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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

NOVA DIMENSÃO

NOVA DIMENSÃO


B R U D E R K L EIN

Registro: EDA/BN: 135.717 Livro: 216 Fls.: 181 – 25/08/97
É proibida a reprodução parcial ou total dos textos, por quaisquer processos, sem a autorização, por escrito, do autor.

Bruder Klein
Av. São João Batista, 384 – Bloco B7 – Apto.23
Rudge Ramos – São Bernardo do Campo S P
09736-500
Tel.(011) 4368-9987
mik346@hotmail.com






A P R E S E N T A Ç Ã O

Aqui estamos nós, novamente, solicitando a atenção dos Senhores Leitores para que gastem algum tempo para conversarmos e trocarmos idéias sobre reflexões que representam uma nova fase de nossa vida. Temos exteriorizado, através de nossos escritos, tudo aquilo que o nosso intelecto tem necessidade de emitir para alcançar os nossos semelhantes, pessoas que como nós vive as suas apreensões e frustrações em seu viver, mas também, acumulam em seus currículos muitas vitórias e momentos de plena felicidade.
A este apanhado de textos demos o nome de “NOVA DIMENSÃO” por ele representar uma nova fase em nossa vida que inaugurou-se aos 67 anos e nos colocou frente à nova tecnologia. Até então vivemos o passado, depois entramos para a era da informática que veio nos proporcionar muitas alegrias, quer através da facilidade que nos proporciona para a execução de nossos trabalhos e mais ainda pela possibilidade de comunicação através da Internet, com toda a profusão de contatos ricos em humanismo.
A bem da verdade o trabalho não está completo porque muitos relacionamentos estão em curso e irão propiciar a criação de histórias de vidas, que seriam proveitosas aos leitores, como exemplos de experiências, mas o desejo de ir compartilhando com todos aquilo que vai surgindo, em nosso intelecto, nos obriga a ir divulgando o que já foi produzido. Assim é que lançamos essa “obra incompleta” que mais tarde iremos complementando.
Presente a advertência de outras publicações, para que perdoem os senões, praticados por quem não auferiu o saber dos acadêmicos, assassinando o idioma tão rico como é o nosso. Esse desejo de misturar-me com vocês por certo me desculpará, mesmo porque quem complementa o pensamento é o leitor, pela riqueza do seu conhecimento e experiência de vida.
Bom divertimento através deste pequeno opúsculo e se mais desejarem não deixem de consultar os nossos outros trabalhos : “Mensagens e Reflexões” “Devaneios” “Contos Para Ler a Dois na Cama” “Minhas Incursões Pelo Jornalismo” “Proversando” "Contos Pontos e Contatos" "Cartas Vivas" "Relendo Cartas" "Relendo Cartas II" "Serões em Família" "Frases e Pensamentos" "Poesias Reunidas" "Aconselhamento Matrimonial" "Aconselhamento Matrimonial II" "Aconselhamento Matrimonial III" "Outras Histórias" "Outras Mensagens" "Textos Para a Terceira Idade" "Uma História em Três Tempos" “Walkyria" Que encontram-se disponíveis gratuitamente na Internet: E-Mail : mailto:mik346@hotmail.com



Í N D I C E

Apresentação 02
Índice 03
A Verdadeira Amizade 04
Anedotas 05
Amapoula 06
Análise Subjetiva 07
Ano Novo 09
Busca do Outro 10
Busca da Felicidade 11
Carência 12
Críticas às Diretrizes Religiosas 13
Encontro na Internet 15
Estou de Olho em Você 17
Idas e Vindas 18
Inverno 19
Juliana 20
Minha Paixão 21
Necessidade de Amor 22
Necessidade de Sabedoria 23
O Mar 25
O Que Somos 26
Outono 27
Pensamentos 28
Para Juliana 29
Pranto 30
Reminiscência 31
Revelação 33
Transcendências 35
Um Rio Que Passa 36
Uma Nova Fase 37
Via Internet 39
Visão do Futuro 40
A V E R D A D E I R A A M I Z A D E!


12/08/1.997





A amizade reveste-se de uma construção sólida e jamais poderá desfazer-se ou deixar de corresponder às aspirações e esperanças daqueles que por ela são entrelaçados para toda a vida. Por que, então, muitas vezes nos sentimos frustrados ao imaginarmos que aqueles que nós mais confiávamos não corresponderam aos nossos anseios?
Será, simplesmente, porque esperamos deles mais do que eles poderiam nos oferecer. Cada um de nós possui um limite estabelecido para as nossas ações e jamais poderemos ultrapassa-lo sem nos violentarmos. É necessário que saibamos estabelecer, tanto os nossos próprios limites, como o daqueles que estão ligados a nós. Se nos frustramos é porque não soubemos reconhecer esses limites e exigimos de nossos amigos acima daquilo que eles poderiam nos dar. Ao assim procedermos estaremos violentando duplamente essas personalidades frágeis; em primeiro lugar porque causamos uma pressão em suas consciências e em seguida estabelecemos uma frustração muito maior do que a nossa por estabelecermos, com esse ato, uma culpa que carregarão pela vida afora, por não terem podido cumprir aquilo que se esperava deles.
Sabendo estabelecer critérios estaremos dando demonstração de que somos verdadeiramente amigos. Estaremos determinando o crescimento da autoconfiança daqueles que nos consideram como amigos. Ao assim procedermos estaremos consolidando a amizade e garantindo que sempre estaremos dispostos a apoiar os amigos, também, dentro de nossas limitações . . .


A N E D O T A S


A dondoca ao maridinho:
Beeem!!!
Você ouviu o que a Hebe falou: Que por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. O que você acha, é verdade ou não é?
Claro que é, você não vê que eu sou um fracassado?

A garota de fechar o comercio, ao velhinho:
Chuchuzinho, sabe que os momentos que eu passo com você são os mais felizes da minha vida? Acho que não conseguiria viver sem você!
É mesmo? Eu fico muito contente com isso! O que eu posso fazer por você meu bem?
“Por mim”, Chuchuzinho?
Pois é minha filha, porque “com você “ não vai ser possível!


Um grupo discutia sobre o que seria o melhor afrodisíaco.
O primeiro sustentou que era a catuaba.
O segundo disse: “de maneira nenhuma, tenho a certeza que é o mél.
Um terceiro defendeu a sabedoria oriental dizendo que era o “ginseng”
Os três voltaram-se para o matuto que espreitava a prosa.
E você, o que diz?
Ora! O que dá mesmo certo é galinha.
!!!???
O galo tá de prova. Só come galinha; e tá sempre disposto a comer mais uma.


Aquele homem era tão arraigado à sua crença sabatista que, quando fazia a sua caminhada, dando voltas na praça da cidade, exercitava-se apenas até a 6ª volta, na 7ª ele descansava.





A M A P O U L A

31/03/1.997

A música toca no radio e as recordações ressurgem do mais intimo de nosso ser. Fazem tantos anos! Éramos um menino sonhador quando essa preciosidade foi um dos maiores sucessos. Tanto é verdade que sobrepujou o tempo e continua jovem e atual depois de mais de cinqüenta anos de sua criação.
Nós participávamos de um grupo de adolescentes que sempre andava inventando coisas para se divertir. E anotem isso, a criatividade é uma coisa que faz as pessoas crescerem. Hoje vemos jovens carregando uma vida vazia , apesar de todas as possibilidades da modernidade. Isso ocorre porque não existe coisa melhor e mais gratificante do que “inventarmos” as nossas diversões.
Naquela época havíamos inventado um teatro só de meninos e meninas de oito a doze anos e que fez um sucesso extraordinário no bairro onde morávamos (Santo Amaro).As tarefas eram distribuídas entre todos e cada um tinha o compromisso de criar os números que iria apresentar.
Uma menina chamada Silvia escolheu apresentar a música “Amapoula” , que fazia sucesso na ocasião. Ela cantou com tanta graça que foi profusamente aplaudida. E a platéia não era de crianças e sim a maioria eram adultos; familiares dos participantes e outras pessoas que apreciavam o trabalho das crianças.
Um dos espectadores assíduos era o dono da oficina Ford, cujo filho, que havia sofrido paralisia infantil, também trabalhava conosco. O seu entusiasmo foi tamanho que ele queria financiar a compra de um circo e instalar em um seu terreno, para que a idéia fosse desenvolvida. Só não o fez porque pessoas ponderadas fizeram-lhe ver a temeridade da idéia, de colocar tamanha responsabilidade sobre um grupo de crianças. O Dr. Oscar Fernandes Martins, construiu um palco no porão de sua casa para que as crianças fizessem apresentações em festas de aniversário.
A Silvia e eu trocamos alguns “bilhetinhos” (que era a maneira de namorar da época) e sonhamos, por algum tempo, ao som da “Mapoula”, com o futuro que poderia nos premiar com a felicidade.
Os sonhos são sonhos e desfazem-se no tempo; pessoas que possuem afinidades acabam separando-se e seguindo por caminhos diferentes, sem encontrar a felicidade com que sonharam. A constatação disso é triste, e ocorre porque hoje vivemos em um mundo global onde as distancias diminuíram pela evolução dos meios de comunicação, mas que afastou as pessoas umas das outras. E o homem é um ser social que jamais será feliz sozinho; ele tem de comunicar-se com os seus semelhantes. E falo aqui de um relacionamento afetivo que é necessário para o desenvolvimento das personalidades. O homem (representado pelo ser completo: homem-mulher que formam uma entidade perfeita) deseja amor, amizade companheirismo, afeto, porque isso é que empresta valor à sua vida. Quando consegue tudo isso, o que nem sempre é possível, poderá idealizar, e até, consolidar, a felicidade, vivendo plenamente toda a sua potencialidade e sexualidade.
A N Á L I S E S U B J E T I V A



10/05/1.995



Ontem estava lendo a Bíblia, no evangelho de S.João, Capítulo 1, versículos de 45-51, onde nos é relatado o chamado de Natanael:
Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas, Jesus de Nazaré, filho de José.
Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?
Disse-lhe Filipe: Vem e vê.
Jesus viu Natanael vir com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
Disse-lhe Natanael: Donde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.
Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.
Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da Figueira crês? coisas maiores do que esta verás.
E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem”.
Jesus, aludindo ao sonho de Jacó (Gn. 28:l2) e corroborando com o que falou e foi registrado por Marcos em capítulo 12:25,26, esclarece ser Ele a escada sobre a qual descem e sobem os anjos de Deus, incluindo, entre os mesmos os que, ressuscitados, continuam vivendo, como Abraão, Isac e Jacó, porque Deus não é Deus de mortos e sim de vivos.
Este Natanael, que é o mesmo Bartolomeu, e foi contado entre os apóstolos, recebeu do Mestre o dom da visão do que havia sido revelado em sonho a Jacó. Embora pouco tenha sido revelado sobre o ministério posterior de Natanael ( ou Bartolomeu) é inegável a sua participação entre os doze discípulos (Mt. l0:3;Mc.3:l8; Lc. 6:l4). Em Atos 1:l3 constatamos que ele se encontrava reunido, logo após a ressurreição do Mestre, perseverando em orações, junto aos condiscípulos e Maria, mãe de Jesus e com seus irmãos. Encontrava-se, ainda, quando operou-se o milagre da pesca maravilhosa onde foram apanhados cento e cinqüenta e três (153) grandes peixes.
Estou fazendo estas citações porque gostaria de estabelecer uma comparação - que me ocorreu quando lia o texto - com o sonho que tive em 06/02/94 e registrei na página 66 do livro “Proversando”.
Comparando o dom da visão dado a Natanael (ou Bartolomeu) com o sonho de Jacó, com a minha afirmação de que os sonhos devem ter algum significado, apenas escapam-nos à compreensão, passei a examinar o meu caderno de anotações e constatei o seguinte:
No dia 03/02/94 comecei a escrever “A Estrutura do Suicídio” (pag. 62 de “Proversando”) que, se analisarmos bem, existe uma sutil defesa para o ato, no desejo de justificá-lo, mesmo que isso, na verdade, era muito subjetivo e transitava pelo subconsciente, juntamente, talvez, com o desejo de praticar o ato. Escrevi nesse dia, até, a frase: “O próprio ato indica uma certeza do existir e que além nos desligamos das imperfeições, que hoje nos infelicitam.” Com esta frase, na verdade, dava por encerrada a reflexão.
Não me lembro bem, mas deveria encontrar-me em um estado depressivo que mesmo inconscientemente justificaria um ato desesperado. Esse estado comprova-se no soneto do dia 04/02/94 (pag 64 de Proversando) cujo título, e conteúdo, é “Melancolia”
No dia 06/02, relendo “A Estrutura do Suicídio” devo ter julgado que não estava completo e escrevi a última parte, contradizendo o direito ao suicídio porque nos desviaria da oportunidade de evolução e do cumprimento de uma missão. Ainda no dia 06/02 registrei o sonho que havia tido que deve ter acontecido na noite de 5 para 6/2 (pag 66 “Proversando”) à página 65 é transcrito “Saudade”, que descrevendo o vazio criado por esse sentimento, terminava: “Infelizmente não tenho futuro! O meu futuro só pode ser agora! Como no soneto, indicava fim.
Quando confesso não conseguir decifrar esse sonho, mas afirmando ter conhecimento que deveria encerrar alguma mensagem, na verdade poderia tê-la encontrado ao ler o texto bíblico, tão conhecido, que citei no início. Esse texto, combinado com as passagens paralelas, é a comprovação clara e insofismável da vida eterna, o que nos dá uma enorme responsabilidade de sabermos preservar cada etapa de nossas vidas.
Sempre que trato do assunto suicídio lembro-me de Pedro Navas, mente brilhante, médico e escritor que desencantou-se pela vida pondo-lhe termo, sozinho, enfrentando, talvez, a mistura da dor, da saudade, da solidão! Quanto de produtivo poderia ter fluido, ainda, de sua pena! Quantos enfermos poderia ter tratado! Quantos corações consolado! No entanto, aquele resto de vida foi desperdiçado; um grande potencial perdido definitivamente.
Tudo, porém, deve de ter tido de ser assim! Os segredos da vida e da morte, são imponderáveis e quem somos nós para desejarmos julgar o que não conhecemos? O desconhecido nos será inexplicável enquanto não alcançarmos a sabedoria.
Em resumo, deduzo, que, talvez, subjetivamente e subtilmente deva ter passado, por minha mente, algum pensamento funesto e o sonho encerrava a mensagem que comprovava a vida eterna. Foi tal a impressão que o sonho causou-me que produziu uma verdadeira lavagem cerebral, renovando o meu espírito para um recomeço que objetivava a continuidade de uma missão que não poderia ser interrompida sem ser determinada pelo Criador.

A N O N O V O


01/01/1.997


Estamos adentrando o ano de l.997. Despedimo-nos com saudade do ano de l.996 que foi um ano rico em realizações. Tanto no aspecto material como, principalmente, no espiritual. Confiados no poder de Deus e na sua infinita misericórdia esperamos que este ano nos proporcione vitórias como tem ocorrido no passado.
Também podemos agradecer a Deus o encaminhamento da situação política e econômica do país que de uma inflação galopante passou a apresentar índices suportáveis pela população. É verdade que contamos, atualmente, com o fantasma do desemprego que vêm infelicitando muitas famílias cujos cabeças encontram-se desempregados a vários meses. Isso, podemos afirmar, não é um fenômeno brasileiro e sim motivado pela globalização da economia mundial, com a demanda de uma maior produtividade para que cada um possa competir no mercado mundial que cresce.














B U S C A D O O U T R O


O que é e como é o nosso relacionamento? Quais são as implicações em nossa vida afetiva que na realidade podem transformar todo o nosso viver?
É interessante nos colocarmos a pensar nisso, depois de vivermos toda uma vida perdidos em desencontros, mas é justamente por isso que nos vem à mente a necessidade de reflexionarmos o que foi esse longo período, no sentido de realizações, que foram auxiliados ou prejudicados por um relacionamento que não era aquilo a que aspirávamos.
Acho, e penso que a maioria das pessoas concordará comigo, que dificilmente alguém consegue realizar um encontro que o leve a plena realização. Quase sempre as nossas expectativas são frustradas, porque não existe uma sintonia com a pessoa com quem desejamos dividir todo o nosso ser; dividir com ela e ao mesmo tempo somar para que de nossas aspirações fundidas em uma só possa nascer um relacionamento que preencha todas as nossas necessidades.
O homem tem poucas necessidades. Materialmente, possuindo uma roupa para cobrir a sua nudez, um teto para abrigá-lo das intempéries, e apenas um pedaço de pão e água, ele sobreviverá. Não podemos dizer o mesmo quanto ao seu lado emocional que embora, também, não exija grandes coisas, exige coisas de valor: amor, compreensão, carinho, afeto, companheirismo, cumplicidade, sem os quais não será possível sobreviver.
Vejam agora! Contemplem duas pessoas em seu relacionamento, para verificar se cada uma delas está preocupada em satisfazer essas necessidades do seu companheiro! É evidente que não e isso cria a frustração que provoca um vazio psicológico impossível de ser preenchido.
Contemplamos o nosso companheiro e ele nos parece um estranho ao desconhecer, depois de tantos anos de convivência, quais são as nossas expectativas, que são aquelas mencionadas. Existe um alheamento na relação, e pessoas que conviveram juntas, travando lutas, tendo derrotas e vitórias, não se conhecem em suas necessidades. Negam-se umas às outras vegetando em uma vida vazia e quando encontram-se na cama (se é que se encontram porque mesmo deitadas uma ao lado da outra estarão a centenas de quilômetros de distancia) não existe o desejo do aconchego que é uma das coisas mais deliciosas de um relacionamento. Não a procura por sexo e sim a procura de um pelo outro na busca de encontrar o verdadeiro ser que promove a verdadeira união. Tristes, infelizes que somos por negarmo-nos ao verdadeiro amor que é o encontro de duas almas em uma dimensão muito mais elevada do que o mundo em que vivemos. E se não aproveitarmos para usufruir esse dom maravilho que é o exercício de aprendizado dos anjos, como é que iremos habitar o céu?
Precisamos conscientizar-nos que nesta passagem por esta dimensão, ocasião em que temos a oportunidade de conviver com outras pessoas na intenção de tornarmo-nos perfeitos para uma próxima etapa de desenvolvimento, teremos de atingir a maioridade no sentido de estarmos prontos para as etapas seguintes. Se estacionarmos ( e assim estaremos se não crescermos) nos será tirada a oportunidade de partirmos para uma vida onde as nossas imperfeições serão sanadas.
Olhe para o seu parceiro e tente adivinhar quais são as suas aspirações, quais são as suas expectativas em seu relacionamento; você estará descobrindo-o e descobrindo-se para uma vida muito mais alegre e feliz. A felicidade é o encontro de duas individualidades afins que olham para um mesmo objetivo.
B U S C A D A F E L I C I D A D E

06/05/1.997

O amor não tem idade, ele nasce quando duas pessoas encontram-se e sentem uma pela outra a atração que as faz participantes dos mesmos sentimentos, dos mesmos ideais em um desejo de somar as suas personalidades para formar um só ser, rico em manifestações de carinho.
Dentro dessa perspectiva a idade cronológica não terá grande importância pois os dois seres que agora transformaram-se em uma só personalidade surgem no exato momento do encontro; tudo para trás ficará esquecido, para começarem a viver uma nova vida a partir do instante do êxtase.
Muitas vezes fazemos cansativas caminhadas através da vida e não nos deparamos com esse sentimento, embora o estivéssemos procurando a cada passo do caminho. Porque existe uma força superior que faz as pessoas encontrarem-se para que realizem um projeto
preconcebido, que embora não traga a felicidade para os participantes será necessário para a evolução de um ou dos dois parceiros do evento. Esse encontro não será um ato onde nascerá o amor e sim um trabalho desenvolvido para o cumprimento de uma missão. Geralmente presenciamos pessoas vivendo juntas mesmo que o seu relacionamento, comprovadamente, não se apresenta como o ideal para nenhuma delas. Por que, então, permanecem juntas? Essa é uma pergunta para a qual temos muita dificuldade de encontrar a resposta.
Um determinado dia o inusitado acontece e assistimos essas pessoas, depois de cumprirem etapas que as faz crescer psicológica e emocionalmente, desfazerem os laços para que cada uma delas encontre o seu verdadeiro caminho através de outras ligações que lhes trará a felicidade. Será isso pecado, quando a finalidade do ser humano é, na realidade, encontrar esse equilíbrio? De maneira nenhuma! Quando alcançam a maturidade é porque tiveram a paciência e perseverança necessários para cumprirem o que se lhes exigia e assim fazerem jus a passarem a viver uma nova vida que os retemperará para novas realizações em benefício de outros que cruzarem os seus caminhos.
É muito complexo esse jogo de interesses que mesclam-se na mente das pessoas e as faz temerosas de agir, amarradas a complexos de culpa pelas ações que possam ou não praticar. Existem muitos obstáculos a serem vencidos para que o homem possa livrar-se dessas amarras que o prende a situações que não é do seu agrado e o carrega para acontecimentos que nem gostaria de viver. Nem todos conseguem livrar-se desses complexos e em razão disso nunca encontrarão a felicidade sonhada.
Na realidade o que alimenta a vida é a visão de um futuro que poderá trazer-nos a felicidade. Vamos superando etapas sempre vislumbrando a transformação que poderá haver. Se ela não ocorrer ficamos frustrados e sentimo-nos desesperançados.
O que acontece é que temos medo de viver, presos a tabus que foram inventados pelo próprio homem. Deus criou o homem para ser feliz, para amar e ser amado e quando não realizamos esses acontecimentos em nossas vidas, aí sim, estaremos nos rebelando contra o Criador. Raciocinemos sobre isso e racionalizemos um pouco o nosso proceder para que possamos alcançar a felicidade para nós e para aquelas pessoas que nos são afins.



C A R Ê N C I A


21/05/1.995


Em minha carência constante
Sinto falta de afeto
O vazio, neste instante
Substitui o meu amor dileto


A jornada que empreendi
Carregando a cruz dos pecados
Não me fez compreender, até aqui,
O que em vidas havia acumulado.


Mais não suporto, o vazio,
Construindo paixões ao vento
Sem recursos de sublimação


Vivo, do inferno, o estio
Já esgotou o alento
Em meu peito cresce a desilusão.


CRÍTICAS ÁS DIRETRIZES RELIGIOSAS

Ser religioso é pretender contribuir para o aperfeiçoamento de um sistema que comprovadamente doe paz, amor, tranqüilidade e bem estar ao homem.
Será que esse sistema religioso já foi concretizado em nossos dias?
Mesmo que tenhamos certeza de que ainda não existe um sistema religioso compatível com as necessidades do homem, é temeroso nos referirmos a isso porque poderíamos ser taxados de hereges, e mesmo que não estejamos mais nos tempos da Inquisição, poderíamos ser isolados de tal forma que não teríamos mais condições de sobreviver.
Mas é necessário que se explane o assunto para acordar da letargia quantos se acomodaram em um sistema tendo-o como perfeito, segando o seu raciocínio para não enxergar as falhas ali existentes. Na maioria das vezes essas falhas não são vistas porque interessa a alguém encobri-las para que assim possa usufruir dos benefícios da ignorância da maioria dos adeptos.
Iniciei imaginado que um sistema religioso eficiente seria aquele que desse (e não vendesse) elementos formadores de uma boa qualidade de vida; mais que isso, que trabalhasse para que os seus adeptos fossem orientados “politicamente” (por que não?) para estarem aptos a exercerem plenamente a cidadania , para assim influírem na formação político-administrativa do Estado.
É claro que reconhecemos que a pura e simples transformação das estruturas não resolverá os problemas da humanidade; o que resolverá será a transformação do homem. O que temos feito, entretanto é transformar o íntimo das pessoas mais simples que assim colocam-se em uma maior passividade para serem exploradas pelo grande contingente que acredita mais em acumular riquezas que nunca terá oportunidade de gastar. Estes estariam desempenhando, mesmo, o papel de vilões que lhes é próprio, mas existe outro tipo de sangria da economia do povo que é gerada por grupos formadores de grandes organizações religiosas que em seus escaninhos usufruem de mordomias pessoais, através de financiamento de viagens ao exterior e outros quesitos.
Sempre me posicionei como crítico da organização católica, embora tenha sido orientado em seu seio por algum tempo, em minha infância e adolescência. Achava que os padres, que demandam um longo período estudando para cumprirem a sua função, são donos de uma formação acadêmica que os qualifica como ótimos professores e portanto habilitados a ganharem a vida sem viverem da religião. Esse é o problema, entendo que ninguém deveria viver da religião. Cada adepto de uma religião deverá ser, e de fato é, um servidor. Cada um deverá ter uma profissão e ganhar o seu sustento e o de sua família no desempenho dessa profissão. E, exercer os atos religiosos, como todos o fazem, exclusivamente por respeito a sua crença.
O que assistimos não é isso; grupos formam-se e constituem-se em organizações onde alguns vivem regaladamente das contribuições dos seus irmãos, que muitas vezes fazem as suas contribuições em prejuízo das necessidades de suas famílias.
Acho justa a contribuição do dízimo nas igrejas mas, tiradas as despesas essências de manutenção dos locais de culto, o restante se aplicasse na assistência social dos próprios domésticos da fé, primeiramente, minorando as suas necessidades, e, posteriormente, a outras pessoas carentes.


No caso de ser imprescindível a permanência de um líder religioso, como no caso de missões, onde o enviado fica fora de locais que possam proporcionar-lhe o sustento, este poderia receber o necessário para as suas necessidades. Em qualquer caso, nunca o salário do obreiro deveria ultrapassar a média do salário da comunidade. O ofício religioso é de fato um lugar de sacrifício que é exigido daqueles que de fato possuem vocação e não de pessoas que as possam escolher como uma profissão.
As organizações religiosas estruturam-se em dois ramos que são o espiritual e o organizacional.
No primeiro que tem o dever de ministrar ( e ministrar significa servir) aos membros os ensinamentos das doutrinas que regem a conduta dos adeptos, deverão estar engajados todos os irmãos, doando, alem de parte de seus bens para a manutenção da obra para assistência aos necessitados.
No segundo, que é a parte organizacional deverá ser dirigido como se fosse (e de fato é) uma entidade que tem o dever de equilibrar Receitas e Despesas de maneira racional para que seja alcançado o objetivo da entidade. Nesse sentido deverá ser elaborada uma previsão orçamentaria para que os gastos sejam efetuados e controlados por todos os participantes da comunidade.
Os adeptos em geral tem o direito de receber instrução sobre as doutrinas para que esteja bem certo dos procedimentos exigidos de cada participante no campo espiritual. Terminado o aprendizado, quando dominar os conhecimentos, deverá engajar-se no ensino e esclarecimento dos irmãos menos favorecidos como angariar novos adeptos para o grupo. Haverá, assim, uma divisão das tarefas por todos os participantes não sobrecarregando ninguém e não existindo a necessidade de manutenção de “funcionários” pagos.
Os adeptos em geral tem o dever e a obrigação de acompanhar e fiscalizar todos os atos da administração, cuidando para que a receita seja aplicada em benefício da obra e da comunidade. Assim, com a entrega do dízimo não encerra-se o dever de estar sempre cuidando para que o orçamento seja cumprido em benefício da obra, exercendo a fiscalização de tudo que for aplicado em cada item de despesa.
No orçamento que deverá ser aprovado em cada início de exercício deverá ser reservado, no mínimo, 10% de toda a arrecadação, que será destinado à ampliação do trabalho, através de pontos de pregação, congregações e novas igrejas, que por sua vez deverão seguir as mesmas diretrizes.
Condenam-se, portanto, o profissionalismo dentro das religiões, para que possam ser encaminhadas com seriedade, engajando apenas aquelas pessoas realmente transformadas que comporão um exercito a serviço do Criador.
Quando expomos esses fatos, evidentemente estamos tratando unicamente de religiões advindas do cristianismo que herdaram os ensinamentos dos profetas e adotaram a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. É dentro do cristianismo que deverá haver uma transformação das estruturas ao mesmo tempo em que as pessoas transformem-se.
Se trabalharmos nesse sentido, transformando os homens, depois de nos reformarmos a nós mesmo e as nossas organizações religiosas, com certeza Deus poderá nos estar usando para que o mundo possa ser transformado para melhor.




E N C O N T R O N A I N T E R N E T



01/04/1.997




Esta é a história de uma jovem que lutou muito para alcançar o seu lugar ao sol. Pertencia à uma família da classe média que descendia de alemães. Desde pequena sempre foi sonhadora; pertencendo ao signo de Peixes, a sua natureza pedia a introspeção, embora ela tentasse sair de sua casca para alcançar as pessoas que a rodeavam. Nasceu premiada por uma beleza impar: loura olhos azuis tez clara, ou podemos dizer claríssima, desde pequena insinuava-se um corpo bem torneado; a sua boca , de lábios encorpados parecia forrada com calda de cerejas. À medida que crescia mais aformoseava-se atraindo a atenção de quantos cruzassem o seu caminho.
Dona de um personalidade ímpar, sabendo o que queria e lutando para alcançar os seus objetivos, foi vencendo a sua introspeção da infância transformando-se em uma pessoa agradável, com quem era gratificante conviver.
Quando a conheci não sabia nenhum desses detalhes, pois o nosso primeiro relacionamento foi através da Internet, pelo teclado. Quando pelo menos temos a oportunidade de relacionarmo-nos através do telefone, a voz, geralmente, nos revela algumas nuanças da personalidade da pessoa com quem conversamos. É claro que isso não é definitivo, mas no decorrer de um certo tempo vamos notando as entonações que envolvem as emoções e passamos a ter uma oportunidade de análise. Mas “na Internet”, através de um teclado torna-se difícil, ou mesmo impossível, definir o interior das pessoas, que é a única maneira de podermos conhecê-las.
Foi ela que me chamou pela primeira vez, através de uma lista de usuários que encontravam-se ligados no mesmo provedor, (Triarquia) no ABC.
Alô, Márcio Smidht? Você é descendente de alemães?
Sim! Só que eu já cheguei bastante misturado, como a maioria dos brasileiros; tenho em minhas veias sangue português, índio, alemão e, até, italiano.
Eu também sou descendente de alemães, trabalho em comunicações e faço faculdade de jornalismo.
Oh! Que legal! Eu tenho um parente que é jornalista e eu mesmo tenho colaborado em vários jornais e acho maravilhosa essa possibilidade de dizer o que passa-se em nosso íntimo.
A conversa continuou por algum tempo e simpatizei-me muito com a pessoa, que possuía um raciocínio rápido, trazendo prazer à conversa. Engraçado que na comunicação via teclado, não nos damos conta de quem é e como é a pessoa com quem conversamos, nem sabemos se trata-se de um homem ou mulher ( e eu cria que conversava com uma pessoa do sexo masculino) e isso até é bom porque elimina os preconceitos. Até que perguntei, como era o seu primeiro nome , porque para mim Sandreli era sobrenome. Ela respondeu-me que Sandreli era o seu primeiro nome: Sandreli Oschedozenthin, e a minha dúvida persistiu, até que ela me disse ser “apresentadora” de um programa na TV.
Aí foi a vez dela sondar quem eu era, perguntando a minha idade depois de dizer que ela tinha vinte e oito anos. Eu respondi que tinha exatamente sete anos a mais que ela. Isso não a perturbou porque a sua única intenção era conhecer pessoas. Passamos a nos encontrar freqüentemente no teclado e trocávamos idéias sobre as nossas personalidades, os nossos gostos, crescendo uma amizade sólida , mesmo à distância, que está nos obrigando a tomada de outras atitudes para consolidar esse relacionamento.
Embora ela não tenha demonstrado preocupar-se com a idade que lhe dei, percebo, através de perguntas, a sua intenção de saber quem sou e como sou. Eu consegui mais a respeito dela do que ela de mim. Ela me enviou uma foto e é baseada nela e nas informações que obtive através de nossas conversas que fiz a descrição de sua aparência e de sua personalidade e creio que assim é. Mas poderei estar enganado e ao encontrá-la talvez venha a ter uma decepção, o mesmo podendo acontecer com ela, quando eu não me enquadrar no que ela idealizou para que eu fosse.
Finalmente, depois de vários meses de encontros diários através do teclado, marcamos um encontro para o próximo domingo e confesso que estou com muito medo. Os sonhos que alimentei em meu coração construíram em mim um estado de felicidade que nunca experimentei antes. Estou hesitante porque todo esse castelo poderá desmoronar-se e poderei perder esse pouco que tem alimentado a minha vida, porque talvez seja o nosso último encontro e voltaremos para as nossas vidas vazias, presos a frustrações que não mais nos abandonarão.
E se eu não for ao encontro? Mas já tenho feito isso tantas vezes! E recebi um ultimato: Ou nos encontramos ou nunca mais nos comunicaremos pela Internet.
Meus caros leitores, o que é que eu faço, o que vocês fariam em meu lugar?
Ajudem-me, para que . . .


E S T O U D E O L H O E M V O C Ê


Embora tenha de ficar muito distante de você, os meus olhos não cessam de contemplar a sua beleza que sempre me encantou. Felizes daquelas pessoas que podem conviver diuturnamente com você, ouvindo a sua voz, contemplando o seu sorriso de felicidade pelas coisas simples da vida. Viver, assim, ao seu lado é conquistar o paraíso sem mesmo termos que morrer; sim porque o verdadeiro paraíso é não termos de abdicar das coisas que nos fazem felizes.
Eu era feliz ao seu lado e me distanciei para conquistar o mundo, sem perceber que a minha felicidade estava aí, nesse belo sorriso, na tonalidade da sua voz, nos trejeitos tão peculiares dos seus lábios fazendo um muxoxo; transluzindo os dentes de pérolas em uma boca sensual que convidava a ser beijada.
Hoje estou aqui, desiludido pelas desventuras, arrependido pela resolução de me distanciar para darmos um tempo. Que tempo? Tempo de desesperança!
O que me dói muito é que foi você quem me incentivou para que déssemos esse malfadado “tempo”. Será que fui tão ingênuo para não perceber que isso era uma motivação para a sua liberdade, para que partisse à procura de outro amor? Outro amor! Se você, na realidade, nem me amava! Apenas divertia-se com o meu amor exagerado. O que posso fazer? Só assim é que sei amar, sem freios e sem restrições, o coração aberto, a alma em delírio para sonhar com a realidade da esperança que nos frustra, nos machuca por revelar a incompreensão!
Este olhar longo que te procura, mesmo em sonho, revela o amor maior que mesmo morto ainda vive. Vive na esperança do reencontro mesmo que tenha a certeza de que isso é apenas um sonho.
Como eu te amo! E você , a poucos passos, nem percebe a extensão desse sentimento que criou raízes profundas! Mesmo deitada ao meu lado se mantém alheia à minha presença, divagando em marasmo mental; anulando os motivos que teria para , também, me amar. Contra todas as perspectivas de uma luta para reviver o amor, fantasia-se de megera para assustar o seu próprio coração.
É tão suave o amor! Tem sabores angelicais, pois a sua flor só mostra-se no céu, onde os anjos cantam louvores a esse sentimento supremo que primeiro de tudo, Deus sentiu, e achou tão bom que despejou como bênçãos para que todos dele usufruíssem . . .
E você não colheu o seu maná, preferiu prover-se de amargura e ser infeliz na vã procura de si mesma. Caminho esse que leva à desventura.

9/10/1.998/11:13:19

I D A S E V I N D A S

12/09/1.996

- Depois de dois meses passados aqui em São Bernardo do Campo, deveremos ir para Mococa amanhã pela manhã. Foram bons tempos os passados aqui, em que pese o inverno tenebroso que tivemos de enfrentar. A esposa está sentindo-se melhor com a mudança de local; sabemos que isso será passageiro pois assim que ela entrar na rotina voltará a depressão e a vontade de estar em outro lugar. Enfim, como diz o ditado: enquanto o pau sobe e desce as costas descansam.
Essa nossa estada em Mococa será para providenciarmos o que fazer com a casa e transferirmos os nossos moveis para cá. Sei que encontrarei um sol e calor que me dará vontade de lá permanecer, tenho que admitir, porem, que eu também fico dividido longe dos filhos e dos netos. Com toda a certeza o clima e a tranqüilidade que podemos gozar lá são maravilhosos, mas estarmos perto de nossos filhos e netos também é maravilhoso e entre as duas maravilhas teremos mesmo que ficar aqui. Mesmo que não possamos contar com o contato permanente dos filhos e netos, que também têm a sua vida e afazeres, apenas a proximidade já nos conforta. Quando ficamos velhos bate-nos a nostalgia quando estamos longe daquelas pessoas a quem amamos! Na verdade o nosso ego nunca é satisfeito porque também temos pessoas a quem amamos lá em Mococa; a vida separa as pessoas! Antigamente vivíamos todos em pequenas aldeias e tínhamos o conforto da presença de todos os nossos parentes e amigos. Com o progresso tudo passou a ficar difícil; as pessoas tiveram que procurar a subsistência longe de casa e o nosso pequeno mundo foi alargando-se até perdermos algo que nos era precioso.
Sabemos que nem tudo são pesares, a par dos transtornos que o progresso nos trouxe, recebemos muitas vantagens, maior conforto, maior facilidade de nos locomovermos e mais velozmente, encurtando as distancias. A anos atrás quando viajávamos para Mococa saiamos de casa às cinco horas da manhã para apanharmos o trem que saia da estação da Luz às sete horas: viajávamos até Campinas e fazíamos baldeação para a rede Mogiana e chegávamos a Casa Branca às três horas da tarde para fazermos o restante do percurso em uma “jardineira”. No final da viajem estávamos exaustos. Hoje , saindo às 8 horas de casa, de automóvel, chegamos a Mococa às onze horas e trinta minutos, sem correria ,sem cansaço. Nem podemos reclamar que estamos longe de alguém, porque todos estão ao nosso alcance com muita facilidade. Existem, porem, as dificuldades físicas que nos impedem de nos locomovermos com facilidade,; por isso sempre será melhor estarmos todos o mais juntos possível!



I N V E R N O

27/07/1.997


Inverno na marca da estação, inverno em meu interior! O único lenitivo é a música que embala a minha alma impedindo-me de soçobrar. A solidão apertando o meu peito, estabelecendo uma pressão insuportável criando a vontade sempre presente de estabelecer o fim.
Porque criou-se em torno de mim essa atmosfera lúgubre eliminando aquela vontade forte que é a dos vencedores?
Eu sou um perdedor! Ainda que tenha alcançado muitas vitórias, não conquistei aquela que me daria a realização. A vitória do amor em minha vida. Alcancei tantas coisas! E continuo carente por sentir um vazio dentro de mim. Vazio que tenho tentado preencher através de fugas da minha realidade!
Quedo-me sozinho, em um tarde de Domingo, frente a esta máquina que tem sido a minha companheira. Companheira fria por não abrigar os sentimentos que fazem o homem um ser especial, cuja especialidade é sofrer por não saber qual o seu destino.
Mas eu sei qual será o meu destino e anseio alcançar o período em que estarei livre de todas as chagas. Não chagas de amor, porque estas, mesmo que nos machuque construi algo em nós para que nos consolidemos como ser humano e gozemos a felicidade, e sim chagas de não possuir um grande amor que me arrebatasse a alma e me transformasse em um elo inquebrantável com o poder supremo. É certo que o alcançarei, um dia, na plenitude do viver, sabendo que alcancei a vida que é eterna, para que continuemos a construir os degraus necessários para a evolução espiritual.
Aqui estou eu, remanescente do que fui; resto do que o presente doará para o amanhã. Desejo completar este ciclo de vida realizando algo que possa redimir a minha alma. Completar uma carreira que completa mal se iniciou. Muito falta a caminhar, por caminhos longos e estreitos, buscando a mim dentro de mim, no desejo de encontrar algo que me satisfaça e acrescente valor aos sentimentos.
Aqui estou eu, neste Domingo frio e solitário, sozinho diante de minha companheira, a derramar os meus anseios, no afã de preencher o vazio cesto que a vida me entregou!


J U L I A N A

23/07/1.997
Juliana é uma jovem com quem cruzei em uma noite em que viajava pela Internet. Não conversamos muito, mas aconteceu algo que parece ter nos ligado por um entendimento mútuo.
É bem interessante como essas coisas acontecem e percebemos em uma pessoa que nem conhecemos pessoalmente, alguma coisa que nos aproxima emocional e psicologicamente. Assim foi esse caso com a Juliana. Foi uma conversa bastante simples mas que a colheu em um momento em que havia tomado, talvez, a decisão de sua vida. Ela precisava contar a alguém esse acontecimento e coincidentemente me chamou pelo BBS. Depois de algumas palavras iniciais ela me disse: Tranquei a matricula na faculdade para fazer aquilo que realmente desejo. Vou fazer Educação Física.
Conversamos por alguns instantes e nos despedimos. Senti que ela continuou a ocupar espaço dentro de mim. Não sei dizer em que parte. Será que foi em meu subconsciente, em minha mente, ou aprofundou-se mais para tomar conta de meus sentimentos e fixar-se no coração? Não a esqueci embora nunca mais nos encontrássemos nem através do teclado do computador.
Porque nos ocorrem essas fantasias, tomando conta de todo o nosso ser e vemos nascer um amor impossível, para nos fazer sofrer pela impossibilidade de realização?
Cremos que isso faz parte de nossas carências. Um coração ardente, necessitando receber afeto sem encontrá-lo, terá de construir castelos mesmo sabendo que eles serão destruídos pelo tempo que correr. Um coração solitário, não encontrando o amor em seu caminho, e aspirando pela ventura de ser querido, de ser amado, só pode amar às escondidas, procurando na solidão o encontro com o seu destino.
Mas a Juliana existe! E quantas musas passam pela nossa vida, deixando as suas marcas indeléveis para lembrar a dor de se estar só!
A Juliana existe em outra dimensão, que não a minha, que a encontrei em uma noite de tristeza e abatimento, e recebi, naquele instante, o bafejo da ventura a me visitar, em uma promessa de encontrar o amor.
A Juliana existe como uma fada boa que visita os solitários nas noites longas e frias para aquecer-lhes os corações desamparados. Como fada que é, cumprido o seu dever , parte para as regiões encantadas e esquece-se dos que a amaram em um instante de embriagues interior.
Separada da realidade pela diversidade de dimensões segue a sua vida cheia de prazeres e venturas pela realização dos sonhos dos desencantados.
A Juliana, porém, existe de fato! Ela é uma jovem destemida que é capaz de abandonar o solido caminho que iniciara a palmilhar para agarrar-se ao sonho de realizar aquilo que a fará feliz, que é uma carreira condizente com as suas aspirações mais íntimas. Trancou a matrícula na faculdade para realizar o sonho de ser ela mesma e não seguir uma carreira para a qual, talvez, haja sido influenciada, para satisfazer os sonhos de outras pessoas que não os puderam realizar. Essa Juliana é bem concreta porque conduz o seu destino, assumindo a responsabilidade de errar para procurar acertar.
A essa Juliana que não sei de que, sendo uma mão anônima que tocava com carinho o teclado de um computador, em uma noite em que ela e eu sentíamo-nos solitários, desejando encontrar alguém que nos ouvisse, é que dediquei algo que saiu de um velho coração solitário para homenagear a sua valentia, a sua temeridade perante a vida, com o desejo de que ela realize o seu sonho e que seja boa naquilo que fizer. Que encontre em seu cominho uma fada como ela para que lhe indique, com sabedoria, o local do encontro com o seu príncipe encantado.






M I N H A P A I X Ã O!
07/05/1.995

Não sei exatamente quantos anos eu tinha (talvez uns três ou quatro) quando vivi a minha primeira paixão, aquele sentimento de prazer de estar ao lado de uma pessoa querida. Só hoje posso analisar aquele estado de plenitude que, então, não conseguia compreender.
Dora era o seu nome; fora morar quase em frente de minha casa e logo ao chegar premiou-me com o seu belo sorriso. Com ela, duas crianças, que para o meu entendimento, na época, eram seus irmãos menores, pois ela era jovem demais para ser mãe e nunca encontrei homem nenhum quando freqüentava a casa, que geralmente era no período da manhã ou à tarde ( horário que o seu marido deveria estar trabalhando) porque hoje compreendo que a situação era essa, Dora era casada e mãe daquelas crianças.
Ela cuidava com tanto carinho aquelas crianças, que evidentemente eram seus filhos, e me incluía em seu coração como se, também eu, fosse seu. E como nos amávamos, os quatro! Nunca mais consegui criar em meu peito outro sentimento com a mesma intensidade!
Uma tarde Dora nos reuniu na cozinha e nos serviu um delicioso lanche, depois disse que aquele momento era um instante de despedida, pois no dia seguinte, bem cedo, eles iriam embora para muito longe e que, talvez, nunca mais nos encontraríamos; confortou-nos, dizendo, emocionada, que muitas vezes a vida separa as pessoas que se amam, mas o que importa é o sentimento que continuará sempre vivo dentro de nós.
Quando acordei, no dia seguinte, tudo aquilo parecia ter sido um sonho mau que me causava uma tristeza profunda. Corri para lá, desejando que a realidade fosse outra e apagasse aquela amargura que me sufocava. . . A casa encontrava-se fechada. . .impregnada de tristeza . . .pela ausência de pessoas tão queridas! Senti. . . uma dor no peito, uma vontade . . .de gritar a minha dor . . . mas não fui capaz de emitir nenhum som; ficou somente aquele nó. . .apertado no coração. . . que vai e volta mais nunca desaparece . . .
A casa onde Dora morava era geminada com outra, onde dez anos depois viria morar Walkyria, que faria repetir-se a história e que fez apertar, mais forte, o nó da saudade que nunca me abandona.
Que importa se na vida não encontrei o verdadeiro amor, alguém que me ame de verdade! Conquistei isso no sonho que reside dentro de mim; persiste na saudade que mora em meu coração e às vezes tenta me sugar para o encontro de minha fantasia.
Que bom quando podemos contar com um interior rico em lembranças enebriantes, que sustenta nossa vida até diante da adversidade do desamor; depositório de onde podemos tirar tudo o de que necessitamos e está ao nosso alcance porque está dentro de nós!
Existem coisas, porém, para as quais não encontramos a solução dentro de nós porque encontram-se dentro de outras pessoas; só elas mesmo poderão encontrá-las para a solução de suas carências.
Meu Deus! Ajude-me nesta angústia que vivencio, porque sem Ti estarei só e amargurado. Socorre-me Senhor!





N E C E S S I D A D E D E A M O R

10/06/1.997



Quando não temos um amor
Alguém que seja parte de nosso viver
O nosso coração para de bater
Fazendo definhar o nosso ser


Preciso de alguém
Que me retorne a vontade de sentir
Aquelas ânsias de querer
Quando o coração não pode mentir.


Há! Vida que busco em vão!
Para que não venha a fenecer;
Que me dê amor em vez de pão


As aspirações que vida são
Que me possa oferecer
De uma vez o fim da solidão.


N E C E S S I D A D E D E S A B E D O R I A


03/04/1.997
Desejo falar uma coisa para vocês mas, . . . não venham me dizer que estou puxando a brasa para a minha sardinha!
Estive lendo um artigo sobre uma reunião de um grupo de catedráticos, que estiveram analisando o sistema educacional, tendo chegado à conclusão que os alunos estão ficando muito tempo na sala de aula e não estão tendo tempo de aprender.
Esses sábios descobriram, agora, o que já era do conhecimento geral desde os primórdios da civilização. Nos escritos sagrados, que são as maiores fontes do conhecimento, já são registradas diretrizes no sentido de os adolescentes estarem aos cuidados dos pais, em um ambiente natural, para que pudessem aprender em contato direto com os fatos da vida. Isso é transmitido a Moisés (Deuteronômio 6:6-9) para que oriente os pais no sentido de cuidarem pessoalmente da orientação dos filhos e netos.
Salomão, mesmo tendo sido preparado para ser rei de Israel e já sendo um homem maduro quando iniciou o seu reinado, em primeiro lugar pediu sabedoria a Deus, e em uma confissão de humildade, de quem não julgava ser sábio em todos os campos do conhecimento, ao receber a promessa do cumprimento de sua petição, recorreu sempre ao conselho de anciãos que eram aqueles homens que haviam aprendido com a vida.
Em verdade a grande quantidade de informações teóricas que os jovens recebem nos bancos escolares, embora seja necessária, não se faz suficiente para que possam desenvolver um senso equilibrado dos deveres a serem desenvolvidos em sua vida profissional; a par dos primeiros será necessário acumularem outros valores para que possam alcançar uma verdadeira sabedoria, que não é aprendida nos compêndios acadêmicos e sim no contato diário com os fatos da vida. Será vivendo os acontecimentos comuns do homem que poderão aprender, na prática, aquelas qualidades fundamentais que os fará donos de atitudes éticas no desenvolvimento de suas profissões.
Hoje, com a necessidade de tanto o homem como a mulher terem de sair do lar para complementar o orçamento doméstico, as crianças, em tenra idade já são colocadas , no berçário, no maternal, no jardim I e II, no pré-primário que depois tem continuidade com o 1º e 2º graus, a faculdade, especialização, doutorado, transformando-as em super dotadas de conhecimentos teóricos mas carente de conhecimentos da vida,; da evolução da infância, da juventude e da fase adulta, transformando-se em sábios que não tiveram infância, e por isso não tiveram tempo de aprender com a vida, em um desenvolvimento normal que os ajudaria a um crescimento psicológico ordenado que os pudesse transformar em pessoas felizes.
O resultado dessa inversão de valores pode ser notado na desagregação e dissolução da família que sempre apresentou-se como uma âncora segura para o desenvolvimento de
personalidades sadias. A transgressão de normas estabelecidas, com sabedoria, pelo Criador, tem transformado a humanidade em um contingente infeliz, que pela sua própria carência atira-se desordenadamente ao consumismo desenfreado, em um afã de preencher necessidades que nem possui e procurando preencher o vazio da vida com subterfúgios como a infidelidade, o jogo, as drogas, estabelecendo um circulo vicioso que cada vez mais vai carregando as esperanças para um caos.
Creio que, como nos tempos de Salomão, o rei sábio, poderíamos ter hoje, também, em cada cidade, em cada bairro, conselhos de sábios, formado por pessoas vividas que poderiam orientar os nossos jovens para que adquirissem a verdadeira sabedoria!



O M A R

Itanhaem,16/03/1.997




Caminhando na orla marítima, com as ondas vindo, amigáveis, roçar os meus pés, medito sobre a grandiosidade dos mares e o que Deus desejou dizer aos homens quando o contemplassem!
Talvez pela ligação a todos os continentes exista uma mensagem de paz para ser vivida, pelo exemplo de um espírito guerreiro que tumultua os tempos vergastando as costas pedregosas, mas insinua-se mansamente pelas enseadas, para dizer suavemente que existe o amor.
Sepultura que através dos séculos recebeu, em turbilhão, os lutadores, com a incumbência de devolvê-los em data certa para a realização do milagre do renascimento.
Parceiro da lua e dos coqueirais em suaves noites de primavera, encanta os namorados tornando doce o enlevo de morrer no mar.
Triste destino de tragar a esperança da volta daqueles que nas tormentas não resistem ao chamado da morte.
Alegre mensageiro para aqueles que contam com a ventura de novamente receberem o ser amado.
Guardião dos tesouros dos egoístas e dos usurários que preferem empreender a fuga de si mesmo em lugar de traduzir a riqueza em felicidade para os menos afortunados.
Celeiro pródigo que tem o dom da multiplicação para que quanto mais se lhe tira mais sobra-lhe o que oferecer ao homem cansado, ao pobre e fraco, à criança que ainda espera a esperança.
O mar! Ele brinca, ele canta, ele alimenta, ele ama, ele castiga, se enfurece, e amaina a sua impetuosidade e vem suavemente nos beijar os pés, humildemente, sem importar-se com a sua grandiosidade; somente consciente do seu destino que é amar!
Caminho na orla marítima! Caminho pelo caminho de toda a gente. Caminho, também, para o meu destino que é amar . . .


O Q U E S O M O S !

31/03/1.997


Que coisa estranha e misteriosa é o desenrolar dos tempos! Olhamos para trás e não enxergamos mais o passado!
Alguns anos depois de nosso nascimento, quando começamos a perceber as coisas ao nosso redor, contávamos com uma extensa e movimentada presença que nos assistiam, que nos amavam, por sermos parte deles, parte do seu presente! Olhavam-nos como sendo o futuro de suas vidas e nós os olhávamos como o nosso passado. Sim por que é forçoso que tenhamos um passado; o passado faz parte de nossa história , mais do que isso ele é a nossa história. Assim como os nossos ancestrais olhavam para nós enxergando o futuro, nós os olhávamos como sendo a nossa raiz; através deles e de suas vivências havíamos surgido nós, moldados por suas personalidades, por suas lutas, por suas angústias, suas derrotas e vitórias; nós éramos eles, porque estávamos entrelaçados de maneira tal que não existiríamos sem eles; e eles contavam conosco para perpetuarem-se no tempo.
Nós crescemos, evoluímos dentro de nossas possibilidades e de fato representamos o futuro do passado, porém ficamos sem passado porque ele foi dissolvendo-se com o passar dos tempos. Quando éramos crianças, contávamos com uma enorme quantidade de pessoas que estavam ligadas a nós. Eram avós, pais, tios, agregados que nos davam a segurança que necessitávamos para o nosso desenvolvimento mental, psicológico, emocional, para que nos tornássemos pessoas úteis à nossa família e à sociedade. Com o decorrer do tempo foram desaparecendo essas pessoas e isso nos faz sentirmo-nos como se as nossas raízes estivessem sendo arrancadas e a planta que somos nós passando a murchar e sucumbir. Olhamos para trás e não vemos o passado porque ele já acabou-se, estamos apenas nós representando nossos avós, nossos pais, nossos tios, nossos irmãos que já se foram, e a solidão que vivenciamos é sumamente desconfortante. Quando isso ocorre e sentimo-nos sem passado é que já não teremos, também, futuro; vivemos apenas o presente e teremos de esforçar-nos para que ele represente algo importante para aqueles que julgam-nos como o seu passado e que são o nosso futuro. São nossos filhos, nossos netos, que constróem com o nosso passado, o seu futuro.
Assim caminhamos pela vida que é construída pela sabedoria divina e por isso é perfeita em todos os seus aspectos, pois quando jovens temos a força para a luta e para vencermos todos os obstáculos; quando velhos, Deus nos dá a sabedoria das experiências vividas para que nos aquietemos e silenciosamente vamos desaparecendo da vida daquelas pessoas que nos são queridas. A nossa quietude é suplantada pelo vigor da juventude, que não tem tempo de esperar e envolve-se na corrida para a realização, que também é nossa porque nos realizamos em nossos descendentes.
E, um dia é o tempo do jequitibá tombar, para que todo aquele vigor acumulado pelos anos venha temperar o animo das novas gerações para que continue a construir até alcançar aquele objetivo que é idealizado pela tradição. Objetivo para que reine a paz e o amor nos corações!




O U T O N O



20/03/1.997





O Outono chegou junto a uma nova personalidade; sensível, inocente, dentro da sua postura adulta, imaginando que é a idade que provoca o amadurecimento nas pessoas. Carente a ponto de expor-se para tentar encontrar uma correspondência para os seus anseios. Mesmo correndo o risco da incompreensão, caminha a passos firmes para o seu destino, que, crê, seja de felicidade.
Felicidade do encontro transcendental que busca algures sem pressentir que reside dentro de si mesma; procura a ventura de ser amada para construir, junto com alguém, a base sólida e indestrutível de sonhos que tenta viver para sentir-se alguém. Alguém muito especial que seja o ideal de uma vida a dois, que transforme-se em três, quatro, muitos, para preencher o vazio de suas desventuras.
O Outono é tido como a época do amor tardio, da vivência ultrapassada, de pessoas sem futuro. Aqueles que não vislumbram o futuro têm de viver o agora, sem restrições; viver o amor que consegue esse alvorecer da vida, quando tentam nos fazer fugir a esperança, seja constituído de uma transformação e que renasça aquele sentimento acumulado no peito, sufocado pelas desilusões da vida.
Renasce a vida, o poder de viver multiplica-se quando encontramos o amor; mesmo que seja um sentimento anônimo e sem conotação física, nos faz entrar em abstração para podermos entender Platão e a sua maneira de amar.


P E N S A M E N T O S


21/05/1.995

O que é necessário para conviver-se bem é o afeto, o carinho, a cumplicidade; com eles poderemos construir a felicidade, sem isso de nada valem sexo ou bens materiais.

As cobranças excessivas destroem qualquer relacionamento; geralmente são fruto de frustrações recalcadas exteriorizadas fora do tempo certo e dirigidas a quem não é o titular da dívida.


P A R A J U L I A N A




13/06/1.997




Como a mitológica Poliana
Que de otimismo construiu o seu viver
Para vencer e passar a ser;
Assim outro personagem épico
Que ao físico dedica seu lazer,
Sente-se feliz por ver nascer
A heroina do amor, Juliana,
Que em sendo, também, um ser mítico
Nasceu para vencer.


P R A N T O



28/08/1.995


Enquanto ela caminhava
Com seus passos trôpegos
Derramando copioso pranto
Resultado de angústias passadas;
Eu, silencioso, a seguia
Colhendo as sobras da desdita
Que, também, a mim colheu.
Tantos foram os desencantos!
Quando o destino fugidio
Nos separava da felicidade!
Agora colhemos os espinhos
Das plantas que cultivamos,
Negam-nos o perfume das flores.


R E M I N I C Ê N C I A S



07/03/1.997 - 21,42 horas

Analisando o que sou agora e o que era em minha juventude, percebo a evolução que houve em todos os aspectos de minha vida.
Sempre fui muito tímido, daqueles que avermelhava quando alguém se dirigia a mim. As pessoas percebiam essa minha deficiência e aproveitavam-se dela para divertirem-se.
Lembro-me, quando tinha mais ou menos oito a dez anos e havia uma jovem de uns dezoito anos que era caixa da padaria; cada vez que eu ia lá a mesma gostava de divertir-se comigo:
- Ah! que olhos bonitos você tem. Eu vou esperar você crescer para te namorar. Você quer?”
Eu, embutido em minha timidez não era senhor de proferir uma palavra sequer; intimamente pensava, em minha incompreensão que talvez fosse bom usufruir da companhia daquela jovem, que na realidade estava “mofando” de mim. Vários episódios semelhantes apresentaram-se em minha vida e só o que faziam era aumentar a minha dificuldade de relacionamento.
Quando atingi quinze anos e já trabalhava em um escritório de uma grande empresa, e passei a tomar refeições em uma pensão, fui alvo de novas gozações. Tomava refeições na mesma pensão uma , já, Senhora, que passou a sentar-se na mesma mesa comigo. Puxando conversa ela ficou sabendo que eu trabalhava em determinada empresa e que o chefe da seção era um seu primo. E não largou mais de mim.
As poucas ocasiões em que ela não aparecia duas outras jovens tomavam o seu lugar para mexerem comigo.
- A sua namorada não veio hoje?
Eu, todo incabulado, dizia que a referida Sra. não era minha namorada; elas tomavam conta de mim durante todo o tempo da refeição, conversando, muito simpáticas, também insinuando que desejariam namorar comigo, unicamente para me encabularem.
A custo eu vencia aquele espaço de tempo, ameaçando levantar-me, solicitava licença, mas elas me impediam dizendo.
- Nós não lhe demos licença, queremos continuar em sua companhia.
O resultado de tudo isso foi que eu acabei não indo mais àquela pensão em que pesasse o prejuízo de passar a me alimentar nos bares através de sanduíches.
Penso que essa timidez nunca me abandonou. Nunca tive facilidade de tomar uma iniciativa. Para não faltar à verdade houveram algumas ocasiões em que não pude fugir ao “confronto” e fui obrigado a abordar algumas jovens, mas foram ocasiões em que passei por tensões frustrantes. Em uma das vezes acabei me casando depois de onze meses, com a jovem abordada.
Com o casamento fugi dessas situações; envolvi-me com o trabalho, obrigações, responsabilidade, e esqueci dessa minha dificuldade. O importante que a partir de um determinado tempo fui me soltando e, sem perceber, passei a dominar aquela minha timidez e comecei a enfrentar os desafios da vida. Não no relacionamento afetivo e sim no profissional, ganhando condições de empreender coisas que nunca imaginei que algum dia poderia alcançar.
Acredito que todos nós possuímos um potencial interior enorme e que muitas vezes nem temos consciência disso. Quando amadurecemos quando tomamos consciência do nosso ser as coisas começam a mudar dentro de nós, o medo desaparece e passamos a dominar a situação e podemos, até, alcançar algum sucesso naquilo que passamos a fazer. Geralmente não nos damos conta até que em um determinado dia a suficiência emerge do nosso ser e passamos a agir como se fossemos uma outra pessoa.
Assim ocorreu comigo e de uma maneira até engraçada. Surgiu a necessidade de alguém liderar uma situação e nesse momento não tive dúvidas do que eu deveria fazer; assumi, surpreendendo aqueles que me acompanhavam, que embora eram bem mais capacitados do que eu, mas não tiveram a presença de espírito para agir de acordo com a situação. A partir dai, nunca mais tive dúvidas em circunstâncias nenhuma; sempre que o problema surgia eu o enfrentava. Isso ajudou-me a evoluir e daquele menino assustado e tímido de outrora, hoje existe uma pessoa que age e toma iniciativas de acordo com a necessidade.
Mas não desapareceu de todo aquele menino que mesmo com dificuldades de relacionamento possuía um potencial que com o tempo cresceu e o capacitou. Ele continua a existir porque se ele desaparecesse estaria destruindo o passado que justamente serve-me de balizamento para medir o ontem e o hoje. O passado é cheio de coisas deliciosas mas o presente me faz senhor de todas as idades, porque todas as idades que eu vivi estão bem dentro de mim, me orientando para que possa discernir com propriedade tanto às questões sérias como aquelas que fazem renascer a criança que há em cada um de nós para temperar as coisas ruins com as coisas boas


R E V E L A Ç Ã O
02/04/1.997

Em primeiro lugar desejo dizer que hoje é dia dois de abril, não é 1º de Abril!
Nos anos que passei em Mococa aconteceram-me coisas inverosímeis, dessas de a gente contar e parecer ficção. Uma delas foi o caso dos discos voadores! Acho que ainda não contei a vocês, aliás não contei para ninguém, isso era um compromisso que tinha. Agora, decorridos tantos anos, quando o fato , até, já foi praticamente esquecido, penso que poderei contar, sem trair aquela promessa. O caso foi assim:
Havia me mudado a pouco tempo para a casa da Rua Catulo da Paixão Cearense e conhecia pouco os vizinhos. Dentre eles havia um casal um tanto esquisito. Muito magros, altos e, a principal característica era uma cabeça muito pequena, completamente dissociada do restante do corpo, tinham pouco cabelo e ambos eram desdentados. Muito simpáticos, sempre nos cumprimentavam ao passar. Acabamos conversando e nasceu uma amizade entre nós. Eram extremamente calmos, andar hesitante, um tanto bamboleante, dir-se-ia que estavam equilibrando-se em uma corda bamba. Os seus nomes eram Carmino e Mariana. Para mim eles eram marido e mulher, mas depois me disseram que eram apenas irmãos.
Um determinado dia vi Carmino chupando uma laranja. Vejam só, uma coisa tão banal, mas foi esse ato que começou a me revelar o segredo que havia por trás daquele estranho casal. Percebi que ele extraia o suco da laranja com uma espécie de sugadores na altura dos caninos. Confesso que fiquei um tanto assustado, “será que esse homem é um vampiro?” Não acredito na existência de vampiros mas diante daquela evidência passei a duvidar se estaria certo ou não!
Depois de constatar esse detalhe, e penso que por eu começar a prestar mais atenção ao casal, acabei descobrindo outras coisas que no mínimo eram muito estranhas.
O que sei é que acabei ganhando a confiança, principalmente de Carmino, que não tinha explicações para as várias perguntas que lhe fazia e acabou contando-me a verdade.
Ele e a irmã eram os remanescentes da tripulação de um disco voador que havia descido em Mococa no ano de 1.945. Tinham vindo em uma missão de observadores da terra devido a um grande conflito de que tinham tomado conhecimento lá em seu planeta que tinha o nome estranho de “Kúntias”. Quando aqui chegaram o conflito havia terminado. A maior parte da tripulação adoeceu em contato com a atmosfera terrestre e sucumbiu, ficando apenas eles, que foram socorridos por um velho curandeiro que vivia na estrada entre Mococa e São José do Rio Pardo.
Quando o velho morreu eles já falavam e entendiam perfeitamente o idioma da terra, (até falavam um tanto acaipirados) e vieram para a cidade. Ali, com a ajuda de uma funcionária da Prefeitura conseguiram registrar-se e passaram a viver em uma propriedade abandonada que depois lhes foi doada pela própria Prefeitura.
Carmino contou-me que eles eram criaturas assexuadas, que existia muita diferença entre o que se conhece aqui como homem e mulher; eram de outra natureza que dificilmente nós poderíamos compreender. E quando lhe perguntei como se reproduziam tomei conhecimento da coisa mais estranha que jamais ouvi. Disse-me ele: Isso se dá por uma força mental que encontra uma sintonia entre os dois parceiros que vivem um êxtase espiritual de onde advém a gravidez, como a chamam aqui na terra. Se não houver essa sintonia não é gerado o êxtase e nada acontecerá; também quando acontece não é necessário que as duas pessoas estejam juntas, poderá acontecer a qualquer distância. É praticamente uma geração através do espírito imortal, tanto que o ser que nasce tem a mesma característica, por ser filho de um verdadeiro amor, sem nenhum contato físico.
Agora vem a parte mais assombrosa, Carmino me disse que encontrou essa sintonia com várias mulheres daqui da terra e até me indicou algumas que tinham filhos, pasmem, que não apresentavam qualquer dúvida quanto à paternidade. Esse acontecimento de maneira nenhuma mancha a reputação dessas mulheres, que não tiveram qualquer contato físico para que tal acontecesse. (desejo ponderar, que para entrar nessa sintonia algum desejo secreto deve ter havido, o que as faz culpadas).
Um dia Carmino convidou-me para caminhar até o Clube do Vale para me mostrar alguma coisa. Lá chegando parou na beira da lagoa e disse.
Está vendo esta lagoa? No fundo dela é que está a nossa nave na qual, algum dia voltaremos para “Kúntias”. Aos poucos eu estou recuperando-a e agora já está quase pronta.
Perguntei - Mas como é que ela vai sair daí, e como você a está recuperando embaixo da lagoa?
Quando levantarmos haverá apenas um redemoinho e após a saída a lagoa continuará como está, porque as águas que estão por baixo subirão para nivelar tudo novamente; ninguém nem perceberá! Agora venha ver uma coisa.
Me levou para um local cheio de pedras a alguma distância da lagoa, afastou uma grande pedra, não sei com que tamanha força, e surgiu um buraco que entrava para baixo e me convidou para entrar. Eu estava muito assustado, pensando que a sua intenção fosse me matar para que o seu segredo não pudesse ser revelado. Me levou até o fundo onde estava uma porta de aço que ele abriu e penetramos na nave, cheia de aparelhos que eu nunca havia visto nem em filmes de ficção.
Esta é a nossa salvação!
Contou-me do desejo ardente que ele e a irmã tinham de voltar a rever os entes que haviam deixado lá em seu planeta e quanto queria retornar a vê-los, mas, que, agora, a sua volta talvez não sanasse o seu sofrimento porque havia afeiçoado-se a nós e o afastamento passaria a ser, também, um sofrimento. Que seria tão bom se os povos de todos os quadrantes do universo, se amassem e se respeitassem, para que todos pudessem ser felizes!
No mês de maio de 1.995, quando estava fazendo cinqüenta anos, que segundo as suas palavras haviam chegado à terra, repentinamente Carmino e Mariana desapareceram. Foi um reboliço danado, os vizinhos, primeiro acharam que talvez eles estivessem mortos dentro da casa. Acionada a polícia, a porta foi arrombada e encontrados todos os seus pertences, inclusive dinheiro, mas nem sinal deles! e Nunca mais se conseguiu alguma noticia por mais que fossem feitas averiguações.
Em uma manhã dei um passeio no Clube do Vale, rodeei a lagoa, observei bem, e percebi que parecia que ela havia alargado um pouquinho, quase imperceptível, fui até o bloco de pedras e percebi que aquela grande pedra havia afundado com se houvesse desbarrancado para dentro da terra. Ali estava o segredo do desaparecimento de Carmino e Mariana. Silenciei, conforme a minha promessa só revelando esses fatos agora para que todos saibam que “disco voador” existe!





T R A N S C E N D Ê N C I A S



20/03/1.997

O amor e a felicidade são transcendência e como tal só poderão ser alcançadas por aqueles que fizerem da vida uma abstração.
Em tudo deverá ser aplicada a formula abstracionista para que se possa encontrar a sua essência. Se ficarmos no campo objetivo jamais conseguiremos desvendar as causas que provocam os acontecimentos.
O amor, embora provoque transformações físicas e possa fazer fluir as emoções, não se apresenta, nesse caso, com toda a potencialidade da sua transcendência.
A felicidade é o resultado esperado para a concretização de um bem estar físico, moral emocional e psicológico. O físico e o moral contribuem para a realização emocional. A transcendência só chega quando encontramos o nosso próprio “eu”; o que só ocorrerá através de um mergulho em nossa essência, para que assim possamos nos conhecer com toda a profundidade do saber, para sabermos o que queremos. Sem esse conhecimento jamais alcançaremos a plenitude do amor, e sem amar, com todo o ser, jamais seremos felizes.
Vamos realizar o amor em nossas vidas para que sejamos possuídos pela felicidade!




De que serve ao diamante
Ser o que ele é
Se solitário sempre será
Imitando o desiludido amante?



U M R I O Q U E P A S S A . . .

12/08/1.997

Eu sou como um rio que passa por vários lugares, apreciando as paisagens, estabelecendo contato com as pessoas que o rodeiam, diuturnamente, para prover-se do sustento que ele proporciona, depois segue o seu caminho indo vagar por outras paragens a procurar novas aventuras e novos conhecimentos, e assim cumprir o seu destino de andarilho incorrigível das cidades e dos sertões.
Como o rio tenho vagado por muitos caminhos e aportado em muitos lugares para suprir-me de coragem e repartir a minha vontade de amar com aqueles que deram-me o prazer de com eles conviver. Tenho estado em variados lugares e em múltiplas situações e onde quer que fosse envolvia-me em acontecimentos, respirando o ar, tanto das alegrias como das frustrações, de muitos irmãos que lutavam para vencer obstáculos que lhes eram oferecidos. Nessas ocasiões procurei oferecer de mim acima de minhas possibilidades, redobrando a vontade para seguir par e passo os ideais daqueles que me deram a honra de chamarem-me de amigo.
Mas o destino sempre tem-me chamado para que seguisse para outras paragens, a desempenhar novos papeis no cumprimento da missão de sempre participar das lutas e das agruras daqueles que tenho encontrado pelo caminho.
Assim como tenho sido um rio a passar pela vida de muitas pessoas que marcaram seus dons em meu coração, em cada lugar deixei pequenas marcas, nos corações daqueles que em dados momentos entrelaçaram-se comigo em uma prova de amizade inquebrantável que nos unirá pela eternidade. E, embora não possa fazer o tempo voltar para reviver aqueles gratos momentos, continuará o meu destino de andarilho a procura de um abrigo definitivo que um dia alcançarei. Ali será o local do futuro onde nos reencontraremos, como o rio que se encontra fundindo-se com o mar.
Esse rio serpenteia por muitas paragens, desde cidades populosas a selvas inabitáveis sempre a procura do seu destino que ao final encontrará para dormir em paz e então viver uma nova vida cheia de esplendores.
Igualmente eu estou prestes a encontrar o meu repouso para descansar das lutas e passar às lembranças dos tempos que já passaram e que me fizeram tão feliz.
Você fez parte dessa minha conquista! Graças a conhecê-lo pude encontrar-me a mim mesmo e refletir sobre os segredos que a vida encerra. Ao encontrá-lo com o seu coração aberto para receber-me passei a compreender o valor de amar e de poder contar com a amizade daqueles que cruzam os nossos caminhos como enviados de Deus como anjos para nos ajudar na trajetória; trajetória que seria impossível de cumprir sem o amparo amigo a iluminar-nos o caminho.
Até breve . . . até sempre . . .Adeus!



U M A N O V A F A S E


22/05/1.997




Se analisarmos profundamente a nossa existência, perceberemos que a nossa vivência é constituída de fases dispensacionais representadas por períodos de tempo durante os quais realizamos uma determinada tarefa, ou missão. Assim vamos caminhando pela vida, navegando de dimensão em dimensão, relacionando-nos com uma quantidade enorme de pessoas que por um período representam algo de importante, mas que depois passam e diluem-se no passado para em seus lugares surgirem novos personagens com os quais teremos de conviver para a realização de outros trabalhos.
Conosco não seria diferente e temos vivido diversas fases, cada uma delas distinta das demais, nos fazendo renovar conceitos e eliminar tabus que, na realidade foram inventados pelo próprio homem no sentido de impedir que outros fossem felizes.
Durante uma existência de mais de sessenta anos já vivemos alegrias e tristezas e concluímos que todas elas nos fizeram crescer para a formação de nossa personalidade que hoje cremos mais rica do que em etapas passadas, porque é a experiência que nos vai acrescentando sabedoria para podermos melhor discernir. Temos procurado incluir, em nossos trabalhos anteriores, pedaços dessas nossas vivências que somados constituirão a nossa biografia psicoemocional ( está criado o termo) que é aquela nossa ação interior para vivermos emoções através de nosso intelecto. Poderiam dizer que é ficção, mas é diferente porque na ficção os fatos são hipotéticos enquanto o “psicoemocional” não é inventado e sim vivido interiormente por cada pessoa. Talvez muitos não tenham se dado conta de que vivem essa vida paralela realizando, talvez, mais do que em suas vidas reais.
Eu tenho exercitado muito a meditação e mergulhado para o interior para viver esse outro lado da existência rico em realizações. Ali, no mais profundo de nossas almas, não existe culpa nem pecado, porque chegamos à essência do homem, daquela pequena centelha que foi criada perfeita.
Assim como a nossa vida física transcorre por etapas, paralelamente vamos vivendo acontecimentos que construem-se pelas reações dos fatos, gerados, em nosso psicoemocional que apresenta-se muito mais preemptivo por podermos realizar independente de tempo, espaço ou circunstâncias.
Sem desejarmos estipular um tempo determinado, acreditamos que transferimo-nos de fases no período aproximado de dez anos. No meu caso a minha primeira fase terminou aos dez anos, com a morte de meu pai; a segunda aos dezenove com o meu casamento; a terceira aos trinta e cinco anos, quando depois de atravessar por uma crise vi a consolidação de minha família; a quarta iniciou-se aos quarenta e sete anos com a minha aposentadoria depois da qual passei a ter mais tempo para a meditação, havendo enormes transformações em minha vida; a quinta é a presente que iniciou-se aos sessenta e sete anos e irá até . . .



Este trabalho, que evidentemente está ligado aos demais, já faz parte de um outro período de experiência, quando as ilusões já não mais nos atraem e ficamos mais imunes às pressões, tão normais na vida de todo o ser humano. É verdade que a idade nos trás enormes benefícios! Na adolescência, na juventude e até na vida adulta, somos pressionados e conduzidos para caminhos que não são os melhores para nós. Quando chegamos a esta idade (68 anos) já não somos mais alvos de controles e nos livramos das pressões. Por isso o que escrevemos agora deverá ser diferente, em certos aspectos.
A verdade é que embora vivendo mais interiormente, ainda somos influenciados por acontecimentos que ocorrem ao nosso redor, mas já não somos dominados e conduzidos por esses fatos sobre os quais conseguimos perfeito domínio.
Esperamos poder proporcionar, através destas páginas, algum entretinimento e mesmo que as nossas reflexões possam servir de elos que conduzam os leitores a um passeio no decurso de um caminho firme, através dos conceitos emitidos que servirão de balizamento, não para exercer pressão e sim para orientar aqueles que desejem chegar aonde chegamos...
Nós continuamos na função de aprendizes de amor, aprendizes de paz, aprendizes de vida. Oxalá possamos, um dia, formarmo-nos nessas disciplinas, transformar-nos em anjos, para vivermos no céu!


V I A I N T E R N E T

Itanhaêm, 16/03/1.997


Ligo o computador, conecto a Internet, consulto a lista On Line e deparo com um nome conhecido: Paganotti. Chamo-o mesmo não sabendo de quem se trata; só sei que conheci pessoas em Mococa com esse sobrenome.
Alo! Você tem parentes em Mococa? Conheci uma família com esse sobrenome.
- Não! Mas meus avós por parte de mãe eram de lá.
Na Internet ninguém precisa ser ninguém, ao mesmo tempo que quem não está lá, hoje, não é ninguém, em razão de ser ela uma rede que abrange todo mundo e cada um de nós. Brevemente, e isso é já, pelo avanço da tecnologia, quem não estiver ligado à Internet ficará privado de comunicar-se com o mundo e com o seu vizinho.
Identifico a pessoa: Fernanda, formada em Pedagogia; só falta arranjar emprego!
Isso é o mais difícil, com a globalização da economia; com as empresas investindo em novas tecnologias para poderem fazer frente à competição, lá se vão os empregos.
Mas Pedagogia! Ninguém, ou nenhum país pode prescindir de pedagogos para orientarem os seus cidadãos e dotá-los de capacidade para que possam aplicar novas tecnologias sem as quais não teremos progresso. Uma contradição, mas este é o pais das contradições ( não era esta a palavra que desejava usar) Paradoxo! o nosso país é um paradoxo!
O importante é somar mais uma amizade às muitas que nos honram.
Outro dia chamo: Fernanda? Não, é a Andréa, irmã dela. Um breve papo e mais uma amizade consolida-se
Quando comunicamo-nos via Internet nem precisamos ser nós mesmo; poderemos assumir outra identidade, porque as pessoas não estão interessadas com quem e sim na comunicação em si que amplia os horizontes de cada um. Com cada um que nos comunicamos, aprendemos, e eles aprendem conosco alguma coisa mesmo nem sabendo quem somos; se somos branco ou negro, bonito ou feio, gordo ou magro jovem ou já entrado em anos. Existe sempre, em cada comunicação, uma gratificação que nos enche de prazer. Mesmo não sendo exigida a identidade e a verdade essas qualidades transparecem no relacionamento em uma troca de sinceridade.
Uma coisa poderia acontecer: Seria assumirmos personalidades diferentes daquilo que somos: um homem pode passar por mulher e vise versa em uma fantasia que, também, poderá oferecer uma oportunidade de analisar melhor a vivência de outro sexo que não o nosso. Como cada um age em determinadas circunstâncias?
Acima de tudo, o que prevalece é a sinceridade; sentimento que transborda na comunicação daquele que encara a vida com seriedade. A Internet é um novo elo com o mundo, com as pessoas, é uma ligação da vida com a vida.


VISÃO DO FUTURO

13/08/1.997


Estamos chegando ao fim do que nos propusemos para esta “NOVA DIMENSÃO”. Também, depois do que tenho para contar só poderia dar por terminado este trabalho. Na verdade nem sei se estaria aqui se desejasse continuá-lo por mais algumas páginas.
O fato deu-se ontem, anotem bem, foi no dia 12 de Agosto de l.997! Muitas pessoas não dão grande importância a datas mas elas são importantes e, na verdade podem definir pendências que poderão ser levantadas. Não que eu já espere alguma contestação, pois o que vou relatar de fato ocorreu e está ligado a acontecimentos passados que já relatei para vocês. Há! Sim! Me desculpem, eu fico fazendo rodeios e o que todos desejam saber é o que será esse acontecimento tão importante! Como ia dizendo, ontem estava trabalhando em meu computador; deixe-me ver, poderiam ser, mais ou menos 24,00 horas! Na verdade nem estava trabalhando, estava divertindo-me a pesquisar a Internet, quando de repente, sem aviso prévio, apareceu, no monitor, a figura do Carmino. Vocês lembram-se do Carmino? Todos devem lembrar-se do Carmino e Mariana, aquela história ocorrida em Mococa. Imaginem só, o Carmino apareceu no meu vídeo. No começo não o reconheci, estava bem diferente da última vez que o vira, mais jovem, até bonito; agora com uma cabeleira crescida até parecia outra pessoa.
Quando ele identificou-se nem queria acreditar, mas era ele mesmo. Me contou que chegado a “Kuntias” passara por um período de tratamentos intensivos e revigorou-se e já estava em plena atividade relatando os acontecimentos do tempo em que viveu aqui na terra.
Passado o meu susto, de vê-lo na tela do monitor, me esclareceu o porque de sua comunicação e aí está a coisa mais importante que tenho a relatar para vocês. Mas antes me explicou que na realidade não estava em minha tela de monitor e sim comunicando-se diretamente com a minha mente; o fato de o ver dessa maneira tratava-se de uma ilusão de ótica, eu mesmo é que estava projetando a sua imagem através de meu cérebro. Contou-me que apesar de todos os transtornos porque passara a sua expedição não fora um total fracasso, pois através das observações que fizera aqui estavam sendo preparadas outras viagens para que os terráqueos pudessem ser ajudados. Que isso, evidentemente demandaria algum tempo, mas; meus caros amigos, agora sentem em suas cadeiras firmemente porque atrás desse mas vem a coisa que é de arrepiar; mas que, antes que isso ocorresse viria uma expedição especial com a finalidade de me levar em uma visita a “Kuntias”
Desde ontem que não durmo, perdi o apetite e nem sei o que pensar. Não que esteja com medo, aprendi a confiar naquela pessoa nobre que evidentemente não me fará mal algum. Isso porem não deixa de ser assustador. Vou confessar uma coisa, na verdade estou com medo! Penso que todo mundo tem medo do desconhecido e eu, a partir do momento em que aceitar (nem sei se poderei recusar, pois o que me foi dito é que eles vêm me buscar) estarei mergulhando no desconhecido, sem saber sequer se as minhas condições físicas terão a envergadura necessária para enfrentar tal transformação. Sei que os habitantes de “Kuntias” tem um alto grau de avanço tecnológico! O fato de eles virem e voltarem é uma coisa, outra bem diferente será um habitante da terra ir e poder voltar. Assim esse período que me separa da data que terei de partir poderá ser o único tempo em que estarei com as pessoas a quem amo. Imagino que muitas pessoas gostariam de estar em meu lugar, talvez , até, teriam mais disposição do que eu!
Sabem, eu não queria acreditar muito nas coisas que Carmino me disse (Aliás, o nome verdadeiro dele, que usa em seu planeta é Kólys e o de sua irmã (Mariana) é Kanyani) mas teve uma coisa que me convenceu. Ele me falou de uma pessoa que eu não via a mais de cinqüenta anos e que marcou muito minha vida, me deu até o seu nome, não sei como conseguiu saber essas coisas que estavam apenas em meu subconsciente e que mesmo que já as tivesse mencionado em alguns trabalhos, nunca revelei detalhes; pois Kólys me disse que essa pessoa irá participar dessa viagem da terra para “Kuntias”.
Poderei desaparecer a qualquer momento sem deixar vestígio e é por isso que desejo deixar este testemunho, principalmente para que todos tenham consciência de que os habitantes de outros planetas que tem tentado estabelecer contato conosco, e mesmo estado aqui, perdendo um tempo precioso para estudarem as nossas dificuldades, são seres do bem e a nossa ignorância poderá nos fazer repeli-los ou maltrata-los. Eles apenas desejam ajudar-nos naquilo porque já passaram em seus estágios passados para que não tenhamos que sofrer pelas medidas incoerentes que praticarmos.
Estou me despedindo de vocês. Sinto um nó no peito! Meu coração está pequenino porque aprendi ama-los e é difícil de separar-nos das pessoas a quem amamos. Mas de qualquer maneira, mais dia menos dia isso teria de acontecer e o que importa é que estejamos preparados para as transformações que teremos de enfrentar. Acho que estou preparado! Não por meus méritos que são tão poucos e pequenos mas por ter tido a sorte de nascer cristão, e sabemos que para aqueles que professam a religião cristã Deus preparou um caminho através de um plano maravilhoso para que pudéssemos, um dia, estarmos junto a Ele. Esse plano, que encontra-se apresentado nas Sagradas Escrituras, concede-nos a graça de sermos salvos pela fé em Jesus, o Filho de Deus que veio ao mundo para morrer pelo pagamento de nossos pecados. Assim, embora imperfeitos e pecadores, se entregarmos a nossa vida a Jesus e Nele confiarmos teremos garantida a vida eterna. O que mais poderemos almejar?
Nesta despedida, e todas as despedidas são tristes por não sabermos se iremos nos encontrar no futuro, desejo alerta-los que a única maneira de nos encontrarmos e gozarmos da felicidade junto daqueles que amamos em nossas vidas, será irmos todos para o mesmo lugar que nos foi preparado pelo Pai, e o único caminho é Jesus Cristo.
Até a volta aqui em nosso planeta, ou em “Kuntias” onde talvez tenhamos de passar a morar, ou na eternidade onde todos estaremos frente ao Pai para darmos conta de nossas realizações voltadas para o mal ou para o bem!



F I M
Outras Obras do Autor:

Mensagens e Reflexões
Devaneios
Contos Para Ler a Dois na Cama
Minhas Incursões Pelo Jornalismo
Proversando
Contos, Pontos e Contatos
Cartas Vivas
Relendo Cartas
Relendo Cartas II
Memórias de Um Cidadão Comum
Serões em Família
Poesias Reunidas
Frases e Pensamentos
Aconselhamento Matrimonial
Aconselhamento Matrimonial II
Outras Histórias
Outras Mensagens
Textos Para a Terceira Idade
Walkyria
Uma História em Três Tempos
Aconselhamento Matrimonial III

E-Mail: mik346@hotmail.com

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