Páginas

Seguidores

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

OUTRAS HISTÓRIAS

Bruder Klein



Í N D I C E
PAG. Título
02 Índice
03 Apresentação
04 Romantismo
05 Mãe
06 Despedida
07 A Respeito dos Livros "Rumores Dormidos" e Rastros de Caramujo"
10 Ouvindo a Banda
12 Pensamentos
13 Amor, Amizade, Cumplicidade
16 História Mineira
18 O Encontro de Dois Loucos
20 Carta Que Não Enviei
22 Alerta Contra os Espertalhões
25 Um Amigo Muito Especial
27 Imaturidade
29 Um Grande Amor
31 Mais Um Sonho
33 Bel e Dagon
36 Construtor de Mitos
38 Miragem de Um Sonho
39 Seiva da Vida
40 Meu Pai
42 Mensagem a Uma Internauta
43 Uma História de Amor
46 Providência Divina
49 Nathália - Quinze Anos
51 Carta de Natal
52 Paloma - Quatorze anos
54 Revelações

Todos os textos encontram-se registrados no EDA/Biblioteca Nacional sendo proibida a sua reprodução por quaisquer meios sem a autorização escrita do autor.
E-Mail: mailto:mik346@hotmail.com








A P R E S E N T A Ç Ã O

A nossa vida é repleta de acontecimentos que ocorrem a cada instante de nossa existência e é necessário que vamos juntando todos esses pedaços para podermos compor uma história, que poderá contar quem somos nós. Esses pedaços são fatos ocorridos ou relacionamentos efetivados, quer pessoalmente ou através de nossa correspondência, às quais, hoje, juntamos a correspondência eletrônica, que é a mais usada. Por isso a importância que registremos todos os nossos pensamentos ou ações, para que no futuro aqueles que não nos conheceram pessoalmente possam compor a fotografia de nossa personalidade.
É justamente isso que estamos apresentando aqui, registros de momentos que poderão compor uma história de vida, e esperamos que possa ser apreciada pelos que a lerem.






















Romantismo
Mococa, 14 de Novembro de l.998

Quando ouço uma música romântica, quando os acordes mexem com a sensibilidade da alma, mergulho para dentro de mim mesmo, à procura dos sonhos que vivi e que me prometiam a felicidade. Desde os tempos de criança, quando lançávamos a esperança para o futuro, na certeza que ali se encontrava tudo aquilo a que aspirávamos sem mesmo saber o que, na confusão mental dos alienados, que buscam no nada a satisfação da vida! Tristes ais! Que a minha alma amargurada lançava aos ventos, como a crer que o tempo poderia construir tudo aquilo que borbulhava em minha mente, que apontava a incerteza das realizações esperadas.
O tempo transcorreu com a celeridade de quem deseja alcançar o amanhã, como um elo encantado que a tudo poderia transformar. Transformação que de fato ocorria a cada passo, avançando na senda do destino incerto; visão antecipada de coisas estranhas apontando a desdita do desencontro que mataria o amor; condenação implacável estigmatizando a vida, para, na hora marcada, ser criado o vácuo do desamor.
Se o amor é o Dom da vida, que encanta os parceiros para o êxtase eterno!
Mais uma vez, atingido pelo desamparo, lembro-me dos amores que não encontrei!
Talvez, porque a escuridão da noite haja encoberto os matizes serenos que revelavam o surgimento da alva, e eu dormi, na esperança de sonhar com a alegria de te encontrar, deixando de viver a realidade do amor que existia, concreto, positivo, que também vicejava em seu coração sonhador.
Sonhamos os dois, com as fantasias que criamos, criando o desencontro de nossos corações.
Mergulhados na amargura desiludimo-nos do verdadeiro amor, fechando nossas vidas, para acalentarmos a solidão.















M Ã E


10/05/1.992.

Quando ainda vivias
E eu poderia
De tua companhia usufruir
Não avaliava a importância
De contar com a tua presença.
Agora que partiste
Deixando um grande vazio
Meu coração soluça
Por não mais poder te ver.
Este coração
Que também já vai envelhecendo
Eleva, por ti, uma oração
Aguardando o momento
Que por mim
Também façam igual intenção.
Quando colhido pela idade,
Senhora que a ninguém perdoa,
E ao teu encontro eu partir
Deixarei, talvez, outros corações a soluçar
Também repletos de saudade.



















D E S P E D I D A

Morrer, Morrer, Morrer!
Soluçava meu triste coração.
Morrer o amor, de abandono fenecer;
Em meu peito explodiu uma oração.

Já não vivo a ilusão
Da espera infinda
Que não trouxe a solução
Da paz definitiva.

Da carta última
Em tom de despedida
Revelou-se a falta de estima
Transformando o amor em desdita.

Já não diviso no futuro
Um transparecer tranqüilo
Ergue-se, sim, o monturo
De coisas que não desejo esquecer........









SOBRE OS LIVROS "RUMORES DORMIDOS" E "RASTROS DE
CARAMUJO"

ABRIL DE 1.999


Ao
Dr. Getúlio Cardozo da Silva

Quando abri a porta e me entregaram o pacote, apalpei o volume e li o nome do remetente, nascendo em minha mente a expectativa de coisas deliciosas. Encerrei o expediente do “Cantinho da Esperança” colocando em sua porta o aviso: “FECHADO PARA SONHAR” Liberto de qualquer embaraço cavalguei uma nuvem em figura de gôndola veneziana para viajar o mundo, partindo das Minas Gerais. Manuseando o conteúdo fui encontrando pedaços de corações, feixes de saudade, constituindo, em mistura com as lembranças do passado, a sobremesa mais deliciosa; daquelas que a criança que existe em nós mesmo depois de plenamente satisfeita ainda arrisca a ingerir mais um pedacinho. Atiçado pela gula de conhecimento.
Ventos suaves enfunaram as velas imaginárias para que o poeta empreendesse a viagem dos seus sonhos, rebuscando dentro de si mesmo tudo aquilo que o tempo registrou no convívio amigo e prazeroso da família, reduto sagrado onde o guerreiro sempre encontra as suas raízes que o incentivam a caminhar para o futuro, ao encontro do seu destino.
Quando lemos uma obra dela passamos a fazer parte porque o amor que habita nos corações sempre estará ligando autores leitores em uma busca de si mesmo, para alcançarem o universo que existe em seus próprios interiores. Ali nos encontramos com o nosso passado, nos unindo pelos acontecimentos semelhantes que interligam vidas, para a realização de algo maior do que as nossas próprias personalidades individuais.
Muitos dos versos já eram meus conhecidos, premiado que fui, no passado, para le-los no original. Lá aprendi que o fazedor de gaiolas sempre deverá construí-las de forma que os passarinhos não fiquem aprisionados e sim tenham a oportunidade de alcançarem a liberdade, que também é a aspiração do ser humano, não fora as injustiças sociais que primam em premiar os corruptos ao mesmo tempo que castiga o homem que trabalha. Aproveitei a receita do Sr. Antônio Cardoso para saborear um chá de casa velha, mas só que não usei o pilão mineiro e sim soquei no próprio coração para reviver a primavera dos idos de l.947, quando aprendi o amor e o sonho naquela casa numero 993 da Rua José Bonifácio, em Mococa. É interessante como os nossos destinos cruzam-se, pois quando o conheci ( no recinto da Câmara Municipal, quando realizava-se uma convenção do PT) e sabendo-o morador daquele endereço senti que passávamos pelo mesmo corredor do destino e agora quando o amigo fala-me dos seus devaneios percebo que essa palavra veio-me à mente para batizar um de meus livros. Coincidência ainda maior é um conto que faz parte de um de meus livros (Contos Para Ler a Dois na Cama) cujo desenrolar deu-se em Milagres, cenário, também do seu livro “Louco de Milagres”.
Extraordinárias são as ligações que ocorrem entre os maiores poetas de todos os tempos com a sua obra, e isso faz sentido, em razão de a produção literária ser una em seu conteúdo, cabendo aos poetas dizerem, ainda que as mesmas coisas, de maneiras diferentes impondo a sua personalidade e a sua maneira peculiar a cada criação. É isso que percebemos em suas criações, que são irmãs gêmeas dos grandes textos literários ao mesmo tempo que possuem um colorido ímpar que espelha uma personalidade superior que é privilégio dos grandes realizadores, que estarão arrolados na lista de construtores de obras eternas, que nunca desaparecerão mas sim irão enriquecendo-se no decorrer do tempo, na medida que os homens irão enriquecendo os seus intelectos. É missão dos predestinados construírem riquezas que agradem o presente mas estarão perpetuando-se e projetando-se para o futuro, para lá adiante receberem a consagração de gênios.
É muito difícil selecionar trechos para descrever pormenores, visto que toda a obra se confunde em um todo de preciosidades, que, apresentando-se com alto cunho intelectual e criativo, falam, também, muito fundo aos nossos corações; todos somos feitos de emoções e essas fisgadas interiores mexem com a nossa sensibilidade aflorando sentimentos de amor e saudade de tudo aquilo que já fomos e que continua vivo dentro de nós, pois nunca poderemos deixar morrer a criança que existe em nós, para que não nos falte, nunca, a esperança.
Olhamos para o nosso passado, para aqueles momentos que não sabíamos o que seríamos, qual seria o nosso destino, e por maior que seja a nossa vitória, só chegamos até aqui porque alimentados pelas nossas lembranças do passado. É muito positivo olharmos para o futuro, idealizarmos mil coisas, mesmo sabendo que é apenas um sonho e fantasia; é muito bom termos um presente coroado pelo êxito de nossas realizações; porem o passado constitui as nossas raízes, que alimenta a nossa esperança e que produzirá todo o resplendor que desejamos para os nossos descendentes. Uma raiz sólida e bem plantada poderá suster as esperanças de muitas gerações; serão filhos netos, multiplicando-se em muitas gerações que estarão nos sucedendo para que através de cada geração estejam sendo preparados meios de aperfeiçoar-se, não apenas no sentido tecnológico e sim, e principalmente, nos sentimentos de amor, de paz, de perdão, para que a humanidade transforme-se em uma grande família destinada às grandes e tremendas realizações que insere-se nos planos de Deus para as nossas vidas.
Li os seus dois livros em uma sentada, e ao terminar a garimpagem senti-me muito mais enriquecido, muito mais satisfeito da vida, sentindo uma plenitude, mas daquelas que ainda deseja mais, como a criança que possui os olhos maiores que a barriga e depois de tomar todo o sorvete que o seu pequeno organismo poderia acolher, fica desejando, só mais um!
Dessas misturas de chá de casas velhas , conteúdos de gavetas atulhadas de pertences de nossa mãe, caminhos construídos pelos gatos para dar mais charme para as ruas das cidades, preservando locais apropriados para receber os cometas, sementes de girassol para prepararmos a nossa margarina sem a ameaça do colesterol, poderemos construir o nosso futuro e talvez seguirmos os marcantes rastros do caramujo, e , até, transforma-lo em “escargot” para enriquecer o nosso “menu”.
Se “ Na vida de um homem
basta um único dia.
Ou menos, uma tarde
Fundindo o que ele tem dentro
Com o infinito,
desfazendo-se da forma inútil
com o por do sol”
Hoje vivi esse dia, ao depositar, em um cofre forte, o produto da garimpagem que Getúlio fez de sua alma, para nos oferecer como um prêmio dessa amizade que tanto prezamos. As nossas almas irmãs juntaram-se neste dia, para mais uma vez vivermos o sonho e a fantasia que a vida constrói.
Abril de l.999
José Wladimir Klein








Ouvindo a Banda Tocar

Rudge Ramos, 21 de Abril de l.999

Hoje, depois de terminar de dar a minha costumeira caminhada, na Praça dos Meninos, sentei-me em um banco do jardim para ouvir a Banda Municipal de São Bernardo do Campo. Essa é uma tradição que nunca poderá morrer, sem destruir todo o passado de um povo; foi ouvindo os acordes de uma banda, em qualquer parte deste país, que desde os nossos avós até nós, desenvolvemos a nossa personalidade.
Nesta manhã tão radiosa, feriado que comemora uma atitude patriótica, pudemos presenciar a alegria de pessoas, quer fazendo as suas caminhadas ao redor da Praça, como assentadas nos bancos, ouvindo e aplaudindo as musicas executadas, vivendo um presente cheio de paz e harmonia, dando uma nova dimensão à família que ali fazia-se representar. E um Sr. que ali distraia-se em companhia do filho, comentou: Quanta paz! Não poderia ser sempre assim, as famílias reunidas em uma praça, festejando um feriado alheia aos problemas da vida?
De fato, deveria, ser sempre assim, cada um de nós tomando conhecimento de seus semelhantes, amando-os, seguindo os preceitos cristãos!
Mas infelizmente o mundo em que estamos vivendo, não é mais o mundo de nossos avós, de nossos pais, e nem a sombra de tudo que podíamos presenciar em nossa infância. Hoje vivemos em um mundo transtornado, onde é gerada a violência, o desrespeito pelos ancestrais, onde cada um procura as suas conveniências, demostrando todo o egoísmo, hipocrisia gerados por uma frustração que nasce da ausência de amor.
Mas mesmo presenciando o que ocorre em nossos dias, essa oportunidade de revivermos momentos de nosso passado, nos dá a oportunidade de penetrarmos para dentro de nós mesmo, para sondarmos o nosso interior , e perceber que, mesmo que sintamos uma certa nostalgia, ao pensarmos naquelas pessoas que fizeram parte de nossa vida, e que já não existem mais, nossos pais, irmãos, avós, amigos ,que embora, muitos, possam ainda viver algures, foram de nós separados pelas vicissitudes da vida, é gratificante tomar conhecimento que tudo o que vivemos está bem dentro de nós, como um patrimônio de valor incalculável, que são as nossas recordações. Quem não possui recordações? Todos as temos e ocorre um fenômeno interessante, que é que geralmente esquecemos os acontecimentos desagradáveis por que passamos, mas aqueles que nos proporcionaram alegrias estarão sempre voltando às nossas mentes, para retemperar-nos a cada passo do caminho. São as lembranças do passado, das pessoas a quem amamos, que retemperam o nosso espírito para que continuemos a nossa caminhada para terminarmos a missão que nos foi delegada pelo Senhor. E quando chegarmos lá adiante e olharmos para trás, poderemos dizer que valeu à pena tudo que construímos; que dentre os muitos erros que cometemos, poderemos selecionar, também, muitos acertos, que proporcionaram a nós e aos nossos amados bênçãos sem conta.
A banda toca e nós, tomados de profunda emoção, não podemos refrear algumas lágrimas que afloram aos nossos olhos; são lágrimas de saudade representando uma doce nostalgia! E ao olharmos para as pessoas que nos rodeiam e inclusive os próprios artistas que nos proporcionam esse divertimento, percebemos que muitos levam as mãos aos olhos, tentando dissipar a emoção que lhes tomou conta de todo o ser. Ai podemos perceber o interior dessas pessoas que rebuscam no fundo de seus seres as jóias que o tempo acumulou e que estão prontas e disponíveis para presentear os que lhes rodeiam!

























P E N S A M E N T O S



No amor não existe diferença de idade, visto que juntamente com ele nascem, no mesmo instante, os dois amantes.

Aqui estou eu, remanescente do que fui; resto do que o presente doará para o amanhã. Desejo completar este ciclo de vida realizando algo que possa redimir a minha alma. Completar uma carreira que completa mal se iniciou. Muito falta a caminhar, por caminhos longos e estreitos, buscando a mim dentro de mim, no desejo de encontrar algo que me satisfaça e acrescente valor aos sentimentos.
Aqui estou eu, neste Domingo frio e solitário, sozinho diante de minha companheira (a máquina eletrônica), a derramar os meus anseios, no afã de preencher o vazio cesto que a vida me entregou!

Em um casamento, quando um dos parceiros começa a negar-se ao outro, é porque não deseja trair o amante.

Quem é rico? Aquele que tem tudo ou o que sente que não lhe falta nada e está satisfeito consigo mesmo e de bem com o mundo?

O importante, na vida, é ter fé em um Deus verdadeiro que nos leve a um procedimento coerente com ensinos verdadeiros.

Quando leio uma história com final feliz me pergunto: "Porque a nossa vida não é uma ficção?"















A MOR, AMIZADE, CUMPLICIDADE

04/05/1.999 00:46:05 Terça-feira



Desde os primeiros momentos de nossa existência, quando ainda estamos no ventre de nossa mãe, inicia-se o nosso relacionamento com o mundo ao nosso redor, e começam a desfilar os personagens que alimentarão o nosso intelecto, e farão crescer a nossa alma, para que possamos transformar-nos em seres humanos amadurecidos. Esse primeiro contato com alguém, que na realidade é a pessoa mais importante de nossa vida, não só por ser a primeira e sim porque é com a qual experimentamos uma maior intensidade de amor, começa a condicionar-nos o espirito para todas as ligações que apresentar-se-ão em nossa vida. Começamos a entender a necessidade de uma cumplicidade nessas ligações que nos condicionarão a uma vivência coletiva, para que estejamos integrados na sociedade.
São inúmeras as ligações que desenvolvemos durante a nossa vida, cada uma criando-se dentro de características próprias e que passarão a fazer parte de nosso ser. Será na soma de nossas experiências que estaremos desenvolvendo a nossa personalidade. Para sermos constituídos em um ser único, que apresentará características pessoais inconfundíveis.
Essas ligações apresentam-se em nossa caminhada influindo em nossos procedimentos e embora distanciem-se com o passar do tempo, passarão a fazer parte de nós e por mais que desejemos recalcar esses acontecimentos para o nosso inconsciente jamais poderemos conseguir esquecer o enlevo que foi proporcionado à nossa alma pela passagem desses personagens tão queridos.
O tempo passa, a nossa vida tem continuidade e os novos acontecimentos tomam conta de nossa tempo e recalcamos tudo aquilo que fez parte de nosso passado, como um repositório precioso que nos alimentará nos momentos de crises existenciais. Será a doce saudade de coisas que vivemos, ou simplesmente sonhamos em viver, que alimentará a nossa disposição para vencermos os obstáculos que se nos apresentem. Muitas vezes nem temos consciência de como as vitórias apresentam-se em nossas vidas, mas é o passado, presente a cada instante que dele precisamos, que nos estará fornecendo os subsídios para construirmos as soluções mais sábias para as nossas vidas.
Você, por acaso já elaborou um inventário de todas as ligações que manteve durante a sua existência, e que de alguma maneira contribuíram para a formação do que você é hoje? Quando começamos a sondar o nosso subconsciente e ali encontramos valores registrados, percebemos que eles possuem a fisionomia de todas aqueles amigos que passaram pela nossa vida, que mesmo inconscientemente participaram da formação de nosso caráter. Cada detalhe poderemos estar comparando com personalidades que conhecemos quer através de contatos pessoais, ou, também, pelos pensamentos sábios que chegaram ao nosso conhecimento, assim como tudo aquilo que o nosso espírito apreendeu através da percepção. Somos, enfim, o produto de nossas experiências e estaremos apresentando em nossas atitudes aquilo que recebemos de herança de uma sociedade que estruturou-se a partir de um agrupamento singelo que chama-se família. Não fora esse agrupamento básico não teríamos tido a oportunidade de crescer e tornar-nos alguém, que também tem o poder de agir junto aos seus semelhantes para influir positivamente na formação das novas gerações; gerações que serão mais sábias se iniciarem a sua formação a partir daquilo que foi preparado pelos seus ancestrais.
Mesmo que as ligações que permearam a nossa existência deixem acumulado um patrimônio que nos acompanhará pelo restante de nossos dias, a separação desses elos é para nós profundamente desgastante, pelo vazio que deixa para marcar a nossa vida pela saudade. Mas isso deverá acontecer, pois o homem é um ser dinâmico e tem uma trajetória que não poderá ser tomada pela inércia; deverá sempre ter continuidade para ir alcançando outros patamares, fazendo a ciência crescer e atingir novas diretrizes, para que sejam criadas novas oportunidades. A saudade dos momentos que vivemos, e o desejo que temos de que eles se perpetuassem poderão ser realizados, porque possuímos aquilo que vivemos; quer o tenhamos vivido realmente ou simplesmente através de nosso sonho e fantasia, eles estarão presentes dentro de nós e nada poderá nos separar. Embora os nossos parceiros, ou melhor dizendo, os nossos cúmplices, distanciem-se de nós, continuarão a viver unidos pelas lembranças dos sonhos que alimentaram, juntamente conosco, durante um período, o prazer de viver! Mesmo porque, quando recebemos, em nosso coração, um amigo, ele transformou-se em uma parte de nosso ser, e não existirá argumento ou motivo que o fará desprender-se de nós, pois passamos a fazer parte um do outro, a sermos verdadeiramente partes de um todo, que viverá do néctar de sentimentos puros, capazes de sobrepujar o tempo e o espaço para sobreviver pela eternidade; eternidade que nos acolhe para uma existência contínua e indestrutível. É justamente por isso que tudo aquilo que é produzido dentro dessas perspectivas torna-se também eterno. A amizade é eterna, embora os amigos possam passar a viver separados por distancias intransponíveis!






































H I S T Ó R I A M I N E I R A



Corria o ano de l.974 e minha esposa e eu passávamos as férias na cidade de Mococa. Aquele tempo havia sido inaugurada uma estrada que percorria todo o sul de minas, e resolvemos dar um giro para passar o tempo.
Em um determinado ponto vimos uma placa que indicava a cidade de Areado e lembrei-me que um meu colega de trabalho era natural dessa cidade. Imediatamente resolvemos entrar para conhecê-la para na volta poder comentar sobre a visita à sua cidade.
Julgava que a cidade seria pequena, porem ela estava muito aquém de nossa expectativa, poucas ruas, casas antigas, apenas a rodoviária sobressaia-se como a indicar que era o caminho que todos os habitantes utilizavam para irem procurar oportunidades em outros lugares. A cidade só poderia ficar, mesmo deserta.
Como era a hora do almoço procuramos um lugar onde pudéssemos comer, e não foi fácil; primeiramente me dirigi ao Hotel, e foi aí que ocorreu um fato pitoresco. Deixei minha esposa no automóvel e subi uma escadaria que levava às instalações que ficavam na parte de cima; a escada era pelo exterior do lado esquerdo, limitando-se com outra propriedade. E foi dessa casa vizinha que surgiu uma senhora, aos berros para chamar a minha atenção:
- Está procurando a Magnólia? Está procurando a Magnólia?
Expliquei-lhe que só estava desejando encontrar um local para tomar a refeição, coisa que o hotel, também não servia. E ela continuou:
- Pensei que procurava a Magnólia. Pensei que procurava a Magnólia.
Mesmo sem ter a certeza do que tratava-se, deduzi que Magnólia deveria ser alguma cortesã que servia os hospedes do hotel, que na maioria eram viajantes que passavam apenas uma noite.
Acabamos indo à Estação Rodoviária onde por coincidência o dono da
Lanchonete era um primo desse meu colega, e nos preparou um almoço até que muito caprichado.
Tempos depois de nossa volta a São Paulo recebi a visita do Benedito Nogueira, esse colega em questão, e desejei fazer uma gozação com ele, primeiro dizendo em tom de mofa que havia visitado a sua cidade e me perdera no Metrô. Depois passei a relatar a história da Magnólia.
A esposa dele que ouvia a conversa esperou que eu terminasse e virando-se para ele disse, também mais em tom de brincadeira: Quando chegarmos em casa você vai me explicar direito essa questão da Magnólia. E virando-se para nós: Tenho ouvido muito os homens comentarem sobre essa Magnólia e quero saber de quem se trata, que é tão comentada!
O meu colega ficou um tanto sem jeito, confirmando a mim, que de fato tratava-se de uma mulher de uma beleza ímpar e que todos os que passavam por lá tinham de conhecê-la, como ao Papa em Roma; era a atração da cidade!



































O Encontro de Dois Loucos
Terça-feira, 11 de Maio de 1999

Hoje, parei para ver as manchetes em uma banca de jornais. Um Sr., também aparentando bastante idade voltou-se para mim, dizendo: O Sr. não me julgue louco, mas o que se deveria fazer a este camarada? Apontou para uma notícia que falava do enfermeiro que parece ter assassinado mais de cem pessoas.
Trocamos idéias sobe as possibilidades de haver algo mais por trás dessa notícia, talvez uma organização ou quadrilha, desejando usar essas famílias, para através delas usufruírem parte das indenizações que estão pretendendo-se reivindicar.
Depois ele me falou uma coisa em que todos nós deveríamos meditar muito profundamente: Ele trabalhou por muitos anos, até aposentar-se, com um patrão espanhol e esse cidadão, que residia a muitos anos no Brasil e possuía uma grande empresa disse-lhe certa vez: “O dia que os brasileiros descobrirem a educação ninguém segurará este país.”
Respondi-lhe: “Infelizmente até hoje eles não encontraram, pois a educação não é apenas aquela aprendida nas universidades e sim necessita passar por um berço onde se cultue tradições que foram preparadas desde os princípios dos tempos. Depois desta é que a formação acadêmica será importante!
Despedimo-nos ele afirmando mais uma vez para que não o considerasse um louco.
Na minha volta para casa, e no restante do dia fiquei pensando nesse assunto que é tão importante e no entanto não sensibiliza as nossas autoridades e aos pais, pois a cada dia que passa assistimos os governos abandonando a população à sua própria sorte, sem educação, sem saúde, sem segurança: e a família sendo dizimada por não apropriar-se de uma orientação sadia que encaminhe os seus membros para uma formação moral abalizada que constituirá o lastro que o país necessita para sair do subdesenvolvimento e apresentar-se como nação potencial. Em vez de tornarmo-nos uma potência estamos desfazendo-nos do patrimônio construído por um largo tempo, e que asseguravam a nossa independência econômica.
Essas diretrizes existem e impõem uma responsabilidade aos pais como primeiros orientadores de seus filhos. Deus, quando determinou as normas de sobrevivência que deveriam ser seguidas, apontou no 6º capítulo do livro de Deuteronomio que caberia aos pais a responsabilidade de transmitir aos filhos os ensinos transmitidos a Moisés. São Esses ensinos que transformam os seres humanos em homens responsáveis para cumprirem o seu papel, tanto no seio da família como no desempenho de funções comunitárias, em benefício de toda a população de um país.
Quando o General De Gaule, fez uma afirmação de que o Brasil não era um país sério, houve quase um desentendimento diplomático, no entanto, ainda hoje carecemos de homens probos que possam responder por este país para que ele possa ser respeitado entre as nações.
Na verdade, o Nosso querido Brasil possui riquezas incalculáveis que poderiam fazer desta nação um verdadeiro celeiro para o mundo, se em primeiro lugar matássemos a fome de nosso próprio povo. Recursos existem, mas não a vontade política, pois esta somente visualizaremos quando pudemos contar com homens de qualidade que coloquem as questões nacionais acima dos próprios interesses.
Em vez disso, o que assistimos é o descalabro administrativo, um sistema que não funciona em nenhum dos poderes constituídos, pois uma boa parte de seus participantes locupleta-se do dinheiro público, cada um procurando levar vantagens, sem dar-se conta que está, com a sua atitude, sacrificando os seus compatriotas, que ficam sem as menores condições de sobrevivência.
O de que necessitamos, de fato, é uma formação sólida, dentro de padrões cristãos, para que amemos os nossos semelhantes como dizemos que amamos a Deus. Mas as Escrituras dizem que “se não amarmos ao nosso irmão a quem vemos, como poderemos amar a Deus a quem não vemos? Esses quadrilheiros que através de diversas modalidades, tem retirado para si o que destinar-se-ia aos mais necessitados! E é por isso que assistimos o povo sem emprego, sem escolas, sem assistência à saúde, sem segurança. O povo sofrido já não pode suportar mais e desespera-se por assistir aos entes queridos passando necessidade enquanto a cada dia a imprensa aponta as tramas armadas para enriquecimento ilícito. E quando são descobertos, dificilmente pagarão pelos seus crimes, pois em um país onde não existem homens responsáveis tudo acaba em “pizza”.
É tempo de mudarmos esses estado de coisas através de uma ação para elevarmos aos postos de responsabilidade aqueles poucos homens que são de fato corretos e estariam dispostos a trabalhar em benefício de seus semelhantes.
Mãos a obra pais, mãos a obra jovens, assumam a sua responsabilidade e justifiquem a esperança que depositamos em vocês como o futuro de nossa nação. Transformem-se de pagodeiros e irreverentes naquilo que faz a grandeza de uma nação: Homens! Com “H” maiúsculo!


Carta Que Não Enviei

CARTA QUE NÃO ENVIEI

Faz, já, muito tempo que recebi a sua última carta; se outras foram enviadas não chegaram até a mim, porque por aqui, também, é como aqueles filmes de amor e intriga, onde sempre existe uma megera que faz extraviarem as cartas dos amantes, para que entre eles cresça a desconfiança, para por fim ao romance. Porem penso que isso não ocorreu em razão de a sua última carta ter um tom de despedida. E como nos filmes ou novelas, essa carta também desapareceu, tirando-me a oportunidade de relê-la, para poder analisá-la e compreender qual a sua verdadeira intenção.
Aguardei até agora, na ilusão de ser unicamente um engano de minha parte e que você tornaria a comunicar-se, pondo fim à minha angústia, que é a de quem perdeu um grande amor. . .
A minha vida tem sido assim, por mais que deseje amar, os amores fogem da minha presença deixando-me solitário a cismar sobre o porquê do meu destino. Tantas vezes vi-me frente à frente com o amor, mesmo que o encontro não acontecesse, porem o meu coração enchia-se de esperança por sentir, dentro do peito, o sentimento de uma complementação, que creio represente a felicidade. É tão bom amar, mesmo à distância, sem mesmo vislumbrar a possibilidade de um dia encontrar a pessoa amada! O simples saber de sua existência e a certeza de que comungamos os mesmos ideais, que os nossos corações batem em uníssono, que nossas almas são, verdadeiramente irmãs!
Mas o fato de você nunca mais voltar a se comunicar, deu-me a certeza que aquele sentimento de adeus era real, e que, de maneira nenhuma, poderia negar-lhe esse direito, porque o nosso encontro era, também, um encontro virtual, embora nossas almas ansiassem por encontrarem-se, por mais que os nossos corações procurassem um ao outro, o nosso amor era daquela maneira que Platão nos ensinou; um amor que prescinde do contato físico e alimenta-se tão só da esperança e do desejo de existir um para o outro. E assim existimos! Nem tenho o desejo de encontrá-la pessoalmente porque você já está residindo bem aqui, junto a mim, de onde nunca poderá ser retirada. Mesmo que nunca mais nos liguemos por qualquer tipo de comunicação, ela já foi estabelecida definitivamente, para todo o sempre.
Tenho de dizer, porém, que você me faz muita falta, nos meus momentos de solidão, quando sinto-me encurralado entre paredes de desilusão. Nesses momentos, releio as suas cartas, alimento-me das suas poesias, para não sucumbir à tristeza da sua ausência, agora contínua, sem esperança de ser reativada, pois faz tanto tempo!
Cumpre-se nesse evento o meu triste destino, destino de viver só, porque estaremos sempre só se não for em uma ligação constante com as pessoas a quem amamos.
Mas esse é o seu direito, esse é o seu desejo, e só me resta respeitá-lo e repetir as suas palavras: “os amigos ou são ou não são”. De fato uma verdadeira amizade não morre, poderá passar por transformações e através delas irá crescendo para unir cada vez com mais ardor esses companheiros que se querem e se respeitam, em que pesesm todos os obstáculos. Porque, muitas vezes, mesmo sem ser esse o nosso desejo, magoamos as pessoas a quem amamos, ao agirmos de alguma forma que possa transmitir uma mensagem errônea. Se isso ocorreu, peço perdão pela minha falha. Mas como você saberá o que estou falando, se me proponho a respeitar o seu silêncio e essa separação que deixou até de ser virtual! Mas você saberá, através de sua sensibilidade, que existe em alguma parte um coração que a anseia. Alguém, que mesmo separado pela imensidão de oceanos, atingido pelos desencontros de tempo e espaço estará sempre pensando em você.
Aqui fico eu, nesta noite de inverno, procurando, nas lembranças, um lenitivo para a minha vida tão falta de carinho, de alguém que dedique um pouco do seu pensar, do seu agir, para amparar esse coração envelhecido. . .





















ALERTA CONTRA OS ESPERTALHÕES

Outubro de 1.999

Relutei muito em relatar mais uma história que aconteceu comigo, embora sempre alardeasse que estaria livre desses acontecimentos. Pois é! Não estava!. Sempre disse que jamais cairia em um “conto do vigário”, mas quando afirmava isso, mesmo declarando que jamais seria envolvido, principalmente por não residir, em mim, nenhum sentimento que me levasse a desejar aproveitar-me de situações para ganhar. Menosprezava eu a inteligência dos aplicadores de golpes que sempre estarão criando novas modalidades que envolvem as pessoas que entregam-se de livre e expontânea vontade.
Todos conhecemos o golpe do bilhete premiado; de pessoas que telefonam para as residências, quando sabem que o chefe da casa saiu, alegando que têm algum recado que conduzem os parentes a entregarem importâncias em dinheiro ou objetos de valor aos meliantes. Nesse sentido sempre alertei minha esposa: “ Mesmo que alguém a procure, mesmo que digam que eu morri, não caia nesse golpe.
O golpe de que fui vítima (e minha esposa estava comigo) nunca havia tomado conhecimento, foi assim:
Viajávamos em direção ao interior do estado e transitávamos péla marginal do Pinheiros, quando o nosso automóvel foi literalmente sacudido; olhei pelo retrovisor e os passageiros de um outro carro faziam sinais dando a entender que alguma coisa estava acontecendo com o nosso carro. Com muita dificuldade, porque o trânsito era intenso, encostei no acostamento, para verificar o que estava acontecendo. O outro carro parou um pouco à nossa frente e uma pessoa dirigiu-se a nós dizendo: “Saiu um fogaréu, deve estar com algum problema”.
Abri o capô para verificar e aquele senhor com muito boa aparência prontificou-se a ajudar; perguntou se eu possuía uma chave de fenda. Enquanto buscava-a no porta mala ele ficou sozinho na frente do carro ( creio que foi o tempo necessário para ele movimentar o distribuidor) quando voltei ele pegando a chave começou a simular que examinava algo, introduzindo-a no alternador provocando um pequeno curto e disse , o problema é no alternador, o Sr. Precisa verificar isso senão não conseguirá seguir viajem. Eu sou encarregado de uma Concessionária Volkswagen e o Sr. Pode me seguir que os rapazes verificam o que há de errado.
Nessa altura a insegurança já havia tomado conta de mim e aceitei o oferecimento. O carro que até ali havia rodado bem, já não pegava; o Sr. mandou que abrisse novamente o capô e o carro pegou mas funcionava com dificuldade, estava amarrado; não consegui rodar nem cinqüenta metros e começou a sair fumaça, as pessoas me alertando e minha esposa entrando em pânico pensando que o carro ia incendiar. Parei em uma ilha onde descarregavam caixotes vazios e o fogo lambia a parte de baixo do carro ( provocado pelo aquecimento do "escapamento". O anjo, como o denominei, correu, pegou o extintor e apagou aquela chama; abriu o capô, tirou o distribuidor e disse: "Esse já foi! Me recomendou que não deixasse ninguém mexer no carro que ele iria até a firma buscar a peça. Pediu o carro ao seu colega e o mesmo ficou ali . Aí entrava a outra parte do golpe; enquanto um ausentou-se, o que ficou foi construindo a credibilidade do companheiro, que era encarregado da parte elétrica da Concessionária, que era uma pessoa de grande bondade e credibilidade, etc. etc. . . Eu estava pronto para aceitar tudo que viesse dali em diante, mesmo por agradecimento a uma pessoa “tão boa” que deixou os seus afazeres para prestar-nos auxilio!
O “Anjo” voltou com duas peças, um distribuidor completo e uma ignição eletrônica; jogou as peças velhas no chão e colocou as outras.
Quando perguntei em quanto havia ficado, ele me disse, pode pagar só as peças. . . ainda protestei, dizendo que ele havia perdido tanto tempo para nos ajudar. Então ele falou , mas de uma maneira quase subliminar, . . . oitocentos . . .e oitenta e nove reais . . .se quiser pagar uma cerveja???
Pensei, quanto vou dar de gratificação pela ajuda? E me ocorreu que deveria arredondar, então nesse caso seria mil reais . . .Ele ainda me disse pode dar uma parte em dinheiro e o resto em cheque; eu disse, dinheiro não tenho, dou um chegue . . .e preenchi-o na importância de. . . hum mil reais. . ., sem me dar conta que esse valor talvez pagasse um motor inteiro. Ele ainda me perguntou se o chegue tinha fundo, brincando, eu afirmei que sim. Ele me disse que poderia viajar sem susto que “agora” estava tudo em ordem.
Eu o abençoei e seguimos a nossa viajem!
A cabeça foi esfriando, começamos a raciocinar e a perceber que havia muita coisa errada, mas já estava feito e confiamos na vontade de Deus e achamos que não deveríamos pensar mais no assunto. E talvez fosse mesmo da vontade de Deus, tudo que aconteceu, pois ficamos imaginando, se o carro não tivesse aquele início de fogo, para onde aqueles homens nos conduziriam? Talvez até pudessem nos assaltar! E Percebi que aquele solavanco que o carro havia sofrido deve ter sido provocado pelos malandros, talvez encostando o seu pará-choque no nosso! Eles haviam nos escolhido ( um casal de velhinhos) para aplicar o golpe. E obtiveram pleno sucesso!
Quando cheguei à Mococa que era o nosso objetivo, daí resolvi pesquisar na Concessionária Volkswagen qual o preço daquelas peças, já consciente que havia sido enganado; a Concessionária estava com problema no computador e não pode fazer a verificação; o banco também já estava fechado, era uma 6ª feira, e só na Segunda feira verifiquei que o cheque havia sido descontado . . .isso deve ter sido a primeira coisa que os malandros fizeram quando nos deixaram!
Você que lê este caso, talvez nunca caia em tal artimanha, e muito menos naqueles golpes já conhecidos que vez por outra são relatados nas reportagens, mas tome cuidado, porque esses indivíduos são tão sagazes, que têm capacidade para armar situações das quais dificilmente estaremos livres de sermos envolvidos, principalmente pela nossa boa fé em pessoas que preocupam-se e perdem tempo para nos ajudar. Desconfie sempre, fique de cabeça fria e raciocine sobre todos os aspectos da situação. E principalmente nunca pague nada sem ser através de um cheque cruzado e nominal, o que não fiz atendendo pedido daqueles que desejavam me enganar.


























U M A M I G O M U I T O E S P E C I A L


São Bernardo do Campo, 27 de Outubro de l.999


Se eu ensinar a você
Os segredos que a vida encerra
Estarei roubando o prazer
Que essa conquista lhe trará
Por isso escolha o seu rumo
E inicie a sua caminhada interior
O seu Mestre será o seu guia
Ele estará sempre A L E R T A.
Do Livro "Devaneios"
Bruder Klein
(Irmão Pequeno)
Prezadíssimo Luiz

Nestes dias estava pesquisando coisas que escrevi, com a finalidade de separar frases de textos produzidos anteriormente, com a finalidade de compor o livro "Frases e Pensamentos" que, como outros, pretendo distribuir através da Internet. Deparei com a seguinte lucubração:
"A nossa história registra-se pelos momentos difíceis de nossa vida.
Quando enfrentamos dificuldades nos servimos de todo o potencial interior que se acumulou pelas nossas experiências vividas. Quem nunca teve dificuldades não conhece suficientemente a si mesmo, porque não necessitou rebuscar, no íntimo, para encontrar a força que tudo poderá vencer."
Isso fez-me raciocinar sobre a vida e o que ela nos apresenta em seu contexto, destacando-se como de real importância as experiências que tivemos a oportunidade de viver, que enriqueceram sobremaneira o nosso intelecto, transformando a nossa existência; fazendo-nos crescer e tornar-nos adultos, responsáveis, propiciando-nos assumirmos as tarefas que o mundo nos destinou. De frágeis crianças, adolescentes irreverentes, e até pais que ainda não sabiam como resolver os problemas mais comuns, para, a partir de um certo instante, podermos realizar tudo aquilo que a família e a sociedade exigia de nós, como contrapartida do que nos oferece através da riqueza que foi acumulada, através dos tempos, pelos nossos ancestrais.
Um dos fatores que contribuíram para que isso acontecesse foi a convivência com pessoas mais sábias do que nós, outras com maior dose de ponderação em suas atitudes, dando-nos, tudo isso, um cabedal de conhecimentos, uma capacidade de discernimento que passaria a ajudar-nos a conduzir-nos com maior propriedade em tudo que tivemos de realizar.
Por isso a comparação com aquela frase do início, se a nossa história registra-se pelos momentos difíceis que atravessamos, dela fazem parte aqueles amigos que aprendemos a amar e dos quais nunca nos esquecemos, pois esquece-los seria esquecer-nos de nossa própria história; e um homem sem passado, ou que não lembre-se de sua história seria um ser inexistente. Quando, mesmo no poente de nossas vidas, guardamos as gratas recordações das pessoas queridas, sentimo-nos mais vivos do que nunca e ainda dispostos a olhar para o futuro onde as novas gerações, que são o fruto de nossa vivência, continuarão a repetir os feitos, e maiores do que pudemos realizar, para que a roda social aperfeiçoe-se cada vez mais, para um dia, (quem sabe?)essa geração nova que representa o nosso futuro, junte-se à nossa que já apresenta-se com a voz frágil, como a daqueles que já cumpriram o seu dever, para respaldar o orgulho que tiveram os nossos ancestrais, na visão profética do que seria o futuro. E é assim que apraz-nos sentir, em uma íntima união com o passado, com o presente e com o futuro, para festejarmos uma data tão preciosa, porque é a contagem dos anos de um leal amigo, a quem desejamos todas as bênçãos, juntamente com os seus familiares que compõem esse manancial do rio caudaloso que é a eternidade, que partiu de Deus, para um dia retornar a Ele, seguro de que será recebido para a verdadeira transformação que faz, dos homens, anjos para louvarem o seu Criador, nosso Criador!
Não nos esqueçamos, que nessa trajetória contamos com a proteção do Pai, que conhecendo as deficiências e incapacidade dos homens, elaborou um plano sábio para que todos os seus filhos pudessem usufruir de suas benesses, realizando-o através do seu filho Jesus Cristo, através de quem, pela fé, podemos receber a salvação e a vida eterna para que estejamos, sempre, assistindo o desenrolar da vida.
Esses são os votos do seu humilde amigo, que ao procurar um pseudônimo que o retratasse, escolheu "Bruder Klein" ( Irmão Pequeno).








I M A T U R I D A D E

Casei-me muito cedo, com dezenove anos, e é claro que encontrava-me, ainda, muito imaturo; pesava-me muito a insegurança que impedia-me de tomar atitudes racionais, porque não acreditava muito em mim. Creio que todos os jovens, principalmente de minha geração passaram por isso. Como parte do acordo minha esposa não deveria trabalhar fora; em primeiro lugar porque, até o casamento ela trabalhava em uma indústria no bairro do Belém e iríamos residir em Santo Amaro, razão porque pouco antes do casamento ela deixou o emprego. Talvez ela pudesse procurar outro no bairro onde iríamos morar, mas de maneira nenhuma, naquela ocasião, conseguia aceitar que ela trabalhasse fora. E em nada atrapalharia o nosso convívio, pois eu saia pela manhã e só voltava à noite e ela, como ficava o dia inteiro inativa, aceitou o convite de minha mãe e cunhada para participarem de um curso de pintura em tela, demonstrando, ela, muito talento; pouco depois preferiu deixar esse passatempo para fazer um curso de corte e costura, que aliás foi muito útil para a economia do lar.
Praticamente todos os domingos íamos almoçar na casa de seus pais que continuaram a residir no bairro do Belém. Em uma dessas visitas, remexendo em antigos livros deparei, em um deles, uma relação de nomes de rapazes, com uma declaração em cima: “Namorados que namorei”. Não falei nada naquele momento, porém levei aquele livro para casa e aprontei um verdadeiro vexame, comparando aqueles nomes com o álbum de recordações de colegas que ela possuía. Ela procurou argumentar que eram apenas colegas, que aquilo era uma criancice (e era mesmo!), mas não aceitei e obriguei-a a destruir aquilo que ela guardava com tanto carinho. Hoje reconheço que foi uma violência sem igual, gerado pela minha insegurança e imaturidade.
Trinta anos depois, após a minha aposentadoria iríamos residir em sua cidade natal e cheguei a conhecer diversas pessoas que faziam parte daquele depositário de recordações, todos haviam seguido as suas vidas, casado-se e constituído família; cheguei a ter o cabelo cortado por um dos meus pretensos rivais. Mas o acontecimento mais peculiar aconteceu quando, depois de várias idas e vindas, acabei por vender o telefone e necessitando adquirir outro. Procurei um senhor que intermediava transferências, talvez um pouco mais idoso do que eu, e participamos de um papo muito gostoso; ele havia trabalhado em uma determinada firma da cidade onde um sobrinho de minha esposa também foi funcionário e quando ele soube confidenciou-me que fora apaixonado por uma irmã desse rapaz. Eu, curioso, comecei a fazer perguntas para saber de quem se tratava e ele me disse: ela casou-se com uma pessoa de São Paulo, parece que funcionário da CESP, não sei ao certo, ficou, talvez, mais de trinta anos fora e a pouco tempo voltou a residir aqui; encontrei-me com ela no supermercado e o meu coração quase saiu pela boca, revivendo aquela que foi a maior paixão da minha vida. Lembrei-me de quando namorávamos no portão da casa dela!
Esse sobrinho de minha esposa tinha apenas duas irmãs e comecei a sondar para saber de qual delas tratava-se, mas pela idade delas não era possível que fosse uma delas; de pergunta em pergunta fui aproximando-me da realidade, quando obtive quase a certeza perguntei se o nome dela não seria: e falei o nome de minha esposa. Ele prontamente confirmou é isso mesmo, o Sr. a conhece? Eu respondi, com muita naturalidade: “o Sr está falando de minha esposa”.
Acho que naquele momento ele teria desejado morrer, tão atrapalhado ficou: É? ? ? Ela é uma grande senhora!
Essa revelação apanhou-me em outro momento de minha vida, quando, depois de trinta anos do primeiro acontecimento imaturo, e consegui administrar muito bem o fato, inclusive deixando o cavalheiro à vontade. Não chegamos a realizar o negócio do telefone porque àquele tempo havia muita falta de linhas, mas não nasceu nenhuma mágoa em meu coração e, inclusive, quando cheguei em casa contei o fato à minha esposa, que um pouco desconsertada disse, ele não foi meu namorado, apenas um colega, nem sabia que ele gostava tanto de mim assim!
Pois é, disse-lhe eu, você tem um seu verdadeiro adorador nessa pessoa!
Algum tempo depois soube que ele, em razão da diabetes que sofria foi obrigado a amputar uma das pernas, ficando ainda algum tempo em uma cadeira de rodas, vindo a falecer depois de alguns meses!
Isso tudo prova que a nossa vivência é muito importante, pois vai capacitando-nos a raciocinar com maior clareza, dando-nos a oportunidade de enriquecermos o nosso interior, transformando-nos em pessoas melhores, mais pacientes e equilibradas, pela sabedoria que o tempo acrescenta às nossas vidas.












U M G R A N D E A M O R



Quando trabalhei no bairro do Jabaquara, foram nos últimos dez anos que trabalhei na CMTC, havia um motorista muito simpático, já de meia idade; não era bonito, baixo, de compleição atarracada, pouco cabelo, o que o obrigava a fazer, pela manhã, um longo ritual para cobrir as partes peladas, para depois colocar o "quépe", que não tirava em hipótese alguma. Era casado a muitos anos, tendo vários filhos já adultos e uma esposa a quem assentava apropriadamente a classificação de megera.
Ele fazia os primeiros horários dos ônibus que saiam do Jabaquara em direção ao centro da cidade. Nesse horário embarcavam muitas enfermeiras que trabalhavam no Hospital São Paulo, que ficava no trajeto. Entre elas uma, jovem ainda, de origem oriental, muito bonita e delicada cujo nome, digamos que era Fumiko ( porque não ficaria bem declinar o seu verdadeiro nome). Essa jovem viajando por um largo período, no mesmo horário, com o mesmo motorista, foi afeiçoando-se a ele e acabou por iniciarem um caso que transformou-se em uma grande paixão de ambos os lados. Armando (como o chamaremos) acabou por abandonar o lar e juntou-se com Fumiko, com muito protesto da família desta e revolta da família do primeiro.
Geralmente aponta-se culpados nesses acontecimentos, porém, na realidade quando ocorrem casos como esses é que o casamento já havia terminado de fato; na verdade, talvez, nunca tivesse havido, visto que sempre houve a incompatibilidade entre os cônjuges. Era bonito de se ver o amor que existia entre os dois amantes, vivendo com simplicidade, submetendo-se até, muitas vezes, a necessidades, mas comprovando que quando o sentimento existe, pode-se prescindir das coisas materiais, porque bastará, aos parceiros, o amor e uma choupana.
Mas o destino, muitas vezes é cruel, e Fumiko, embora tivesse o dever de cuidar-se, fez o contrário e quando percebeu estava atacada por um câncer no seio, já em estado avançado. Iniciou o tratamento mas sabia que aquele mal não teria mais cura.
Foi nessa ocasião que eu a conheci, pois preparava as declarações de renda dos dois amantes. Que doce era a Fumiko! Comentava, cheia de culpa, que talvez aquele mal representasse um castigo, por ter destruído um lar. Fiz ver a ela que quando aconteceu o caso entre ela e o Armando, o casamento dele já havia terminado a muito tempo e que ela não deveria sobrecarregar-se com qualquer tipo de culpa.
Fumiko resistiu poucos meses e faleceu deixando o seu companheiro inconsolável, o que poucos meses depois ocasionou-lhe, também, a morte. Assim morria aquele grande amor que enquanto existiu espalhava flores e perfumes em seus arredores.!



































Mais Um Sonho!

28/01/1.996


Sonhei que penetrava em uma igreja, em algum lugar, para ver o corpo de minha mãe, que estava sendo velado no local. Em minha mente eu já havia visitado aquele local, pela manhã, e agora voltava.
A igreja estava enfeitada em toda a sua extensão, por uma profusão de flores , entre as quais eu ia passando. À medida que me aproximava crescia, em mim, a certeza de que ela não estava morta e levantar-se-ia. Ao me achegar fui percebendo um leve estremecimento em seu corpo e ela sentou-se, sorrindo-me, com uma aparência muito mais jovem do que quando faleceu e me disse com alegria: "Eu não morri!"
Tal foi a impressão que acordei inebriado de felicidade com essa certeza!
Isso fez-me reflexionar sobre a nossa responsabilidade de estarmos falando de Jesus às pessoas, para que elas, conhecendo o plano de Deus para a salvação da humanidade, consumado por Seu Filho Jesus Cristo, possam estar preparadas no momento da passagem da vida material para a vida espiritual. Um exemplo claro dessa preparação podemos tomar conhecimento naqueles dois homens que foram crucificados ao lado de Jesus. Um não deveria ter ouvido falar dele o outro sim; a este Jesus falou: Ainda hoje estarás comigo no paraíso, do outro não conhecemos o destino!
Em todas as oportunidades que tive procurei falar de Jesus a minha sogra e a minha mãe. Elas foram criadas arraigadas no catolicismo e a essas pessoas torna-se difícil deixar velhos hábitos, mesmo que passem a acreditar que a salvação só a poderemos receber através de Jesus.
Minha sogra era uma dessas católicas ferrenhas mas ouvia quando lhe falávamos, e até chegou a ir conosco em uma igreja evangélica; tudo isso deve ter influído em sua última decisão. Na véspera do seu falecimento, quando o seu coração já estava fraquejando, em um momento em que fiquei sozinho com ela no quarto, e falhei-lhe, pela última vez, de Jesus, ela exclamou: "Eu quero Jesus!" Estendia a sua mão e apontava para um quatro do Coração de Jesus que estava dependurado na parede. No dia seguinte, pela manhã fomos avisados que ela havia falecido!
Com minha mãe também não foi diferente; muitas vezes falei a ela do amor de Deus que mandou o Seu Filho para redimir-nos. Certa vez em que fui busca-la para passar o Natal conosco, depois de muito conversarmos ela estava convencida do poder de salvação de Jesus, e que aquelas imagens que possuía não poderiam fazer nada por ninguém, e permitiu-me que as retirasse e lhes desse fim . Minha filha presenteou-a com uma Bíblia que ela lia todos os dias. Quando a visitava perguntava-me sobre alguma dúvida que tinha. Ela viveu sozinha até o seu último dia; tinha alguns problemas de saúde, pressão alta ( que no final normalizou, graças ao regime que fazia), crises de angina, que a atacavam quando fazia exercícios ou tinha alguma emoção.
No dia do seu falecimento, quando ela sentiu-se mal e foi levada ao hospital, onde ficou internada na UTI, minha sobrinha telefonou-me (ela residia em São Paulo e eu nesse tempo residia em Mococa) e falou que as suas últimas palavras haviam sido, ao entrar para a UTI, "Jesus me socorre, cuida de mim!”
Nós não sabemos o momento que a morte vai nos colher, por isso deveremos estar preparados, amparados pelo Pai e confiantes que Jesus pagou pelos nossos pecados e perante Ele estamos limpos para sermos recebidos em Sua presença!























Bel e Dagon
28/01/1.996

Eu amo você! Estou loucamente apaixonado e tenho a impressão que a minha vida não terá mais sentido se esse amor não for correspondido.
Mas . . .calma . . .não se assuste!
Estou escrevendo isso para provar que não teria o menor constrangimento de fazer essa declaração se tivesse de faze-la. Mesmo porque seria verdade, visto que de farto amo-a muito como um ser humano rico que revela-se através das suas poesias.
O que não poderá ocorrer é um mal entendido que ponha fim a uma amizade que não é física, pois sequer nos encontramos; é, sim, um relacionamento mais profundo, gerado por ligação, talvez, estabelecida em outros "planos", e que não poderá ser desfeita.
Quando escrevo registro tudo aquilo que flui de meu interior em uma plena realização e revelação dos sentimentos. Essa maneira de escrever, muitas vezes, confunde as pessoas, que passam a tirar conclusões que na verdade não passam de suas próprias verdades; escrevo sempre em tese, não o faço a alguém e sim de uma maneira genérica, que poderia impressionar a mente de qualquer pessoa, e não a uma em particular.
As pessoas, ao tomarem as conclusões de seus próprios interiores acolhem sentimentos que não existem, e formam barreiras com os seus semelhantes, em uma tentativa de resguardar-se daquilo que não entendem.
Um fato esclarecedor dessa minha afirmativa é o que tem acontecido com várias pessoas que têm lido o que escrevo, e assim acreditam ser, tudo, uma autobiografia. Isso, de certa forma é bom, porque, quando recebem a nossa ficção como verdade é sinal que a nossa mensagem atingiu o seu objetivo. E não nego, também, que talvez possa existir uma mistura de ficção com a realidade!
Tudo que escrevo está ao alcance de qualquer pessoa que deseje conhecer-me com a maior transparência.
Dois fatos despertaram-me a atenção e levaram-me a uma reflexão madura:
Minha esposa perguntou-me, vendo-me escrever uma carta, se eu gostaria , se ela se colocasse a escrever cartas a outros homens?
Eu respondi que não haveria mal algum, dependendo da intenção.
Outra coisa foi perceber essa mágoa da parte dela que fez-me sentir culpado, por estar causando-lhe um mal estar, mesmo inconscientemente, pelo que propus-me a não mais contribuir para que houvesse desarmonia e maior desgaste no nosso relacionamento.
De outro lado, a exemplo de outros relacionamentos epistolares, este, também, percebi, estava chegando ao fim, porque para as pessoas é difícil manter uma ligação estritamente espiritual, sem ter o físico a toldar. Isso preocupou-me e procurei analisar o que havia escrito para aquilatar se de algum modo poderia ter dado razões para mal entendidos; coloquei-me na posição de alguém que recebesse as minhas cartas e constatei que, dependendo da ótica, poderia haver uma inversão de valores, criando uma realidade inexistente.
É claro que essas distorções foram, ou são buscadas em nosso próprio interior, cujo inconsciente, carente, nos faz acreditar naquilo que mais desejamos; sem, porém, concordarmos em admiti-lo.
Em razão de tudo isso é que considerei bom a interrupção, partindo de você. Acho que a coincidência de nosso encontro intelectual e psicológico foi algo concreto, embora não nos conheçamos a não ser através de nossas opiniões.
De seu amigo
Dagon

Bel, leu e releu aquela carta, para tentar descobrir quem era e como era aquele amigo que entrara por acaso em sua vida e agora retirava-se como se representasse apenas um sonho. Na verdade ela o conhecera através de cartas e de breves telefonemas. Conhecia-o apenas pelo timbre de sua voz e daquilo que podia depreender do que ele lhe escrevia. Nessa sua visão ele tanto poderia ser um ancião ou um jovem, exteriorizando pensamentos buscados e vividos, ao mesmo tempo que demonstrava jovialidade em suas abordagens. Poderia, ainda, ser branco ou negro; magro ou gordo; bonito ou feio (mas o que é a beleza a não ser aquilo que brota do íntimo das pessoas puras!) baixo ou alto; rico ou pobre.
Ela nunca saberia!
Agora que desfazia-se esse elo, Bel questionava-se para descobrir o que, de fato, havia representado em sua vida aquela ligação tão estranha. Sentia apenas um enorme vazio, que procurava preencher lendo aquelas várias cartas que havia recebido, a breves intervalos, pelo período de quase cinco anos. Confrontava-se consigo mesmo analisando as vitórias e fracassos de sua vida e sentia que faltava algo que lhe desse aquele sentimento de plenitude, de ter encontrado a felicidade; mas o vazio continuava e vivenciava uma saudade de coisas que nem haviam acontecido. Isso, que faltava em sua vida, reconhecia, era um amor verdadeiro, correspondido na mesma intensidade; e isso não acontecera; uma ligação capaz de unir duas pessoas em um único ser; revestido de tolerância, para não exaltar os defeitos do companheiro e sim ajuda-lo a direcionar-se, fazendo a caminhada na mesma direção, para alcançarem, juntos, os mesmo objetivos.
Por alguns instantes, Bel, sentiu-se abatida e com um sentimento de frustração, por julgar que era tarde demais, que seu tempo e oportunidades já haviam esgotado-se.
De repente, não mais do que de repente, começaram a brotar forças de seu interior e aquele potencial acumulado durante os anos de sua vida transbordaram e ela transformou-se em uma nova criatura, cheia de entusiasmo e determinação e exclamou, quase gritando: " Não é tarde, ainda tenho forças, vou conseguir!
Assim, Bel, livre do fantasma de Dagon, partiu resoluta para lutar pela sua felicidade!




























Construtor de Mitos

13/02/1.996

Do mais profundo de minha loucura, praticando o ofício de construtor de mitos, traduzo as divagações do meu espírito, que emergem do meu ser, transbordando verdades acumuladas no transcorrer dos tempos.
Que verdades serão essas que povoaram mentes de mitos que são criados para satisfazer o interior de seres sonhadores, que desejam encontrar, no sonho, a realização do que seria?
A construção de mitos não é um privilégio de alguém e sim o passatempo preferido da maioria de nós. No afã de encontrar o nosso ideal colocamos a nossa mente a funcionar, selecionando atitudes, virtudes, perfeição física, psicológica e espirituais, reunindo tudo em um ser especial, perfeito, mas apenas imaginário. Concluímos esse trabalho de pesquisa e construção dessa deusa deslumbrante, na qual foram usadas todas as técnicas e artes e deparamo-nos com uma divindade que nos é inacessível. Inacessível porque inexistente; embora passemos a carregar em nosso íntimo esse modelo que insistimos em vestir nas pessoas que encontramos em nossa trajetória pela vida, como se fora o sapatinho ímpar, que só servirá em nossa princesa (ou príncipe) encantado.
Acabamos por encontrar, em alguém, o timbre de voz que selecionamos algures, , aquele olhar que nos encanta; mais além a riqueza interior que colocamos em nosso "robot" tecnológico, que é exteriorizado através das criações artísticas.
Afinal, o que sobra é a frustração do desencontro e ficamos imaginando, para nos ressarcirmos do desengano, que, o tempo nos separou de nosso ideal.
Em que pese a frustração do desencontro que nos desencanta a cada trecho da caminhada, conseguimos alimentar o sonho da realização da fantasia. Essa esperança que divisamos à nossa frente, torna-se em um sentimento gratificante que emociona o coração, sede do amor que desejamos realizar.
O jogo nunca finda porque o sonho e a fantasia mesclam-se com a realidade que sempre nos desperta para o presente, para vivermos o que se pode viver, matando e fazendo ressurgir o mito a cada instante nos inebriando pelo inusitado do destino, sempre incerto, imprevisível!
A profissão de sonhador, de construtor de mitos não fornece-nos o necessário para mitigar a nossa fome, mas enche a vida de ventura, tornando-nos felizes.
Afinal, para que vivemos a não ser para sermos felizes? "Mesmo que com o estômago mal saciado e o coração vazio!"






































Miragem de um Sonho

Escrito especialmente para homenagear ao meu filho Antônio Paulo no lançamento do seu livro "Vôo na Miragem" 21/03/1.996


Miro a mira na miragem
Mirando o que Miró mirou;
Alço o vôo para o sonho
A força alada me transformando.

Contemplo a imagem produzida
Atento, tento abrir espaços,
Alargar meus horizontes,
Conseguir chegar às fontes.

Chegarei a encontrar o que procuro
Nessa imagem que é miragem e sonho,
Nesse sonho que alimenta a fantasia?

Em um vôo que visiono o futuro
Talvez a mira só mire o sonho
De venturas e retalhos que existia.
















Seiva da Vida

08/06/96






Quero a tua seiva
Todo o teu ser
Quero brindar o amor
Quero viver.

Mitos tenho procurado
Outros tantos inventado
Construções sólidas, pueris
Devastadas por subjetivas tempestades.

Quero do amor o entardecer
Maduro o sentimento aflorado
Promessas de eventos não vividos
Explodindo o peito o sentir adulto.

Seiva que alimenta um amor
Infinito mas mítico no existir
Amor que sara o sofrimento
Matando o mito só existente na saudade.












Meu Pai

22/06/1.996


Aquele homem terno e suave
Incapaz de desencadear uma procela
Qual água morna em fogo brando
Recolhia só prá si as emoções.

Alheio ao sentir de seus amores
Caminhava sem pressa ao objetivo
De doar de si um lenitivo
E transformar a vida em flores.

Trocando sua vida por vidas
De seres inocentes e singelos;
Simples animais, naturais,
Das matas donos pela natureza.

Esse ser de presença tão marcante
Que em silêncio ordenava meu crescer
Foi-me tirado de repente
Para além, partindo sem esperança de voltar.

O vazio instalou-se em meu ser,
A angústia tomou conta de mim
Foi cortado o caminho do futuro
Transmudando todo o meu caminhar.

O tempo, porém, não apagou
De mim aquela vida afim
Conservando, cravada, assim,
Lembranças de tempos que vivi.

Por que aquela viajem tão cruel,
Que tomou o futuro em suas mãos,
Mudando o transcorrer, então,
Dos sonhos e esperanças de criança?

Esse ser que ainda vive em mim,
Transparecendo no meu proceder,
É meu pai, que partiu e não voltou,
Para alegrar-se com o que eu poderia ser.




































M E N S A G E M A U M A I N T E R N A U T A

17/11/1.999 22:24 HORAS


Li seu texto e o achei muito interessante, corajoso, pois diz justamente o que muitos de nós não tem coragem de dizer. Fala de sonho e fantasia em encontros virtuais, e em nossa quadra da vida, quando já passamos por tantas coisas é gostoso sonhar e sentir saudade até daquilo que não conseguimos viver separados que somos pelo tempo e pelo espaço. Mas as simples palavras que brotam de nossos corações propiciam-nos o encontro; um encontro conosco mesmo e com os nossos sonhos e fantasias, quando perseguimos ideais brotados em nossa infância e juventude e que a poeira do tempo transformou em fumaça, desfez-se, deixando um enorme vazio que mesmo que tentemos não conseguiremos preencher, a não ser com as nossas próprias lembranças.
Escrevi, já, que "quando um fio de lembrança nos acorda tentamos correr para o nosso passado como a desejar que ele seja o nosso futuro", porque o futuro é uma incógnita enquanto o passado nos é conhecido e podemos exercer domínio sobre o que conhecemos. Isto não deixa de ser uma fuga mas nos satisfaz por algum tempo; justamente nos tira da rotina para sonharmos com coisas que desejamos, com príncipes e fadas encantadas que povoariam a nossa existência. Mas, na realidade, são apenas elucubrações de nosso inconsciente rebuscando no baú velho de nossa existência algo que ali tenha sido guardado e esquecido, para que o ressuscitemos para voltar a animar a nossa existência.
Infelizmente o sonho é interrompido e quedamo-nos diante dessa máquina maravilhosa que nos transporta para lugares tão distantes, a conhecer pessoas tão interessantes, que embora virtualmente nos darão um novo ânimo para continuarmos firmes em nossa jornada, trilhando um caminho que poderá, de repente terminar em uma praia maravilhosa ou em um lugar árido.
Enquanto estamos no caminho usufruamos das delicias que nos foi preparada por um Pai misericordioso que nos anima, nos acolhe, nos salva, para que um dia estejamos junto a Ele gozando das delicias que para nós foram preparadas.
Receba o meu abraço e votos de muita paz e alegria; que você seja feliz, enfim!



Uma História de Amor . . .

Rudge Ramos, 25/11/1.999 23:38 horas

Claudia era uma jovem jornalista radicada em São Paulo, que lutou muito para conseguir um lugar ao sol. Nessa profissão, todos sabem, só vencem aqueles que são os melhores e ela era! De temperamento extrovertido, fazia amizade com facilidade estando sempre rodeada de amigos, que, aliás, usufruíam, tanto da sua bondade como de sua extraordinária beleza.
Em que pesasse todo o seu sucesso profissional, não sentia-se feliz, visto que ainda não encontrara aquela pessoa especial que tocaria as cordas do seu coração para fazer soar a mais bela melodia. Oh! O amor!, coisa maravilhosa! Mas que a maioria dos viventes não alcança para realização de suas vidas.
Cansada por vários anos de atividade sem férias, marcou um período, no mês de abril para ir rever amigos em sua terra natal, Casa Branca. Para os que não sabem trata-se de uma cidade em que a maioria dos filhos têm que procurar a realização profissional fora. É ótimo para viver-se, porém quando se procura uma carreira que não seja o ensino, tem de ir procurar em outros centros maiores.
Como Claudia muitas pessoas estavam ali para participarem das comemorações da semana santa, e reverem velhos amigos, botar o papo em dia!
Claudia participou da procissão que sai da igreja matriz e vai até o Morro do Desterro, onde vão encontrando imagens representando as estações do martírio de Cristo.
Na volta, junto com vários conhecidos foram a um bar para tomar alguma coisa e conversar. Ali foi apresentada ao Marcelo, que parecia ser uma pessoa diferente, carinhoso, atencioso. As maneiras do rapaz logo a conquistaram e nasceu um sentimento que não havia sentido em toda a sua vida; ficou deslumbrada, tendo a certeza, naquele momento, de que encontrara o amor de sua vida.
As férias terminaram e ela voltou para São Paulo, ansiosa por reencontrar Marcelo, que havia voltado para cá logo depois da semana santa.
O relacionamento teve continuidade e os dois pareciam cada vez mais apaixonados . Claudia chegou a escrever uma linda história de amor publicando-a na Internet, para compartilhar, com todos, os seus momentos de alegria e felicidade, entendendo que estava vivendo o romance de sua vida e, até, tinha a intenção de transformar a sua história em um livro.
Foi quando li essa história, contada com tanto entusiasmo, senti o desejo de associar-me à sua alegria e enviei-lhe um E-Mail:

Muito linda a sua história do morro do desterro. Creio que quando fala-se em amor todos os corações enternecem-se e procuram imitar o êxtase vivido por aqueles que tem a felicidade de encontrar o amor verdadeiro. Infelizmente muitos alimentam os seus corações de sonhos e fantasias, não vivendo essa realidade tão linda, que tira-nos o fôlego e não procuramos explicações para as coisas loucas que somos capazes de fazer. Histórias como a sua, de determinação e tenacidade em busca de um momento que perpetuar-se-á pela eternidade, são necessárias e devem ser divulgadas para enternecer os corações e doar, às pessoas, a esperança de que nem tudo está perdido, pois em que pesem os traumas a vida é maravilhosa e o amor existe!

Alguns dias depois recebi a resposta à minha mensagem:

Olá Bruder, como vai?
Eu concordo plenamente com você. Esta história de amor realmente aconteceu. Mas como toda história de amor, existe a parte que é ruim. Hoje, nós estamos separados. Por quê? Eu também gostaria de saber. Eu o amo muito, mas a insegurança dele ou a falta de capacidade de dividir a própria vida com alguém, decidiu que ele não poderia ser feliz. Ele não quis dividir as dores, as mágoas, a felicidade, a tristeza comigo. Ele preferiu amar sozinho,(pelo menos diz que ama),do que compartilhar este amor comigo. Mas você não acha que quando realmente amamos alguém não importa o que façamos ou dizemos, pois sempre queremos ficar ao lado desta pessoa? É, acho que você concorda comigo. Todas as pessoas que amaram um dia concordam. Acho que ele nunca amou. Infeliz daquele que nunca amou na vida, pois não sabe o que é viver. Um abraço, e muito obrigada pelo seu E-mail. Cacau

A única coisa que consegui fazer foi lamentar o acontecido e enviar-lhe uma resposta, com a intenção de minorar a sua angústia:

É uma pena que uma história tão linda tivesse um final que não era o esperado, pois estava torcendo para que ela evoluísse para assegurar-lhe a felicidade. Entretanto, nada está perdido, visto que você com a sua juventude terá o tempo pela frente para construir outros romances e alcançar a felicidade. E depois, pelo menos você ficou com a história! Você disse pretender escrever um livro sobre o acontecido, e deverá faze-lo, transformando em ficção o que não deu certo; isso quer dizer, esquecer o passado e partir para a conquista de novos rumos no futuro. Escrevi uma história em que a heroina chamava-se Maria Claudia, e em um determinado momento o seu amado diz que o seu nome era muito doce. Imagine Cacau!

Assim é a vida! Muitas vezes encontramos momentos de alegria e felicidade e imaginamos que trata-se da maior realização de nossas vidas. Entretanto, o que é a felicidade? Será que estará unicamente dentro de nós ou a poderemos procurar nas pessoas ou coisas que nos rodeiam? A felicidade é um estado de alma, entretanto tentamos encontra-la nas coisas materiais. A felicidade é a consumação do amor, mas muitas vezes confundimos amor e sexo. O amor é um sentimento imortal, enquanto o entusiasmo pelo sexo termina quando o corpo fica satisfeito, porem a alma continua a vagar no vazio. O amor é um sentimento etéreo e não poderemos jamais segura-lo; ele existe ou não, e mesmo que desejemos amar alguém não conseguimos se não houver um encontro de nossas almas. Quando ocorre esse encontro nada ou ninguém poderá separar duas vidas que fundiram-se em uma só, sendo a mesma pessoa a partir do instante do êxtase. Esse é o sentimento maravilhoso que nunca morre em nosso coração, embora possamos estar separados pelo tempo, pelo espaço ou por circunstâncias imprevisíveis!




















P R O V I D Ê N C I A D I V I N A

05/12/1.9999


Tem um versículo da Palavra de Deus (Romanos 8:28) que diz: " Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, aqueles que são chamados por seus decretos" É a providência de Deus!
Nós, com a nossa incapacidade de enxergarmos mais do que um palmo além de nosso nariz, não percebemos que, as coisas que acontecem em nossa vida, fazem parte de um todo, que somente o Pai, que têm a visão geral de todos os acontecimentos, pode saber qual será o desfecho final. Assim, embora possamos idealizar o que esperamos do futuro, não poderemos saber se esses ideais serão consumados.
Quando eu tinha por volta de 10 anos, foi logo após meu pai haver falecido, certo dia caminhava pela rua com minha mãe, no seu trajeto para o trabalho, e íamos conversando; ela perguntou-me: "O que você deseja ser quando crescer? Respondi sem pestanejar: "Desejo ser padre!
Essa minha resposta, imediata, não traduzia, de fato, o meu sentimento interior, pois sendo ela católica, me direcionava para a sua crença; porém a influência que estava plantada no meu íntimo, pela participação nos cultos da Igreja Adventista de Santo Amaro; que freqüentava com meu pai era o desejo de ser um Ministro do Evangelho. Aqueles homens, que proclamavam a Palavra de Deus é que me incentivariam a seguir uma carreira de acordo com o meu desejo mais profundo. Mesmo sentindo isso dentro de nós, não conhecemos o caminho para a realização de nossos ideais; eu via muitas pessoas irem para o seminário para serem padres, mas não sabia como conseguir-se-ia ser um Ministro do Evangelho, nos moldes daqueles homens respeitáveis que demonstravam um conhecimento profundo da Bíblia.
E na realidade o caminho que deveremos percorrer só é do conhecimento de Deus, e do Seu conhecimento o lugar onde chegaremos. Assim foi com os seus servos mais dedicados, a exemplo de Moisés, que depois de aprender, durante quarenta anos, todas as ciências dos egípcios, julgava-se preparado para defender o seu povo (tendo chegado a matar a um egípcio) foi mandado para o deserto, a apascentar o rebanho de seu sogro, por mais quarenta anos, constituindo e cuidando de uma família, para então ser chamado para cumprir a sua missão (aí havia aprendido, e julgou-se despreparado, tentando fugir a essa responsabilidade); e assim foi, também, com o povo eleito, que peregrinou pelo deserto por quarenta anos; o rei Davi foi outro servo conduzido pela mão do Senhor, mesmo tendo sido retirado detrás da malhada e ungido pelo profeta Samuel, continuou a apascentar o rebanho de seu pai, até que Deus lhe desse o amadurecimento para ser rei de Israel
Todos nós somos assim, idealizamos chegar a uma realização em nossas vidas, porém é Deus quem sabe o caminho que deveremos percorrer para alcançarmos o nosso objetivo.
Depois do falecimento de meu pai, o único passo que consegui dar foi terminar o curso primário (hoje quarta série do fundamental), pois embora tivesse vontade e fosse essa a vontade de minha mãe, nem meu irmão, nem eu tivemos condições de continuarmos os estudos, passando a trabalhar para ajudar nas despesas de manutenção .
Sonhos desfeitos, acabamos nos enveredando pelo caminho que nos era possível percorrer, naquele momento, e acabamos por constituir uma família, cuidando dela, com dificuldades, para chegarmos mais adiante, agradecidos a Deus, por nos ter sustentado com a sua mão poderosa.
Mal sabíamos, que estávamos matriculados na universidade da vida, onde o Pai nos passava as matérias que deveríamos estudar para que alcançássemos aquele objetivo, que embora apagado, jazia no mais profundo de nosso ser, o de ser um Ministro do Evangelho.
Os anos passaram, fomos eliminando as matérias da adversidade e nos vimos enveredando por um caminho, que , quando percebemos, levava-nos àquele lugar que o Senhor havia preparado, para que como servo seu, pudéssemos, também, proclamar a Sua Palavra, e levar ao conhecimento daqueles que não o conheciam, as verdades que poderiam, e podem, libertar todo homem, das garras do inimigo de nossas almas, para que possamos, através da mediação de Jesus, sermos salvos, e termos essa convicção, pois quando aceitamos a Jesus, aceitando o presente que Deus preparou para cada um de nós, os nossos pecados são apagados da presença de Deus, sendo, nós, justificados pela graça.
Deus foi nos abrindo as portas, fomos aprendendo de Sua Palavra, Ele foi colocando à nossa disposição os elementos materiais que necessitávamos e inspirou-nos, através do Seu Santo Espírito, para que tivéssemos exercendo um ministério, através de mensagens, e posteriormente através da Internet. O trabalho tem crescido, propiciando-nos a realização daquele sonho de nossa infância, quando, equipados pela bondade do Pai, estamos desenvolvendo um trabalho (ministério é trabalho), segundo a vontade do Pai, de "Aconselhamento Matrimonial", para ajudar casais que atravessam crises em seus relacionamentos, pondo em risco o matrimônio, que foi instituído por Deus, para que servisse de apoio à sociedade, pelos grupos harmônicos que formam as famílias bem estruturadas; e também sendo aberta a porta para que tanto através de mensagens impressas, como através da Internet, estivéssemos orientando aqueles irmãos que estão à procura de um encontro com o Senhor, restabelecendo a ligação que foi interrompida pelos nossos pecados.
Aquele menino, que um dia teve um sonho, foi ouvido por Deus, e, hoje, sente-se realizado, aos setenta e um anos de idade; sobretudo porque muitos obstáculos foram transpostos, com a ajuda do Alto, para que mantivéssemos um matrimônio que em 31 de Julho de 1.999 completou cinqüenta e um anos, e principalmente por podermos dizer, que apesar de todas as nossas diferenças de temperamento, apesar de nossas limitações provocadas pela idade, apesar de ainda não termos chegado à perfeição em nosso relacionamento, eu amo minha esposa mais do que no dia que disse o "Sim!" na presença de Deus e dos homens!
Assim é a Providência de Deus, ela cuida de nós, nos conduz pelos caminhos que teremos de trilhar, sempre nos protegendo para que cheguemos ao objetivo que acima de nossa vontade foi idealizado pelo próprio Deus!


























N A T H Á L I A - Q U I N Z E A N O S

São Paulo, Dezembro de l.999.

Salmo 68:6A Deus faz com que o solitário viva em família . . .

Uma comemoração de quinze anos de vida para uma menina é praticamente o ingresso para a vida, visto que está tornando-se adulta perante a sociedade. Esta é, portanto, uma festa da família, instituição que tem sido desacreditada por muitos, mas que ainda guarda a estrutura de formação sábia, visto ter sido instituída pelo próprio Deus.
Deus criou ao homem e à mulher para unirem-se como uma só carne e perpetuarem a descendência em uma estrutura sólida, para que fosse garantida a formação de vínculos seguros, onde pudesse haver o desenvolvimento mental, físico e psicológico que garantiria pessoas sadias, que resultariam em uma sociedade própria ao desenvolvimento do ser humano.
Se analisarmos com propriedade essa instituição constataremos que de fato foi uma providência sábia, que encaminhou a humanidade para um futuro promissor; até que o homem, julgando-se mais sábio do que o seu Criador, introduziu modificações que resultaram em uma deterioração desse vínculo sagrado.
As famílias foram desenvolvidas caracterizadas pela união de várias gerações que entre si apoiavam-se mutuamente, incutindo paz e tranqüilidade ao relacionamento. Quando olhamos para o nosso passado podemos vislumbrar os nossos ancestrais, que, em sua luta diuturna, procuravam acumular conhecimentos que nos seriam úteis no futuro; aquela nossa raiz, olhava para o futuro visualizando-nos como a sua realização maior, e preparavam-nos para que pudéssemos ser melhores do que eles puderam ser, dando-nos uma responsabilidade muito grande no sentido de conscientizarmo-nos do dever, de também contribuirmos, com a nossa parte, para a evolução da família e da sociedade. Hoje, nós que éramos o futuro de nossos ancestrais, passamos a ser o passado de nossos filhos e netos. Se contribuímos ou não, com algo mais, serão eles que irão julgar. Olhando-nos como sendo o seu passado, sentem a responsabilidade de, também, contribuírem para que os seus descendentes possam receber mais do que pudemos lhes transmitir. Assim é a vida, em uma sucessão de acontecimentos, renovando as gerações, construindo ideais, sempre olhando para o Construtor maior que segura-nos em suas mãos para que caminhemos sem sofrermos os tropeços de nossa inexperiência.
Hoje, quando olhamos para trás, e percebemos que o nosso passado encerrou-se pelo desaparecimento de nossos ancestrais, e ficamos nós, como a raiz que alimentará a seqüência de desenvolvimento dessa nova geração que passou a ser o nosso futuro, elevamos o nosso pensamento a Deus por ter nos transportado até aqui quando, ainda, podemos assistir os nossos descendentes apanhando o bastão de nossas mãos para marcharem rumo a objetivos mais elevados, constituindo novas famílias, que com a assistência e proteção do Pai irão vencer todos os obstáculos, para preservarem essa instituição, criada por Deus, para alegria e felicidade de toda a raça humana.
Neste momento de comemoração desejamos externar todo o nosso afeto à Nathalia, como parte desse futuro, pelas alegria que já nos proporcionou até aqui, augurando-lhe bênçãos sem conta nesse caminho que está trilhando, como uma cooperadora do Pai, engajada na salutar missão de levar, às pessoas do mundo, a esperança de salvação e de vida eterna através de Jesus. Que neste instante em que assume uma nova responsabilidade diante da família, dos amigos e da sociedade, possa estar firme e consciente do papel que deverá desempenhar, para crescer cada vez mais no conhecimento e nas virtudes, que a farão ainda mais amada do que já é.
Nós, que aqui estamos, talvez não possamos assistir a toda a sua trajetória, mas a visualizamos através de nosso desejo e ideal de vê-la feliz junto às novas gerações que virão. Hoje você é o nosso futuro como um dia fomos o futuro de nossos ancestrais; no momento em que nos transformamos em passado, você que é o presente, juntamente com a sua geração, representa o nosso futuro, para que sempre haja uma evolução e continuidade de tudo aquilo que nasceu no coração de Deus e tem nos acompanhado através da vida.
Bons anos, Nathália! Que "O Senhor te Abençoe e te guarde! Que o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o Senhor levante sobre ti o seu rosto e te dê a paz.

Lido na comemoração dos 15 anos da neta.









São Bernardo do Campo, 13 de Dezembro de l.999


Antônio Paulo, Vana, Paloma


O desejo de vê-los é grande, mas à medida que vamos envelhecendo, vem a acomodação e passamos a ter um tipo de vida mais restrito. Eu sempre disse que "longe é um lugar que não existe" pois sempre as nossas andanças têm de ser ao redor de um pequeno espaço geográfico, e quando temos de nos locomover para distancias maiores, será só recorrermos à tecnologia que nos oferece meios de transporte eficazes para chegarmos a qualquer lugar. Quando envelhecemos e passa a ser difícil de usarmos esses meios, pelas nossas limitações, todos os lugares passam a ficar muito distantes. Temos de nos conformarmos e praticar, apenas aquilo que, ainda, nos é possível e assim mesmo teremos muitas coisas com que preenchermos o nosso tempo.
Um dia nos encontraremos! Enquanto isso não acontece basta-nos saber que tudo vai bem com as pessoas a quem amamos, pois diuturnamente estamos colocando as suas vidas nas mãos de Deus, que é misericordioso e sempre estará nos assistindo em nossas necessidades. Aliás, se algo, às vezes, ocorre, sem ser de nosso agrado, podemos examinar a nossa vida, porque fomos nós mesmo que o provocamos, por nos afastarmos das diretrizes que o bom senso exige.
Estamos em uma época em que a sensibilidade das pessoas ficam à flor da pele, porque o Natal, muitas vezes, nos faz sentir uma certa nostalgia, pela saudade de coisas passadas, embora o que deverá nos impressionar a mente são só eventos de alegria, porque comemoramos o nascimento de Jesus, que veio ao mundo para redimir-nos de nossas culpas, para que, conhecedores de nossas imperfeições, possamos abrir o nosso coração, para Deus e para o nosso próximo, em um sentimento de fraternidade, que são agradáveis ao Pai, e também ao pai, para que possamos alcançar a felicidade almejada, que não é outra coisa senão a satisfação do dever cumprido, segundo o que se esperava de nós. Infelizmente, nem sempre satisfazemos as necessidades de acordo com as expectativas das pessoas, deixando frustrações nos corações!
Desejamos, portanto, que vocês estejam plenos de paz e de realizações, e que por amor possam superar dificuldades e unirem-se nesse espírito do Natal, para que sintam a alegria invadindo os seus corações; e que o ano 2.000 possa lhes trazer novas esperanças e a certeza que no final tudo dará certo se estivermos debaixo da proteção de Deus.

P A L O M A


Rudge Ramos 18/03/87


Que a humanidade elimine as bombas
Para que possa almejar a esperança
Que de paz surjam brancas pombas
Para construirmos o futuro da criança.

Para que a nossa Paloma cresça
E a inteligência possa oferecer
E que a mortalidade infantil desça
E a natureza não venha a fenecer.

Que os homens defendam a ecologia
E seja preservado o verde vida
Que não se conserve só a ideologia
Mas que combata tudo que trucida.

Que haja empenho no amor
Para que vivam todos como irmãos
E a fraternidade não seja um favor
Para que felizes todos dêem as mãos.

Que o amor se derrame como fonte
Para que as vidas se enlacem
E as almas se entrelacem
E haja para a criança novo horizonte.

Fazem treze anos que escrevi essa simples poesia, para marcar o seu primeiro aniversário; naquela ocasião vislumbrávamos muitas venturas no seu viver e nem imaginávamos a influência que teria o seu nome, em seu comportamento, pois você tem se revelado, com o seu espírito calmo e conciliador, uma pomba da paz.
Agora você completa quatorze anos, idade em que ocorrem muitas transformações, em que o ser humano passa a aventurar-se mais, fora do seu habitat, relacionando-se, já, de uma maneira diferente, pois o siso desponta tímido, a nos indicar procedimentos; é a idade, também da afirmação da personalidade, quando questionamos tudo e nos parece que os adultos que nos cercam são faltos de razão, por não concordarem com o nosso modo de pensar e de ser (No futuro você irá reavaliar tudo isso). Essa, entretanto, é uma fase, que será superada por outras, porque a vida continua em seu caminhar, e quando você perceber já será adulta, sábia, iniciando a sua vida profissional para tornar-se independente.
Independente de que, porém?
A vida nos prende a pessoas e a tradições, das quais não podemos e não devemos nos desarraigar, pois seria como se fossemos arrancados pela raiz para não pertencer a lugar nenhum.
Escrevi algures "Fui ao paraíso para encontrar a felicidade, quando lá cheguei percebi, com saudade, a felicidade que havia abandonado."
Esse será, sempre, o cuidado que deveremos ter, pois na ânsia de conquistar o mundo, nos desprendemos de nossas raízes, passando a cidadãos do mundo, porém sem um passado que nos premiaria com os acontecimentos ocorridos. É por isso que gostaria de frisar, para que você viva essa sua idade, anotando em sua mente todos os fatos ocorridos, visto que isso será, no futuro, um parâmetro para que possa medir a felicidade; ela só existirá se estivermos ligados às nossas raízes, desenvolvendo o amor pelos que passaram pela nossa vida.
Muitos anos são passados desde aquele seu primeiro aniversário e o que podemos dizer que o amor que àquele tempo existia foi multiplicado pelos anos de sua vida. Embora separados por circunstancias estamos ligados pelas mesmas pessoas a quem amamos, produzindo, isso, um sentimento inquebrantável dentro de nós.
Bons Anos Paloma!
Que Deus a esteja abençoando ricamente concedendo-lhe muitas alegrias; e que Ele esteja acompanhando a sua caminhada em toda a sua trajetória; que esteja sempre presente, nos momentos em que viver eventos felizes e a ampare nos momentos de aflições. Que você inclusive possa ser orientada pelo Santo Espírito de Deus para assumir uma posição que a transforme de criatura em filha de Deus, para poder gozar de todas as promessas de salvação e de vida eterna que estão preparados para todos desde a fundação do mundo.
Bons anos, Paloma!
Que Deus a Abençoe!

Obs. Enviada à neta no seu 14º aniversário.



R E V E L A Ç Õ E S
27/03/2.000



Sonhei que estava saindo de casa para trabalhar, de madrugada (nesse tempo residiam em Cidade Dutra - Interlagos), e deparei, na escada do pequeno jardim, uma urna mortuária. Desesperado me esforcei para verificar quem era a pessoa que estava em seu interior; a primeira impressão é que tratava-se de minha mãe, mas o cadáver foi sofrendo uma transformação e impressionado falei "Maria!" Tratava-se de uma senhora de cor, muito nossa conhecida, tendo sido nossa vizinha no bairro de Santo Amaro; depois de nossa mudança para Interlagos não havíamos mais recebido noticias. Aquilo me impressionou profundamente, mas com o passar dos dias fui esquecendo-me. Semanas depois em visita à minha tia, depois de conversarmos um pouco ela lembrou-se: "Sabe quem faleceu? A Maria, fazem uns quinze dias.
O que deduzir desse acontecimento? Será que foi um aviso? E como funcionou para que eu tivesse esse sonho que revelava um fato que realmente estava acontecendo?
Mistérios que aos homens não é possível saber!
Alias, já tenho relatado, em meus escritos inúmeros desses sonhos que se revelaram verdadeiras premunições de coisas que haveriam de ocorrer.
Uma dessas ocorrências, que não sei se foi real ou sonho, é que eu teria encontrado um site da Internet, que marcando-se a data de nosso nascimento receberíamos a revelação do dia de nossa morte; fiz o teste e me foi revelado que morrerei no dia 18 de Agosto de 2.002. Nunca mais consegui encontrar esse site e fiquei sem saber se ele existe ou se foi uma revelação do que ocorrerá no futuro; vamos esperar o dia determinado para verificarmos a veracidade da revelação; isso se não formos chamado antes, pois desse dia somente Deus é capaz de saber!










Outros Livros do Autor:

Mensagens e Reflexões
Devaneios
Contos Para Ler a Dois na Cama
Minhas Incursões Pelo Jornalismo
Proversando
Nova Dimensão
Contos Pontos e Contatos
Cartas Vivas
Relendo Cartas
Relendo Cartas II
Memórias de Um Cidadão Comum
Serões em Família
Frases e Pensamentos
Aconselhamento Matrimonial
Aconselhamento Matrimonial II
Poesias Reunidas
Outras Mensagens
Textos Para a Terceira Idade
Walkyria
Uma História em Três Tempos
Aconselhamento Matrimonial III

E-Mail: mik346@hotmail.com

Nenhum comentário: