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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

POESIAS REUNIDAS

POESIAS REUNIDAS

BRUDER KLEIN

Todos os direitos reservados; o conteúdo encontra-se registrado no EDA/Biblioteca Nacional, sendo proibida a reprodução por quaisquer meios, sem a autorização, por escrito, do autor; em qualquer caso deverá ser divulgada a fonte.

Bruder Klein
Av. São João Batista, 384 – Bloco B7/Apto.23
Rudge Ramos – São Bernardo do Campo S P
09635-000 Tel. (011) 457-9987

E-Mail: mik346@hotmail.com

Í N D I C E
PÁG. Título
2 Índice
7 Apresentação
8 Ode a Mococa
9 Minha Terra
10 Sensibilidade
11 Necrológico
12 Então?
13 Jardim de Flores
14 Liberdade
15 Criação
16 Usura
17 The Love Wit's Life
18 Desilusão
19 Saudade - A Luz Que Salva
20 Amor Ideal
21 Paloma
22 Criança
23 Saber sentir
24 Lágrimas
25 O Fim
26 Direito de Sonhar
27 Procura da Verdade
28 Banda na Praça
29 Partir
30 Rolando a Vida
31 Cruel Realidade
32 Fome de Amor
33 Ligação Transcendental
34 Pelas Estradas da Vida
35 Velha Amargura
36 Tempestade
37 Continuando a Procura
38 Vida Fluida
39 Noite de Insônia
40 Quem sou Eu?
41 Carência
42 Drummond, 17 de Outubro de 1.987
43 Cidade e Campo
44 Ouvindo a Natureza
45 Destino Implacável
46 Desesperança
47 Solidão a Dois
48 Perda Irreversível
49 Solidão II
50 Reencontro
51 Doce Espera
52 A M O R
53 Silêncio
54 Novas Esperanças
55 Mito
56 Não Se Vá
57 Recomeço
58 O Último Dia
59 O Ato de Escrever
60 Ombro Amigo
61 Tempo e Espaço
62 Vida Brilhante
63 Eu Vi
64 Quatro Estações
65 Olhando o Passado
66 A Deusa e a Flor
67 Saudade
68 Interligações
69 Adeus
70 Horas Solitárias
71 Maria Claudia
72 Não Tem Voz
73 Chico da Mata
75 Vicejando
76 Emoção Infantil
77 A Flor Divina
78 A Volta
79 São Bernardo
80 Construção Objetiva
81 A Lua
82 Uma História

PAG. Título
83 Me Diga
84 Página em Branco
85 Leitura
86 Ser
87 Corações Desaquecidos
88 Adultério
89 Angústia
90 Por que Dizer?
91 Amadurecimento
92 Nova Perspectiva
93 Cheiro de Infância
94 Musa
95 Caso de Amor
96 Grito
97 Rosemarie
98 Nada Importa
99 Companheira Fiel
100 O Poeta é . . .
101 Folha Manchada
102 Emoção
103 Antigamente
104 Maria
105 Retalhos
106 Procura
107 Desejo
108 Entrudo
109 Viajem Sem Volta
110 Só Saudade
111 Uma Visão Momentânea
112 Reversão
113 Ouvindo o Interior
114 Morrer
115 A Longa Espera
116 Solidão
117 Fazer Amor
118 Pelos Caminhos da Vida
119 Lamento
120 Solidão III
121 Aspiração
PAG. Título
122 Olhar
123 Visão Negativa
124 Interior
125 Coração Amargurado
126 Renascer
127 Palavras
128 Inocência
129 Caminhada Interior
130 Incerteza
131 Aprendiz de Amor
132 Caminho Estreito
133 Saber
134 O Verdadeiro Sentir
135 Revelação
136 Dedicatória
137 Unipresença
138 Mensagem
139 Incerteza
140 Mensagem Cifrada
141 Onde Está a Felicidade?
142 Um Conto que Me Contaram
143 Comentando
144 Abraço
145 Mãe
146 Doação Voluntária
147 Dançando
148 Musas Companheiras
149 Meu Salva Vidas
150 Carências
151 Amor Real
152 Nostalgia
153 Realidade
154 Ligações Energéticas
155 Doação Expontânea
156 Minha Esperança
157 Medo
158 Basta
159 Busca
160 O Amor que Espero
PAG. Título
162 Sonho
163 Relembrando
164 Viajem Imaginária
165 Incertezas
166 Transparência
167 Amigo
168 Amor Oculto
169 Paz Na Solidão
170 Retorno à Dor
171 Rio Tietê
173 Melancolia
174 Ser Ou Não Ser
175 Não Ser
176 Procura
177 Viajem Pelo Tempo
178 Nasce a Esperança
179 Ano Novo
180 O Peso Da Solidão
181 Destino Fugidio
182 Vida Imprecisa
183 Amanhã
184 Carência
185 Necessidade de Amor
186 O Mar
187 Para Juliana
188 Pranto
189 Diamante - Nenhuma Esperança
190 Meu Pai
191 Final
192 Despedida
193 Miragem de Um Sonho
194 Desencontro
195 Adeus
197 Sem Título
198 Coração Vazio
199 Amor Maior
200 Resposta
202 Segredo
203 Relação de Outras Obras do Autor


A P R E S E N T A Ç Ã O

Reunimos aqui a maior parte das poesias espalhadas pelos nossos outros livros. A nossa maneira de escrever tem sido alternando textos poéticos com a prosa, justamente para que a leitura não apresente-se cansativa. Entretanto, existem pessoas que gostam apenas de poesias, dispensando outros textos escritos em prosa; se bem que hoje a prosa confunde-se com a poesia. Não esperem encontrar qualidade literária no trabalho apresentado por tratar-se de produção expontânea, que têm nascido como produto do nosso viver cotidiano. As poesias, antes de estarem presas a técnicas literárias prendem-se mais à emoção criada pelos acontecimentos da vida. A vida apresenta-se com o conteúdo de uma poesia em determinados momentos, enquanto em outros é o drama que toma conta dos acontecimentos. Se analisarmos a poesia, poderemos perceber que o drama sempre está presente, porque a inspiração sempre nos nasce por uma motivação de momento, espelhando acontecimentos e sentimentos que nos dominavam enquanto anotávamos para compor uma poesia, ou qualquer produção literária. O Ser humano tem necessidade de estar exteriorizando, as emoções, para que não transforme-se em uma bomba, que ao explodir poderá causar grandes contrariedades, tanto a nós mesmo, como àqueles que nos rodeiam, e que nos são tão caros. Assim, colocamos no papel tudo aquilo que os condicionamentos nos impedem de viver, e de dizer. É claro que tudo é apresentado através de símbolos a que poucas pessoas estarão preparadas para interpretar.
Esperamos que você integre-se no espírito que norteou este trabalho e que possa colher um bom entretenimento.

Bruder Klein



O D E A M O C O C A



Te conheci em minha juventude,
Em ti reconheci virtudes;
Sonhos vivi, projetei meus ideais
À sombra de tuas palmeiras imperiais.

Oh! Mococa, a ti confesso meus amores,
Ao teu povo irmão ofereço o coração;
A Deus elevo, por ti, minha oração,
Para que jamais mal algum lhes cause dores.

Ao fruto do teu solo me juntei,
No ventre do amor a vida fecundei.
No teu povo encontrei a amizade,
Que no peito expandiu-se em fraternidade.

Como filho a bela terra amei,
Aos irmãos mil afetos externei.
Do povo irmão recebi o abraço,
Temperado, mais forte do que o aço.

Vivi feliz em tuas ruas, em tuas praças,
Aí enfrentei lutas, alcancei graças;
Respirei das matas o ar oxigenado,
À noite, maravilhou-me o céu estrelado.

Hoje distante me encontro do teu solo,
Embalado queria encontrar-me em teu colo;
Em outras plagas, resta-me a saudade,
O amor maior que guardo da cidade.






RR/87


MINHA TERRA


Cidade que eras quando nasci,
Mas que assim não te conheci.
Para o progresso poder receber
A liberdade precisastes perder.

Mas mesmo sem liberdade,
Sem mais foros de cidade,
Ainda conservastes a certeza
De jamais perder a pureza.

Com outras raças caldeastes
A tua cidadania emprestastes;
Em tuas plagas, de baianos a sergipanos
Junto com teus filhos, todos são paulistanos.

Espalhastes, alcançastes o céu
Ao passado longínquo lançastes o véu;
Crianças já não jogam bola em tuas ruas,
Mas, em tuas favelas, jazem nuas.

De humana e pacata mudastes em cruenta,
Da Santo Amaro de ontem só resta saudade;
Anônimos teus filhos perdem a fraternidade,
Nas manchetes, hoje, te chamam a violenta.



RR/09/03/87




S E N S I B I L I D A D E





Quero penetrar, buscar bem fundo
Unir duas almas para que tudo fique junto
Alcançar o ponto onde a sensibilidade
Aflora e estabelece a tranqüilidade.

Viajando nas nuvens da minha fantasia
Busco o elo que eleva e que extasia
Entrelaçar as almas em carinho
Viver o amor em suave ninho.

Um conteúdo que arrepie e que sele
A união carnal da suave pele
Tão necessário para que haja compreensão
E não mais vivamos na ilusão.

Colorindo suavemente a relação
Revelando sincera a intenção
Viver sem solidão um grande amor
Afugentar a incompreensão que causa dor.

Duas vidas juntas prá vencer
Usufruir da primavera a suavidade
Viver a natureza com toda a intensidade
Prá que a flor do amor não venha a fenecer.


N E C R O L Ó G I O


Não lamentem a minha morte,
Antes, invejem a minha sorte.
Se crêem que vivi com amor,
Que este evento não lhes cause dor.

Trilhei ásperos caminhos,
Adormeci em suaves ninhos,
Trabalhei, cansei, vivi, amei,
Tantas nuanças, várias, que nem sei.

Andei procurando a trilha que conduz
Por íngremes caminhos, à luz
Aprendi que onde existe a dor
Imediatamente vemos surgir o amor.

Quando tombamos febris na cama,
Quando nada aqui nos seduz
Percebemos, felizes, que Deus nos ama,
Que para alcançá-Lo temos Jesus.


E N T Ã O ?

Antes era uma vegetação luxuriante. Fruto das fontes naturais ou de chuvas de verão?
Hoje é tudo deserto: A febre causticante transformou aquele oásis de felicidade em agreste região.
Os pássaros se foram! Já não ouvem-se os alegres cantos matinais, nem a sua algazarra ao por do sol.
O rio, que cortava aquelas matas, hoje, visto do alto do monte mais próximo, assemelha-se a imensa cicatriz. Tudo à sua volta é desolação e tristeza; confundindo-se com o cinzento dos sentimentos tornou insensível até as almas dos homens!
Apenas um cacto sobrevive, porque essa planta é como o amor e a tudo resiste e, solitário, espera que algum viajor, sedento, corte-lhe o corpo para saciar a sede. Ainda assim, ferido na carne, com cicatrizes profundas, que nunca param de sangrar, continuará à espera de uma gota de orvalho que o reanime, porque não lhe resta nem mais a esperança de uma lágrima, visto que até os seus olhos secaram.
Em outro jardim, talvez, a primavera continua, porque as flores, volúveis, afeiçoam-se às mãos hábeis dos jardineiros e, transplantadas para outras terras, olvidam o passado e não mais desejam os calorosos beijos dos colibris. Banham-se nas chuvas provocadas pelas nuvens da saudade, mas realçam o seu perfume para a conquista de novos amores.
E eu, que desejaria ouvir novamente o suave canto dos pássaros nas suaves tardes primaveris! É primavera e nada existe. Nem flores nem pássaros. Por mais que grite só ouço o eco da minha agonia debatendo-se nas pedras da desilusão. Tudo é solidão! Não consigo a caridade de um carinho!
Mas, porque?
O espírito que antes povoava estas paragens certamente encontra-se aprisionado no calabouço da dúvida e sem coragem para empreender uma fuga perigosa.
Então!!! Então???


J A R D I M D E F L O R E S

Na vida construímos um jardim de flores
Das emoções da vida vertemos os humores
Das flores do jardim criamos os amores
Que, se não vingam, terminam em estertores.
Sentimentos, mágoas, ilusões,.
Transportam-nos a buscar lições.
Do passado reviver o romantismo,
Manter a vida com muito otimismo.
Buscar viver fora do ativismo,
Reservar-se mais à introspeção,
Manter o espírito vivo, em ação.
Aprofundar a busca, cada um, do Ser,
Contribuir para ver o amor nascer,
Do amor usar para oferecer
A mão firme para suster o irmão.
Que ninguém grite de agonia em vão
Que a todos seja assegurado o sonho,
Que cada vida seja um jardim risonho.
Que a chuva benfazeja e boa
Não caia e penetre a terra atoa
Mas que engravide, fertilize e crie,
Que do seio da mãe terra tire
Não só flores mas o que precise
Para a fome do irmão minorar
Para que não venha a se desesperar
E o medo o faça a vida tirar.
Se construirmos um jardim de amores
Se a vida for profusão de flores
Felizes encerramos nossos sonhos
E a Deus elevamos mil louvores.


L I B E R D A D E





Estendo livre minha alma
Para alcançar o horizonte
Da gloria não procuro a palma
O amor quero derramar igual a fonte.

Que iluminado seja, o futuro, pelo sol
Dando calor, afeto, ao coração
A esperança voltada pro arrebol
A fé viva transluzindo coloração.

Acima de tudo procuro a harmonia
Que dá a paz e tudo tranqüiliza
Quero compor, do amor, a sinfonia
Fazer da vida fúlgida poetiza.

Pelos verdes olhos a esperança que luzia
Do espírito o conteúdo derramava
Transformando a existência em fantasia
A ventura que estiolava-se clamava

Se a alma o horizonte alcançar
Se o amor como fonte derramar
Então no futuro irei confiar
E na ventura livre me lançar.


C R I A Ç Ã O




No princípio criou Deus céus e terra
Esta, porém ,era disforme e vazia
Pelo poder criador ergueu-se a serra
Tudo era trevas mas o Santo Espírito já havia.

E disse haja luz
Fez o dia e o período noturno
Já nesse dia tudo reluz
Separa águas e águas concluindo o dia segundo.

Separa terra e mares
Cria a planta para dar fruto
Criou árvores para purificar os ares
Tudo deu ao homem para que tivesse o desfruto

Da terra criou o ser vivente
Sendo o homem sua obra principal
O animal para fazer este contente
O homem com perfeição sem igual.

Criou Deus o homem complexo
Macho e fêmea para o amor os criou
Para que espalhassem o que Deus semeou,
Para que juntos espargissem os reflexos.


U S U R A



Rudge Remos, 25/02/87



Um mal terrível não tem cura
No egoísmo entrega-se à usura
Por orgulho mata, estraçalha o amor
Sem perceber que frustra, causa dor.


O sentimento transforma-se numa flor
Cuida desse jardim com muito ardor;
Degrada-se, humilha-se, se maltrata
Para a porta escancarar a entrada.


A emoção que tudo leva ao sonho
Tempera o espírito que antes era insano
Arrebata dos sentidos a certeza
Mas eleva, promove a alma à pureza.


O coração que aspira esconder
O amor que abrasa, tentando acender
O fogo eterno da alma, a paixão
Que apaga os sonhos e leva à solidão.


Não permita Deus que a usura
Que com egoísmo e orgulho cause dor
Age Tu que és Deus que cura
Preenche a vida, o coração de amor.


T H E L O V E W H A T I S L I F E


The love what is life
Single alert in the beyond
Because the life divert of the love
And the lost cause the death.


O amor que é vida
Só é vivo no além
Porquê a vida separa do amor,
E a perda causa a morte.


D E S I L U S Ã O



Ah! Que desespero amar, sem esperança de encontrar!
Sonhar sem concretizar.
Silenciar esperando findar.
A agonia represada pelas desilusões da vida.
Neste momento em que as desilusões afloram;
Resultado de múltiplas nuanças,
De cruéis mudanças;
Hora em que morrem esperanças!
A agonia como afiada faca dilacera minha alma.
Já não almejo fama;
Gostaria, sim, de não estar na lama.
Quantas caminhadas empreendi na vida,
Quando vislumbrei o sol brilhante e vi,
Através de reflexos prismáticos,
As belas, suaves cores do arco-íris.
No roxo vi a fé; no verde a esperança;
No azul a harmonia;
No vermelho, que lembra sangue derramado,
Em vez de amor, vi um coração dilacerado.


S A U D A D E


Rudge Ramos,24/02/87


Como de amor uma mensagem
A flor que eu oferecer queria
Seria a mais bela homenagem
De saudade um pleito a Walkyria.


A L U Z Q U E S A L V A


Quando desorientado me vi
Nas encruzilhadas da vida
E rebuscando dentro de mim
Não mais encontrei sinais de afeto!
Sentindo do vazio o desespero
Na desilusão de não mais encontrar
O amor dentro de mim!
E nessa busca desesperada;
Analisando perdas, tramas, frustrações,
Que caracterizaram todo o meu ser!
Já na agonia da incerteza,
Se ainda haveriam sentimentos puros?
No negro túnel da existência reencontro,
Limpo o meu espirito;
Lúcido a divisar a luz.
E para felicidade minha,
Não terem morrido os sentimentos.
Pois descobri, que apesar do vazio,
Uma luz cintila, brilha: Que o amor ainda vive;
Que eu amo você.


A M O R I D E A L


Rudge Ramos, 17/03/87


Desejo dizer sem tom irônico
Mesmo na hora do amplexo
Que o meu amor é platônico
E jamais almeja sexo.


Desnudas de corpo duas almas
É que mais refletem o amor
Jamais esperam palmas
Do físico não precisam tirar suor.


O amor é a fusão de duas vidas
Cujos espíritos se enlaçam e se abrasam
E unidas nunca serão vencidas
Os que se lhes opõem é que se arrasam.


A união que a vida transforma em esperança
E para o futuro caminhando vai vencendo
Guarda do passado, gravada, a lembrança
Mas em tempo algum estará envelhecendo.


O amor derrama-se como fonte
Quando são as almas que se unem em amplexo
Quando é mais forte não procura sexo
E unidas buscam novo horizonte.


P A L O M A


Rudge Ramos 18/03/87


Que a humanidade elimine as bombas
Para que possa almejar a esperança
Que de paz surjam brancas pombas
Para construirmos o futuro da criança.


Para que a nossa Paloma cresça
E a inteligência possa oferecer
E que a mortalidade infantil desça
E a natureza não venha a fenecer.


Que os homens defendam a ecologia
E seja preservado o verde vida
Que não se conserve só a ideologia
Mas que combata tudo que trucida.


Que haja empenho no amor
Para que vivam todos como irmãos
E a fraternidade não seja um favor
Para que felizes todos dêem as mãos.


Que o amor se derrame como fonte
Para que as vidas se enlacem
E as almas se entrelacem
E haja para a criança novo horizonte.



C R I A N Ç A


Rudge Ramos, 17/03/87


Ser inocente, do futuro a esperança
Marcha solene rumo ao horizonte
Eis o destino o que espera da criança
Que ao fim do caminho seja rica fonte


Que de realizações enriqueça a humanidade
Que com presteza defenda a ecologia
Que traga paz, amor, fraternidade
Natureza, paz, amor, em suave trilogia.


A inteligência alargando-se bem firme
Temperando o espírito pras lutas
Qual jequetibá de forte cerne
Que, do alto, reina sobre a imensidão das matas.


Qual idade mais bela contemplamos
Que a da criança os passos ensaiando?
Quando sonhamos e o futuro divisamos
E as aspirações desse ser vamos sonhando.



Da educação a esperança está em Deus
Ele protege a trajetória até ao céu
Os filhos todos recebe como seus
Jamais um inocente deixa ao léu.


Se nosso futuro repousa na criança
O dever nos manda que as ame
Dos percalços jamais alguém reclame
Pois por paz e amor se nos paga em esperança.


S A B E R S E N T I R

Rudge Ramos, 20/03/87

Quando eu chegar ao fim da jornada
E olhando para trás procurar analisar
Quais foram, as realizações
Os ideais que procurei alcançar.



E envolvido pela lembrança
Dos acontecimentos que feliz eu vivi
Então rebuscarei em minha mente
E me aprofundarei em meu ser.


Desnudarei a minh’alma
Procurarei conhecer.
Já não terei a certeza
De tudo entender, de tudo saber.


Procurarei renascer para a vida
Reiniciar e procurar aprender
Os segredos da alma
A buscar a ligação com o infinito



Para extrair do amor a essência
E renovar os meus votos sagrados
De união mística com o Ser
Para então descobrir a verdade


Que antes de pensar em saber
Os mistérios da mente
É preciso maior sensibilidade

Pois antes de saber
É necessário sentir
Para sentir como saber.





L Á G R I M A S

Mococa,31/05/85


Lágrimas, lágrimas, lágrimas!
Emoção, emoção, emoção!
Inundando este poço profundo
De deserdados de coisas boas e más.

Emoção de encontro inusitado
Vivendo um momento de estio
Em que pela solidão visitado
Tenta dissipar o fastio.

Visito visões do passado
Pesaroso de não ter encontrado
Os belos sonhos pressentidos
Que viriam no futuro gerar.

Noto cicatrizes profundas no ser
Tantas que não queria dizer
Marcas de castigo cruento
Profundos, escarpados, cinzentos


Procuro no verde da natureza a verdade
Que através de transcendental
Inspiração fora da cidade
Compatibilize-se com a minha idade.


Anos vividos sonhando a esperança
De realizações concretizadas
Querendo que o amor como uma lança
Acabasse com um ser martirizado.


Do alto da vida contemplo a morte
Que malvada destruiu a sorte
Com lágrimas a emoção morria
Com emoção as lágrimas rolaram.



O F I M


O fim! O que é o fim?
Como será o fim?
Quando será o fim?
Como saberemos quando chegar o fim?
O que sentiremos no fim? Existe o fim?
Deus não teve começo e não terá fim!
O homem é feito à imagem de Deus.
Para o homem não haverá fim!
Deus é eterno! O homem é eterno!
Deus sabe tudo! O homem precisa conhecer.
O homem precisa aprender; para que possa saber.
Para que possa confiar!
Para que se alimente de fé; e armazene a esperança;
E tenha sempre na lembrança, que não terá fim.
Existe algo depois da morte; aí encontraremos melhor sorte:
A paz . . .
Desnudos de corpo, estaremos limpos de espírito,
E tomaremos sentido
De que já passou a dor e só resta o amor.
Sobrará a virtude, para novas atitudes.
E daremos as mãos; e teremos um mesmo pensar.
Para que possa nascer a união
Que nos fará caminhar . . .por caminhos novos.
E possamos alcançar, depois do vôo alçar,
A ligação com o Ser
E assim renascer.



D I R E I T O D E S O N H A R


17/10/87


Não nos arrebate o direito de sonhar
Você poderá desejar material fidelidade
Mas permita que possamos sonhar
E mesmo no sonho a felicidade encontrar

É tão bom sonhar um grande amor
Que existe alguém para nos felicitar
Sem julgar ser isso um favor
E que juntos possamos a vida desfrutar

Somos atingidos pelo desamor
Quando percebemos que o sentimento morreu
Assalta-nos a dúvida, a angústia, o temor
A nossa vida como o amor feneceu

Vivemos sonhando a esperança
De nossa vida poder reconstruir
Mas os sonhos são sonhos
Que a vida insiste em desfazer

Agora o que nos liga à vida
E consiste no elo da existência
É o direito subjetivo e inalienável De desperto ou no sono, continuar a sonhar.


P R O C U R A D A V E R D A D E

Rudge Ramos, 29/08/87

Oh! Deus!
Dá-nos sabedoria!
Para que mais que amar,
Saibamos fazer as pessoas
Sentirem quanto as amamos.
É tão difícil enxergar
Quando precisamos provar!
O amor não é um objeto
Que podemos apalpar.
Ele não aparece ao acaso
E sim ao fim de longa vivência
Pela fusão de duas almas
Quando, acima de tudo, há o desprendimento;
E se torna num sentimento
Que toma conta do ser
Sem mais querer saber
Ou ouvir, do consciente a razão;
Um sentimento que abrasa
E transforma a matéria
Torna a vida em etérea
Eliminando a incerteza.
Dá-nos, Senhor, essa certeza!


B A N D A N A P R A Ç A


Mococa, 16/08/87



Toca, banda; toca um dobrado
Daqueles quentes, bem ensaiados
Acorda meu espírito infantil
De ouvir-te fico assanhado.

Mil imagens percorrem minha mente
Tu te identificas com a banda do meu povoado
Parece, até, que todas as bandas do mundo
São uma banda só.

Olhem o homem do bumbo e o do trombone
Aquele do prato, parece seu Zé do Bonde;
Sax, clarineta, tudo bem ajustado
Até dá gosto ver tanta dedicação


Ha! Que saudade da minha infância
Festa do Divino, São Sebastião
Quanta inocência existia
Quando namoro era de bilhetinho.

Meus olhos extravasam emoção.
Que pena que os anos passaram!
E que haja do passado rompido o elo,
E que nem eu mais exista tal qual era!


P A R T I R




Partir! Partir para uma vida nova!
Deixar as mágoas, amarguras,
Fazer o que der vontade
Procurar mudar, buscar algo realizar.

Tanta luta para até aqui chegar!
Rosas, espinhos, tivemos que pisar;
Engolir mágoas, mergulhar na angústia,
Conhecer o negro e assim mesmo amar.

Amar para não desesperar
Doar de mim sem reclamar
Sem recompensa poder esperar
Vendo a frustração a se instalar.

Quero passar a um outro ciclo
Novos eventos, concretos, criar.
Viver a vida sem divinizar
Misturar-me, com a massa fundir.

Será que a vida me dará nova chance
De reconstruir a partir de estilhaços,
Um novo horizonte espargido de paz
Ver o sol brilhar, iluminando outra vez o amor?


R O L A N D O A V I D A


Mococa, 16/08/87



Rolando a vida sem pudor
Viajei nas asas da ilusão
Sem olhar a necessidade que sentiam
De um gesto de amor os irmãos

Defraudei a vida de sentido
Roubei do inocente a esperança
Busquei só prá mim a ventura
De a felicidade possuir

Não percebi do Ser a mágoa
A dor pelo meu descaminho
Ignorei a luz que Divina fruía
Não senti a mão que em mim pesava

Mas atingido por célere castigo
A Deus roguei, me desse luz
Que pelo sangue de Jesus
Fosse o meu pecado lavado

Transformado renasci prá vida
Superei do passado o mal
Viverei procurando no futuro
A sublime, a doce flor do amor.



C R U E L R E A L I D A D E

Mococa, 12/08/87


Velhinho que volta da roça
Quando o sol já se vai recolhendo
Cantando feliz entra em sua choça
Encontra a velhinha o feijão escolhendo

Já se foram os filhos crescidos
Já se foram até alguns netos
Para outras coisas foram nascidos
Intelectuais, alinhavam alguns sonetos

E o casal que o amor uniu
E que venceu valente o tempo
Conserva do passado a esperança
Da felicidade guarda a lembrança

Quantas lutas travaram no passado
Para o futuro dos filhos garantir
Sonhando que no futuro, entrelaçados
Teriam a segurança por porvir

Agora, esperando juntos a morte
Assoma cruel realidade
Os filhos se foram prá cidade
Sozinhos se quedam em triste sorte.


F O M E D E A M O R


Mococa, 20/08/87



Esta fome incontida
Este desejo de receber afeto
A mágoa no coração sentida
Machuca-me e me transforma em dejeto

O afeto não se pode comprar
Ele tem de nos ser oferecido
Nasce de um coração que quer amar
De um desprendimento consentido

Desejaria assim amar
E no meu caminho encontrar
Corações a derramar
Para minha fome saciar

Meu coração calejou
Nas lidas e lutas da vida
E até agora não encontrou
Em outro ser a guarida

Desejo profundamente amar
Quero o amor espalhar
Sem precisar a ninguém explicar
Por de “meu amor” te chamar.


L I G A Ç Ã O T R N S C E N D E N T A L


Mococa, 15/10/87


Vamos emergir o nosso egoísmo
Vamos envolvê-lo pelo amor Divino
Vamos restaurar a mensagem do evangelho
Para que nos religuemos ao infinito.

Tenhamos bem presente a realidade
De que o homem possuiu e perdeu a capacidade
De experimentar e expressar o verdadeiro amor
Para ligar-se a Deus e viver sem temor

Restaurando a capacidade teremos vida
Não vida física que é transitória
Mas vida em plenitude
Que com Deus durará pela eternidade

Isso não nos transformará
Para sermos melhor homem
Antes de enriquecer nosso intelecto
Trará riqueza para a nossa alma

O caminho para o infinito
Para uma ligação transcendental
É enriquecer a alma imortal
Abandonando o egoísmo e abraçando o amor




P E L A S E S T R A D AS D A V I D A


Mococa, 12/08/87


Ah! Que vontade de me por no estradão!
Abandonar, largar de vez agonia.
Assumir sem lágrimas a solidão,
Não mais querer transformar a vida em sinfonia.

Quando o amor que é vida morreu
Rolando esperanças pelo chão
Quando nossa alma a perda já sofreu
Não mais sacia a fome o simples pão.

Assola-nos a desventura, o vazio,
Debatemo-nos no labirinto da dor
Abate-nos, do inverno, o estio,
Foge-nos a esperança de amor.

Olhamos para trás a rever as ilusões
De mil quimeras que a vida nos traria
Sonhos de amor transformados em aflições
É a realidade que tudo contraria.

Sigo pela estrada sem destino
Talvez ainda encontre suave ninho
O imprevisível amor talvez me dê carinho
Para que ainda ouça suave sino.


V E L H A A M A R G U R A


Mococa, 24/05/87


Lá na capital paulista,
No bairro de Santo Amaro
Quando, na adolescência, eu sonhava
Conheci uma linda menina

A cor dos seus olhos eu nem sei
Mas o seu sorriso comigo guardei
Agora, do fundo do coração.
Prá Walkyria faço uma canção

Em solitário me transformei
Desde que um dia ela partiu
Para Itapeva foi e se escondeu
Outro destino longe de mim escolheu.

Eu cresci amargurado
Por nunca ter o meu amor reencontrado
Minha vida foi marcada de saudade
Minha alma sofreu desamparada

Quase meio século passado
De esperança o coração envelheceu
Quando, logo, meus olhos se fecharem
Levarei esse amor prá eternidade.



T E M P E S T A D E


O vento forte revoluteia
Torna-se cinzento o céu
Estende-se lúgubre como teia
Parecendo mais, de luto, um véu.

Os relâmpagos cortam o espaço
Reboa o estrondo estridente
Recolhe-se a beata em seu regaço
Faz sinal da cruz e trilha o dente.

Cai a chuva igual diluvio
Corre pela sarjeta a enxurrada
Contrastando co’a lavra quente do Vesúvio
Espalha-se fria, enregelada.

Tudo leva com impetuosidade
Lava o céu, retira o cinza.
Logo se espraia pela cidade
O arco-íris esplendido centraliza

A cidade, como jovem índia, sai do banho,
Espreguiça-se divina, sob o sol,
De novas conquistas, ativa, faz o rol,
Relembra já livre, os amores de antanho.


C O N T I N U A N D O A P R O C U R A


Quando. . . A emoção envolve o nosso ser,
Quando o coração dilata-se no peito,
E a pressão empurra e revolve os humores,
E a emoção sobe, transbordando pelos olhos
Umedecendo a face.
A sensibilidade aflora...
Tornamo-nos num filtro que purifica a alma.
Esta se extrapola e envolve o homem físico transformando-o
Regenerando-o e levando-o por caminhos novos.
O passado acaba-se sem possibilidade de retorno,
O presente que é um átimo do tempo esvai-se,
E impossibilitados de prever o futuro,
Transformamos-nos em seres sem perspectivas.
Este rápido momento,
Transforma-se num tempo de saber Divino.
O saber transforma-se em conhecimentos novos,
E buscamos o Ser primeiro,
O Verbo que transmite o amor.
Já não sentimos dor, embriagados de certeza,
De verdade sem saber de que.
Esse momento transforma-se num vazio,
Vazio repleto de incertezas.
Mergulhamos no profundo do desconhecido
Sedentos de uma ligação transcendental.
Conseguimos o elo sobrenatural
Que pára e estende o tempo,
Que delimita e expande o espaço.
Já não somos seres naturais.
Desde que não existe tempo e espaço
Sentimo-nos prisioneiros do universo,
Desaparecidos na imensidão do infinito.
Como voltarmos a seres naturais,
Emergirmos das regiões abissais?
Voltarmos à vida igual,
Sem artifícios de poder gerar,
Acontecimentos tais?
Podermos sentir novamente a emoção,
Criar aspectos normais
E sermos um feliz mortal!


V I D A F R U I D A

Minha vida frui como um rio da Amazônia
Em meu peito pororoca o Solimões
O tédio me abraça causando insônia
Deste mal quero tirar lições

Uma alma criada para o romantismo
Jamais poderia quedar-se na rotina
Agoniza abandonada no ostracismo
Espera a morte, não foge à triste sina

Já se foram os sonhos da juventude
Esmigalharam como poeira do caminho
Mergulhou a alma em profunda quietude
Procura o coração um suave ninho

Desejo a felicidade alcançar
Prá ser dono do destino, lutar.
Quero ser leve para o vôo alçar
Vencer sem ser preciso a vida tirar

Luto para a vida conservar
Vejo na natureza a vida
Assisto triste a devastação que trucida
Sofro porque o homem não sabe preservar.


NOITE DE INSÔNIA

Mococa 15/08/87

Noite quente céu pouco estrelado,
A lua estende seu manto prateado
De minha janela a tudo alheado
Contemplo a abobado estrelada.

Vejo a cidade que descansa
Algumas poucas janelas mostram luzes
São retardatários que ainda chegam
Cansados do dia de trabalho

Logo se acomodam e aquietam
E a noite silencia medrosa
Dir-se-ia que fecha a porta do passado
Abrindo a de entrada de um novo dia

Os galos cantam o amanhecer
Com seus cantos roufenhos
Logo se estabelece a alvorada
Parecendo até uma multidão que grita

Sopra agora um vento gostoso
O sol desponta para iluminar um novo dia
A cidade se agita e se agiganta
Sai o homem-povo para procurar ganhar o pão.


Q U E M S O U E U ?



Mococa, 21/09/87



Quem sou eu?
Quem sou eu que transito pela vida,
Possuído de profunda amnésia?
Quero mergulhar no meu ser
Buscar no eu mais profundo
A verdade da minha existência.
Pairam nuvens esparsas nos ser
E encobrem o que eu queria saber,
Descobrir o que fui no passado,
Para que pudesse ressarcir,
Dos prejuízos, os irmãos ofendidos.
Apagar os males que de mim receberam.
Desejo mergulhar no passado
Para, livre, o presente poder viver,
E espargir para o futuro,
Do amor, os reflexos.



C A R Ê N C I A


Mococa, 23/09/87



Andei mendigando pela vida
Para ver se encontrava alguém
Que me desse amor,
Que me oferecesse alento

Meu coração estava carente
Minha alma quedava-se silenciosa
A própria vida estava ausente
Fugia-me essa chama preciosa.

Contemplava a gente que passava
Esperava ansioso uma destra amiga
Mas só o que se me oferecia
Era, no peito, crucial adaga.

Quero viver um grande amor
Não me satisfaz simples paixão
Esta tão somente causa dor
Deprava a vida e a leva ao chão.

Desejaria encontrar, no meu caminho o amor
Que me amparasse sem ser esmola
Que fosse um sentimento que consola
Que com seu carinho afugentasse a dor.


D R U M M O N D, 17 de Outubro de l.987





A inspiração saiu de férias
Para refazer-se do susto
Vestiu roupas de cores sérias
Protestou pelo que não achou justo.

Por longos anos andara viajando
Gozando, dos esplendores, a paz
Singrando os mares, velejando,
Nas asas da imaginação falaz.

Mas o seu maior prazer
O que lhe dava mais gosto
Era, com certeza, trazer.
À contemplação, daquele menino o rosto.

Menino que cresceu
E de sua cidade se foi
E assim um poeta nasceu
Para cantar o amor, o homem, a flor.

Mas hoje tudo findou!
Dos cânticos só ficou a saudade
Morreu o poeta, foi morar na eternidade,
Como águia seu vôo alçou


C I D A D E E C A M P O



Rudge Ramos,25/02/87



No campo o homem fere e cava o chão
Pensando que na mesa terá pão
Na cidade o operário ergue a obra
Na certeza que prá família terá sobra.


Mera ilusão, logo vem o desengano.
Sai um do campo e vira cigano
Melhor sorte não tem o operário
Com a família vai viver em um tugúrio.


Ao magnata apelam, gritam em vão.
Suas esperanças morrem, vão ao chão.
Enquanto patrão voa para América do Norte
Os dois lamentam triste sorte.


Melhor justiça se faz mister
Para que todos o necessário possam ter
Supérfluo não engorda quem o tem
Mas ao pobre o pouco ajuda e faz bem.


Temos que usar de sabedoria
Fazer patrão e empregados darem as mãos
Criando paz, justiça e alegria
Para que todos vivam como irmãos.


O U V I N D O A N A T U R E Z A

Rudge Ramos,28/02/87


Ouço uma suave melodia
Que a alma transforma em sinfonia
Como orquestra toca a alvorada
Alegre acorda a passarada


O sol desponta no horizonte
Os animais enveredam-se prás fontes
A mata espreguiça-se e estala
Armadilhas arma ao intruso que atrapalha


O sol brilha como oiro
Sai prá capina o crioulo
Cai a chuva que fertiliza
Prá completar o adubo se utiliza


Da terra gera a planta verde vida
Defende-se da praga que trucida
Transforma-se o grão em alimento
Para ao homem cansado dar sustento


Oh! Que bela música se entoa
É a criança que é participante
Nesta terra bela em que cada um é viajante
E a vida toda assim se escoa.



D E S T I N O I M P L A C Á V E L


Rudge Ramos, 20/03/87


Luto contra um destino implacável
Que me trouxe à vida uma tormenta
Procuro livrar-me das correntes
Que me prendem ao passado.


Quantas esperanças o passado prometia
Que tombaram à beira do caminho
Feriram-me mágoas transportadas
Para um coração cheio de carinho


Olhando para trás fico sonhando
Almejando a ventura alcançar
Buscar bem no fundo a lembrança
Do grande amor que fracassou


Quero ver renascer a harmonia
Desejo ver luzir nos olhos a esperança
Para tirar da alma tanta angústia
E para transformar a minha vida


Olhando para frente vejo o amor
Que no passado longínquo me deixou
Volta para que possa preencher
O coração, a vida, até o fim!


D E S E S P E R A N Ç A


Rudge Ramos, 30/03/87


Quando a natureza que é bela
E que é feita para alegrar
Para a criação amparar
E ao homem sempre suster.


Encontra-se com seus protegidos
E rudemente se sente agredida
E assiste morrer a fraternidade
Sentindo o amor que é vida fenecer


Quando o homem só pensa em si mesmo
E tudo faz para enriquecer
Pisando sem piedade o irmão
E, orgulhoso, só dá vazão ao seu ser.


E a criança, abandonada por todos.
Sente perdida a esperança
Fugindo-lhe o futuro das mãos
E, assustada, solta do peito agonia.


Então Deus que é vida se ira
E cura dos inocentes a dor
Castiga sem piedade a mentira
Junto co’a natureza revive o amor.



S O L I D Ã O A D O I S


Mococa, 23/08387


Oh! Angústia da separação!
O vazio de estar sozinho!
Não causado pela morte.
Essa até seria melhor sorte!
Mas presente a sequidão de estio
Que da vida tira todo o brilho.
Do passado vem-nos a lembrança
Da juventude repleta de ilusões,
Saudade dos sonhos projetados
Que pelo futuro foram rejeitados
Tirando do peito a ilusão
E plantando em seu lugar a solidão.
Agora o que nos causa dor
É que não haja mais amor.
Duas vidas juntas, separadas,
Dos corações as portas já fechadas.
Embora as almas tenham sede
E enfermas repousem em sua rede,
Implorando a caridade de um carinho
Para, de amor, criar um ninho;
Um obstáculo veda o caminho;
O orgulho, o egoísmo, a ingratidão,
Que do ser degenera a aptidão.
Lanço meu grito de agonia
Que como bela e triste melodia
Ecoa no labirinto de minhas ilusões.
Procuro no profundo do meu coração,
Para da sede do amor tirar uma oração;
Busco o elo que me liga a Deus
Para que cada ser ligue-se ao que é seu.
Que eu não seja alvo da irrisão,
Que entre nós, a dois, não haja a solidão.
P E R D A I R R E V E R S Í V E L


Mococa, 26/08/87

Eu te perdi no dia em que te conheci.
Talvez porque não soube amar,
Ou não soubesse incentivá-la ao amor.
Mas. . . a realidade, mesmo, é que eu não a amava!
O amor foi feito para os pares certos;
É necessário haver o encontro,
E que as almas se misturem;
Que as pessoas se conheçam
E mergulhem na essência do Ser
Purificando-se . . .
Dando-se umas às outras.
Mas . . .você também não me amava!
Essa é a realidade!
Cruel realidade!
Duas almas enredadas
Duas vidas aprisionadas.
Vítimas da covardia,
Não vislumbram possibilidade de retorno.
Envolvidas pela rotina
Duas vidas se estraçalham.
Eu te perdi . . .
Tu me perdeste . . .
Nós nos perdemos . . .


S O L I D Ã O II


Mococa, Agosto de 1.987


Sou um homem só!
Não que eu não tenha amigos,
Não que eu não tenha pessoas ao meu lado,
E sim porque não estou ao lado delas!
Me esquivo da vida, das amizades!
Não sou como as pedras do caminho!
As pedras do caminho!
As pedras que rolam pelo caminho!
Rolam pela poeira,
E para elas não há esperança.
Mas por certo não gostariam de ser
Como as pessoas que passam
Que costumam dizer
Tudo que sentem
Quando estão a caminhar.
Com um gemido latente
Mostram que não estão contentes
Com a vida que levam.
Reclamam de seus amores
Que não lhes prestam favores.
Lamentam a triste sorte
De se encontrarem sós . . .
Escolheriam fácil a morte!
Embora tenham com quem dividir
E até se possam divertir.
As pedras não são assim,
As pedras que rolam pelo caminho . . .
As pedras que rolam no pó,
Porque as pedras não estão só.
Embora se batam e se firam
Na poeira do caminho
E a si mesmo causem dor
Elas se dão umas às outras
Podem até ensinar ao homem
Os caminhos do amor..


R E E N C O N T R O



Reencontramo-nos na eternidade,
Relembramos o passado com saudade.
Trocamos idéias sobre nossas missões
Despedimo-nos outra vez em ansiedade.


Era mister o sofrimento,
Pois acima de nossos sentimentos,
Urgia o tempo para que em um só pensamento
Partíssemos para a realização de novo evento.


Triste era o que se nos impunha
Embora fundidos em um mesmo ser
Solidificados em um mesmo pensar
Deveríamos seguir por caminhos diferentes.


Para que um ao outro nos encorajássemos
Se nos permitiu um breve encontro,
Retemperamos nossas almas irmãs,
Para em seguida dizermos novamente adeus.


Quão distante hoje nos encontramos
Duas almas gêmeas que se amam tanto!
Você aí cuidando de uma família etérea
Eu, aqui, em igual mister te esperando.


D O C E E S P E R A



A vida se desenrola
Numa doce espera
Sempre chega a hora
Quando não se desespera.


Mesmo que venha a amargura
Mesmo que a vida fique vazia
Teremos a paz bem segura
Ainda poderemos criar a fantasia.


A fantasia nos enche de esperança
Porque nos anima a confiar no futuro
E sempre teremos gravado na lembrança
Que teremos um porvir seguro


A segurança nos trás a certeza
Que uma força nos conduz
Nos orienta e dirige com presteza
E leva-nos para o que nos seduz


O que nos seduz é uma bela vida
Que desenrolamos em doce espera
Tendo a certeza que quem não desespera
Estará seguro nos seio dela.


A M O R


O amor é o encontro de duas almas em um plano superior à matéria. Dizem que os olhos são o espelho d’alma e nós dizemos que a voz é o compasso do coração. É através dos olhos que podemos vislumbrar toda a pureza de uma alma e é através da voz que percebemos a emoção provocada pelo nascimento do amor. Esse sentimento reflete-se à luz, quando os olhos se encontram e as palavras tremulam no labirinto das emoções. Então as almas misturam-se como em uma taça de cristal e transbordam, jorrando como uma fonte inesgotável, porque o verdadeiro amor é imortal.
Porém, o homem, material, sente em si transformações físicas que o fazem modificar o sentimento imortal em matéria perecível e, os influxos sublimes do êxtase terminam em cinzas.


S I L Ê N C I O




“Quando todos te disserem para calar-se, você ainda terá muito a dizer; quando todos te quiserem ouvir você já poderá calar-se”
A resposta do sábio a todas as perguntas é o silêncio. Os que muito falam, geralmente, não apresentam o conteúdo que se esperaria de um sábio, enquanto o silêncio inspira à reflexão para que através dela possamos extrair toda a potencialidade do conhecimento.
Nós, enquanto inseridos no rol de pobres mortais, não conseguimos perceber a fonte da vida, que está além da própria vida. Somente quando compreendermos que a vida se delimita pela eternidade e que o tempo de vida física e o pertencente à chamada morte, são partes de um todo, estaremos preparados para rompermos o silêncio através do próprio silêncio.
Como seres humanos, envolvidos pela matéria, não alcançamos o discernimento necessário para vencermos o tempo e o espaço e aventurarmo-nos no conhecimento de nós mesmo, através do mergulho interior, para o imponderável, que abrange, presente, passado e futuro. Somos observadores da contemporaneidade e a nossa percepção é incapaz de sequer estabelecer quem somos nós. Talvez os filhos dos nossos filhos terão a percepção necessária para saberem quem fomos nós.
A paciência, a paz e a quietude espiritual nos capacitarão a adquirirmos os conhecimentos para não querermos ser o que não somos e julgarmos aqueles que pensamos não serem.
O resto é . . .


N O V A S E S P E R A N Ç A S


Quando ouço a vitrola do vizinho,
Arranhando o disco suavemente
Eu sinto que não estou sozinho
Que ele, de longe, está presente.


As belas modas de viola,
Cantadores do interior,
Alegram a manhã maviosa
Trazendo mensagens de amor.


E eu que estava solitário
Sinto a presença de alguém
Já não sinto aquele vazio
Que ,às vezes, regela a alma


Novas esperanças nascem
Novos planos para o futuro
Retempera-se a vontade
Para alcançar um belo augúrio


Tudo isso foi conseguido
Simplesmente por um elo momentâneo
Doação de um coração de conterrâneo,
Sem mesmo haver argüido.



M I T O



Me apaixonei por uma ilusão,
Quis encontrar o mito construído,
Em momentos de solidão,
Nos idos tempos da juventude.


Me esmerei na escolha de virtudes,
Que coloquei na deusa deslumbrante;
Penetrei até nos pensamentos
Daquela imagem resplandecente.


Guardei, daqueles olhos ternos,
A bela expressão da inocência
Que, como eu, contemplava,
Também, o nascer do amor.


Naquele momento do encontro
Misturamo-nos num elo consentido;
Firmamos um pacto eterno
De sempre nos pertencermos.


Mas, na vida que vivi, então,
Na procura vã de revê-la presente
Mais a vida se fazia ausente
Matando o mito que jamais nasceu.



N Ã O S E V Á




Oh! Figura que se adensa
E envolve-se pela bruma
A fugir de minha presença
A tecer misteriosa trama!


Quero vê-la despida de segredos
Vestida só pela natureza,
Sem tramar sua fuga ou degredo
Antes de mostrar ao todo sua beleza.


Mas, ainda mais desnuda quero vê-la,
Penetrar sem resistência a sua mente,
Conhecer além do corpo a alma
Para, unidos, sabermos o que se sente.


Em delírio místico ligados
Aos sonhos de dias já passados;
E sonhando, ainda deslumbrados
Com o ideal de tempos não vividos.


Espere! Não se vá!
Sem antes procurar saber,
O que tenho a oferecer,
Antes de saber o que é amar!


R E C O M E Ç O



Onde estavas encantada musa,
Enquanto tantas vezes sonhei em encontrá-la?
Eu, triste me quedava visualizando o dia,
Desejando, em um vôo conquistar o tempo,
Em que a possuísse inteira.
Jamais me satisfaria, um dia,
Que me destinasses poucas prendas,
E desviasses, sequer, os pensamentos,
Volvendo-os para ligações estranhas.
Será que como eu, você também,
Sonhava com o amor primeiro?
Que em seu peito nasceria,
Tardio, quando nos olhássemos,
Depois de provarmos a emoção,
De misturarmos o timbre de nossas vozes,
E percebermos, no labirinto dos sentimentos,
Que nascemos um para o outro?
Daqui por diante, é certo,
Embora contra o mundo lutemos,
Pertence-nos o inalienável direito
De, em delírio proclamarmos o amor.
Cumpre-nos neste encontro a ventura
De vidas misturadas
Num envolvimento total.
Reflexionamos sobre o passado
Que não nos ofereceu o esperado;
Revisionamos nossas vidas,
Para que tenha novo começo.


O Ú L T I M O D I A



Um dia, será o último dia,
E um de nós estará contemplando,
Impotente, a mudez do companheiro,
Mesmo conformado, com o coração compungido.


Serei eu, será você
Que vivo contemplará a morte?
Serei eu ou você,
Que terá emudecido o lamento?


Então tu me veras partir
Para o outro lado do mistério;
Em vão procurará reviver,
Os momentos que vivendo não vivemos.


Mas não fique triste
Nem imagines que tudo finda
Que ao calar retiro-me prá sempre.



Mais vivo a vida me conserva!
Aguardando no fim da caminhada,
Estarei feliz te esperando.


O A T O D E E S C R E V E R



O ato de escrever uma carta,
Registrar um pensamento,
Ou escrever uma longa história,
Exige a exteriorização do ser.


É a alma que transborda,
Depois de rebuscar as entranhas,
De buscar no mais recôndito do ser,
Nuanças brilhantes de coisas estranhas.


Buscamos algo inusitado,
Que transforme o presente.
Por antes não termos encontrado,
Aquela que se fez ausente.


O amor cresce em nosso peito,
A emoção espreme o coração,
Sentimos uma dor sem jeito,
E nos escapa uma oração.


Tentamos reter a torrente
Que a emoção não mais prende
O peito dói pela saudade que corrói
E um mar de lagrimas tudo destrói.


O M B R O A M I G O




Que bom podermos contar
Com alguém que nos ouça
Sem querer nos contestar
Para mudarmos nossa história!


Alguém que abra o coração
Para receber bênçãos e mágoas,
Onde despejamos como oração
Na ânsia de desfazer o obvio!


No vão desejo de crer vivo
O sentimento que já se foi!
Tirando da vida o sentido,
Matando no peito a esperança!


De, os belos olhos voltar a ver,
Em uma promessa de amor,
Juras de ainda poder ver,
Na vida, acontecimentos de louvor!


Mas, o simples desejo não refaz
Um sentimento que já morreu
Vencido pelo tempo que correu
Deixando-nos vencidos para trás!


T E M P O E E S P A Ç O



Gostaria de, neste momento que escrevo,
Poder traduzir o sentimento de dor
Que oprime o meu peito
Desejando vencer o tempo.


Desejaria, acima de entender,
Conseguir sobrepujar o tempo
Ser senhor, também, do espaço
Para eliminar as limitações.


Poder realizar a união
De almas que se desejam
De corpos vencidos pelo espaço
De vidas separadas pelo tempo.


Porque o espaço nos separa,
Se o amor nos une pelo sentimento?
E o tempo nos une pela eternidade,
Embora distantes, presente estejamos?


Precisamos vencer o tempo e espaço
Para sobrepujar a dor.
Vencermos pelos elos do amor,
Apagarmos da alma o lamento!


V I D A B R I L H A N T E


Como é difícil transmitir
Os sentimentos secretos
Que não desejamos admitir
Para conservarmo-nos discretos!

Porém isso constituiria o alivio
Para um coração amargurado
Que procura lenitivo
Para um ser desfigurado

Destruído pela desilusão
Esquecido pela ventura
De algo possuir, concretizar
Guiado por mão segura.

Que o leve por caminhos novos
Para colher, além de um dia
Quando pela desdita esquecido
Ainda, a suave flor do amor!

E poder reconstruir lá adiante
O ninho que a falsidade destruiu
E saber que a providência não desistiu
De tornar a vida brilhante!


E U V Í



Na minha Bíblia eu vi
O que o Pai Santo espera de mim;
Paz e amor, e também de você
Para que amando sejamos irmãos.


Ser humilde de espirito
Para gozar o reino do céu
Ser a luz do mundo
Para sobre todos resplandecer.


Derramar minhas lagrimas
E também aos outros irmãos consolar
Ser o sal que tempera
E se presta para conservar.


E mesmo quando injustiçado
Oferecer a outra face
Ainda que seja perseguido
Por todos os meios pacificar


Mesmo que seja tentado pela luxúria
Saber respeitar a mulher do meu próximo
Que seja o meu falar sim, sim; não, não,
Essas coisas todas na minha Bíblia eu vi.



Q U A T R O E S T A Ç Õ E S




Encontrei-a na praia
Amorenando o seu corpo esguio
"Curtindo" o calor do verão
M . . .partiu sem me dizer adeus.

Reencontrei-a na cidade
E a alegria voltou à minha vida
Pois em meu peito crescia a saudade
Mas ela foi-se como as folhas do outono.

Nova alegria me deu o inverno
Estação que gera amor e sensualidade
Por baixo de elegantes agasalhos
Evolava o perfume do corpo macio

Mas foi na primavera
Estação de esperanças e amores
Que explodiu a flor primeva
E misturamo-nos em perfumes e flores

Mas agora tudo findou
De tédio a fantasia acabou
Partimos para lugares estranhos
A percorrer os mesmos caminhos de antanho.



O L H A N D O O P A S S A D O


Quando volvemos o pensamento ao passado
Ficamos querendo que o tempo não haja findado
Porque não tivemos tempo sequer para sonhar.
Por que o tempo não nos deu tempo para alcançar?


Aqueles sonhos tão belos
De coisas que deveriam acontecer
Enfeitar de alegrias a vida
Como os sonhos na hora de acordar.


Encher o coração de amor
Esquecendo que a vida é realidade
E que não há espaço para a ilusão
De vidas em união sublimadas.


Vêm-nos à mente a nostalgia
Por tramas que criam a mentira
Para apagar do peito até a saudade
De um tempo bom que passou.


Por que nos confunde o tempo
Que se interpõe frio para marcar
De amor, de tristeza, de dor,
A vivência de hoje, ontem, amanhã?



A D E U S A E A F L O R


Em um dos dias de minha solidão
Quando da vida pouco espero
Quando se hasteia do desalento o pendão
A dor aprofunda meu desespero.


Do passado retorna à minha mente
A visão de Deusa e de Flor
Revivendo no solo a semente
Inspira a musa, perfuma a flor.


Busco no fundo do meu ser
A deusa nórdica Walkyria
Da primavera a Rosa quero ver
Realizar um sonho é o que eu queria.


As duas preenchem minha desilusão
Uma inexistente como o mito
A outra, sólida afugenta a solidão
Mas sem as duas a cismar eu fico


Quero cultivar a flor real
Pois no mito o tempo corre
E a Deusa Nórdica morre
Mas a Rosa sempre é amor real.



S A U D A D E




Quando deixo São Paulo
Afugentado pelo mau tempo
Querendo livrar-me da garoa
Do cortante vento que regela a alma


Afastando-me da fumaça
De tanto ruído sem graça
Da violência que o humor estraçalha
Do frio em qualquer estação


Então me aventuro pelo mato
Recuso cumprir qualquer trato
Pois antevejo prazeres esparsos
A chamar-me para gozá-los


Além das montanhas verdejantes
Onde a natureza se expande
Coberta por um céu de anil
Brilhando com sol ou estrelado


Mas quando me afasto
E embora anteveja prazeres
Uma dor profunda dilacera meu peito
Já é a saudade a me chamar de volta.



I N T E R L I G A Ç Õ E S





‘ Há um caminho enorme
Entre nós e a eternidade
No entanto liga-se pela mesma estrada
Na qual todos caminhamos


As separações de tempo e espaço
São meras concepções nossas
Liga-se o tempo sem intervalos
Ligam-se os espaços sem lapsos.


As esperanças concretizam-se
Transformam-se em dádivas
Com as quais nos premia a vida
Talvez para nos cobrar depois


Procuramos, nesta estrada sem fim
Encontrar acolhidas amigas
Corações que nos incentivem
Ao fim do caminho chegar.


Mas, qual o nosso destino
Para onde caminhamos nós?
Será que algum dia saberemos
Tudo o que iremos encontrar?

A D E U S




Um adeus é sempre dorido
Ele indica vidas separadas
Vislumbramos um futuro indefinido
A nos esperar no final da estrada.

Essa dor que nos assola, indefinida,
Sem manifestar-se nem se ir,
Deixando o nosso coração pequenino,
Apertado pela vontade de ir também.

Desejamos alcançar cenas passadas,
Fazer renascer outras lembradas,
Ressuscitar a felicidade que se vai
Sem mais esperança de voltar.

Agarramo-nos à despedida
Fazendo dela o elo da esperança,
Algo que desminta a desdita
De vidas que não mais se encontrarão.

Mas essa dor crucificante
O temor de o futuro enfrentar
Cura-se com o tempo
Quando medicados pela saudade.



H O R A S S O L I T Á R I A S


Meu coração é como um relógio antigo,
Já deu muitas voltas pelo tempo;
Rodando em torno de si
Quis alcançar o infinito.


Mas, embora muito caminhemos
E possamos nos adiantar no tempo
Se for em torno de nós mesmo
Jamais sairemos do lugar.


Não seremos nem capaz
De junto a outro ser chegar
E presos em nosso egoísmo
Sempre sozinhos teremos de estar.


Porque o tempo não vence o espaço
Que nos separa de quem queremos amar
O amor só nasce no peito
Quando aprendemos a nos aproximar.


Coração que já deu muitas voltas,
Sem encontrar alguém para amar;
Será que só quando estiveres parado,
Sentirão que também queres ser amado?




M A R I A C L A U D I A


De minha casa, à distancia;
Eu enxergo a sua janela
E aquelas esquadrias coloniais,
Servem de moldura para o meu sonho.


Imagino-a bela e esplendorosa,
Emitindo energias positivas,
No desejo puro e inocente
De também me alcançar.


És para mim a Monalisa
Inspiradora de romance
Que do coração derrama amor
Que humana derrama a alma.


Maria Claudia, personagem de romance,
Que nos ajuda a sonhar;
Encoraja-nos a buscar
A vontade de amar.


Para fundir no amor também o sonho,
Transformando-o em destino risonho,
Fazendo, até, que a Vênus de Milo,
Crie braços para abraçar.




N Ã O T E M V O Z





O negro, mudo,
Segue a orientação
Do dono que o castiga
E não o deixa crescer.


Quem é o dono
De quem deseja crescer
E tem a liberdade
De poder falar?


Quem quer aprender
Para poder ser
Luta pelo seu ideal


Busca a sabedoria
Luta pela liberdade
Para poder vencer.


C H I C O D A M A T A

Se disserem que depois da minha morte, não mais morrerá nenhum seringueiro e que a Amazônia não será devastada, eu morrerei feliz!
Chico Mendes

Deu a vida por um ideal
De ver a vegetação respeitada
Doou a vida feliz
Para que mais mortes não houvessem!
As hordas haviam tomado
As terras dos donos virtuais,
Devastando a natureza
Derrubando as árvores seculares.
Matando tanta erva saudável
Que prestava-se para curar.
Ceifando muitas vidas
De moradores do lugar.
Derramando na terra
A seiva que era vida
Sim, que era a vida da mata.
E o sertanejo lutava,
Reunindo a força dos seringueiros
Para resistir à devastação.
Que pelo mercúrio não fossem
Os rios envenenados,
Tirando a vida da gente
Que vivia no seringal.
Mas a luta feriu a ganância,
De muitos “donos” de terras,
Que não admitiam partilhar,
A riqueza com os caboclos do lugar.
Juraram o Chico de morte,
Este não se acovardou;
Mas às vésperas do Natal
Agiu a mão assassina
A mando dos grandes senhores,
Foi cumprida a jura e a sina.
Mas ao contrário de esmorecer
Cresceu na mata o ideal
E as últimas palavras do Chico
Vararam rápido as matas,
Com repercussão internacional:
Se não mais vai morrer seringueiro
Se a mata não mais vai ser devastada
Mendes deu a vida feliz.
Então deveremos honrar
Essa vida que se deu em holocausto
E como bandeira hastea-la
Para que a luta possa continuar.
Para que nos conscientizemos
Que nos cabe um dever maior
Para as gerações que virão,
Qual seja doarmo-lhes as riquezas
Que nos deu a natureza.
Para isso precisamos
Abandonar a ganância
De sempre mais querer
E contentarmo-nos tão somente
Com o que poderemos comer.
E deixarmos o luxo e o desperdício
Para podermos oferecer
Ao nosso irmão do mundo
Que também precisa sobreviver.
Elevemos o nosso pensamento a Deus
E peçamos inspiração
Para que as ações superem as palavras
Para que deixemos de ser tão racionais
E possamos falar com o coração
E assim nos unirmos
Em uma grande família universal



V I C E J A N D O




Viceja a vil vegetação
Marco indelével da estação
Quando a chuva umedece o solo
E o mato inútil viceja ao sol


Vinda de tristes ais
A vida já sem viço
O triste caboclo, com a enxada
Fere o chão para ganhar o pão


Fraco por falta da merenda
Mistura o suor às lagrimas
Em angustiante desventura


Foge a alegria de sua senda
Morreu o desejo de vencer
Já nem mais viceja a esperança.


E M O Ç Ã O I N F A N T I L


Pai!
Eu sou ainda pequeno,
Não conheço os mistérios da vida,
Nem sei expressar o amor!
Mas talvez quando eu crescer,
Quando o intelecto se expandir,
Possa, ainda, menos saber!
Por isso desejo aproveitar,
Este sentimento inocente,
Que sinto, forte, dentro do peito,
Sem mesmo saber o que é,
Para te dar um abraço bem apertado;
E com emoção derramar,
Em teu coração uma lagrima!
Para que a guardes contigo,
Como dádiva preciosa,
Por toda a tua vida!
Que espero seja infinita!
Pois quando eu chegar lá adiante,
Quando a vida me envolver,
Não sei se poderei ter tempo,
De lembrar-me de você!




A F L O R D I V I N A





No passear risonho de minha vida
Por caminhos de esplêndido florido
Encontrei a flor Divina
E do passado recebi o olvido.


Tal visão bela e resplandecente,
Deslumbrou-me a alma
Num resplendor incandescente
Que mudou a minha vida.


Tentei fugir por vezes várias
Mas na distancia em que me colocava
Mais crescia o amor por Ti
Sufocando o peito a doce mágoa.


Novamente agora e sempre
Volto a ver o Amor Primeiro
Desço do altar Transcendental
Assumo a falta de um elo proibido.


Mas . . .nem me vês embora;
Pois não me amaste antes e agora?
Mesmo que bata as asas em Tua porta
Falta-me a esperança de afogar-me em Teu olhar.

A V O L T A




Jurei manter-me em silêncio
Calar o amor para não incomodar
Mas minha vida transformou-se em cilício
O que me obriga a humildemente voltar.


Procurei preencher o tempo
Saí sem rumo a vagar
Enchi os olhos da visão do campo
Mas o tempo andava mais devagar.


Transportei-me para a cidade grande
Procurando nas luzes o esquecimento
Mas a vida de cavaleiro andante
Não fez que a esquecesse nem por um momento.


Eis-me novamente presente
Para mesmo de longe a encontrar
Fazendo sentir o que se sente
Quando o destino posta-se contra.


Será que o meu sofrimento
Nem ao menos ao amor inspira
Para que o afeto se transfira
Do seu coração ao meu por um momento?



S Ã O B E R N A R D O



São Bernardo, de cidade dormitório
Transformou-se em cidade automobilística
Com incentivo às artes constituiu-se em auditório
É gente boa que aprova e incentiva.


Não só líder da fabricação de automóveis
Que contribui para a riqueza da nação
Para o cenário nacional projeta os moveis
Não para aí, em tudo desenvolve sua ação.


Povo rijo que ao estranho dá a mão
Ao imigrante, feliz abre o coração
Ao pobre sempre ajuda e dá o pão
Descontraído, em uníssono, entoa uma canção.


Tem cuidado extremo da criança
Dando-lhe carinho, esperança, amor
Da sua criança não desfaz a lembrança
Contribui para que ao pequeno não sobre dor.


Nas suas praças divertem-se irmanados
Em suas fabricas constróem a grandeza
Valente e firme defende a natureza
Os corações cheios de amor transformados.

C O N S T R U Ç Ã O O B J E T I V A




O Grande Arquiteto idealiza
Aquilo que será entregue
No tempo certo, na hora precisa
O que à alma humana sugere.


Ao obreiro escolhido entrega
Através da inspiração mental,
O plano elaborado em minúcias
Para que tenha a execução cumprida.


Mas qual será o objetivo
E o que tal plano encerra?
E o material, será tijolo e terra,
Se usará ali o esquadro e a pá?


Não, por certo, meu irmãos,
Que em doce enlevo me ouvem,
No desejo de encontrar a paz,
Pela liberdade, igualdade e fraternidade.



O plano tão solenemente elaborado
Pelo único Grão Mestre do universo,
Terá o dever e honra de construir,
Na alma humana, a convicção de saber-se irmão.


A L U A




Uma brisa soprando suavemente,
Os grilos cantando nos quintais,
As estrelas brilhando às piscadelas,
Na intenção de namorar a terra.


Ainda que o ambiente seja próprio
Para um romance iniciar,
Unindo pessoas ansiosas por viver,
Falta algo para que tudo se complete.


Mas na busca desse quase nada,
Que no entando seria tudo então,
Aprofundam-se os espíritos em si mesmo,
Desejosos de chegar ao inusitado.


E é nesse rápido momento,
De fuga dos sentidos,
Que os namorados entregam-se
Ao doce embalo da fantasia.


Eis que com tênue claridade surge a lua
Como a querer participar da cena
Completando o sonho que envolve
Vidas que desejam se encontrar.

U M A H I S T Ó R I A




O que a história trazia
Em sua trajetória precisa
Embutindo no bojo aventuras mil,
Era a felicidade prá Getulio e prá Luzia.


Então eles se encontraram
Para cumprir um destino
E construírem com alegria
Um lar para os unir.


Transpuseram os obstáculos,
Que em geral se apresentam,
Querendo dificultar
A caminhada emocional.


Embora com pensares heterogêneos
Propuseram-se construir
Novas vidas homogêneas
Para perpetuarem a descendência.


E os rebentos que nasceram
Frutos amadurecidos do amor
Ajudaram a enriquecer,
Entre flores e carinho, aquele lar.

M E D I G A




Qual a resposta,
Que se dará à nossa dúvida?
A existência se desfaz
Na consumação dos tempos?
Ou se conserva
Para alcançar o imponderável,
E projetar-se na eternidade?
Essa a nossa dúvida
E é o que abate humanidade
Pela incerteza que hoje representa
Para o dia de amanhã.
Desejamos separar
O corpo físico
Da essência do viver,
Construindo a esperança
Tão difícil de se ver.
E nesse jogo fascinante
Consumimos o tempo
Que nos resta para amar.
Concretizando assim
O que se chama fim.


P Á G I N A E M B R A N C O





Mário Quintana diz:
Que “O limite do poema é
Uma página em branco”
E nisso colocamos nossa fé.



Pois de fato o poeta
Muitas vezes jaz
Diante do aspecto incolor
A esperar que a musa abra a porta.



Com a alma a sondar a vida
Com o coração buscando a emoção
Para que desencadeie o encantamento



Até que a luz nasça fruída
Fazendo, no papel, correr a mão
Saciando por inteiro o interior.


L E I T U R A


Analise o jogo das palavras
Colocadas nas exposições verbais
Orientadas pela sensibilidade do escritor.
Ouça a doce melodia
No dizer cadenciado
Que procura alcançar a alma.
Mas . . .olhe, também,
Para os espaços entre as palavras,
Nos lugares vazios,
Que representam o silêncio
Na evolução da história.
Experimente ouvir,
Aguçando os sentidos,
A suave voz desse silêncio
E conhecerá o que ali está,
Que foi dito sem falar.
Será onde você
Irá aprender
Sem mais procurar
Os segredos da vida
Que a vida contará
Sem nada te negar.



S E R




Quando sou deixo de ser
O ser que gostaria de ser.
Porque a minha maneira de ser
É diferente de ser.
Só serei o ser que quero
No momento em que deixar de ser
O reverso do que imagino ser.
Mas, afinal, que ser,
É esse ser tão desconhecido
Que ainda que tente ser
Não é possível alcançar?
Somente saberei
Se conseguir chegar a ser
Esse ser místico que está ausente
Mas que está tão presente em mim.
Saio de mim mesmo
Para tentar conhecer
O ser que estava em mim.
Observo o ser, agora ausente,
Que já não é o que era antes.
E o conhecimento que consigo
Não me satisfaz por que
O ser, agora, é estranho a mim.
Então eu volto a ser . . .
Desistindo de deixar de ser.


C O R A Ç Õ E S D E S A Q U E C I D O S

Os corações abandonados
Esquecidos pelo enlevo do amor,
Transformam em seres acanhados,
Traspassados por inflamadas setas,
Os tristes herdeiros da dor.
Desaparecem os ideais
Criados na juventude,
Para, em seu lugar,
Estabelecer-se a frustração.
Por mais que tentemos,
Restabelecer a esperança,
Sentimos que já é tarde
Para recomeçarmos a caminhada.
Com a vontade fragmentada
Pela queda do querer,
Em vão tentamos juntar,
Pelos terrenos por onde passamos,
Os restos enfraquecidos
Que o tempo não absorveu.
Já não resta muito mais o que fazer
Para recompor o que se foi.
Resta, tão somente esperar
Que o coração seja reaquecido
Para ver se revive o amor.


A D U L T É R I O

O punhal que, insensível,
Fizestes penetrar em minhas costas
Alcançou a sua calculada intenção,
Pois não feriu somente a carne,
Foi mais fundo para atingir a alma.
No entanto, foi o corpo que morreu,
Embora conservasse a vida,
E o gesto perverso conseguiu,
Que o sangue que fruiu,
Se transformasse em tristeza.
Tão profunda frustração
Jamais alguém saberá a dor!
Sonhos, esperanças de um puro amor
Rolam no lodo, cujo odor
Afugenta a paz do coração.
Que fiz eu que te adoro tanto,
Para que partisses à procura de outro leito,
Manchando com a desonra
O nosso, no qual vivemos
Momentos de esplendor?
Mas, mesmo a derramar tristeza
Gostaria de contar com a certeza
Que tu, mesmo longe de mim
Possa alcançar a felicidade que sonhou,
E que essa conquistada liberdade
Não a leve a repetires deslealdade,
Para acabar na promiscuidade.
Mas se tal acontecer,
E fores jogada ao desamparo,
Voltes a mim sem receio
Porque do lago de tristeza
Que me deixaste
Ainda construirei o teu futuro.
Mas se já for tarde
E não mais me encontrares
Estarei algures a te esperar
Com as jóias do perdão
E as palmas da saudade.


A N G Ú S T I A



Angústia que nos vem
Do mais profundo do ser
E que ali foi plantada
Pelos revezes que a vida nos deu.



Coisas que desejamos alcançar
E que a vida não nos deu
Criando em nosso interior
O vazio da frustração.



Hoje renascem como sombras
A escurecer o nosso destino
Impedindo-nos de ser feliz



Como nos opormos à essa força negativa
Que torna a nossa vida infeliz
Se não elegermos o amor como final prerrogativa?



P O R Q U E D I Z E R



Quando digo
Por acaso digo algo?
Ou o meu silêncio
É quem fala por mim?
Em minha reflexão
Penetro no fundo do ser
Para procurar saber
Mais do que meu ser
O saber que envolve o Ser.
Alcanço a profundidade
Do que será o reverso
Do conhecimento exteriorizado.
Para onde terei de caminhar?
Para a exteriorização do conhecimento,
Ou para o reverso do meu ser?
Nas incursões que tenho feito
Tentei encontrar o caminho
Que sem subdivisões
Nos conceda de uma vez
Visualizarmos a eternidade
E possamos construir
O futuro que desejamos.


A M A D U R E C I M E N T O


Olho no espelho, não vejo nada,
Desapareceu a imagem
Que em vão desejei criar.
Onde estás, reflexo meu,
Para me revelar, o conteúdo teu,
O reverso de mim mesmo?
O nada se revela
Vazio, pelas fulgurações
Que tiram do ser
Tudo aquilo
Que ocupa os espaços,
Criados para abrigar
As criações transcendentais.
Agora ou antes,
Ou na plenitude do tempo,
Repetir-se-á a transformação
Que encontrará no espaço
A imagem que desapareceu.
Olho a vida, querendo enxergar
O rumo incerto
Que o destino construiu
Para desmentir
O que o futuro não cumpriu;
Estabelecendo o caos
De vidas divididas
Em partes desiguais.
Contemplo a morte
E nela sinto a vida
Que estende-se pela eternidade
Juntando partes
Que perderam-se no tempo.
Agora já domino
A essência do conhecimento
E não repetirei
Os enganos infantis,
Pois já alcancei
O que tinha de alcançar.


N O V A P E R S P E C T I V A

Muitos anos de convivência
Não são prova de compreensão.
Apesar de vivermos juntos,
Não aprendemos a nos conhecer,
E isso nos causa a frustração;
Estabelecendo o desencontro,
De almas que teriam um dever,
De reconstruírem no presente
Tudo aquilo, que no passado,
Deixaram por terminar.
Somos seres tão diferentes,
Querendo construir vidas
Com acontecimentos homogêneos;
Mas só temos capacidade
Para criar em nossas vidas
O vazio da desilusão.
Não te compreendo, nem você a mim..
Olhamos e não nos enxergamos,
Procuramos e não encontramos,
Um caminho comum para nós dois.
Então, embora seja penoso,
Embora nos cause pesar,
Teremos que seguir, caminhos diferentes;
E destruirmos isso que
Levamos tantos anos a formar.
Serei feliz, estarás contente?
Deixando tudo sem voltar atrás?
A saudade, por certo, nos acompanhará;
Estaremos sempre lembrando
Dos pedaços de nossa história;
Das mágoas que sentimos
E, também, dos momentos de alegria.
Porque! Porque isso acontece?
Será que já esgotamos, o rol de possibilidades,
Que poderia um dia, voltar a nos unir?
Não sei! Saberá você?
Vamos tentar?
Se pudermos recolher, os pedaços de ilusão
Que abandonamos pelo caminho,
Talvez possamos reconstruir,
Com amor, a realidade!




C H E I R O D E I N F A N C I A


Tem uma coisa que me persegue
E que até eu gostaria
Que fosse mais veloz do que eu
E de fato me alcançasse.
É uma nostalgia profunda
Em que meu cismar afunda
Querendo voltar atrás.
Reviver meus tempos de menino,
Sentir aquele cheiro de infância,
Viver novamente as emoções
De saber que se é amado.
Minha avó índia Vicência
Por demais versada nas crendices,
Que ao me receber,
Logo com a mão em minha cabeça,
Recitava uma oração;
Cochichando bem baixinho
Só prá Deus a escutar
E me dar a proteção;
E depois, desenrolando o lenço,
Me oferecia uma pataca de tostão.
Minha avó negra Honorata
Que nos serões da casa grande
Revivia as histórias
De sua mãe Justina lá na África.
Mulheres batucando
Por cima de braseiros
Comprovando o poder
Dos fetiches sagrados.
Mas o que eu mais gostava
Era assisti-la
Na confecção de guloseimas;
Doce de abóbora, cuscuz, goiaba,
A cidra, laranja, bom-bocado,
Chouriço,
E a cocada de várias qualidades.
Tudo temperado
Com um ingrediente em extinção
Que ao tempo havia em profusão,
Que saia lá do fundo,
Do fundo do coração;
E adoçava-me a vontade
Fazendo nascer o desejo
De crescer e de vencer.
Por que hoje as coisas não tem
Mais o gosto da esperança?
Por que não sentimos
Outra vez o cheiro que em criança!
Que saudade!


M U S A



. . .! Quem diria!
Depois de passados tantos anos
Ainda sobrevivesse o grande amor
Que nasceu quando te encontrei!


Seu sorriso lindo embalou
A dor que então nasceu
Quando morreu a esperança
No triste dia da tua despedida.


Partido ficou meu coração
Minha voz embargada, já, pela saudade
Repetia insistente a oração
Para que se realizasse o milagre da tua volta.


Mas os nossos destinos eram desiguais
No Alto haviam sido traçados
Caminhos diferentes para nossas missões;
Dever de aquecer outros corações!


Cumprimos fielmente o indicado
Construindo e afagando vidas novas;
Para outros buscamos a felicidade
Para nós só guardamos a saudade.



C A S O D E A M O R


Quando acontecerá
Aquele caso de amor
Que povoou os meus sonhos?
Vivi sonhando o futuro
Na esperança de encontrar
A razão de viver.
Encontrar um amor maduro
Que fosse uma troca real
Entre dois seres
Que buscam alcançar
Os mesmos objetivos.
Seria a realização
E o preenchimento do vazio
Que vem magoando o coração.
Quando acontecerá
Aquele caso de amor
Que seria a razão do meu viver?



G R I T O





Dei um grito tremendo
Na ânsia de ser ouvido
Através do eco que ricocheteou
Pelos labirintos do tempo;
Para alcançar o espaço preciso
Onde reunir-se-ia a assembléia
Daqueles que deveriam
Reunir-se aqui.
E aqueles que haviam sido designados
Começaram a caminhada
Que se prestaria
À preparação
Das qualificações necessárias
Ao cumprimento de uma missão
Profetizada por aqueles
À quem foi dada a visão.
Há quanto tempo,
Iniciou-se essa caminhada!
Colhendo a cada um de nós,
E colocando-nos
Nesta jornada espetacular
Que nos levará
À conquista do universo!


R O S E M A R I E



Uma flor e uma Santa
Este nome encerra
Enfeitando a vida
Purificando a alma.


É a personagem triunfante
Que nasceu algures
E que na ânsia de fazer-se luz
Antecipou-se à primavera.


Em sendo rainha das flores
A sua sensibilidade perfuma o lar,
Com as qualidades de Maria
Transforma-se em mãe ideal.


Rosa e Maria,
Dois símbolos eternos,
Que reunidos na ternura
Transformam-se em suavidade


Rosemarie representa a esperança
De corações que ainda amam
Pois trás a muitos alegria
Enfeitando a Primavera.



N A D A I M P O R T A

Não importa quem eu sou!
Sou uma voz desconhecida,
Resultado de um sopro
Que introduziu-se em mim,
Percorrendo todo o corpo,
Oxigenando o sangue,
Alimentando o coração,
Dando a vida circulante,
Que entranha-se no meu ser,
E volta vibrante
Para atingi-lo pela comunicação.
Não importa quem eu sou,
Contanto que convivamos juntos
A procura de atingir metas
Que possam favorecer
O florescimento do amor.
Não importa quem eu sou,
Importa que eu sou alguém
Que acima de todas as coisas
Ama por demais a vida
E tem a suprema aspiração
De que todos possam alcançar
Esse poder de amar.
Não importa quem eu sou;
Sou eu e sou você,
Porque estamos interligados
Por um destino solidário
Que jamais conspirará
Para que haja desunião.
Não importa quem eu sou,
Você nem precisará saber,
Desde que juntos caminhemos,
Lado a lado, sem tropeçar,
Com os nossos olhos voltados
Para os mesmos objetivos
Que afinal nos premiará
Com a felicidade esperada.
Não importa quem eu sou,
Nem importa onde estou,
Pois sempre estarei presente . . .


C O M P A N H E I R A F I E L



Minha companheira é a poesia
Musa que me envolve todas as horas
Com o seu manto constante de ternura
Abraçando-me até à fusão.



Misturando-se comigo, assim
Como fazem dois amigos
Não deixando espaço que os separe;
Almas fundidas em um mesmo ser!


Ela chega vinda das alturas
Do saber das regiões transcendentais
Percorre minha mente em um repente
E espalha-se na conquista total.


Provoca sensações alucinantes
Na conquista de espaços secretos
Acelera o peito e o ar faz faltar
Na elucubração de poemas e sonetos.


Com essa dedicação que só o amor nos dá
Ao nos saciar da vontade de sonhar
Deixa-nos prontos a abandonar a fantasia
E humildes voltarmos a viver a realidade.


O P O E T A É . . .


A poesia, sendo a forma de expressão da emoção, é propriamente a exteriorização do ser, da alma do poeta. Essa exteriorização expressa-se por símbolos próprios que carecem de interpretação; esses símbolos representam sentimentos e aspirações secretas que muitas vezes nem são do conhecimento de quem os exterioriza.
Ao analisarmos a obra de um poeta poderemos conhecer-lhe pormenorizadamente a alma. Trata-se de uma verdadeira projeção da personalidade, expressada por símbolos.
Sendo a expressão exterior do eu, é compreensível que a poesia seja incompreendida por aqueles que não possuem afinidade com o poeta, subjetivamente, para colher, nos espaços vazios, o que ele falou sem dizer que, aliás, é a parte fundamental da obra.
É necessário que haja uma sintonia subjetiva do leitor com o poeta, fruto de uma vivência existencial, aqui ou algures, que os terá capacitado a um diálogo através do silêncio que ecoa nas entrelinhas.
O poeta é, ao mesmo tempo, o mais feliz dos mortais e o mais deserdado da sorte.
A poesia é ficção e propicia ao poeta criar o sonho e a fantasia; ele ama e faz-se amado na subjetividade da sua criação. Projetando-se em seus personagens, vive a sua existência imune à rejeição. Ao mesmo tempo sente-se impotente diante da impossibilidade de transpor o seu sonho para a realidade.
Não existe nada mais fascinante do que o sonho, pois ele encaminha-se de acordo com as nossas aspirações; neles nós amamos e, melhor do que isso, fazemo-nos amar, fazendo abstração da realidade, que quando nos faz voltar a ela nos trás a frustração.
Quando nos deparamos com essas alternativas: viver o sonho que nunca poderá ser transposto para a realidade ou simplesmente viver a realidade sem direito ao sonho, cremos ser a primeira a mais gratificante. Quando simplesmente vivemos a realidade ela amarga-nos a vida de tal maneira que retira-nos as alegrias que poderiam ser criadas; quando vivemos o sonho ele condiciona-nos a vencer todas as dificuldades.
De maneira que o potencial de sonho que o poeta possui qualifica-o a transmitir amor e paz, transformando-se, nesse contexto, no mais feliz dos mortais.


F O L H A M A N C H A D A


Ao colher uma rosa no jardim
Um espinho me feriu a mão.
Uma gota de sangue,
Partindo do coração,
Viajou, para, rompendo o espaço,
Beijar a flor.
E eu, sem notar o ato de amor,
Insensível em meu cismar,
Egoísta esqueci a dor
Que causei à natureza.
E desejando registrar,
Em meu diário o ocorrido,
Manchei de sangue a alva folha,
Perpetuando, por esse sinal,
A lembrança da vida que extingui.
Assim também fazemos,
Muitas vezes, com o amor,
Ferindo rudemente a quem amamos;
Esquecendo, insensíveis, os momentos
Em que juntos desfrutamos
No doce caminhar da convivência.
Ensina-nos Oh! Deus!
A gravarmos os eventos
Em que os nossos sentimentos
Revelaram os preceitos Teus.
Ensina-nos Senhor
A respeitarmos a natureza,
A amarmos o nosso irmão;
Para fazermos jús
Aos grandes sacrifícios
Que Tu pagastes na cruz.
Tu que és Pai e és Filho,
Tu que salvas,
Que és Cristo Jesus!


E M O Ç Ã O


Dois olhares que se encontram,
Dois corações interligados,
Duas almas desfazendo a nostalgia,
Na procura de um sentimento
Que transforme toda a vida.
Mãos se procurando,
Um toque aveludado,
Procurando preencher
Um vazio que existia
Mas que vai se completando;
Estabelecendo a sensação
De suprema alegria.
É o amor que nasce
Interligando duas vidas,
Consolidando a união
Sem que se estabeleça a culpa.
Então chegou o momento . . .



A N T I G A M E N T E



Oh! Antigamente!
Quando a pureza existia
E os corações palpitavam
Com a manifestação inocente
De um sorriso discreto
Que falavam tantas coisas,
Às mentes que trabalhavam!
O intelecto criava fantasias
Que projetavam-se por dias e anos
Na visão de um futuro risonho.
Oh! Antigamente!
Quando era permitido sonhar
Com as quimeras
Que sempre o coração espera.
E imaginar presente o encontro
De vidas que se querem
Pensando ser um prêmio conquistado
Que jamais,
Poderá nos ser arrebatado.
Oh! Presente!
Que cruel desmente,
Os sonhos sonhados,
As conquistas alcançadas,
As lutas vencidas!
Quedamo-nos inertes
Com a vontade entorpecida
Sem mais forças prá lutar,
Sem nem coragem de olhar
Para a montanha de ilusão
Que deixamos para trás,
Do pico da qual,
Contemplamos beijos e flores
E ao longe um mar de amores,
Querendo fazer-nos de Deus
Para o além visualizarmos.
Agora pagamos o preço
Que é cobrado dos incautos
Que nunca poderão colher
O que, sonhando, não plantaram.






















Nada Importa!




Não importa quem eu sou.
Sou um anônimo
Que sem constrangimento
Deseja expressar um sentimento.
O prazer de tê-la conhecido,
Embora em rápido colóquio
Talvez já esquecido,
Mas que possibilitou
Constatar, em um momento,
Que ainda há doçura;
Que a alma está em crescimento
E poderemos encerrar a procura.
Pois encontramos a grandeza
Nessa alma que se derrama
E que apesar de até poder
Subir a um pedestal
Volve o seu angelical olhar
Para contemplar os pequeninos.
Feliz o pássaro que pousa em sua janela,
Felizes as pessoas que lhe compartilham o lar!




R E T A L H O S



À medida que viajei
Desejando encontrar o fim
Da estrada chamada tempo
Fui dividindo-me em pedaços
Que larguei pelo caminho.
Havia tanta esperança
Quando parti do meu interior
Carregando a bagagem
Que construi trabalhando
Os místicos mistérios
Das regiões transcendentais.
Parti na certeza de encontrar
As alegrias que sonhei
Naquele objetivo final
Para onde havia partido
A musa da minha fantasia.
Mas, também, dela
Foram as partes que encontrei
Abandonadas à margem do caminho
Já esvaziadas de esperanças,
Sem animo de vencer
O restante da caminhada;
E ali mesmo encerramos
A vontade de chegar.



P R O C U R A



Como poderei encontrar
A felicidade prometida
Se não puder encontrá-la
Sorrindo-me à beira do caminho?


O meu passado amargo
Sempre foi um procurar insano
Desejando realizar concretamente
O amor só vivo em mito.


Sempre carreguei em meu espírito
O peso da desilusão
Que aumentava a cada passo
Por não tê-la presente em minha vida.


Mas eu nem sabia que existias
Escondida que estavas no cismar
De aventuras e príncipes encantados
Que dificultavam-na perceber a realidade.


Nem agora a encontro livre do passado
Estás presa a sentimentos inacabados
Que ainda habitam seu coração
Estabelecendo o alheamento entre nós dois.



D E S E J O


Ah! Como eu gostaria,
Que você me amasse!
E que me olhasse
Sem ser por obrigação.


Se importar em me cuidar
Como se eu fosse
Um ser que precisa
De carinho para viver.


Não apenas me desse
Mas se desse a mim
Numa entrega consentida
Como quem deseja se doar.


Isso seria a realização
Do sonho que idealizei,
O doce fluir da fantasia
Para ser satisfeita a dois.


Nós dois aqui perdidos
Sem a direção encontrar!
Embora os corações se inflamem
Na vontade de amar.


E N T R U D O




Quando essa orgia findar
E toda a ilusão não mais existir
Os corações estarão ansiando
Para renovar as esperanças.


As mentes voltarão a raciocinar
O sangue se esfriará
E começaremos a projetar
Novos caminhos a percorrer.


Será preciso limpar
Todos os vestígios do passado
E iniciar nova caminhada.


Que nos leve a crescer
Para podermos alcançar
O poder de renascer.



V I A J E M S E M V O L T A



Se eu construísse minha morada
No final da existência
E para lá me transferisse
Desligando-me do passado!


Embora aqui não fosse lembrado
E passasse a apenas ser
Uma lembrança apagada
Nos corações que aqui ficaram.


Com certeza, eu me lembraria,
Com tristeza e saudade,
Dos momento que aqui vivi
De quem por aqui deixei.


Este pensamento presta-se
Para despertar a nostalgia
E confranger os corações
Saudoso pelo bem que já perderam.


Parto, neste momento de emoção
Quando, só, me quedo em vão;
À procura de um amor
Que me preencha o coração.



S Ó S A U D A D E



O teu olhar aqueceu meu coração
Mergulhei para dentro de mim mesmo
Para poder sentir as emoções
Geradas pelo reflexo dos teus pensamentos.


Foi como penetrar águas cristalinas
Para despojar-me das impurezas
E poder voltar à vida
Reencontrando a esperança.


Nova vida se iniciando,
Renovando-se nesse recomeço
Para poder alcançar o sonho
Para poder viver a fantasia.


Por que não te encontrei algures,
Quando percorri tantos lugares,
com o desejo de encontrar
No teu amor um descansar?


Afogo-me em águas turbulentas
Empurradas pela enxurrada do tempo
Que desgastou tanto nossas vidas,
Legando-nos, apenas, uns pingos de saudade.



U M A V I S Ã O M O M E N T Â N E A




Quando contemplo a tua juventude,
Oh! Mar a minha vida se transforma;
Ponho-me à procura da virtude,
Desejando libertá-la das vestes seculares.


As suaves ondas espumantes
Parecendo cabelos ao ar flutuantes,
Madeixas envolventes
Transluzindo o brilhar dourado.


No entanto o espírito que o povoa
É um ancião também;
Sem preconceitos poderíamos misturar
Os nossos destinos vacilantes.


E projetarmos a nossa união
Espiritual, em nosso caminhar,
Para encontrarmos no futuro
As bênçãos que a natureza nos traria.


Estaríamos vivendo o sonho
Na pura criação da fantasia
De que a vida nos traria
O encontro antes sonhado.


R E V E R S Ã O



Gostaria de ser tocado por um Deus
E ser revestido de poder
Para que num ato arrebatado
Pudesse rescrever minha existência.


Reverteria a realidade em fantasia
Para deixar de viver tantos percalços
Aboliria da vida os maus pedaços
Viveria, efetivamente, o que sonhei.


Porque dividirmos nossas vidas
Depois de embaralharmos os destinos?
Na divisão dos prós e contra
Geralmente nos confundimos na escolha.


Deparamo-nos com o real assustador
Que obriga-nos a sermos racionais
Mas sonhamos construindo fantasias
Para, covardemente, fugirmos à realidade.


A vida que levamos, então,
Enredados pelo sim e pelo não
Separa-nos do prazer do sonho
E da realidade tornamo-nos estranho.



O U V I N D O O I N T E R I O R



Ouvir em nossas mentes
O maravilhoso cântico do amor
E partir para a conquista do universo
Buscando encontrar a semente
Que deu origem à dor;
Para germinar outra
De um procedimento perverso
Depois de construir o passado
Que entranha-se no faturo
Procurando na passagem
Usufruir dos acontecimentos presentes.
Sondando o interior de si mesmo
Para conhecer o que foi o que será
Fazendo projetos telúricos
Na ânsia de concretizar
Sonhos gerados do nada
Caminhando até o infinito
Para criar oportunidades
De coisas que devem acontecer.
Do sub . . . ao objetivo
O destino tramando encontros
Mas também muitos desencontros;
Separando vidas homogêneas
Num destroçar de alegrias;
Doando só agruras,
Acontecimentos penosos
Para criar desenganos
Que nos tornam profanos
Por guardarmos a saudade
De coisas que ainda não foram.


M O R R E R



Morrer é um dormir constante,
Mergulhar sem medo no mistério.
É procurar o que se faz distante . . .
Para envolver a alma em refrigério.

A vida, que é um acontecer da sorte,
Que desenvolve-se racional,
Tem como final objetivo a morte,
Não foge desse poder direcional.

O que nos cabe é aceitar
A visão que a vida nos dá
Que nos concede o acertar
O caminho que se encontra . . .lá.

Partimos tristes reticentes . . .
Buscando o descanso eterno
A reencontrar o amor materno
Para ouvir cantos silentes.

Encontramos o Poder Eterno
Ao Qual desejamos nos fundir
Para nos salvar do inferno
Evitando que venhamos a nos confundir.


A L O N G A E S P E R A



O destino predestinava o incerto
Na vida do menino triste
Na vivência da felicidade ao reverso
Qual o canário a revirar o alpiste.


Infância descuidada mas alegre
Embora pobre, tudo a faltar,
O coração cheio de esperança,
Vistas longas a contemplar o infinito.


Sonhando que sonhava com amores
Sentindo o desejo de ser amado;
Que a vida limpasse as suas dores
E o transportasse qual pássaro alado


Para a realização da fantasia
Procurava a musa amada;
A cada volta a vida lhe trazia,
Como prêmio, a oferta do nada.


Mas chegou a hora e o tempo
Ao legar-lhe, a vida, o que era preciso,
A musa apareceu com um sorriso,
Transformando sua existência.


S O L I D Ã O





Ah! Minha solidão!
A minha solidão,
É povoada de fantasmas.
São imagens preciosas
Da minha infância, juventude,
E até do meu futuro.
Elas rodeiam o meu espírito
Confortando-me
Da ansiedade, das perdas sofridas.
Acalenta-me
Para elevar-me do chão
Onde, inconsciente, desejo estar.
A minha Solidão!
Os meus fantasmas!
Transformam-me
Em uma unidade carente
Que entrega-se contente
A qualquer ligação;
Para amainar o desejo de ser,
De sentir-se gente,
E ser selado por um beijo teu.



F A Z E R A M O R





Da próxima vez que “fizermos amor”
Procure antes extrair de ti toda a dor;
Rebusque no teu íntimo a fantasia
E viva sem fingimento o elo que extasia.


A amargura é má companheira,
O ressentimento apaga a fogueira
Que em vão acendemos sem ter lenha
No afã de vivermos uma paixão.


A ligação que finaliza em sexo
É parte da construção com alicerce e teto
É o coroamento de algo que tem nexo


Mas como coroar o que não tem,
Em nossos sentimentos, começo e fim,
O que para nós não representa nada?










P E L O S C A M I N H O S D A V I D A



O meu corpo é fechado
Porque minha mente é aberta
E tanto as boas como as más intenções
Circulam livremente pelo espaço.


Meu espirito é alegre
Porque, em que pesem as agruras,
Sei que sou imortal
Tendo a eternidade a percorrer.


Meu coração é humano
Porque é a extensão do meu ser,
E unidos percorremos a vida
Para não perdermos a esperança.


Sou senhor do espaço
Porque não conheço distancias
Aqui, lá ou no infinito
Percorro sem sair do lugar.


O tempo para mim não existe
Porque sou liberto de limitações
Transponho o final do que é eterno
Para suprir o que me falta.


L A M E N T O



Quando fico só
Me perco em devaneios
Minha alma causa dó
E perde o rumo dos anseios.


Procuro, em vão
Através de uma visão distante,
Viver os mitos
De um passado não vivido.


Encontro o vazio dos sentimentos
A preencher o nada do presente
Minha alma, em triste lamento,
Canta o mal do amor ausente.


Por que não conquistamos a certeza,
De ainda possuirmos a esperança?
Por que instala-se a aspereza,
De um caminho que nos tolhe a andança?


Deixar-nos-á o destino
Caminhar até o final,
Para recebermos o sinal
Da concretização do ideal?

S O L I D Ã O III




Quando estou só
Percebo que
Mesmo quando não estou só
Estou sozinho.


Sinto-me no abandono
Sem carinho
Nem um elo fugidio
Enfeita meu mundo pequenino.


Abro o coração
Esperando que aconteça o inusitado,
Que alguém sem enfado
Passe a nele se abrigar.


Preencho de carinho
Uma vida tão fugaz
Desfaço o abrigo, o ninho
Sem mais olhar para trás.


Novas metas quero realizar
Para afastar a solidão
Desfazer de mim a desilusão
Para a solidão afastar!


A S P I R A Ç Ã O



Com todo o respeito menina
Cujo corpo e aroma tem dono
Queria eu ter a sina
De que por mim perdesses o sono.


Seus olhos quase mansos
Revelam um coração solitário;
Derramam um olhar doce
Que procura correspondência.


Eu aqui estou à espera
Do milagre do amor
Como quem não desespera
Espero com o coração em dor.


Será que não romperás
Com o teu passado incerto
Para que encurtemos a espera
E sigamos por caminho certo?


O caminho mais curto
Para encontrar o amor
É o próprio caminho do amor
Que nos indica o caminho certo.



‘ O L H A R ‘




No piscar constante
Juntam-se as pálpebras contentes
Encerrando a profundeza do olhar
Que irrompe como caudaloso rio.


De onde vem essa corrente
Que fulmina e arrebata,
Que alimenta e fertiliza,
A continuidade do amor?


Por certo ela passa
E habita certo tempo
No próprio coração


Mas advém de mais longe
Recebe reflexos do luar de Deus
Quando gerada pelo próprio Ser.


V I S Ã O N E G A T I V A





É possível estarmos tão perto
E ao mesmo tempo tão distante?
Dois corações batendo no peito
Vivendo juntos o mesmo instante?


Porém os pensamentos emigram
Ora lembrando amores passados
Pensamentos presentes que sangram
Pelos laços que não foram, gerados.


Outras vezes é para o futuro que avançam
À procura do inusitado
Para preencher o vazio criado


E assim duas vidas se afastam
Criando frustrações profundas
Matando esperanças já mortas


I N T E R I O R



A juventude recolheu-se
Mas continua latente
Essa foi a minha constatação
Ao voltar-me para o interior.


Aquela vivacidade que existia
E que era alvo de elogios
Ainda não havia evoluído
Era apenas brilho sem valor.


Foi só com o correr do tempo
Quando a cascara da árvore secou
Que a seiva se concentrou
Para enriquecer o interior.


Então passou a existir
Algo que de fato tem valor
A alma se fez humana
O saber ocupou todo o espaço.


Então, hoje, o que transluz
E busca comunicação
Para alcançar a cada irmão
É um espírito que se fez luz.



C O R A Ç Ã O A M A R G U R A D O




Qual foi o bem
Que durante a minha vida
Me propus a semear
Para fazer jús à felicidade?


O que será esse sentimento
Que tantos procuram alcançar
E gastam os melhores momentos,
Da vida, sem concretizar?


Ele unicamente chegaria a nós
Com a certeza de sermos amado
Sendo abraçados com emoção


Mas existem pessoas
Que sendo órfãos desse sentimento
Serão sempre natimortos da existência.



R E N A S C E R



O destino se despe
Das aspirações futuras
Quando o amor desce
Sem vida, à sepultura.

Que espaço percorreu
Quanto tempo se escondeu
Antes de começar a definhar
Para nos fazer umedecer a face?

Os sonhos se apagaram
A vida se desfez
A fantasia não existe mais

Agora é chegado o momento
De espantar a tristeza
E reiniciar a caminhada


P A L A V R A S





Apalpo a maciez das palavras,
Que constróem os lances da história,
Extraídos de profundas lavras
Para alimentar a vida transitória.


São, elas, peças preciosas
Que fazem amantes viverem o sonho
Unem mãos ansiosas
Para se alimentarem de carinho.


Palavras, suaves companheiras
Das horas de gozo ou de pesar
Dão-nos a paz da fantasia


Abraçam-nos como ventura passageira
Tentando nos confundir e enganar
Mas preenchem nossa vida de real magia.



I N O C Ê N C I A





Se queres ser feliz
Não mates a criança
Que insiste em viver em ti,
Para que não esqueças de sonhar.


O sonho é que dá vigor à vida
Quando a criança cria suas fantasias
Visualizando tempos e momentos
Que sempre estarão presentes


Será a inocência da criança
Que persiste em ser tua companheira
Que fará fruir de ti a vida



Será a mística mistura
De todas as idades que vivestes
Que te ligará a todos os tempos.



C A M I N H A D A I N T E R I O R






Tento encontrar um estado
De sublimação interior;
Procuro alcançar algo
Que me ajude a encontrar.
Desço ao fundo de mim mesmo
E tomo impulso para subir
Para que consiga concretizar
Uma maneira de não sucumbir.
Sempre caminhamos para o fim
Quer ele esteja abaixo ou acima,
Mas a realização só vem
Se caminharmos para o interior,
E procurarmos conhecer,
Realmente, o que somos nós;
Para que possamos construir
A base que sustenta a vida,
Que une seres desiguais,
Para transformá-los afinal
Na união carnal santificada
Que gerará frutos de amor
Criando seres especiais.



I N C E R T E Z A




O amor doe pela incerteza,
Faz-nos sofrer pela contemplação,
Pelo alheamento de todo o nosso ser,
Quando nos falta, da correspondência a certeza.


A saudade dói em nosso peito
Pelo medo de perdermos o que ainda não temos
A emoção pressionada transborda
O coração com medo, em gelo se transforma.


Empreendemos a fuga perigosa
Que nos leva para longe de nós mesmo,
Distanciamo-nos do que mais queremos



Passamos a viver de lembranças
Recalcando as nossas frustrações,
Enclausurando o amor primeiro.


APRENDIZ DE AMOR


Sou um espírito jovem
Não tenho, ainda,
Muitos séculos de vivência.
Mas nesses tempos de peregrinações,
Aprendi a principal lição;
É que só conseguiremos ser felizes
Se aprendermos a amar;
E doarmos de nós mesmo,
Daquilo que possuirmos de mais precioso,
Para confortar o nosso irmão.
Como se isso fosse imprescindível
Para a nossa evolução.
Tenho a certeza,
Que quando nos encontrarmos,
Em um futuro distante,
Você já estará ciente
Que o amor é a razão da vida.


C A M I N H O E S T R E I T O


25/07/89


Talvez pudesse ser doce a espera
Para a realização das ilusões sonhadas
Imaginando que seria possível
A concretização de tudo que sonhei

Sonhei, em um dia encontrar o amor
Que me agasalha-se a alma
Afugentando os estigmas da dor
Que tão profundamente me marcou.

Oh! Como gostaria de viver,
A vida que vivi, repleta
De esperanças não vividas,
De sonhos multicores, belos!

Quando não avaliava a realidade,
Da vida, que nos desencanta,
Negando o carinho da felicidade,
Premiando-nos com tristeza tanta!

Agora, que a vida se estreita,
Que o saber se assenta em mim,
Sem prometer falsas esperanças,
Caminho firme para alcançar o fim.


S A B E R



13/10/91
Se mergulhássemos
No mais profundo
Do saber do sábio
Para saber o que os sábios sabem
Saberíamos que
O sábio não é sábio
Ao seus próprios olhos.
Mas jaz
No mais profundo do saber dos sábios
Para procurar saber
O que os sábios sabem.
E nessa procura acabará sabendo
Mais do que os sábios sabem.
Por mais, porém, que possa saber
Ainda não saberá todo o saber.
E terá de continuar a procurar saber
Sempre mais do que possa saber.
Nessa procura infinda
Nunca saberá se conseguiu saber
Tudo que os sábios poderão saber.
Qual o proveito dessa procura
Se nunca saberá se conseguiu saber?
Servirá para saber que saberá
Sempre mais de quem não procurou saber.


O V E R D A D E I R O S E N T I R




27/03/92




O amor mais intenso
Que cria raízes profundas
É aquele que não apenas no coração,
Mas em nossa alma afunda.


Cria ligações consentidas
Por não ter o físico a toldar
Aprofunda em operações sentidas
Em um entendimento total.


Sem conhecer o bem amado
Que à distância se conserva
Jamais a ousadia se consumará


Será uma troca de carinhos
Criados por seres emocionais
E o sentimento nunca se esvaziará.


R E V E L A Ç Ã O



03/04/92



O que eu escrevo
Quer em prosa ou verso
É a minha própria vida
Que conto e não escondo.


A narração partida em pedaços
Esconde as frustrações havidas.
O personagem que representa a ficção
Revela o conteúdo da própria vida.


Procure reunir os pedaços
Para saber o que poderá haver
No vazio das entrelinhas


Com certeza irá saber
As mágoas havidas no tempo
Que enfeixam o sofrimento.



D E D I C A T Ó R I A





13/04/92



A quem conheço
Através de "Místicas Lembranças"
E que reproduz via Telesp
A tonalidade de sua voz
Vinda de um labirinto de emoções.
Ofereço
A ingenuidade de minhas exteriorizações.
Augurando-lhe a busca
De uma ligação transcendental
Que supere valores essenciais,
E ligue, através de seres interiores,
Que procuramos em nós mesmo,
O hoje ao infinito.
Onde inexiste tempo e espaço
E propicia o encontro
De seres iguais
Que perderam-se na eternidade.


U N I P R E S E N Ç A



13/04/92



Qual a extensão da vida
Quando cremos na eternidade
E empreendemos a caminhada
Sem nos preocuparmos
Em alcançar o objetivo já,
Nem movemo-nos do lugar
Para encontrarmos aqueles
Que são nossos irmãos?
Não importa distancia ou tempo
Nem dimensões multiplicadas
Quando sempre estaremos
Presente no tempo certo.
Acreditamos
Que o poeta é assim
Estendendo
As suas palavras entretecidas
Para estar presente
Em todas as gerações.


M E N S A G E M



13/04/92




Quando miramos o céu estrelado
E imaginamos o mundo que existe
Sem o nosso conhecimento,
É o mesmo que olharmos
Para o nosso interior
E encontrarmos um estranho.
Antes de desvendarmos
Os segredos do universo
Deveríamos tentar
Conhecermos a nós mesmo;
Para realizarmos,
Com o nosso próximo,
O místico encontro
E dessa união resultasse
A ligação com o infinito.
Vamos tentar?


I N C E R T E Z A



13/04/92




Não choro assim
Por teres deixado a vida
Meu pranto corre
Por não estares mais presente.


Tua ausência permanente
Criou um pesar profundo.
Te procuro a cada instante!
De que vale a vida tão sozinho?


Tento saber a razão
De caminharmos separados
Quando a vida poderia nos unir.


Hoje já não vive a esperança
Perdida nas vagas da ilusão;
Reluto, incerto, entre o ir e o ficar.


M E N S A G E M C I F R A D A



19/04/92




Miríades de estrelas
neste céu de outono
a piscar intermitentes
transmitindo mensagens especiais.


Imaginamos, cada uma delas
como mundos latentes
cuja vivência é sentida
através de mundos iguais.


Realizar-se-á através de insistentes mensagens
Imagens de amor e de paz
com que poderemos compor


A fantasia que não seja miragem
Mundo real onde haja a procura
de uma vida eficaz.



O N D E E S T Á A F E L I C I D A D E ?



19/04/92



Fui visitar uma favela
Para aprender o que é sofrer
Foi como olhar pela janela
O que imaginei não existir.


E pude perceber
Que o pobre não difere de ninguém
É um ser humano rico
Que tem paz no coração.


Já conheci muitos figurões
Com a posse de milhões
Que, alimentados de amargura
Perderam a vontade de sorrir.


Ali na favela encontrei
Corações a transbordar
A sorrir, bocas desdentadas,
Com o sorrir também no olhar.


Ali eu aprendi que a posse
Não carrega consigo a felicidade
Me gratificou o assistir
Crianças derramando alegrias pelo olhar.


U M C O N T O Q U E M E C O N T A R A M . . .




23/04/92



Que bom se todos nós pudéssemos habitar as matas, viver junto à natureza, para despertarmos a nossa sensibilidade e podermos apreciar o belo!
Isso nos daria, com certeza, a oportunidade de penetrarmos em nosso interior para encontrarmos, também, uma luxuriante “floresta” de sentimentos.
Penetraríamos uma outra dimensão onde seria propiciado, ao interior e ao exterior, encontrarem-se para apreciarem a natureza real que alimenta nossa visão material do dia a dia onde encontramos tanta beleza que nos extasia, ao contemplarmos um céu estrelado; o sol que infunde pureza através de sua claridade; a lua com a sua luz pálida e romântica que instiga os corações a uma entrega para viverem um amor sonhado, que nem sempre se realiza!
Ou penetrar para o nosso interior a buscar o fio de nossas frustrações que ali recalcamos na ânsia de esquecer o óbvio!
Estrelas, luz. céu azul, misturam-se com o ser real que pensa concretamente e ao mesmo tempo sonha, como um poeta em devaneio a procura de um encontro consigo mesmo.
A análise concreta de necessidades materiais, em uma imitação da vida, mistura-se com o subjetivo que leva personagens de ficção a nos ensinarem a pragmática do sonho e da fantasia.
A exemplo dos personagens Sol e Lua, que ilustram o conto “ A Lenda de Sol e Lua” de Míriam Marques de Almeida, o ser humano recolhe-se em sua solidão para viver, na ficção, aquilo que a vida não lhe permitiu realizar, superando tempo e espaço. Essa realização só se completa se conseguirmos encontrar e nos unirmos à nossa outra metade. Ironicamente a nossa vida é como Sol e Lua que só conseguem o encontro na ficção.
Realmente, a vida se apresenta como no conto dessa escritora que caminha para o sucesso; os gemidos de angústia que almas irmãs emitem, em ansiedade, será ouvido e uma força superior consolidará a união, porque a nossa caminhada realiza-se em um tempo que se chama eternidade


C O M E N T A N D O


23/04/92



O poeta mergulha em sua solidão na procura de ser um deus que o possibilite transformar o mundo, as pessoas, para que possa haver um “Amor Mais Profundo” que o ajude a “Descobrir-se”. Nessa procura mergulha na “Noite dos Tempos” que percorre o infinito e o fará encontrar o sonho e a fantasia.
Feliz de quem tem a habilidade de transpor para o papel o seu rico interior, que irá premiar outras almas sensíveis.
Estas poesias, que acabo de ler, como aquelas de “Místicas Lembranças”, nos encantam e embalam a nossa fantasia. Transforma o mundo e as pessoas para aperfeiçoa-las e condicioná-las a uma evolução interior.
Só o quer posso desejar é que o público possa continuar a ser brindado com as belas páginas de sensibilidade de Míriam Marques de Almeida.



A B R A Ç O


09/05/92




Amar, abraçar,
Abraçar, amar.
Um sentimento
Um movimento
Que se encontram
E se correspondem.
Quando nasce o amor
Temos vontade de abraçar
Quanto mais abraçamos
Mais queremos amar.
E . . .as carências se diluem.
Mesmo à distância
Em um envolvimento subjetivo
Amamos e abraçamos
Com prazer objetivo.
São almas envolvidas
Em um mesmo pensar
Compartilhando vivências
Que as unirá
Em um mesmo caminhar.



M Ã E


10/05/92.

Quando ainda vivias
E eu poderia
De tua companhia usufruir
Não avaliava a importância
De contar com a tua presença.
Agora que partiste
Deixando um grande vazio
Meu coração soluça
Por não mais poder te ver.
Este coração
Que também já vai envelhecendo
Eleva, por ti, uma oração
Aguardando o momento
Que por mim
Também façam igual intenção.
Quando colhido pela idade,
Senhora que a ninguém perdoa,
E ao teu encontro eu partir
Deixarei, talvez, outros corações a soluçar
Também repletos de saudade.


D O A Ç Ã O V O L U N T Á R I A


11/05/92



Em cada verso que escrevo
Coloco pedaços de minhas entranhas
Ao leitor sei que isso devo
Para não lhe parecer um estranho.


Essa doação voluntária
Que faço, sem restrição,
Viajando por região imaginária
Me elevam a superior dimensão.


Quanto ao próximo mais eu dou
Em um desprendimento consentido
Mais rico se torna o meu interior


Construindo castelos eu vou
Buscando, para a vida, novo sentido;
Encontrarei, ao final, o prêmio maior.


D A N Ç A N D O


11/05/92



Seu esguio corpo junto ao meu
Em um ajustamento milimétrico das curvas
Seus longos braços me envolvendo
Rostos colados misturando nossas rugas.


Seus longos cabelos esvoaçando
No ar sentimos suave cheiro de perfume
Em lentos passos vamos dançando
Não alimentamos mais queixumes.


A divina música transporta
Nossos sonhos ao infinito
Em um arrebatamento que extasia


Passado e futuro abrem as portas
Esquecemos que o mundo é finito
E passamos a viver, do amor, a fantasia.


M U S A S C O M P A N H E I R A S

20/05/92

As musas que construi,
Personagens de meus sonhos,
Caminham comigo pela vida
Para que não me sinta tristonho.
São companheiras queridas
Que dissipam minha solidão.
Uma delas é Walkyria,
Dos sonhos da juventude,
Teresa, Rosa e Maria,
Com a Poesia,
Minhas fieis companheiras.
Maria da Praia,.
Malu, Rosemarie,
Jacy, Joice, Marília,
Júlia, Mercedes, Mara
Que lembram seres viventes.
A Maura de coração amargurado;
Mariinha que mãe ardente!
Vicência, Honorata e Justina
Que alimentaram os meus sonhos.
Cordelia, dos mistérios a vidente.
Maria Claudia que se fez
Do amor a confidente.
Mafalda que não soube
Conservar um puro amor.
A Ditinha, que afinal se ofereceu.
E as Miríades de Estrelas
Que brilham no firmamento;
São todas criadas pela minha fantasia,
Mas algumas vidas têm.




M E U S A L V A V I D A S



23/05/92




No emaranhado de ilusões
Vivendo mágoas, amarguras, frustrações,
Fui arrastado pelas vagas do destino
E envolvido por tramas mil.


Fugiu-me a esperança de alcançar
A realidade da aspiração que sonhei,
Inconformado, partiu-se algo dentro de mim;
Desiludido passei a esperar o fim.


A vida se delineia em um vazio,
Já não alimentamos transformação alguma
Quando o milagre se faz presente


Pois no mar encapelado em que me debatia
O salva-vidas me envolveu;
Percebi, feliz, que era você.



C A R Ê N C I A S


24/05/92



Por trás de minha ousadia,
De minhas decisões maduras,
Do procedimento desassombrado,
Escondem-se minhas carências.
No disfarce da minha valentia,
Nas lutas que tento empreender,
Para buscar soluções
Que cada ser humano espera,
Você encontrará um coração de menino.
As aparências são máscaras
Que escondem as frustrações
De desejos que não vivemos,
Construindo um vazio dentro de nós.
Como converter os maus caminhos
Que o sofrimento nos impôs?
Será que ainda reconstruiremos
Os eventos a que aspiramos
Para resolver nossas carências
Preenchendo o coração?



A M O R R E A L


28/05/92




A suprema felicidade
Seria eu viver em mim
Apurado em minha essência
Para esquecer o que é concreto
E não faz parte do subjetivo.
Haveria, então,
Um momento de ilusão
Em que poderíamos nos encontrar
Para nos amar
Sem medo de escandalizar.
Esse seria o verdadeiro amor,
Puro como o de um criança,
Que ama no primeiro instante
Ao lançamento de um olhar.
Por que não somos assim,
Procurando em nosso interior,
Essa inocência que guardamos da infância?
Por que não criamos condições
Para esse amor florescer
Sem que haja nada proibido
A não ser nossas aflições?


N O S T A L G I A


05/07/92




Das cinzas do passado
Em que se transformaram
As preciosidades que vivi
Ressurge o espírito da esperança;
A querer me contemplar de novo
Com a felicidade que perdi.
Volto no tempo o pensamento
No desejo de ter aqui
As musas dos meus sonhos
E percebo . . .que o passado já morreu
E . . .não irá a alegria me devolver.
Na fantasia criada em minha mente
Alcanço o elo que me liga à gente
A momentos envolventes
Que, então, vivemos
E que não voltam mais.











R E A L I D A D E


07/07/92



As longas convivências
Nos transportam ao final
Para a perfeição no relacionamento.
Diz até o vulgo, que
“Nos tornamos parentes”
“Que ao fim somos dois irmãos.”
Primeiro é a paixão,
A chama arrebatadora,
O ciúme, a dor da dúvida,
Que faz gerar o amor.
Momentos envolventes!
Desse conluio nasce a amizade
Forjada nas tempestades da vida.
O tempo, inclemente,
Vai fazendo a flor murchar
Para que tudo se transforme
Na saudade de álbum de recordações;
Que folheamos, nos lembrando,
Através das folhas amarelecidas,
O grande amor que feneceu . . .
Então nasce a necessidade
De preenchermos o vazio
Para voltarmos a viver . . .
E já se faz tarde!




L I G A Ç Õ E S E N E R G É T I C A S




25/08/92





Deixe-me tocá-la
S u a v e n t e . . . assim . . .
Como se fora em pensamento.
Para que se unam nossas peles
Contatando nossas energias,
E fluam nossos sentimentos
Das regiões mais profundas,
Para estabelecermos o ciclo do sonho.
Já é hora de unirmos,
Sem medo, nossas solidões,
Para alcançarmos o frenesi
De almas que se pertencem;
E subjetivamente caminhemos,
Embora separados por distâncias,
Ainda que desunidos pelo tempo,
Para a conquista do que mais queremos,
Que é a paz do amor sonhado,
Que nos transportará,
Para um mundo sem castigos.



D O A Ç Ã O E X P O N T Â N E A


01/09/92






A coisa mais frustrante,
Que avoluma minha carência,
É que me permitam,
Possuir um corpo,
Sem que haja uma troca
Gerada por sentimentos verdadeiros.
Quando alguém dá sem se dar,
Sem que flua na relação,
Uma troca recíproca de energia,
O ato jaz no vazio,
Sem nada acrescentar
A nenhum dos parceiros.
Ninguém é obrigado a dar,
Mas se o fizer terá que se doar,
E participar de modo que,
As almas inflamadas fundam-se
Em um mesmo ser.



M I N H A E S P E R A N Ç A



12/09/92





O teu olhar,
Quando derrama-se
Dá-nos vontade de sorvê-lo,
Como suave bebida,
Que irá nos embriagar,
Para sonharmos com o amor,
Que nos preencheria o coração.
O teu sorriso
Quando desabrocha
Tal qual primavera
A nos preencher de encantos,
Perfuma a vida,
Transforma nossa vivência,
Faz-nos renascer a esperança,
De ainda vivermos na fantasia
Que só o amor poderia nos dar.
Tudo isso são quimeras,
Que os carentes constróem
Para dissipar o obvio;
De um viver solitário;
Tentando construir sozinho
O que só se faz a dois.



M E D O



18/09/92




Medo!
Medo de ter medo!
Medo de mentir,
Medo de ser verdadeiro!
Sentir o sentimento,
Com medo de sentir.
Visualizar a incógnita do amanhã
Quando o hoje nos assusta.
Buscar a realização,
Com receio de constatar
Que tudo é irrealizável.
Assim é que caminhamos pela vida,
Tentando superar carências,
Juntando forças interiores,
Para, sem medo,
Enfrentar o futuro,
E conquistar o supremo bem;
A liberdade de ser,
Para ser o ser que eu quero,
Sem receio de errar.



B A S T A



23/09/92




Basta!
Basta de mentir!
Não mais desejo me enganar,
Sabendo,
Que esses sentimentos são mentira.
Me arrastei pelos recantos da vida
Esperando encontrar acolhidas
Em algum coração,
Que como o meu,
Também, tivesse perdido o rumo.
E que nossos sentimentos,
Desviados de suas origens,
Pudessem se encontrar
Para que nossas vidas aflitas,
Se juntassem em um resumo,
De história de folhetim,
Onde conhecêssemos o sonho
De alcançar o ideal,
De construímos algo novo
Que nos dará a felicidade.


B U S C A



07/10/92




Estou feito prisioneiro
Entre quatro paredes de solidão,
Purgando as mágoas e angústias,
À procura de um peito amigo.
Permita querida amiga,
Mesmo na distância
Que o destino nos conserva,
Usar o teu peito amigo
Para descansar a minha alma,
Derramando os meus anseios
Para aliviar o coração
Já a explodir de emoção.
Na verdade não desejaria
Transferir a você minhas tristezas,
Ao contar-lhe o quanto estou só,
Embora não esteja sozinho.
Pois minh’alma inconsolável
Busca outras paragens
Onde possa encontrar o amor,
Bem supremo que me falta
E sem o qual não sei viver.





O A M O R Q U E E S P E R O



10/10/92



Quando na minha infância
Contavam-me histórias de anjos
Eu fazia um enorme esforço
Para que suas imagens se gravassem
Em minha mente povoada de sonhos;
Para que os reconhecesse,
Se algum dia os encontrasse.
Muitos anos depois
O meu subconsciente acordou
Para reconhecer em excelsa musa
A figura que imaginei.
Quando em uma noite de Natal,
Em longínquo passado,
Minha alma sofria em agonia,
E meu espírito ansiava em partir
Na busca de irmãos perdidos,
E plantava-se em mim a frustração,
Pela impotência do querer,
Visualizava cada face,
A sorrir-me, para que,
Nunca mais as esquecesse;
Nascia, assim, forte em meu peito,
A esperança do porvir.
Naquela noite insone
Quando me enlevava em escrever
Surgiu radiante em minha frente
Uma figura que pareceu-me conhecer.
Ao contemplar o céu azul
Cravejado de estrelas luminosas
Uma havia especial,
Que para mim queria,
A mais bela!
Transmitindo mensagens especiais,
Para compensar carências
De corações solitários.
Ao assistir o espetáculo
De divina música,
Arrancada por bela musa,
Do instrumento antigo,
De gozo adormeci,
E transportado para regiões estranhas,
Onde a vida era um sonho
Que a felicidade prometia;
Possuído por estranho poder,
Fundi em uma só todas as musas,
Para que assim pudesse amar
A soma dos meus ideais.
Ao assim proceder acordei,
E em vão continuo a esperar
Aquela que tanto amei,
E que talvez me amará.


S O N H O



03/11/92





Eu sou criança
E brinco na rua de terra.
O telefone toca
Na mansão, com paredes
Toda manchada de barro.
Para que meu filho não acorde, corro.
Quando abro a porta,
Deparo com enorme cão negro;
Digo à sua dona,
Que ainda tenho muito medo dele.
Ele se aproxima,
Me farejando, me festejando.
Eu de medo seguro o seu focinho.
Ele se aninha em meu colo,
Enrola-se em mim,
E aos meus olhos
Transforma-se em feliz criancinha.


R E L E M B R A N D O




18/11/92





Seis horas da tarde
A noite emudece a paisagem
Preparando a festa
Com milhões de estrela a brilhar.


O sino chama para o Ângelus
Em uma tonalidade pungente
E os seres enternecidos
Procuram o passado relembrar.


Festas na capela da fazenda
Quando a Ave Maria abençoava
A família toda reunida


Hoje os filhos se distanciaram
Para vencerem algures;
Todos pagam um preço de tristeza e de saudade.


V I A J E M I M A G I N Á R I A



21/11/92




Em um desses dias
Saí a viajar distancias,
A rever os tempos,
A visitar antigos companheiros.
E como se torna gratificante
Reviver alegres momentos,
Refazer os nossos feitos,
Corrigindo distorções,
Mesmo que só na imaginação.
Lavamos nossas almas,
Reconquistando amizades,
E, até, conseguimos declarar,
À bela musa que nos encantou,
Palavras que jamais serão esquecidas.
Porém, são andanças imaginárias,
Que o pensamento veloz,
Insiste em nos trazer de volta,
Para que continuemos
A, no presente, viver as frustrações.



I N C E R T E Z A S



21/11/92




Fui me enrolando em incertezas
Deixei a dúvida tomar conta de mim;
Quando me dei conta,
E desejei me desfazer dos laços,
Das tramas do destino,
Foi, que assustado percebi,
Que já não era o ser de antes;
Que desejando me encontrar eu me perdi.
Agora caminho sem rumo
Seguindo sendas subjetivas,
Tentando, em vão, encontrar
Um caminho para mim mesmo.
Descobri que essa longa estrada
Que terei de percorrer
Para voltar a ser feliz,
Depois de serpentear por ilusões
Irá terminar em você.


T R A N S P A R Ê N C I A





11/01/93




A cor dos olhos
Não é essencial
Para fazer a beleza do olhar.
O que transmite vida
É a expressão que comunica,
O amor, a paz, a tranqüilidade,
Ou seus opostos radicais;
Qualquer deles mexendo,
Profundamente com nossas emoções.
São sentimentos que nascem
No mais profundo da alma,
Nos prende e nos conquista
E são confirmados
Pela entonação da voz
Vinda, também,
De um labirinto de emoções.



A M I G O




O cão, com certeza,
É o amigo que o homem quer,
Tão dedicado e fiel
Em suas manifestações de amor.
Quando seu dono sai,
Para o trabalho ou passeio,
Esse amigo de sempre
Demonstra a falta com seu choro.
Basta pressentir a volta,
Para que seu coração se expanda,
Os olhos brilham de alegria.
Pula e rola, em suas manifestações de amizade;
O seu prazer se completa!



A M O R O C U L T O



28/06/93




Amar em silêncio
Com o coração explodindo
Incapaz de conter as emoções.
Sem poder exteriorizar
A coisa mais pura
Que aos impuros
Irá escandalizar.
Será útil manter
Hipócritas aparências
Para satisfazer o egoísmo
De pessoas imperfeitas?
Ou será melhor
Romper com a tradição
Desprezar as convenções
Que silenciosas, nos esmagam
Com inveja de sermos felizes?



P A Z N A S O L I D Ã O


20/07/93




Eu amo você!
Quando faço esta afirmação
Não me refiro ao seu belo corpo
Nem à tonalidade da sua voz;
Ainda nem penso em seus olhos expressivos.
Não visualizo o seu belo coração.
O que aprendi a amar em você,
É algo que emerge
Do mais profundo do ser,
Envolvendo os que a cercam
Transformando vidas
Criando gente . . .
Como em um passe de mágica.
Embora tudo em você seja precioso
Eu amo mais a sua essência.
Eu amo a sua alma,
Antiga companheira
De ululantes caminhadas,
À procura da paz
Que hoje encontramos
Em nossa solidão.



R E T O R N O À D O R



29/01/94



De tempos em tempos
Ressurge a desesperança
Me roubando os momentos
De paz de criança.


Apresenta-se como febre causticante
A ferir a alma cansada
Por percorrer caminhos distantes
E afinal quedar-se desamparada.


Volta para o presente
A dor das desilusões sofridas
Que esvaziam a vida de sentido


Instala-se a dor pela musa ausente
Da vida as esperanças são perdidas
Sinto em mim o coração partido.



R I O T I E T Ê


30/01/94


A terra formosa
Preparada por mão Divina
É fecundada pela chuva
Que lavando a seiva da mata
Penetra em seu interior.

O milagre da vida
Evolui a sua prenhez
E aos rugidos de felicidade
Rompe o véu sagrado
Para dar à luz o rio.

Este, a princípio
Arrasta-se tímido
Espalhando-se pela mata
Fertilizando o solo.

Depois cresce
Vencendo os obstáculos que o cerceiam
Traçando o seu caminho
Percorrendo distancias
Na procura do seu destino.

De pequeno arroio
Como chuva de lagrimas
Brotando do seio da mãe terra
Logo cresce e avoluma-se
Varrendo tudo em sua passagem
Construindo delicioso leito
Compartilhando com seus habitantes
Que irão alimentar o homem
Para em troca receber
A agressão que tenta mata-lo

Tenta banhar a cidade
Para vê-la vicejar ao sol gigante
Espalhando o brilho humano
De acolhedora da nação.


Sem vida em seu leito
Despovoado e quase agonizante
Reage, saltando corredeiras e cachoeiras
Respirando o ar oxigenado
Da mata verdejante
Que a sanha do homem, ainda não destruiu.

Refeito continua a sua peregrinação
Visitando cidades florescentes
O progresso transportando
A riqueza consolidando
Devolvendo em benesses
O mal que recebeu.

Acorda São Paulo
Desperta a alma do homem
Conscientiza-o do dever a cumprir
Que será unir a vontade
O poder e o querer
Revertendo o processo vigente
Saudando, em sua passagem, o R I O
Que, ainda, insiste em não morrer.


M E L A N C O L I A



04/02/94



A melancolia nos colhendo
Aproveitando-se da languidez do tempo
Que nos faz parar para pensar
Em tudo que deixamos para trás.


Esperanças de ter alguém a nos querer
Unicamente pelo nosso ser
Um querer bem sem falsidade
Um amar sem dissimular.


O que encontramos é a morbidez
Nos desiludindo de desejar viver
Por não mais alguém esperar


Já é por demais pesada a vida
Carga que não podemos suportar
E partimos para alcançar o fim.


S E R O U N Ã O S E R


02/03/94




Ser ou não ser
O ser que quero ser
É a dúvida que povoa
A minha mente febril.
Alimento alcançar
O objetivo principal
Desta vida transitória
Para poder evoluir
E encontrar o conhecimento
De coisas incertas
Que a vida constrói
Alinhavando destinos
Prendendo na rede
O futuro de alguém.
Se chegar ao fim do caminho
Por certo poderei ser
O ser supremo
Que será condutor
De quem deseja alcançar,
E passarei a participar
De um objetivo maior.


N Ã O S E R




25/06/94




O amor não é,
Mesmo que muitos o julguem,
Uma simples mercadoria
Que possa ser objeto de trocas
Sem que essa transação
Seja do próprio ser.
O amor é a seiva do ser
Que nasce do interior
E doa-se de si mesmo
Para outro ser igual.
O amor não se compra
O amor não se vende
Doa-se a quem compreende
Os nossos sentimentos profundos
E se dispõe a uma troca justa
Para que haja a fusão de ideais
Que propiciará um mesmo caminhar
Rumo a objetivos comuns
Com a certeza de lá chegar.



P R O C U R A


23/12/94


Estou só!
Quero ficar só!
Preciso estar só,
Para que repasse minha vida
Pelo prisma das realizações;
Para rever os meus caminhos
Imaginar os desvios
E as trilhas verdadeiras.
Tenho de ficar só,
Porque só assim poderei
Desnudar a minha mente
Sondar o coração
E encontrar as razões
Que me motivaram a sentir
O vazio dentro de mim.
Preciso estar só
Para refazer caminhos
Remover as frustrações
Criar um mundo novo
Onde possa vencer o amor.
Amor de entrega voluntária
Sem cobranças infindáveis
Que possa realizar a entrega
Não solitária mas mútua
Que construa a felicidade.
Preciso estar só
Para vencer o tédio que me empurra
Para corredeiras e cachoeiras
De amargura e solidão.
Preciso estar só
Assim desvendando o meu destino
Que parece estar prestes a findar.



V I A J A N D O P E L O T E M P O



26/12/94



O tempo é veloz como o vento
E nos impede de acompanhar a vida
Por mais depressa que caminhemos.
Juntamos no presente
O passado e o futuro!
Aquelas meninas que vimos nascer
Às quais com cânticos
Embalamos o sono
Transformaram-se como num sonho
E se apresentam a nós
Com um perfil de mulher.
Por mais que desejemos ignorar
As mudanças sutis
E enxergar os traços infantis
Esse novo ser nos emociona
E mesmo na solidão
Em nosso coração vivido
Vemos renascer o amor.



N A S C E A E S P E R A N Ç A



31/12/94


O cinza da manhã
Tornando opaca a visão
Foi transbordando
Pelas frestas do dia
E desaparecendo
Deixou nascer o sol .
As moças tristes
Que antes choravam
Viram brilhar a luz
E nascer-lhes a esperança
Do nascimento de um novo amor.
As crianças cantam alegres
Indiferentes ao azul do céu
O verde do mar
E à cor das nuvens, que talvez
Viessem gerar os seus destinos.



A N O N O V O



01/01/95



Floresce um novo dia
Parte do infinito tempo
E introduz um novo ano
Semeando nos corações a esperança.
Vidas que de ano em ano
Buscam novos caminhos
Aspiram realizar a ventura
De um encontro com a alegria.
A cada espaço de tempo
Renovam-se as frustrações
Fruto de maldosos corações
Que tira da vida todo o alento.
Quando se dará o milagre
De corações transformados
Transbordando a vida de alegria
Consolidando em nós a paz?
Quando nos amarmos como irmãos
Abandonando egoísmo e orgulho
E unidos juntarmos nossas mãos
Em uma prece de fé ao Senhor.



O P E S O D A S O L I D Ã O



19/01/95




Tem horas
Que nós sentimos
Uma dor tão profunda . . .
Parece-nos ter de suportar
O peso de todo o mundo.
Então percebemos que
Justamente nesse instante,
Não podemos contar com ninguém.
Apropria-se de nós
Um vazio incomensurável
E constatamos que estamos sozinhos.
Não que as pessoas não nos rodeiem;
Elas estão presentes,
Mas ausentes de nossa vida.
Acreditamos não poder suportar
O peso da solidão . . .
As lagrimas umedecem nossa face
Na ânsia que sentimos
De lavar a amargura
Que nos fere profundamente,
Ao nos mostrar um caminho
Que nos levaria à felicidade,
A tanto tempo procurado,
Mas que se encontra fechado
Pela incompreensão dos corações.



D E S T I N O F U G I D I O



20/01/95



Os sentimentos que vivemos
Em cada instante de visão
São pontos perdidos do destino
Que explodem em nossa mente
Mas que não param;
Continuam a sua trajetória
Perdendo-se na imensidão do universo.
Cá ficamos nós
Esquecidos dos momentos
Em que fomos premiados
Por revelações inusitadas
Que, inocentes, deixamos escapar.
Quando acordados pela reflexão
Constatamos que em um lapso instante
Poderíamos ter nos transformado
Para dominarmos nosso destino
E sermos senhores do caminhar.



V I D A I M P R E C I S A



20/01/95



A vida vem, a vida vai
A vida caminha, tropeça,
E com ela rolamos,
Lutando para não sermos vencidos,
E possamos alcançar
O que a vida pode nos dar;
Não simplesmente o que deseje
Nos oferecer sem uma escolha apurada
Mas tudo aquilo
Que as nossas aspirações idealizam
Que poderá nos transportar
Através de esquemas dimensionais
Às esferas onde iremos encontrar
Os sublimes enlevos do amor
Que vencerá a amargura
Dissipará a angústia
Transformando vivências
Contidas de desesperanças
Em vidas cantantes e felizes.



A M A N H Ã



23/01/95



Amanhã
Independente de todas as injustiças
Os pássaros estarão cantando
Amanhã
Embora muitas criancinhas faleçam
Agredidas pela miséria que campeia
O sol estará nascendo para um novo dia.
Amanhã,
Quando em muitas mesas não haverá pão
Estará havendo semeadura e ceifa
Para enriquecer os gananciosos
Amanhã,
Enquanto continuará a crescer o desemprego
Os magnatas estarão planejando
Para implantar novas tecnologias
Que aumentará os seus prazeres
E tirará do pobre o pão
Amanhã,
Quando o cinza encobrir o sol
E as flores deixarem de nascer
Para enfeitar e alegrar a vida
E não houverem mais criancinhas a chorar
E o último sabiá entoar o seu lúgubre canto
A humanidade estará caminhando
Para alcançar o fim.


C A R Ê N C I A


21/05/95


Em minha carência constante
Sinto falta de afeto
O vazio, neste instante
Substitui o meu amor dileto


A jornada que empreendi
Carregando a cruz dos pecados
Não me fez compreender, até aqui,
O que em vidas havia acumulado.


Mais não suporto, o vazio,
Construindo paixões ao vento
Sem recursos de sublimação


Vivo, do inferno, o estio
Já esgotou o alento
Em meu peito cresce a desilusão.



N E C E S S I D A D E D E A M O R

10/06/97



Quando não temos um amor
Alguém que seja parte de nosso viver
O nosso coração para de bater
Fazendo definhar o nosso ser


Preciso de alguém
Que me retorne a vontade de sentir
Aquelas ânsias de querer
Quando o coração não pode mentir.


Há! Vida que busco em vão!
Para que não venha a fenecer;
Que me dê amor em vez de pão


As aspirações que vida são
Que me possa oferecer
De uma vez o fim da solidão.



O M A R

Itanhaem,16/03/97




Caminhando na orla marítima, com as ondas vindo, amigáveis, roçar os meus pés, medito sobre a grandiosidade dos mares e o que Deus desejou dizer aos homens quando o contemplassem!
Talvez pela ligação a todos os continentes exista uma mensagem de paz para ser vivida, pelo exemplo de um espírito guerreiro que tumultua os tempos vergastando as costas pedregosas, mas insinua-se mansamente pelas enseadas, para dizer suavemente que existe o amor.
Sepultura que através dos séculos recebeu, em turbilhão, os lutadores, com a incumbência de devolvê-los em data certa para a realização do milagre do renascimento
Parceiro da lua e dos coqueirais em suaves noites de primavera, encanta os namorados tornando doce o enlevo de morrer no mar.
Triste destino de tragar a esperança da volta daqueles que nas tormentas não resistem ao chamado da morte.
Alegre mensageiro para aqueles que contam com a ventura de novamente receberem o ser amado.
Guardião dos tesouros dos egoístas e dos usurários que preferem empreender a fuga de si mesmo em lugar de traduzir a riqueza em felicidade para os menos afortunados.
Celeiro pródigo que tem o dom da multiplicação para que quanto mais se lhe tira mais sobra-lhe o que oferecer ao homem cansado, ao pobre e fraco, à criança que ainda espera a esperança.
O mar! Ele brinca, ele canta, ele alimenta, ele ama, ele castiga, se enfurece, e amaina a sua impetuosidade e vem suavemente nos beijar os pés, humildemente, sem importar-se com a sua grandiosidade; somente consciente do seu destino que é amar!
Caminho na orla marítima! Caminho pelo caminho de toda a gente. Caminho, também, para o meu destino que é amar . . .



P A R A J U L I A N A




13/06/97




Como a mitológica Poliana
Que de otimismo construiu o seu viver
Para vencer e passar a ser;
Assim outro personagem épico
Que ao físico dedica seu lazer,
Sente-se feliz por ver nascer
A heroina do amor, Juliana,
Que em sendo, também, um ser mítico
Nasceu para vencer.



P R A N T O



28/08/95


Enquanto ela caminhava
Com seus passos trôpegos
Derramando copioso pranto
Resultado de angústias passadas;
Eu, silencioso, a seguia
Colhendo as sobras da desdita
Que, também, a mim colheu.
Tantos foram os desencantos!
Quando o destino fugidio
Nos separava da felicidade!
Agora colhemos os espinhos
Das plantas que cultivamos,
Negam-nos o perfume das flores.



Diamante
De que serve ao diamante
Ser o que ele é
Se solitário sempre será
Imitando o desiludido amante?



N E N H U M A E S P E R A N Ç A




13/03/95
Um casamento sem amor,
É como um barco à deriva;
É um corpo sem vida,
Um monstro com duas cabeças,
Cada uma delas procurando
Outro corpo para juntar-se.
Esse agrupamento espúrio,
Independente do tempo que perdurar
Transforma-se em um edifício desabitado
Prestes a desmoronar.
Cada um dos parceiros,
Desesperado mas covarde
Busca apenas um alento,
Um pequeno sinal de encorajamento,
Para que possa partir
Na busca de ser feliz;
Sem o perigo de enveredar-se,
Através de um labirinto maior,
Que o levará a uma solução infeliz,
Salvo do naufrágio, para morrer de solidão!


Meu Pai

22/06/1.996



Aquele homem terno e suave
Incapaz de desencadear uma procela
Qual água morna em fogo brando
Recolhia só prá si as emoções.

Alheio ao sentir de seus amores
Caminhava sem pressa ao objetivo
De doar de si um lenitivo
E transformar a vida em flores.

Trocando sua vida por vidas
De seres inocentes e singelos;
Simples animais, naturais,
Das matas donos pela natureza.

Esse ser de presença tão marcante
Que em silêncio ordenava meu crescer
Foi-me tirado de repente
Para além, partindo sem esperança de voltar.

O vazio instalou-se em meu ser,
A angústia tomou conta de mim
Foi cortado o caminho do futuro
Transmudando todo o meu caminhar.

O tempo, porém, não apagou
De mim aquela vida afim
Conservando, cravada, assim,
Lembranças de tempos que vivi.

Por que aquela viajem tão cruel,
Que tomou o futuro em suas mãos,
Mudando o transcorrer, então,
Dos sonhos e esperanças de criança?

Esse ser que ainda vive em mim,
Transparecendo no meu proceder,
É meu pai, que partiu e não voltou,
Para alegrar-se com o que eu poderia ser.





‘ F I N A L ‘


Chegamos ao final
De uma caminhada preciosa
Quando juntos percorremos
Alguns lances da história.


Vivemos juntos os momentos
Que marcaram nossas vidas
Unindo-nos na construção do sonho
Incentivando-nos a viver a fantasia.


Depois de trilharmos o caminho
Unidos pela força do destino
Coisa alguma jamais nos separará


Pois juntos construímos,
Aos pedaços, nossas vidas,
Juntos alcançamos o ideal.























D E S P E D I D A

Morrer, Morrer, Morrer!
Soluçava meu triste coração.
Morrer o amor, de abandono fenecer;
Em meu peito explodiu uma oração.

Já não vivo a ilusão
Da espera infinda
Que não trouxe a solução
Da paz definitiva.

Da carta última
Em tom de despedida
Revelou-se a falta de estima
Transformando o amor em desdita.

Já não diviso no futuro
Um transparecer tranqüilo
Ergue-se, sim, o monturo
De coisas que não desejo esquecer........


























Miragem de um Sonho

Escrito especialmente para homenagear ao meu filho Antônio Paulo no lançamento do seu livro "Vôo na Miragem" 21/03/1.996


Miro a mira na miragem
Mirando o que Miró mirou;
Alço o vôo para o sonho
A força alada me transformando.

Contemplo a imagem produzida
Atento, tento abrir espaços,
Alargar meus horizontes,
Conseguir chegar às fontes.

Chegarei a encontrar o que procuro
Nessa imagem que é miragem e sonho,
Nesse sonho que alimenta a fantasia?

Em um vôo que visiono o futuro
Talvez a mira só mire o sonho
De venturas e retalhos que existia.


DESENCONTRO

Onde estavas,
Que chegastes tão tarde à minha vida?
Já vai longe o alvorecer dos meus dias,
Que passaram-se tão rápidos,
Na ânsia de encontrar o amor primeiro!
Talvez estivesses aprisionada
No solerte casulo da eternidade,
Aguardando, embora apaixonada,
Que a vida e o tempo oferecessem
As prendas ansiosamente esperadas.
Encontras-me já no fim da existência
Sem tempo de acrescentar à vida.
Outros degraus conjuntos de experiência.
Repete-se em nós o desencontro
De vidas sem poder viver,
De almas gêmeas desamparadas,
Cuja sina é viverem separadas.



A D E U S




Um adeus é sempre dorido
Ele indica vidas separadas
Vislumbramos um futuro indefinido
A nos esperar no final da estrada.

Essa dor que nos assola, indefinida,
Sem manifestar-se nem se ir,
Deixando o nosso coração pequenino,
Apertado pela vontade de ir também.

Desejamos alcançar cenas passadas,
Fazer renascer outras lembradas,
Ressuscitar a felicidade que se vai
Sem mais esperança de voltar.

Agarramo-nos à despedida
Fazendo dela o elo da esperança,
Algo que desminta a desdita
De vidas que não mais se encontrarão.

Mas essa dor crucificante
O temor de o futuro enfrentar
Cura-se com o tempo
Quando medicados pela saudade.



S E M T Í T U L O

Já se aproxima o desfecho
Da história que vivemos juntos,
Já percebo fechar-se o tempo,
E delinear-se o alvorecer da nova vida.
Preciso dizer que te amo
Apesar do desencontro
Que alheio aos nossos desejos
Manteve-nos separados.
Prestou-se para consolidar
O sentimento tremendo
De corações que se desejam
Não importando as mágoas do caminho
Que como espinho nos feriu a ambos
Maior, mais forte é a chama,
Que alimenta nossos destinos.
Senti, na tua despedida,
O desejo que tinhas de ficar
Sendo esse, também, o meu desejo,
Para consolidarmos a vida
Que o encontro prometia.


A D O R D A S A U D A D E

Há momentos que nos recolhemos
Para buscar dentro de nós
Os sonhos que não se cumpriram,
E a dor que sentimos
É algo dilacerante.


Idealizamos o encontro do amor,
Um sentimento que preencha o coração,
E quando o encontramos
E julgamos encontrar a felicidade
O adeus vem nos machucar
Com a partida da pessoa amada.

Imaginamos que, talvez,
Outra pudesse ocupar esse lugar
Para que não soçobremos
Com a dor que veio se instalar;
Mas tomamos conhecimento
Que ocupar apenas o lugar físico
Não nos aliviará o peso
Que sentimos no coração.

Porque aí, na sede da emoção,
Não existe ninguém que possa,
Nem de leve, substituir,
A dona do amor real!
Só você, minha amada,
Poderá aliviar a dor
Que parte meu coração!









Coração Vazio

Bruder Klein


Derramo a emoção estonteante
Ao contemplar meu interior
E ali não encontrar a imagem,
Imagem tão querida
Que ali plantei feliz
E que preencheu o vazio,
Vazio de minha existência!
Da aspereza de meu viver
Galguei o céu ao te encontrar
Trazendo-me a esperança
De um amor maior,
Amor maior alucinante.,
Que transformou o meu viver!
Mas, hoje lá já não mais estás,
Partiste para o infinito
Infinito que me magoa o coração!
Meu grito ecoa, então, na busca,
Na esperança de tornar-te a ver
De tornar-te a ver
Ali onde a plantei.
Mas o espaço, hoje, está vazio,
Vazio que mata a esperança
Mata a esperança de viver.
Por que, minha vida,
Por que partiste?
Por que me deixaste no abandono?
Com este coração vazio
E uma alma a mendigar.


Resposta

Bruder Klein

Irei enxugar as suas lágrimas
Para que nunca fique triste.
Ouvirei os seus gritos
E a socorrerei.
Darei as mãos a você
Para que corramos juntos
E recuperaremos todo o tempo.
Oraremos juntos
E nossos destinos serão iguais.
Sempre nos encontraremos
Por que estaremos escondidos
No coração, um do outro.
Dormiremos para juntos sonhar.
Dançaremos e cantaremos
As mais lindas canções,
E todos aplaudirão.
E, quando estiver triste,
E a solidão a alcançar
Tomarei conta de você
Para que nada de mal sofra.
Fecharemos os olhos
E veremos a luz Divina
Para vivermos
O mais puro amor.


Segredo

14/01/97
O segredo que guardo no peito
Em meio a pedreiras de sentimentos
É preciso que tenha um jeito
De um dia se revelar.

No silêncio ele machuca
Anulando os preceitos
De um amor fraternal
Criando paixão sem igual.

Por que criamos o sofrimento
E vez de anseios de ventura
Que grita em nosso interior
Que o amor é para vencer

Oh! Amargura sem fim
Começo do amanhã
Estrada que não termina
E hoje enfrenta o fim

Quisera ser garimpado
Por quem me haja amado
Para que fosse encontrado
O diamante de um grande amor.


Cleusa


Que linda poesia minha querida!
É um sonho de amor unindo duas vidas,
Enternecendo os nossos corações
Para que juntos caminhemos
Sem olhar para os lados
De mãos dadas
Rumo a um objetivo de felicidade.
É sonho ou realidade;
Esse sentimento que nasce forte dentro do peito
E nos conduz nas asas do vento
Para um destino precioso?
Uma entrega verdadeira
Juntando-se dois em um
Para que sigam entrelaçados,
Corações e almas,
Em uma fusão que ninguém separará.
Se for sonho não me acorde,
Porque quero continuar a amar!
























Esperança

Bruder Klein


Um acontecimento
Um amor
Dois corações apaixonados.
A busca
Por sentimentos
Que tragam a felicidade.
Realização do inusitado
Esperança no futuro
Realizar algo grandioso
Que transforme vidas
E as junte na caminhada.
História de folhetim
Embora cheia de emoção
Mas que é apenas ficção
E com o tempo se apagará,
Deixando-nos frustrados,
Com o coração vazio
E a alma a mendigar.
Acorde-me desse pesadelo,
E ensine-me a sonhar!



















Outras Obras do Autor:
Mensagens e Reflexões
Contos Para Ler a Dois na Cama
Devaneios
Minhas Incursões Pelo Jornalismo
Nova Dimensão
Contos Pontos e Contatos
Memórias de Um Cidadão Comum
Serões em Família
Frases e Pensamentos
Aconselhamento Matrimonial
Aconselhamento Matrimonial II
Relendo Cartas
Relendo Cartas II
Proversando
Cartas Vivas
Outras Histórias
Outras Mensagens
Poesias Reunidas
Textos Para a Terceira Idade
Walkyria
Uma História em Três Tempos
Aconselhamento Matrimonial III

E-Mail: mik346@hotmail.com

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