe da perfeição e tem um direcionamento estabelecido para o centro do universo. Nessa trajetória se utiliza, por períodos incertos, de “vestes” muitas vezes incômodas, que tolhe-lhes os movimentos necessários à sua evolução e aperfeiçoamento, que a vai adornando de sua beleza real, que destoa de um corpo físico, por mais belo ele seja, apresentando um destacado contraste com o conteúdo do ser. É plenamente compreensível que desejemos nos desfazer de uma veste envelhecida e poluída que já não corresponde ao tamanho adequado às necessidades presente. Por isso, vez por outra limpamos o guarda-roupas para desfazermo-nos de tudo que nos desagrada. Não deveríamos entender os motivos que levam o ser vivente, evoluído, enriquecido em seus valores interiores, desejar livrar-se de algo que o desagrade e lhe é sem serventia?
Reflexionemos sobre isso e não imaginemos que tais atos seriam inconscientes e sim fruto de almas que gozam do mais alto nível de racionalidade.
O próprio ato revela uma certeza do existir e que além nos desligamos das imperfeições que hoje nos infelicitam.
Será, porém, legítimo, visto que interromperíamos uma experiência que talvez fosse fundamental para a nossa evolução e também de outras pessoas? Como saberíamos o desfecho final de nossa existência se não a trilharmos até o momento determinado para a transformação?
É evidente que o Ser Supremo tem conhecimento antecipado de nossas ações e poderia nos conduzir através do caminho que melhor nos aproveitasse; isso só não acontece por ser uma interferência em nosso livre arbítrio, isentando-nos da responsabilidade por ações imperfeitas. O caminho sempre estará aberto e livre para as nossas decisões, embora isso venha a nos causar prejuízos.
Quando a vida passa a ser um peso; quando imaginamos que a nossa existência caminha vegetativa, sem razão de ser, quando imaginamos, e cremos mesmo, que deveríamos colocar um fim a um futuro sem perspectivas, poderemos estar enganados. A nossa missão é limitada pelo seu último minuto, visto que poderá ser nesse instante que iremos realizar a coisa mais importante que justificaria toda a nossa existência. Se não chegarmos a ele talvez passemos a eternidade com o peso da frustração, porque jamais poderemos refazer os momentos que não vivemos.


M E L A N C O L I A



04/02/1.994



A melancolia nos colhendo
Aproveitando-se da languidez do tempo
Que nos faz parar para pensar
Em tudo que deixamos para trás.


Esperanças de ter alguém a nos querer
Unicamente pelo nosso ser
Um querer bem sem falsidade
Um amar sem dissimular.


O que encontramos é a morbidez
Nos desiludindo de desejar viver
Por não mais alguém esperar


Já é por demais pesada a vida
Carga que não podemos suportar
E partimos para alcançar o fim.


S A U D A D E



06/02/1.994




Um vazio que sentimos no peito pela ausência de uma pessoa amada.
É doída e não há remédio para a sua cura a não ser o tempo. Este vai depositando, na ferida, o bálsamo da consolação e quando percebemos, aquela dor, que a princípio era insuportável, vai apagando-se sem que se crie nada em seu lugar. Esse vazio permanente jamais conseguiremos superar; quando parece-nos estar curados, vem a recaída e nos transporta novamente para a angústia, a amargura, a solidão. Por mais que lutemos, pelo período de uma existência, o tempo é, ainda, muito curto para que possamos, novamente, reencontrar a paz de um correspondido amor; e sem amor o que nos resta?
Onde encontrarei a tranqüilidade de mãos se tocando e de vozes sussurrando promessas de uma vida a dois?
Será que poderei retornar ao passado, onde os sonhos tudo isso prometiam, o que não encontro agora, ou me embrenharei resoluto para o futuro, na ânsia de encontrar, ainda, o amor sonhado?
Infelizmente não tenho futuro! O meu futuro só pode ser agora!


S O N H O


06/02/1.994

O lugar que penetrei, em sonho, parecia uma enorme catedral; tive, naquele momento, a intuição de que tratava-se da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Penetrei em uma dependência onde, em enormes prateleiras, estavam empilhadas uma grande quantidade de telas, pintadas com uma perfeição sem igual, apresentando figuras de santos. A cor predominante era o vermelho e deu-me a impressão de que haviam sido pintadas com sangue.
Fui examinando as telas, levantando, uma a uma, e reconhecendo as figuras de Cristo, São Pedro e . . . não consegui prosseguir, quando deparei com uma figura que não conhecia mas que a minha mente afirmava: São Bartholomeu!
Esse é mais um sonho, entre tantos que tenho tido e que não consigo decifrar.
Será que os sonhos, em geral, encerram alguma mensagem?
Creio que sim, eles sempre terão algum significado, embora escape-nos à compreensão, pela nossa incapacidade. Afinal, muitos sonhos que já tive e que no momento não consegui alcançar o significado, depois comprovaram-se como mensagens claras de fatos que vieram a acontecer, quando, pude compreender, claramente, as mensagens que encerravam.


P E N S A M E N T O S



10/02/1.994



Quem é romântico tem a eternidade dentro de si; poderá revivesciar o passado, trazendo-o para o presente ou viajar, nas asas do sonho e da fantasia para viver o futuro hoje.

Os verdadeiros amigos nos julgam por tudo que nós os favorecemos; os falsos amigos pelo que lhes deixamos de fazer.

À afirmação de que não é visto não é lembrado poderá ser dada a resposta que, quem for, realmente, nosso amigo jamais nos esquecerá.

O respeito para com nossos amigos obriga-nos a, sempre, aplicarmos a verdade em nosso relacionamento.

25/02/1.994

O demagogo, movido por sua ambição, incita os companheiros à luta pela conquista do poder; alcançado o objetivo percebe que só existe lugar para si; apossa-se dele, esquecendo-se daqueles a quem usou como degraus para a sua escalada.

Os político tem passado, presente e futuro. Da análise de suas ações no passado é que se poderá vislumbrar o seu futuro, independente de sua posição hoje.

A ética é um procedimento estético; é a estética do conhecimento; é a adoção de uma atitude correta para o desenvolvimento de uma ação.

Toda mulher gosta de ser admirada, cortejada e amada, pelo homem que ela escolher; se você for o escolhido não a decepcione.



S E R O U N Ã O S E R


02/03/1.994




Ser ou não ser
O ser que quero ser
É a dúvida que povoa
A minha mente febril.
Alimento alcançar
O objetivo principal
Desta vida transitória
Para poder evoluir
E encontrar o conhecimento
De coisas incertas
Que a vida constrói
Alinhavando destinos
Prendendo na rede
O futuro de alguém.
Se chegar ao fim do caminho
Por certo poderei ser
O ser supremo
Que será condutor
De quem deseja alcançar,
E passarei a participar
De um objetivo maior.


E S T A R J U N T O




09/04/1.994





A juventude, mesmo tida como alienada das conjunturas presentes, cria termos e usos que revelam muita propriedade.
Um desse termos é “Estar Junto” ou “Ficar Junto”.
Em um termo que revela um sentimento de companheirismo apropria-se, mesmo que inconscientemente, de uma ação de responsabilidade que foi estabelecida desde os primórdios da evolução humana e que consolidou-se através dos tempos em uma obediência aos preceitos Divinos. Se não, vejamos: Ficar junto é conhecer o companheiro, e foi exatamente o que ocorreu, relatado pelo escritor do livro de Gênesis “e conheceu Adão a Eva, sua mulher . . .”
O que falta é os jovens compreenderem que esse ato é decisivo em suas vidas, em razão de que, ao assumirem tal responsabilidade passam a ser agentes desencadeadores de ações que irão influir na vida de seus semelhantes e de seus descendentes.



N Ã O S E R




25/06/1.994




O amor não é,
Mesmo que muitos o julguem,
Uma simples mercadoria
Que possa ser objeto de trocas
Sem que essa transação
Seja do próprio ser.
O amor é a seiva do ser
Que nasce do interior
E doa-se de si mesmo
Para outro ser igual.
O amor não se compra
O amor não se vende
Doa-se a quem compreende
Os nossos sentimentos profundos
E se dispõe a uma troca justa
Para que haja a fusão de ideais
Que propiciará um mesmo caminhar
Rumo a objetivos comuns
Com a certeza de lá chegar.



O C A M I N H O


19/08/1.994


Todos nós andamos a procura de um caminho que nos leve a um estado de complementação e perfeição de nossa essência.
Muitas pessoas tem percorrido caminhos difíceis de serem transpostos, no sentido material, e chegam, ao final percebendo que tudo foi em vão; que não encontraram o que procuravam: a sabedoria que os transformaria em seres especiais.
Entretanto, os verdadeiros sábios nos tem esclarecido que o caminho que leva à sabedoria é o das coisas simples; nada mais simples do que o cotidiano de cada um de nós; se formos observadores os “segredos” da vida e da morte se nos revelam naturalmente.
“Jesus disse: Eu sou o caminho . . .”. Aquilo que ele estava realizando era o seu caminho e Ele o trilhou cumprindo-o ano a ano, mês a mês, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo, sem fugir de nenhum momento difícil, até consumar a sua obra que foi a maior de todos os tempos. Jesus foi o divisor dos tempos; antes e depois d’Ele foram tempos diferentes.
Essa lição nos ensina que não deveremos esquecer o presente, o acontecimento de cada dia em nossa vida, porque aí está o nosso caminho; não deveremos nos preocupar com o lugar onde vamos chegar, temos de estar conscientes daquilo que deveremos realizar no momento presente que é, sempre, o mais importante Mais importante, ainda, é o reflexo de nossas ações em nosso interior! À medida que agimos exercitamos a nossa vontade,. o nosso poder, o amor, que com seus reflexos irão traçando o verdadeiro caminho, para o encontro com Deus no centro de nossas vidas que é parte da própria energia do Criador. Quando chegamos a nos conhecer, verdadeiramente, passamos a influir nas maquinações do coração que é de onde emergem as coisas boas e as más. Elevando-se o nosso autocontrole passamos a agir, cada vez com mais acerto, formando-se uma corrente de energia positiva que acelera o aperfeiçoamento. Considerando tudo isso, chegamos à conclusão que de nada nos adiantará realizarmos viagens a lugares distantes; empreendermos jornadas penosas, porque aí estaremos caminhando para fora de nós e nos afastando daquilo que almejamos. A força sobrenatural que nos incentiva à procura do caminho nos puxa para dentro de nós, para o silêncio que nos propicia a passagem para outras dimensões.
Essa caminhada será sofrida em razão de, em primeiro lugar, termos de aniquilar os nossos principais inimigos que são o orgulho, o egoísmo, a inveja, a mentira, tornando-nos seres puros e abertos ao recebimento de orientação, sem nos considerarmos conhecedores dos mistérios da transformação. É preciso paciência e humildade; é necessário que nos recolhamos para aprender a ouvir o silêncio; será quando o ultrapassarmos que estaremos penetrando nessa outra dimensão, onde nos será concedido o aprendizado.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
Ele foi o seu próprio caminho conhecendo a verdade que o retornou à vida. Veio do Pai e para Ele retornou.
Nós também teremos de ser o nosso caminho e nele conhecermos a verdade para chegarmos ao Pai, bem no centro de nossa vida, onde encontraremos a passagem para a eternidade.
Enquanto estivermos procurando o caminho fora de nós estaremos caminhando contra a mão de direção; não estaremos aceitando tudo aquilo que nos faria bem; estaremos fugindo e nos desviando!
Quantos de nós gostaríamos de ser outra pessoa que não nós mesmo; viver outros acontecimentos; viver em outro contexto social! Demonstramos, assim, insatisfação pela vida que levamos, que foi idealizada, até, talvez, pela nossa própria escolha, para nos fazer crescer em todos o âmbitos de nossa vida. Existem pessoas que não se conformam com o próprio sexo, ignorando o fato de que até isso faz parte do caminho de cada um.
O nosso caminho depende de tantas coisas! A família em que nascemos; os pais que temos; a cidade onde nascemos; o dia e a hora em que nascemos; a maneira de nos relacionarmos com Deus e com os nossos semelhantes; nossa formação educacional, o desenvolvimento cultural; a capacidade intelectual, e tantas outras coisa, cada qual de per si e em um complexo inter-relacionamento, que constróem uma personalidade que tem o seu próprio caminho e só através dele poderá satisfazer as suas necessidades pessoais em cada campo do conhecimento.
Quem souber quem é, de onde veio e para que veio jamais se desviará do seu verdadeiro caminho, aceitando tanto os prazeres como as dificuldades que tenha de viver; será um combatente vitorioso que encontrará, afinal, o justo repouso.
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seus decretos”. São Palavras do Apóstolo Paulo de quem se diz que sofria de uma doença dos olhos, por ele identificada como um espinho na carne, mensageiro de Satanás que o impedia de ler e escrever, pelo que o fazia por intermédio de seus discípulos que sempre serviam-lhe como escreventes, deixando-lhe só a obrigação de assinar as missivas, o que o fazia com letras grandes, pela sua dificuldade, como declarou em Gálatas 6:11. Grande sofrimento deveria ser para o apóstolo, ávido de comunicar-se com os seus irmãos de todas as partes!
Assim, nós, também, passamos por situações desagradáveis e temos sempre de superá-las para continuar trilhando o caminho que nos leva às realizações de nossa vida.
Mesmo que não creiamos no destino, pura e simplesmente, deve existir uma força superior que contribui para que pessoas estejam em um determinado lugar em um certo dia e hora convenientes, que gerará encontros e acontecimentos que influirão na vida das pessoas. Será isso gerado pelo que se chama “”Karma””, que são acontecimentos que tem origem em atos que teríamos praticado no passado e que deverão ser ressarcidos para a efetivação de uma justiça necessária?
Eu nasci e residi até a idade adulta em um bairro de São Paulo chamado Santo Amaro. Fatos ocorridos em minha vida me conduziram a assumir um compromisso de participar de uma partida de futebol em outro bairro distante, no dia 31/08/47. Na véspera desse dia sai com um amigo e nos demoramos em conversa tendo me recolhido muito tarde o que me fez perder a hora do compromisso. Ficando em casa, logo depois do almoço sai. e nesse exato momento ia passando uma moça que havia vindo, para São Paulo, de uma cidade (Mococa) distante quase trezentos quilômetros e, por circunstancias imprevisíveis tivera de ir àquele bairro atendendo a necessidade de uma sua parente que encontrava-se adoentada. Eu, que normalmente não teria coragem de fazê-lo, devido à minha timidez, travei um relacionamento com a jovem que nos levou ao casamento exatamente onze meses depois.
Em razão do casamento com uma pessoa de Mococa, embora continuasse a residir em São Paulo, liguei-me à cidade, o que me levou a para lá transferir minha residência, trinta anos depois (1.977) . Ali conheci uma pessoa que desejava fundar uma Associação de Vida Alternativa, o que coincidia com um meu projeto desde 1.974.
Uma jovem de Itaboraí, vindo a Mococa para ligar-se ao grupo, ouvindo falar de mim foi me conhecer o que fez em uma visita rápida (quinze minutos) dada a exiguidade de tempo. Anotando em um papel o meu endereço eu lhe dei a fim de que ela me escrevesse para que desenvolvêssemos o relacionamento; poucos dias depois receberia, pelo correio, uma carta onde, baseada naquelas poucas palavras do endereço ela faria uma análise de minha vida (ela estudava grafologia). Continuamos, por algum tempo a nos correspondermos havendo surgido fatos inusitados, depois do que ela, simplesmente, desapareceu, não mais se comunicando.
Como aquela Associação não evoluiu eu viria a fundar outra, juntamente com várias pessoas, que por sua vez, também, chegaram a Mococa de maneira inusitada, havendo, inclusive, um padre que deixara a batina para casar-se. Outros, ainda, apresentavam, no mínimo, aspectos extravagantes. A Associação Literária Mocoquense, como foi denominada, por simples coincidência realizou a sua primeira reunião no dia 14/07/89, dia em que se comemorava a “Queda da Bastilha”; a reunião de fundação, propriamente dita, realizou-se no dia 25/08/89, dia do soldado. A Associação, com a sigla de A L I M viria a se projetar por todo o país e internacionalmente, através do seu jornal “A Cigarra” e também pela realização de concursos nacionais de Contos e Poesias. Através destes últimos vim a conhecer e desenvolver uma amizade muito gratificante, mesmo à distancia, com uma jovem escritora que residia no Rio de Janeiro mas havia vindo da Bahia.
Este pequeno relato, que é apenas um resumo de fatos que comprovam um inter-relacionamento superior à nossa compreensão, nos leva a aceitar que existe uma força superior que conhece todas as nuanças de nossas vidas e facilita a atração de pessoas para lugares onde participarão de acontecimentos importantes e muito especiais, direcionando essas vidas para um determinado fim, juntando-as para a consecução de objetivos determinados.
Esses fatos, que vivemos, acabam por exercer influência em nossa mente e psíquico, o que determinará procedimentos futuros interligando outras pessoas que talvez façam parte de um grupo que deverá novamente se juntar. Tudo o que passamos a pensar e registrar em nossos escritos estarão impregnados de nossas vivências. Quando escrevi sobre “Um Evento Chamado Morte” ou “A Estrutura do Suicídio” será porque esses assuntos exerceram, em algum tempo, influência em minha formação; e isso não se refere aos presentes sessenta e cinco anos.
Assim será quanto à crença em gnomos e fadas; é assim que se estabelece a nossa convicção religiosa; é por tudo isso que, às vezes, conseguimos conviver com pessoas que não possuem nenhuma afinidade conosco mas que foram colocadas em um contexto especial necessário à sua evolução.
Devermos perceber que tudo faz parte do nosso caminho; quer os fatos que vivemos
diretamente como aqueles em que somos envolvidos e nos ligam aos nossos semelhantes.
Viver é reflexionar sobre os acontecimentos de nossa vida sem renegá-los e sim procurando entender os por quês; para que com sabedoria possamos dar a nossa contribuição para que se realize esse milagre de inter-relacionamento de pessoas e de acontecimentos que enriquecerão nossas vidas, porque soubemos trilhar os nossos caminhos.



P R E C I S A- S E D E U M A D V O G A D O




01/09/1.994




Sim! Precisamos de um advogado para reparar uma grande injustiça, um erro judiciário! Será que encontraremos uma pessoa de boa vontade que se disponha a defender um réu inocente?
Afirmamos que foi praticada uma injustiça baseados em provas irrefutáveis: A principal testemunha que a acusação usou, ela própria, reconhecendo o mal que havia feito, tentou depor novamente alegando ter traído a verdade; o magistrado a quem coube dar a sentença viu-se atormentado por apelos de sua própria esposa que alegava ter sonhado que o marido estaria cometendo uma injustiça; o mesmo só proferiu a sentença para satisfazer ao povo que o pressionava e, assim mesmo procurou isentar-se da responsabilidade; até as instâncias superiores já havia constatado a inocência do réu; também os guardas que exerciam a vigilância atestavam a inocência daquele homem; os companheiros de infortúnio, embora confessassem a própria culpa e achassem justo o castigo que recebiam, reconheciam que aquele homem nada fizera para receber aquela condenação.
Mesmo assim Ele foi condenado!
Você que deseja fazer justiça poderá conhecer os detalhes dessa história nos anais do cristianismo.
Sim! Esse homem que tanto precisou de defesa e não a encontrando, foi condenado à mais vergonhosa morte, na cruz, aceitou o sacrifício porque disso dependia a nossa libertação. Ele cumpria uma missão e conseguiu nos dar a esperança quando afirmou: “Quem ouve as minhas palavras e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna; e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.
Logo compreendemos que esse homem maravilhoso é Jesus que, longe de necessitar de um advogado para defendê-Lo, tornou-se o nosso advogado junto ao Pai, e se aceitarmos a sua mediação estaremos em verdadeira comunhão com o Criador de todas as coisas.

Ref. Mateus 27:4,l9,24: Lucas 23:15,47; João 5:24; 1 João 2:1.


M E N S A G E M A O S M É D I C O S


03/09/1.994

Lucas foi um grande médico, não só do corpo e sim, principalmente da alma. Foi companheiro leal do apóstolo Paulo, juntamente com quem foi iluminado pelo Santo Espírito de Deus. Registrou fatos da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, no seu evangelho, e a ação do Espírito Santo em “Atos dos Apóstolos”.
Ele inicia o seu evangelho com a meticulosidade de um médico: “Tendo, pois, muitos empreendido por em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram - segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra - Pareceu-me a mim conveniente descreve-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado, minuciosamente de tudo desde o princípio - Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” (Lucas 1:1-4)
Ao mesmo Teófilo ele repete as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos: “Mas receberão a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.” (Atos 1:8) e cita Pedro falando de Jesus : “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:12)
Eu imagino que Teófilo tenha sido, talvez, um colega de Lucas e este, ao escrever-lhe desejava que, através do conhecimento da verdade do evangelho, o mesmo viesse a alcançar a salvação e a vida eterna por intermédio da obra remidora de Jesus; mas minha imaginação me leva além: é que, através da salvação de Teófilo e pelo seu testemunho, passando de geração a geração, viesse a ser propiciada a salvação a todos os médicos em todos os tempos e em todos os lugares. Talvez a corrente se haja interrompido, mas os escritos de Lucas, bem assim como as outras Escrituras Sagradas foram preservadas para que a qualquer tempo os seus colegas pudessem ter acesso à salvação e à vida eterna pelo conhecimento do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O centro da obra de Lucas, onde ele nos infunde esperança, encontra-se no registro da passagem de Jesus por Jerico: Pela fé Ele cura um cego (Lc.18:35-43) (quantos de nós precisamos ser tocados por Jesus para que nos livremos de nossa cegueira espiritual!) Depois transforma o publicano Zaqueu, que antes só importava-se com os bens materiais, que defraudava os seus concidadãos, em uma nova criatura (João 3:3; 2 Corintios 5:17) e disse-lhe: “hoje veio a salvação a esta casa, pois este também é filho de Abraão (Gn.12:3) Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” (Lucas 19:1-10) ver ainda Lucas 5:31,32).
Hoje o mundo acha-se conturbado, as pessoas têm medo de seus semelhantes; cada um pensa em si, tirando vantagem de todas as situações, defraudando os menos favorecidos, esquecendo-se das palavras de Jesus: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus - Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? - ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mateus 4:17; 16:24-26; I Timóteo 6:10).

Muitos pensam que a salvação é alcançada através de uma religião, mas Deus condena essa posição : (Mc. 7:6-23: Isaias 1:13; Amós 5:21-24).
Outros acham que poderão alcança-la pelas boas obras, mas o apóstolo Paulo esclarece, pelo Espírito: “não por obras, porque elas foram feitas para que andássemos nelas; mais : Romanos 6:23; 11:6; Efésios 2:9,10; Gálatas 2:16.
Ela vem sim, pelo arrependimento: Mateus 3:2: Marcos 1:15:Atos 2:38,39; 3:19; Apocalipse 3:19,20; Pela Fé: João 1:12:3:16-18,27,36; 4:42;5:24; Atos 16:31 - Pela Graça Romanos 6:23;11:6; Efésios 2:5-8; Tito 2:11; - Pela Misericórdia: Romanos 9:15,16; Efésios 2:4; Tito 3:5.
Todos nós somos pecadores e estamos destituídos da graça de Deus (Romanos 3:10; 10:9-13).
Ninguém melhor do que os profissionais da saúde poderia transformar o mundo para melhor, se cada um transformar-se interiormente buscando a salvação através de Jesus Cristo (João 14:6) e a inspiração nos seus ensinos (Mateus, capítulos de 5-7), curando , não somente o corpo dos que os procuram, mas também a alma, pois o evangelho se identifica com a ética e o sacerdócio médicos.
A Bíblia é Deus falando através de uma Palavra sempre viva e atual. O seu principal tema é a vida eterna que o Pai providenciou para cada um de nós e nos foi revelada por Jesus Cristo que é o personagem central de toda a Escritura Sagrada. Nela, que é a bússola dos cristãos, podemos encontrar Paz Lc. 2:14; João 14:27; Is.9:6; Tranqüilidade: Is. 30:15; Salmos 46:10; Lamentações de Jeremias 3:26. - Consolação e Esperança: Romanos 15:4; I Tessanolicences 5:8. Segurança: Salmos 23:1; 121.
Ela nos ensina a viver e a ajudar outros a viverem e nos faz enxergar, em cada ser humano um irmão; e mais do que tudo isso, nos dá a certeza da vida eterna junto a Cristo. (João 14:1-3.6).
Medite no que acaba de ler, procure conhecer, em sua Bíblia, as passagens citadas, participe de um grupo onde se estuda a Palavra de Deus; você e sua família terão muitas satisfações pelas transformações que irão sentir. (Lc. 8:21; At. 17:11;


U M A C A M I N H A D A P E L A S E S C R I T U R A S

06/09/1.994


Na Bíblia, que é a Palavra de Deus, existe uma simbologia, através da qual transparece a figura de Jesus, o Salvador prometido para remir os pecados a humanidade.
Já em Gênesis, depois da queda do homem, o Pai indicava, no versículo 15, do terceiro capítulo, que o seu descendente (Cristo) seria inimigo da serpente, que ninguém
mais era do que o próprio Satanás; Em Gn. 12:3; 18:18;22:18 é que aparece, de maneira clara e insofismável a promessa feita a Abraão, de que através dele seriam abençoadas todas as famílias da terra. A esse Abraão, avançado em anos e casado com Sara que era mulher estéril. Porém, a promessa de Deus cumpriu-se e aos cem anos Abraão viu nascer Isaque.
Embora Abraão fosse justo diante de Deus este quis provar a sua fidelidade pedindo que esse filho lhe fosse oferecido em holocausto. Abraão dispôs-se a cumprir o que lhe fora pedido, confiante que Deus era poderoso para fazer ressuscitar a seu filho. Caminhando para o local que lhe havia sido indicado, ao terceiro dia, erguendo os olhos, viu o lugar de longe (Gn. 22:4). Chegados ao lugar Deus não permitiu que se realizasse o sacrifício de Isaque e teve a certeza de que Abraão era, de fato, temente a Deus, pois não negara o filho, o seu único filho. Este acontecimento, também, prefigurava a doação que Deus faria de seu próprio filho, unigênito, para Salvador de todos os povos.
Em Gn. 26:4 Deus confirmava, a Isaque, a promessa feita a Abraão: “Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e lhe darei todas estas terras. Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra.
Depois de comprar o direito de primogenitura de Esaú, Jacó fugiu, visto que seu irmão intentava matá-lo. Antes de Jacó partir foi abençoado por Isaque que lhe disse “ . . .e te dê a benção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que possuas a terra de tuas peregrinações, concedida por Deus a Abraão” (Gn. 28:4).
A meio do caminho Jacó parou para descansar. Dormindo, sonhou: Eis posta na terra uma escada, cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela” Gn. 28:12) Comparar com João 1:51 onde a escada é o próprio Cristo.
Perto dele estava o Senhor e lhe disse: “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão teu pai, e Deus de Isaque . . .em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. (Gn. 28:13,14).
Em Gn. 49:10 vamos encontrar outro indício do Salvador: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão todos os povos.
Em Êxodos, capítulo 12, no episódio da morte dos primogênitos, quando foi instituída a páscoa , o sangue do cordeiro, colocado nas ombreiras e na verga da porta, prefigurou, também, o sangue derramado por Jesus para que nós fôssemos salvos.
Em Números 21:6-9, na serpente abrasadora que Deus mandou Moisés fazer, para que todos que a olhassem se curassem das picadas de cobras venenosas, vê-se uma analogia que foi citada pelo próprio Jesus em João 3:14,15: E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.

M E N S A G E M A O S P R O F E S S O R E S


08/09/1.994

Existe um livro que nenhum mestre deveria desconhecer, se é que deseja transmitir aos seus alunos o melhor ensino, tanto no aspecto didático como para assegurar, aos mesmos, a formação de um caráter forte que os fará vencedores em sua trajetória pela vida.
Embora esse livro seja sobre esse mestre por excelência, ele mesmo não escreveu, sequer, uma linha; foram os seus discípulos, na maioria pessoas simples do povo, quem compilaram os seus ensinos, que vem sendo transmitido, através dos séculos, lições de vida, que tanto capacitam para o desempenho imediato, como prepara o cidadão para a eternidade, tal a força moral que transmite.
A didática de Jesus se valia das coisas simples do dia a dia, construindo exemplos intercalados de amor e praticidade, impossíveis de escaparem à compreensão das pessoas simples que as captavam pelo espírito, o que não conseguiam fazê-lo os sábios e letrados.
Jesus, ao escolher um novo aluno permitia-lhe a presença constante para que fosse absorvendo as lições pelo exemplo do Mestre. À medida que o discípulo evoluía, Ele ia corrigindo e aparando as arestas para assegurar a consolidação do caráter necessário à participação na obra de espalhar as boas novas do reino.
Para desenvolver o seu ministério Jesus recebeu os ensinamentos das Escrituras, que primeiramente era obrigação do próprio pai, como afirmado na Palavra de Deus, transmitida a Moisés: “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; E as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa e andando pelo caminho e deitando-se e levantando-se.” (Deuteronômio 6:6,7).
Como podemos depreender, a educação era baseada na autoridade do pai, dada por Deus, e na obediência dos filhos.
Logo depois o menino ia para a sinagoga onde passava a conviver e acompanhar os exemplos dos mestres.
Jesus, além da natureza humana possuía natureza divina que o qualificava como o maior Mestre de todos os tempos.
É os passos desse mestre que deveremos seguir, podendo fazê-lo através da Bíblia, esse livro maravilhoso inspirado pelo próprio Deus e escrito sob a influência do Espírito Santo. Será onde poderemos colher as melhores lições que transmitiremos aos nossos alunos capacitando-os a um convívio racional e uma preparação espiritual sólida.
Passe um dia com Jesus através dos seus ensinos nos evangelhos, observe os seus métodos, aplique-os no relacionamento com seus alunos e experimente a verdadeira transformação que haverá.
Você irá impregnando-se de novos conhecimentos e quando perceber também estará transformado (a) para um novo tipo de vida, plena de felicidade. Isso irá refletir, também, no relacionamento com os seus familiares, criando um ambiente de paz e compreensão, onde todos juntos estarão construindo um futuro mais seguro, sem medo, sem sobressaltos. Será assim que transformaremos estruturas iniciando pela base que é o ser humano. Conheça esse livro!


M I S S Ã O O R D E N A D A


09/09/1.994


A algum tempo veio-me à mente, como se fora uma mensagem muito forte, que deveria me dedicar a uma missão de evangelização aos médicos; isso se deu por volta de l.989.
Na ocasião elaborei uma mensagem que tencionava enviar a todos os médicos da cidade de Mococa e a outros que viesse a conhecer, mesmo de outros locais. Escrita a mensagem, imaginei se não seria melhor divulgá-la através da imprensa, visto que colaborava com um jornal local. Enviei o texto porém o mesmo não foi aproveitado. Reconheci que, de fato, demandava alguma dificuldade devido às inúmeras citações bíblicas (embora recentemente outro jornal tenha publicado aquele mesmo texto sem dificuldade). Devolvido o texto, guardei-o e esqueci desse caminho, ao mesmo tempo em que passei a orar pelos médicos, solicitando que Deus os assistisse em sua árdua missão de curar os enfermos.
Passaram-se cinco anos! Nestes dias tive um sonho que me fez revirar os guardados para reencontrar aquele velho texto. Acredito que a maioria dos sonhos que temos não são revestidos de valor; são reflexos de acontecimentos do nosso dia a dia que fixam alguma preocupação em nossa mente. Existem alguns, porém, como já tem ocorrido várias vezes comigo, que são verdadeiras mensagens a indicar-nos a trajetória. Estes imprimem com tanta agudeza que não conseguimos esquecê-los, dando-nos a certeza de um caminho a seguir.
É evidente que os sonhos, geralmente, se apresentam através de símbolos que muitas vezes nos é difícil decifrar.
Este último se deu assim: Me encontrava em um seminário junto a diversos estudantes que deveriam ser ordenados ao ministério sacerdotal naquele instante. Um a um foi seguindo o ritual, recebendo o hábito negro; quando chegou a minha vez, no lugar do hábito recebido pelos outros, recebi uma peça, também preta, mas que era semelhante a um jaleco usado pelos médicos. Acordei com a nítida impressão de que agora havia sido ordenado oficialmente, para desenvolver a missão que me fora confiada.
Veio-me à mente um fato curioso; é que no primeiro livro que escrevi, fui inspirado a colocar, sem mesmo saber porque, as palavras do profeta Joel, referidas em Atos dos Apóstolos, (2:17,18,21): . . . e o que foi dito pelo profeta Joel: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e sonharão vossos velhos;
Até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.
. . .E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”
Sabemos, pelas Escrituras Sagradas, que aos simples pertence o reino dos céus. Tanto Jesus como o apóstolo Paulo repetiram que Deus escolheu os simples deste mundo para revelar-lhes a vida eterna e a salvação. Porém, existe uma promessa feita a Abraão, a Isaque e a Jacó de que através deles e da sua descendência (Jesus) seriam salvas todas as famílias da terra. Então é uma questão de oferecermos a oportunidade para um maior numero de pessoas, de qualquer condição social, de ouvirem a palavra de salvação, porque nem todos obedecem ao evangelho, muitas vezes, por desconhecê-lo, visto que “ a fé é pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17).
As mesmas palavras do profeta Joel são repetidas pelo apóstolo Paulo: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo.” e prossegue: “Como invocarão, pois, aquele em quem não creram? e como crerão naquele que não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados(Romanos 10:13-15).
Poderei fugir à ordenação dessa missão?



P R O C U R A


23/12/1.994


Estou só!
Quero ficar só!
Preciso estar só,
Para que repasse minha vida
Pelo prisma das realizações;
Para rever os meus caminhos
Imaginar os desvios
E as trilhas verdadeiras.
Tenho de ficar só,
Porque só assim poderei
Desnudar a minha mente
Sondar o coração
E encontrar as razões
Que me motivaram a sentir
O vazio dentro de mim.
Preciso estar só
Para refazer caminhos
Remover as frustrações
Criar um mundo novo
Onde possa vencer o amor.
Amor de entrega voluntária
Sem cobranças infindáveis
Que possa realizar a entrega
Não solitária mas mútua
Que construa a felicidade.
Preciso estar só
Para vencer o tédio que me empurra
Para corredeiras e cachoeiras
De amargura e solidão.
Preciso estar só
Assim desvendando o meu destino
Que parece estar prestes a findar.



V I A J A N D O P E L O T E M P O



26/12/1.994



O tempo é veloz como o vento
E nos impede de acompanhar a vida
Por mais depressa que caminhemos.
Juntamos no presente
O passado e o futuro!
Aquelas meninas que vimos nascer
Às quais com cânticos
Embalamos o sono
Transformaram-se como num sonho
E se apresentam a nós
Com um perfil de mulher.
Por mais que desejemos ignorar
As mudanças sutis
E enxergar os traços infantis
Esse novo ser nos emociona
E mesmo na solidão
Em nosso coração vivido
Vemos renascer o amor.


N A S C E A E S P E R A N Ç A



31/12/1.994


O cinza da manhã
Tornando opaca a visão
Foi transbordando
Pelas frestas do dia
E desaparecendo
Deixou nascer o sol .
As moças tristes
Que antes choravam
Viram brilhar a luz
E nascer-lhes a esperança
Do nascimento de um novo amor.
As crianças cantam alegres
Indiferentes ao azul do céu
O verde do mar
E à cor das nuvens, que talvez
Viessem gerar os seus destinos.


A N O N O V O



01/01/1.995



Floresce um novo dia
Parte do infinito tempo
E introduz um novo ano
Semeando nos corações a esperança.
Vidas que de ano em ano
Buscam novos caminhos
Aspiram realizar a ventura
De um encontro com a alegria.
A cada espaço de tempo
Renovam-se as frustrações
Fruto de maldosos corações
Que tira da vida todo o alento.
Quando se dará o milagre
De corações transformados
Transbordando a vida de alegria
Consolidando em nós a paz?
Quando nos amarmos como irmãos
Abandonando egoísmo e orgulho
E unidos juntarmos nossas mãos
Em uma prece de fé ao Senhor.


O P E S O D A S O L I D Ã O



19/01/1.995




Tem horas
Que nós sentimos
Uma dor tão profunda . . .
Parece-nos ter de suportar
O peso de todo o mundo.
Então percebemos que
Justamente nesse instante,
Não podemos contar com ninguém.
Apropria-se de nós
Um vazio incomensurável
E constatamos que estamos sozinhos.
Não que as pessoas não nos rodeiem;
Elas estão presentes,
Mas ausentes de nossa vida.
Acreditamos não poder suportar
O peso da solidão . . .
As lagrimas umedecem nossa face
Na ânsia que sentimos
De lavar a amargura
Que nos fere profundamente,
Ao nos mostrar um caminho
Que nos levaria à felicidade,
A tanto tempo procurado,
Mas que se encontra fechado
Pela incompreensão dos corações.


D E S T I N O F U G I D I O



20/01/1.995



Os sentimentos que vivemos
Em cada instante de visão
São pontos perdidos do destino
Que explodem em nossa mente
Mas que não param;
Continuam a sua trajetória
Perdendo-se na imensidão do universo.
Cá ficamos nós
Esquecidos dos momentos
Em que fomos premiados
Por revelações inusitadas
Que, inocentes, deixamos escapar.
Quando acordados pela reflexão
Constatamos que em um lapso instante
Poderíamos ter nos transformado
Para dominarmos nosso destino
E sermos senhores do caminhar.


V I D A I M P R E C I S A



20/01/1.995



A vida vem, a vida vai
A vida caminha, tropeça,
E com ela rolamos,
Lutando para não sermos vencidos,
E possamos alcançar
O que a vida pode nos dar;
Não simplesmente o que deseje
Nos oferecer sem uma escolha apurada
Mas tudo aquilo
Que as nossas aspirações idealizam
Que poderá nos transportar
Através de esquemas dimensionais
Às esferas onde iremos encontrar
Os sublimes enlevos do amor
Que vencerá a amargura
Dissipará a angústia
Transformando vivências
Contidas de desesperanças
Em vidas cantantes e felizes.


A M A N H Ã



23/01/1.995



Amanhã
Independente de todas as injustiças
Os pássaros estarão cantando
Amanhã
Embora muitas criancinhas faleçam
Agredidas pela miséria que campeia
O sol estará nascendo para um novo dia.
Amanhã,
Quando em muitas mesas não haverá pão
Estará havendo semeadura e ceifa
Para enriquecer os gananciosos
Amanhã,
Enquanto continuará a crescer o desemprego
Os magnatas estarão planejando
Para implantar novas tecnologias
Que aumentará os seus prazeres
E tirará do pobre o pão
Amanhã,
Quando o cinza encobrir o sol
E as flores deixarem de nascer
Para enfeitar e alegrar a vida
E não houverem mais criancinhas a chorar
E o último sabiá entoar o seu lúgubre canto
A humanidade estará caminhando
Para alcançar o fim.

O C A M I N H O


19/08/1.994


Todos nós andamos a procura de um caminho que nos leve a um estado de complementação e perfeição de nossa essência.
Muitas pessoas tem percorrido caminhos difíceis de serem transpostos, no sentido material, e chegam, ao final percebendo que tudo foi em vão; que não encontraram o que procuravam: o encontro da sabedoria que os transformaria em seres especiais.
Entretanto, os verdadeiros sábios nos tem esclarecido que o caminho que leva à sabedoria é o das coisas simples; nada mais simples do que o cotidiano de cada um de nós; se formos observadores dos “segredos” da vida e da morte que se nos revelam naturalmente.
“Jesus disse: Eu sou o caminho . . .”. Aquilo que ele estava realizando era o seu caminho e Ele o trilhou cumprindo-o ano a ano, mês a mês, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo, sem fugir de nenhum momento difícil, até consumar a sua obra que foi a maior de todos os tempos. Jesus foi o divisor dos tempos; antes e depois d’Ele foram tempos diferentes.
Essa lição nos ensina que não deveremos esquecer o presente, o acontecimento de cada dia em nossa vida, porque aí está o nosso caminho; não deveremos nos preocupar com o lugar onde vamos chegar, temos de estar conscientes daquilo que deveremos realizar no momento presente que é, sempre, o mais importante Mais importante, ainda, é o reflexo de nossas ações em nosso interior! À medida que agimos exercitamos a nossa vontade,. o nosso poder, o amor, que com seus reflexos irão traçando o verdadeiro caminho, para o encontro com Deus no centro de nossas vidas que é parte da própria energia do Criador. Quando chegamos a nos conhecer, verdadeiramente, passamos a influir nas maquinações do coração que é de onde emergem as coisas boas e as más. Elevando-se o nosso autocontrole passamos a agir, cada vez com mais acerto, formando-se uma corrente de energia positiva que acelera o aperfeiçoamento. Considerando tudo isso, chegamos à conclusão que de nada nos adiantará realizarmos viagens a lugares distantes; empreendermos jornadas penosas, porque aí estaremos caminhando para fora de nós e nos afastando daquilo que almejamos. A força sobrenatural que nos incentiva à procura do caminho nos puxa para dentro de nós, para o silêncio que nos propicia a passagem para outras dimensões.
Essa caminhada será sofrida em razão de, em primeiro lugar, termos de aniquilar os nossos principais inimigos que são o orgulho, o egoísmo, a inveja, a mentira, tornando-nos seres puros e abertos ao recebimento de orientação, sem nos considerarmos conhecedores dos mistérios da transformação. É preciso paciência e humildade; é necessário que nos recolhamos para aprender a ouvir o silêncio; será quando o ultrapassarmos que estaremos penetrando nessa outra dimensão, onde nos será concedido o aprendizado.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
Ele foi o seu próprio caminho conhecendo a verdade que o retornou à vida. Veio do Pai e para Ele retornou.
Nós também teremos de ser o nosso caminho e nele conhecermos a verdade para chegarmos ao Pai. bem no centro de nossa vida, onde encontraremos a passagem para a eternidade.
Enquanto estivermos procurando o caminho fora de nós estaremos caminhando contra a mão de direção; não estaremos aceitando tudo aquilo que nos faria bem; estaremos fugindo e nos desviando!
Quantos de nós gostaríamos de ser outra pessoa que não nós mesmo; viver outros acontecimentos; viver em outro contexto social! Demonstramos, assim, insatisfação pela vida que levamos, que foi idealizada, até, talvez, pela nossa própria escolha, para nos fazer crescer em todos o âmbitos de nossa vida. Existem pessoas que não se conformam com o próprio sexo, ignorando o fato de que até isso faz parte do caminho de cada um.
O nosso caminho depende de tantas coisas! A família em que nascemos; os pais que temos; a cidade onde nascemos; o dia e a hora em que nascemos; a maneira de nos relacionarmos com Deus e com os nossos semelhantes; nossa formação educacional, o desenvolvimento cultural; a capacidade intelectual, e tantas outras coisa, cada qual de per si e em um complexo inter-relacionamento, que constróem uma personalidade que tem o seu próprio caminho e só através dele poderá satisfazer as suas necessidades pessoais em cada campo do conhecimento.
Quem souber quem é, de onde veio e para que veio jamais se desviará do seu verdadeiro caminho, aceitando tanto os prazeres como as dificuldades que tenha de viver; será um combatente vitorioso que encontrará, afinal, o justo repouso.
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seus decretos”. São Palavras do Apóstolo Paulo de quem se diz que sofria de uma doença dos olhos, por ele identificada como um espinho na carne, mensageiro de Satanás que o impedia de ler e escrever, pelo que o fazia por intermédio de seus discípulos que sempre serviam-lhe como escreventes, deixando-lhe só a obrigação de assinar as missivas, o que o fazia com letras grandes, pela sua dificuldade, como declarou em Gálatas 6:11. Grande sofrimento deveria ser para o apóstolo, ávido de comunicar-se com os seus irmãos de todas as partes!
Assim, nós, também, passamos por situações desagradáveis e temos sempre de superá-las para continuar trilhando o caminho que nos leva às realizações de nossa vida.
Mesmo que não creiamos no destino, pura e simplesmente, deve existir uma força superior que contribui para que pessoas estejam em um determinado lugar em um certo dia e hora convenientes, que gerará encontros e acontecimentos que influirão na vida das pessoas. Será isso gerado pelo que se chama “”Karma””, que são acontecimentos que tem origem em atos que teríamos praticado no passado e que deverão se ressarcidos para a efetivação de uma justiça necessária?
Eu nasci e residi até a idade adulta em um bairro de São Paulo chamado Santo Amaro. Fatos ocorridos em minha vida me conduziram a assumir um compromisso de participar de uma partida de futebol em outro bairro distante, no dia 31/08/47. Na véspera desse dia sai com um amigo e nos demoramos em conversa tendo me recolhido muito tarde o que me fez perder a hora do compromisso. Ficando em casa, logo depois do almoço sai. e nesse exato momento ia passando uma moça que havia vindo, para São Paulo, de uma cidade (Mococa) distante quase trezentos quilômetros e, por circunstancias imprevisíveis tivera de ir àquele bairro atendendo a necessidade de uma sua parente que encontrava-se adoentada. Eu, que normalmente não teria coragem de fazê-lo, devido à minha timidez, travei um relacionamento com a jovem que nos levou ao casamento exatamente onze meses depois.
Em razão do casamento com uma pessoa de Mococa, embora continuasse a residir em São Paulo, liguei-me à cidade, o que me levou a para lá transferir minha residência, trinta anos depois (1.977) . Ali conheci uma pessoa que desejava fundar um Associação de Vida Alternativa, o que coincidia com um meu projeto desde 1.974.
Uma jovem de Itaboraí, vindo a Mococa para ligar-se ao grupo, ouvindo falar de mim foi me conhecer o que fez em uma visita rápida (quinze minutos) dada a exiguidade de tempo, Anotando em um papel o meu endereço eu lhe dei a fim de que ela me escrevesse para que desenvolvêssemos o relacionamento; poucos dias depois receberia, pelo correio, um carta onde, baseada naquelas poucas palavras do endereço ela faria um análise de minha vida (ela estudava grafologia). Continuamos, por algum tempo a nos correspondermos havendo surgido fatos inusitados, depois do que ela, simplesmente, desapareceu, não mais se comunicando.
Como aquela Associação não evoluiu eu viria a fundar outra, juntamente com várias pessoas, que por sua vez, também, chegaram a Mococa de maneira inusitada, havendo, inclusive, um padre que deixara a batina para casar-se. Outros, ainda, apresentavam, no mínimo, aspectos extravagantes. A Associação Literária Mocoquense, como foi denominada, por simples coincidência realizou a sua primeira reunião no dia 14/07/89, dia em que se comemorava a “Queda da Bastilha”; a reunião de fundação, propriamente dita, realizou-se no dia 25/08/89, dia do soldado. A Associação, com a sigla de A L I M viria a se projetar por todo o país e internacionalmente, através do seu jornal “A Cigarra” e também pela realização de concursos nacionais de Contos e Poesias. Através destes últimos vim a conhecer e desenvolver uma amizade muito gratificante, mesmo à distancia, com uma jovem escritora que residia no Rio de Janeiro mas havia vindo da Bahia.
Este pequeno relato, que é apenas um resumo de fatos que comprovam um inter-relacionamento superior à nossa compreensão, nos leva a aceitar que existe uma força superior que conhece todas as nuanças de nossas vidas e facilita a atração de pessoas para lugares onde participarão de acontecimentos importantes e muito especiais, direcionando essas vidas para um determinado fim, juntando-as para a consecução de objetivos determinados.
Esses fatos, que vivemos, acabam por exercer influência em nossa mente e psíquico, o que determinará procedimentos futuros interligando outras pessoas que talvez façam parte de um grupo que deverá novamente se juntar. Tudo o que passamos a pensar e registrar em nossos escritos estarão impregnados de nossas vivências. Quando escrevi sobe “Um Evento Chamado Morte” ou “A Estrutura do Suicídio” será porque esses assuntos exerceram, em algum tempo, influência em minha formação; e isso não se refere aos presentes sessenta e cinco anos.
Assim será quanto à crença em gnomos e fadas; é assim que se estabelece a nossa convicção religiosa; é por tudo isso que, às vezes, conseguimos conviver com pessoas que não possuem nenhuma afinidade conosco mas que foram colocadas em um contexto especial necessário à sua evolução.


Devermos perceber que tudo faz parte do nosso caminho, quer os fatos que vivemos
diretamente como aqueles em que somos envolvidos e nos ligam aos nossos semelhantes.
Viver é reflexionar sobre os acontecimentos de nossa vida sem renegá-los e sim procurando entender os por quês?; para que com sabedoria possamos dar a nossa contribuição para que se realize esse milagre de inter-relacionamento de pessoas e de acontecimentos que enriquecerão nossas vidas, porque soubemos trilhar os nossos caminhos.


U M E V E N T O C H A M A D O M O R T E


23/07/1.993

Certa vez, meu sogro me falou: “Quando moço, nunca pensava na morte; ao ultrapassar os setenta anos esse pensamento passou a fazer parte de minha vida e me atormenta pela perspectiva de ter, talvez breve, de enfrentar o desconhecido.” Não transcorreu, de fato, muito tempo e ele encerrou a sua estada entre nós, colhido por um acidente cerebral que lhe tolheu os movimentos e a fala, porém não a consciência. Ele não mexia-se nem falava, entretanto, quando nos via as lagrimas afloravam aos seus olhos e estes expressavam o desespero por ele não conseguir comunicar-se.
Tomei conhecimento, ainda muito cedo, que a nossa vida física não será permanente; presenciamos a longo da vida o fenômeno pulular ao nosso redor e não imaginávamos que isso dizia respeito a nós, por não atingir aquelas pessoas mais ligadas afetivamente. Entretanto, quando foram atingidos aqueles mais próximos, algo começou a mudar dentro de nós na tentativa de encontrar uma explicação que aliviasse a tensão que o fenômeno desencadeia.
O primeiro contato com a morte foi, ainda, nos bancos escolares. Havíamos gozado férias e ao retorno estávamos todos desejosos de rever aos colegas. A professora, depois de nos receber com alegria, cumprimentando a todos, fez uma pausa . . .e disse:
- Eu tenho uma noticia triste para lhes dar . . .o Venisário não vai voltar a freqüentar às aulas . . .(Venisário era um menino de cor negra, de muito boa índole, querido por todos), ele morreu! Passou a explicar que ele havia sido acometido de uma moléstia e residindo distante de recursos para o tratamento, falecera.
Foi uma consternação geral; nós, que nem entendíamos direito o significado da palavra morte, unicamente sentimos um grande vazio dentro do peito, uma tristeza indiscritível, um peso, que naquele momento nos dava a impressão que jamais nos abandonaria.
Esse acontecimento foi uma verdadeira lição de vida, visto que por meio dele aprenderíamos que a dor e a melancolia causados pela morte, pela separação definitiva de entes queridos, encontram, adiante, um remédio, que é o tempo. Sofremos por um período, curto ou mais longo e quando percebemos, o tempo cicatrizou aquela ferida deixando gravada no mais íntimo do nosso ser, essa experiência que nos acompanhará pelo restante de nossas vidas. Será, sempre, através da soma de nossas experiências que formaremos o nosso caráter.
Aos dez anos de idade o fenômeno me atingiria com maior intensidade, visto que perdia, prematuramente, meu pai. Ele havia sido internado em um hospital de uma outra cidade para um tratamento especializado, de moléstia adquirida na juventude. Para nós aquilo era uma coisa simples, uma rotina, que logo passaria e aguardávamos a sua volta. Quinze dias depois, ao solicitar informações a um médico de nossa cidade, que trabalhava no referido hospital, minha mãe recebeu um choque ao ser informada que meu pai havia falecido a uma semana e já estava sepultado lá mesmo. Erro médico? Nunca ficamos sabendo a causa real da morte e tivemos que nos conformar com o que declarava o atestado de óbito. Minha mãe e meu irmão choravam; eu não, era possuído por uma profunda e estranha paz. Alguns dias antes; lembro-me bem por ter sido no dia 6 de janeiro que fora aniversário de minha avó materna, eu sentia um peso enorme no coração, uma angústia indiscritível a ponto de não aceitar o oferecimento de minha avó para que me divertisse nos vários brinquedos que haviam na quermesse que se realizava na cidade. Fui sozinho para casa e deitei-me esperando dissipar aquele mal estar. Fora justamente nesse dia, soubéramos depois, que meu pai falecera. Eu havia pressentido! Mais uma experiência preciosa que me acompanharia pela vida!
Outro acontecimento marcante foi o falecimento de uma jovem de dezessete anos (Nanci) que era madrinha de minha filha e residia ao lado de nossa casa; afeiçoara-se tanto à afilhada que vivia mais em nossa casa do que na própria. Moça sadia, trabalhava em um laboratório farmacêutico, nunca sentira nada. De repente, um mal funcionamento intestinal, uma consulta médica, radiografias, exames, constata-se um tumor (benigno ou maligno?), a necessidade de uma cirurgia, que pela urgência foi realizada em um domingo.
Eu trabalhava nesse dia e recebi um telefonema de minha esposa dizendo que a Nanci estava sendo operada e necessitava urgente de transfusão de sangue (o meu é universal) e que eu teria de ir imediatamente para o hospital que era distante do meu trabalho. Respondi que iria imediatamente mas que, em razão da demora que ela procurasse meus tios que residiam próximo ao hospital e tinham o mesmo tipo de sangue. Quando cheguei meus tios já haviam fornecido o sangue mas a situação era crítica; aproximei-me de uma janela de vidro compacto que dava para a sala de cirurgia de onde assisti a luta dos médicos para sustentar aquela vida.
Nesse momento, percorreu pela minha mente, como se fosse um filme, mas espelhando a realidade, tudo que iria acontecer nos momentos seguintes, e tive a certeza que já não adiantaria mais nenhuma providência. E não fiquei surpreso, quando cada detalhe ocorreu, exatamente como se revelara em minha mente, e eu, assim, pude confortar aos pais de uma forma que nem eu mesmo acreditava, dado o auto controle que me dominou naquele instante; a ponto de o médico se aproximar de mim para comentar: “O Sr. foi de grande ajuda!”
Passado aquele dia em que o controle foi perfeito, cai em depressão, tendo sido necessário que minha mãe me desse um “chacoalhão” para que retornasse à realidade. Marcou-me profundamente, esse episódio, que o tempo cicatrizou.
A morte de uma Senhora (Mariquinha) que praticamente havia criado minha mãe e cuidara de mim e de meu irmão, já me alcançou com o espírito sólido, aceitando-a com naturalidade pela extensa vida que se findava, acima dos noventa anos. Parece que quando as pessoas viveram uma boa e longa existência, partem sem grandes tristezas, por nos parecer que trata-se de um descanso merecido, foi o caso.
Com minha avó materna ocorreu caso semelhante, quando, com mais de cem anos vividos, adormeceu. Perdera um filho pouco antes, que ficara solteiro para ser seu companheiro. Este adoeceu e, percebendo que aproximava-se o final da vida de sua mãe, recusou tratamento e partiu antes para não ficar só.
O falecimentos de um sobrinho marcou-me profundamente. Menino inteligente, com treze anos, aproximadamente, nunca estivera doente. De repente, precisou ser hospitalizado e faleceu no mesmo dia. Ao levar meu irmão para o hospital já havia recebido um telefonema avisando que o menino havia falecido, e fui preparando-o pelo caminho . . .matando . . .aos poucos, através da violentação do meu próprio ser . . . a sua esperança de que o filho ficasse bom e voltasse para casa. Voltou sim . . .para ser velado antes do sepultamento.
Nesse episódio pude conhecer toda a sordidez do ser humano que brutaliza-se pela rotina do seu viver, sem sentir o drama que é vivido por seus semelhantes que perdem um ente querido.
Precisei correr de um lado para outro, usar influência de amigos, dar gorjetas, transferir o corpo de um lugar para outro, a fim de que fosse feita a autopsia (o hospital não havia constatado a “causa mortis”) para que o corpo fosse liberado para um breve velório e imediato sepultamento.
Mais marcante foi o falecimento de meu irmão que colheu-me em momento delicado de minha vida, em que passava por problemas de família que transtornaram a minha vida. Eu estava desestabilizado emocionalmente e recebi o impacto como um sobrepeso ao qual não possui estrutura para suportar, passando por um período de profunda depressão.
O remédio de todos os males curou-me, entretanto.
Depois viria o caso de meu sogro com o qual iniciei este relato, que ocorreu em l.974. Em l.984 seria minha sogra e dois anos depois, foi minha mãe; com oitenta e quatro e oitenta e sete anos foram duas vidas bem vividas. Esses episódios já alcançaram-me amadurecido e consciente que a morte é apenas uma transformação para a qual deveremos estar preparados. Alias, deveremos estar preparados para morrer e para viver, pois a vida que procede à perda de entes queridos é a parte mais difícil. Deveremos aproveitar todas as nossas experiências passadas para estarmos preparados para morrer ou para sobreviver aos que se vão. A separação, depois de um longo convívio, nos machuca e cria um vazio que só poderemos preencher estribados em nossas experiências de vida que nos fornece a certeza de que a chamada morte é uma parte da vida que sempre terá continuidade para que seja complementada a evolução de nossa essência.
Se soubermos viver sabiamente com as nossas emoções estaremos preparados quando chegar o momento de nossa transformação mais profunda e a enfrentaremos com firmeza, confiantes que do outro lado do rio a estrada continua e a vida continuará a nos propiciar novas experiências que irão somando-se no transcorrer do tempo, consolidando o nosso espírito para que cheguemos, um dia, à perfeição. Esse é o objetivo do homem.
Gostaríamos de terminar esta reflexão com duas citações; a primeira da grande pianista Magdalena Tagliaferro “Comecei a viver aos nove anos e meio, quando participei de meu primeiro concerto e não parei de viver, embora fosse vendo as pessoas amigas desaparecerem.”
A outra de uma música de Bili Blanco e Tom Jobim: “Eu quero morrer em um dia de sol, na plenitude da vida . . .” Lições de vida!
Quando vivemos ou quando morremos, estamos na plenitude da vida e sempre continuaremos a viver . . .


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